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    CRÍTICA – Carnívora (2015, AVEC Editora)

    Carnívora é uma HQ brasileira escrita e desenhada pelo criativo quadrinista Pericles Júnior e publicado pela editora AVEC Editora.

    SINOPSE

    Carnívora é um álbum de terror que conta a história de Carlos, um policial civil à procura de sua noiva desaparecida após um sequestro. Como única pista, um endereço: Morro da Caveira, o maior complexo de comunidades do Rio de Janeiro. Mas não se trata apenas disso. Intrigantes relatos dos moradores chamam a atenção. Todos contam a mesma história: o topo do morro é assombrado por pequenas criaturas carnívoras, parecidas com crianças, que levam terror e morte às redondezas.

    É lá que a procura de Carlos começa e ele vai encontrar o que menos espera. Mas não só sustos e sanguinolência que compõem Carnívora. A história faz refletir sobre o preço de nossas escolhas, o que pode trazer à tona os verdadeiros monstros.

    ANÁLISE

    Em Carnívora, temos uma trama frenética repleta de ação, humor e terror ao longo de sua premissa bem desenvolvida. Além disso, a obra faz sátira a filmes buddy cop junto a uma boa dosagem de gore. Garanto que os fãs de The Walking Dead vão adorar essas cenas.

    Desse modo, a obra apresenta uma história de tirar o folego, pois o quadrinista não mede esforços, seja com o roteiro dinâmico, seja com sua excelente arte em preto e branco. Juntamente com suas splash pages em determinadas páginas que são realmente incríveis.

    O destaque da obra vai para o envolvente ritmo que PJ conduz toda trama, o que é de uma imensa criatividade. Por mais que você já tenha visto diversas obras que abordam a criminalidade no morro, garanto que nunca tenha lido uma HQ que vai unir uma trama policial com terror no Brasil.

    Um outro destaque são os diálogos dos personagens que estão repletos de gírias que são bastante engraçadas. Sem falar dos momentos cômicos, em especial a letra do funk de uma determinada cena.

    Além disso, a obra vai fazer referências a grandes clássicos do cinema de ação como Stallone Cobra e Tropa de Elite. Portanto, Carnivora é uma HQ recomendada a todos os fãs de uma excelente história de ação.

    VEREDITO

    O que torna Carnívora uma HQ empolgante é que o quadrinista PJ não perde tempo e vai direto ao ponto com uma trama sem enrolação, pois é repleta de ação, suspense e muito gore. Garanto que a HQ se propõe a ser uma obra muito divertida.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Autor: Péricles Júnior

    Editora: AVEC Editora

    Páginas: 124

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    CRÍTICA – Sociedade da Justiça da América: Segunda Guerra Mundial (2021, Jeff Wamester)

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    Sociedade da Justiça da América: Segunda Guerra Mundial é uma animação da DC Comics e está disponível para aluguel e compra online.

    SINOPSE

    Barry Allen é o Velocista Escarlate, Flash, o homem mais rápido do mundo. Depois de ajudar o Superman em uma batalha, ele acaba parando na Segunda Guerra Mundial. Lá, ele se junta ao grupo de heróis mais poderoso da época: a Sociedade da Justiça da América.

    ANÁLISE

    Sociedade da Justiça da América

    Sociedade da Justiça da América: Segunda Guerra Mundial é a terceira do novo universo da DC, pois já tivemos Batman: Alma do Dragão e Superman: O Homem do Amanhã. No novo longa, a proposta é de aceleração e transição para a Liga da Justiça, uma vez que diversos heróis são apresentados.

    O novo traço ainda incomoda, visto que tivemos por sete anos Os Novos 52 como base e a nossa memória afetiva continua forte. 

    Sobre a história, ela é bastante episódica, uma vez que o pano de fundo da Segunda Guerra serve para dar uma maior urgência para uma criação de equipe. Sendo assim, há uma pressa em apresentar logo todo mundo, colocando personagens importantes como a Mulher Maravilha na trama para, ali na frente, a Trindade estar reunida. Os inimigos por mais cruéis e vis que sejam, não são poderosos o suficiente para enfrentar os nossos heróis.

