Ulfhednar: Conheça os guerreiros lobos

    A Universal Pictures acabou de divulgar o primeiro trailer do novo filme de Robert Eggers, O Homem do Norte (The Northman) que conta com um elenco de peso com nomes como: Alexander Skarsgård, Nicole Kidman (Apresentando os Ricardos), Claes Bang (Tudo Pela Arte), Anya Taylor-Joy (Os Novos Mutantes), Gustav Lindh, Ethan Hawke, Björk e Willem Dafoe (Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa).

    A história é centrada na vida de um príncipe nórdico que entra em uma missão para se vingar dos responsáveis pelo assassinato de seu pai. A trama é ambientada na Islândia e se passa durantes os acontecimentos da virada do século X. 

    Assista ao trailer legendado:

    Com diversas referências a mitologia e cultura nórdica, uma em especial me chamou atenção: os ulfhednar (úlfhéðnar).

    O QUE ERAM OS ULFHEDNAR?

    Os ulfhednar eram um grupo de guerreiros vikings que se originaram de antigos ritos religiosos nórdicos. Eles usavam peles de lobo e pintavam suas próprias peles com tons escuros para intimidar ainda mais seus adversários. Esses psicopatas uivantes eram tão parecidos com lobos em comportamento e ferocidade que influenciaram o posterior folclore do lobisomem europeu.

    SE TORNANDO UM GUERREIRO LOBO

    Como os berserkers, os ulfhednar realizavam cânticos e rituais antes da batalha para entrar em uma “Fúria Berserker”, que através da adrenalina, eles se tornavam muito mais fortes e rápidos, tornavam-se imunes à dor e sangravam menos.

    ENTÃO ELES ERAM BERSERKERS?

    Sim e não.

    É proposto por alguns autores que a tradição guerreira do norte se originou da magia da caça e assim surgiram três cultos principais de animais: o urso, o lobo e o javali.

    Enquanto os berserkers eram considerados homens que lutavam e se comportavam como ursos durante uma batalha, os ulfhednar eram considerados homens que “se tornavam” lobos.

    Os berserkers eram guerreiros vikings que diziam ter lutado em uma fúria semelhante a um transe, uma característica que mais tarde deu origem à palavra inglesa moderna “berserk“, que significa “furiosamente violento” ou “fora de controle”.

    FIGURAS HISTÓRICAS

    O primeiro rei norueguês Harald Fairhair é mencionado em várias sagas, seguido por uma guarda de elite de ulfhednar. Dizia-se que seus guerreiros usavam pele de lobo quando entravam em batalha. 

    Os ulfhednar às vezes são descritos como guerreiros especiais de Odin:

    Os homens de Odin foram sem suas cotas de malha e eram loucos como cães ou lobos, mordiam seus escudos… eles matavam homens, mas nem fogo nem ferro tinham efeito sobre eles.”

    As esculturas em baixo-relevo na coluna de Trajano em Roma retratam cenas da conquista da Dácia por Trajano em 101–106 d.C.; as cenas mostram seus soldados romanos e aliados das regiões fronteiriças de Roma, incluindo guerreiros tribais de ambos os lados do Reno. Há guerreiros descritos como descalços, de peito nu, portando armas e capacetes associados aos germânicos. A cena 36 da coluna mostra alguns desses guerreiros em pé, juntos, alguns usando capuzes de urso e outros usando capuzes de lobo.

    OS ULFHEDNAR E A IGREJA

    A Igreja buscando converter os nórdicos pagãos, parece sempre ter tido uma fixação profana nos vikings e seus animais sagrados: o corvo, a cobra e também o lobo. Assim, o clero rapidamente afirmou que qualquer ulfhedinn (e obviamente qualquer berserker) eram “diabos pagãos”.

    Quando Eiríkr Hákonarson, filho de Hákon Sigurðarson, decide se converter ao cristianismo, ele proíbe a prática do berserker e, claro, o ulfhednar também. Com a cristianização da Islândia, o Grágás (código de leis da Islândia medieval – que continha uma seção de leis cristãs) também condena o berserker e o ulfhednar à ilegalidade.

    O PODER DO LOBO

    Assim como os lobos, um grupo de guerreiros ulfhednar era por si só altamente intimidador no campo de batalha, tal qual os lobos com sua alcateia, porém até mesmo um lobo solitário é um adversário formidável quando na natureza; e isso também se aplicava a um guerreiro ulfhedinn.


    Você é fã de cultura e mitologia nórdica? leia também:

    CRÍTICA – O Último Reino (2005, Bernard Cornwell)

    CRÍTICA – O Evangelho de Loki (2016, Joanne M. Harris)

    CRÍTICA – Mitologia Nórdica (2017, Neil Gaiman)

    CRÍTICA – Assassin’s Creed Valhalla (2020, Ubisoft)

    CRÍTICA – Nórdicos: Mitos e Sagas (2020, Pandorga)

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