CRÍTICA – Sobrenatural: A Última Chave (2018, Adam Robitel)

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O universo de terror criado por Leigh Whannell em 2011 com Sobrenatural: Capítulo 1, volta para as telonas em 2018 com o filme Sobrenatural: A Última Chave – o quarto filme da franquia Sobrenatural (Insidious, nos EUA) – trazendo a parapsicóloga Elise Rainer no papel principal e para contar a história que acontece antes do primeiro filme.

A trama começa com a pequena Elise (Lin Shaye) na casa onde morava com seus pais e irmão, mostrando os primeiros contatos dela com o mundo sobrenatural e os problemas que ela enfrenta com o pai que não aceita o dom que a menina possui. Em seguida o expectador é jogado para 2010 com a personagem já madura e com certa experiencia no trabalho que exerce, após atender um pedido de ajuda de um homem desconhecido que a leva de volta a casa onde morava quando criança, ela terá que enfrentar não apenas o mundo sobrenatural mas também os fantasmas que assombram o seu passado.

Algo que me surpreendeu no filme foi o roteiro, já devo avisar que ele tem furos, e obviamente ele não é 100%, mas ele faz algo que não se vê em todos os filmes de terror: constrói uma história. Particularmente, me sinto cansado de assistir filmes onde o monstro/vilão vem de um lugar misterioso, ninguém sabe quem ele é, ninguém sabe porque ele quer matar, mas no fim, ele quase sempre mata todos, e quando não mata, é por um dos dois motivos abaixo:

  1. Alguém sobrevive para participar da sequência do filme;
  2. A pessoa que sobreviveu é o assassino (ok, logo, ele matou todos);

Sobrenatural: A Última Chave desconstrói um pouco dessa característica dos filmes de terror atuais ao trazer um roteiro focado na história de Elise e mostrando desde suas experiências – com o sobrenatural – ainda criança, bem como com os dramas familiares da jovem até sua superação para conviver com essas cicatrizes deixadas por uma vida com um dom incomum. Ao mesmo tempo em que o roteiro acerta por focar na história da protagonista ao invés de apenas utilizar-se de jump scares para assustar o público, ele também erra ao fazer piadas sem graça excessivamente, forçar situações que são difíceis de aceitar, e deixar alguns furos na narrativa que você acaba por não saber o que aconteceu ao final do filme; isso sem contar em um “relacionamento forçado”.

[spoiler title=”Spoiler! Abra e leia por sua conta e risco.”]

O filme caminha muito bem até a metade, depois disso acontecem algumas situações que não são muito imersivas. Após um assassinato na casa, todos são levados para a delegacia para que possam esclarecer o que aconteceu, porém o irmão de Elise acaba indo até a casa com as duas filhas e ao chegar lá a casa está interditada com fitas de mantenha distância, da polícia. – O que você faria? Eu voltaria para casa e tentaria descobrir o que aconteceu ali – Mas Christian, interpretado por Bruce Davison, simplesmente invade a casa, para pegar um objeto que ele perdeu na infância e acabou descobrindo que ainda estava no local.

Ainda na mesma sequência os três se separam dentro da casa para tentar encontrar o objeto e ao procurar pelo pai, uma das filhas de Gerald acaba chegando na porta de um porão escuro, onde ela ouve a voz do pai lá embaixo dizendo:

“Filha, achei o objeto, venha até aqui!”

O que você faria? Eu não desceria naquela escuridão, muito menos em um porão de uma casa onde na noite anterior houve um assassinato; mas a filha dele desceu lá, e vocês já podem imaginar o que aconteceu.
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Como em todo filme de terror, esperamos ser assustados, provavelmente por esse motivo alguns dos sustos de A Última Chave não tenham funcionado tão bem, afinal, já esperamos por esse tipo de coisa. Durante a sessão de imprensa promovida pela Sony – na qual eu estava com mais alguns jornalistas – houve apenas um momento em que alguém realmente se assustou (e esse alguém fui eu), mas após essa situação, não houveram muitas cenas capazes de assustar, em um ou outro momento temos alguns jump scares que te pegam de surpresa mais pelo barulho, do que pelo terror.

[spoiler title=”Spoiler! Abra e leia por conta e risco.”]

Não sei vocês, mas eu não gosto quando o monstro do filme aparece e você pode ver ele inteiro e em alta definição, me assusto mais com algo “que não sei o que é” do que com algo que posso ver, e infelizmente nesse filme o monstro aparece e aparece bem, com direito a close no rosto e tudo mais.
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Voltando para o roteiro, alguns plot twists certamente irão surpreender e posso dizer que pelo menos duas ou três vezes vocês vão ser pegos de surpresa, não são os melhores plot twists do cinema, mas confesso que me deixaram surpreso justamente por ser um filme de terror onde eu não esperava ter esse tipo de revelação.

[spoiler title=”Spoiler! Abra e leia por conta e risco.”]

Os furos que ficam ao fim do filme são coisas que realmente me incomodaram. Ao longo do filme descobrimos que o pai de Elise matava mulheres inocentes e colocava os restos mortais delas, dentro de malas e escondia essas malas em um buraco no porão; Elise encontra as malas e descobre esse passado do pai que ela não sabia, porém isso é “esquecido” logo em seguida e nunca mais é mencionado. E me pergunto:

Será que a policia foi avisada? Será que ela não contou a ninguém?? O que foi resolvido daquilo???

Até a entidade sobrenatural ganha seu furo de roteiro, tendo em vista que no fim, não temos certeza se ele foi destruído ou apenas derrotador por hora; a impressão que fica é que ele apenas foi derrubado para Elise fugir e que um dia irá retornar.
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As atuações são medianas, mas o destaque é a atriz principal Lin Shaye, assim como a jovem atriz Hana Hayes, ambas interpretam Elise em diferentes períodos da vida da personagem; mas os demais atores são apenas medianos, com alguns chegando a beirar a atuação robótica, sem nenhum carisma e entrega. Dificilmente serão indicados ao Oscar.

Os efeitos especiais seguem os padrões da franquia e não possuem nada de inovador e podem ser considerados efeitos razoáveis para o cinema de hoje, mas também não é algo que deixe a desejar ou que estrague o filme. Já a ambientação desse quarto capítulo da série é ótima, os cenários e o clima do filme são muito bem feitos e ajudam a compensar a falta de imersão em determinados momentos do longa.

Obviamente, posso dizer que não é o melhor filme de todos os tempos, mas no quesito filmes de terror ele me surpreendeu com seu roteiro e como drama familiar foi retratado, embora falte o terror propriamente dito.

Avaliação: Razoável

Confira o trailer abaixo:

Sobrenatural: A Última Chave estréia amanhã, 18 de janeiro. Se vale ou não o ingresso? Para mim vale, eu levaria facilmente minha família para assistir, justamente por não ser tão pesado e ter uma história interessante.

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