    Entretanto, fora os elementos utilizados de referências e conceitos, a trama por si só lembra muito mais a série que passara no SBT do que de fato um filme, algo que parece ser um pouco decepcionante para a já conhecida qualidade das animações da DC Comics. 

    O ponto mais interessante na obra é as fontes que são bebidas para que haja uma trama impactante. Em alguns momentos, vemos referências a Ponto de Ignição e a criação da Liga na saga Renascimento da DC.

    As batalhas são interessantes, pois são fluídas e aproveitam muito bem os poderes dos heróis, e alguns personagens são cativantes. Os grandes destaques são o Flash, Superman e Mulher-Maravilha. Outros tem pouco destaque ou não são tão interessantes, principalmente a Canário Negro e o Homem-Hora.

    VEREDITO

    Com trama episódica, Sociedade da Justiça: Segunda Guerra Mundial é morna, mas apresenta boas ideias quando se trata de referências ao universo DC nos quadrinhos.

    A nova levada de animações ainda não mostrou a que veio, entretanto, tem muito potencial e quando entrar nos trilhos, certamente poderá chegar ao impacto de outros longas tão marcantes criados pela editora.

    Nossa nota

    3,5 / 5,0

    Confira o trailer dublado:

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    God of War: Ragnarok | Todas evidências que apontam uma viagem no tempo

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    God of War tem um longo histórico de viagem no tempo. Como o 2º game da franquia tem seu mote quase que inteiro baseado em viagem no tempo, culminando com Kratos voltando no tempo para o exato momento em que Zeus o trai.

    Muitos detalhes escondidos ao longo do game lançado em 2018, como os 11 altares dos Jotnar escondidos pelo game sugerem que sua continuação, Ragnarok, também usará viagem no tempo como um importante artifício de roteiro para fazer a parte da mitologia se encaixar na história.

    A ORIGEM DE JORMUNGANDR

    God of War

    A forma única de contar as mitologias grega ou nórdica da franquia God of War nos fez questionar como a Santa Monica Studios lidará com o plot twist da história que coloca Atreus como Loki. Além disso, a existência de Jormugandr que, por si só, já é um paradoxo. Como um dos filhos de Loki existe na mesma linha temporal em que Loki ainda é criança?

    Na Edda em prosa, mais especificamente no livro Gylfaginning, é revelado que Loki é o pai de diversas criaturas/monstros da mitologia nórdica, como Fenrir, Hel, Sleipnir, e Jormungandr, todas elas tem um importante papel para o Ragnarok, que trará o fim do mundo na mitologia nórdica como a conhecemos – todos esses filhos vêm da união de Loki com Angrboda, uma Jotnar conhecida como “A Mãe dos Monstros.”

    O game de 2018 além de mostrar claramente Jormungandr, uma interação entre a Serpente do Mundo, Atreus e Mimir, confirma a existência de Fenrir, o lobo que está destinado a devorar Odin quando a hora do Ragnarok chegar.

    Apesar de tomar diversas liberdades criativas, God of War de 2018 conta uma história concisa e deixa diversas portas abertas para muito do que ainda está por vir na continuação, ainda sem data de lançamento.

    Em determinada parte do jogo, fica acessível um altar Jotun em homenagem a Jormungandr que pode ser encontrado na Torre de Vanaheim no Lago dos Nove. O lado esquerdo do altar mostra a Serpente do Mundo sendo amamentada por sua mãe, Angrboda. O centro exibe a serpente circundando o Lago dos Nove. Por sua vez, o painel à direita mostra a serpente envenenando Thor durante o Ragnarok.

    O painel esquerdo contém antigas runas Futhark que podem ser traduzidas como “Filho de Loki e Angrboda. Irmão de Fenrir, Hel, e dos Lobos de Ferro”. Isso confirma que a Serpente do Mundo é, de fato, filha de Loki já na época em que Kratos e Atreus partem em sua empreitada, assim como confirma a existência de seus outros filhos.

    PARTINDO A YGGDRASIL AO MEIO

    A explicação da origem de Jormungandr, a Serpente do Mundo, está para sofrer algumas alterações em relação ao material fonte, retirado da Edda.

    Ainda na Edda em Prosa, é contado que após a captura de Loki pelos deuses, Odin sequestra os três filhos de Loki e lança Jormungandr no oceano que circunda Midgard. A partir daí, a Serpente não para de crescer, ao ponto de conseguir morder seu próprio rabo, circundando completamente Midgard, onde ela passou a ser conhecida como a Serpente do Mundo.

    Na mitologia nórdica, Thor e a Serpente do Mundo batalham no começo da história, e seria bem interessante ver como a Jormungandr que conhecemos chegou ao lago dos Nove Reinos. A lenda diz que, durante o Ragnarok, Thor dá um golpe final em Jormungandr, mas por fim sucumbe com o veneno dele.

    O God of War de 2018 dá a entender que a Serpente do Mundo já viveu o Ragnarok. Mimir sugere que:

    “É dito que Jormungandr e Thor batalham no Ragnarok, sua luta é tão violenta que faz a Árvore da Vida se partir, lançando a serpente de volta no tempo, mesmo antes de seu próprio nascimento.”

    Em determinado momento do game, Freya também diz que a Serpente do Mundo apareceu um dia sem qualquer explicação.

    Segundo o jogo dá a entender, em determinado momento do futuro Thor envia Jormungandr de volta no tempo, mas então é envenenado pela Serpente do Mundo mais velha após ser mortalmente ferido. Como em várias ocasiões do game, Mimir conta tudo de forma bem resumida, explicando que a Serpente do Mundo e Thor “tem uma história desagradável entre eles, ou terão…”.

    A VIAGEM DO TEMPO QUE DESENROLARÁ O RAGNAROK

    Quando Atreus pergunta mais sobre a Serpente do Mundo a Mimir – Mimir, o mais sábio entre os deuses nórdicos, está presente na Edda nos poemas Völuspá e Sigrdrífumál – diz a Atreus que ele lhe era bem familiar. Todas essas evidências apontam que em determinado momento do game haverá uma viagem no tempo.

    Ao meu ver, é possível que God of War: Ragnarok mostre uma progressão de tempo normal, sem qualquer tipo de viagem no tempo da perspectiva de Kratos ou Atreus. Mas se o próximo jogo for em qualquer coisa parecido com o game de 2018, a tendência é que se desenrole em um curto período de tempo.

    De alguma forma, elementos relacionados à viagem no tempo podem ser inseridos na série, ou por meio de um portal, como funciona a viagem rápida do game.

    O fato de que Fenrir já existe na época do God of War de 2018 faz outra situação ser extremamente provável. Ao final do game, é dito que um inverno teve início. Na mitologia nórdica, um longo inverno que antecede o Ragnarok é conhecido como Fimbulwinter. É possível que o próximo game comece com o Ragnarok, e que Atreus e, provavelmente, Kratos serão enviados de volta no tempo quando a Yggdrasil for quebrada.

    Apesar de não termos um histórico de algo assim na franquia, é possível que quando God of War: Ragnarok tiver início nos deparemos com um Atreus mais velho, pouco antes do Ragnarok, e se torne pai de Fenrir, Jormungandr, e seus outros filhos com Angrboda. Parece provável que essa versão de Atreus seja aprisionada como Loki nos mitos, e escape apenas quando o Ragnarok começar.

    Ao longo do game de 2018, passamos grande do tempo à procura de Jotnar, assim como o caminho para Jotunheim. É provável também que não encontremos nenhum outro Jotnar ao longo do jogo, e que eles tenham sido enviados de volta no tempo quando a árvore da vida se quebrou. Ou vai se quebrar.

    Essa pode ser a razão dos Jotnar terem o conhecimento do futuro e do Ragnarok, ou quando ele vai começar, apesar dos Aesir e dos Vanir não terem o mesmo conhecimento.

    Há também algumas implicações e razões para God of War: Ragnarok não querer lidar com os personagens encontrando e lidando com um loop temporal.

    God of War de 2018 é focado no fato de Kratos não poder mudar sua própria história, seu próprio passado, e sua luta para impedir que sua história se repita com ele e seu filho. Apesar da viagem no tempo de God of War 2 permitir apenas que Kratos sobreviva e volte no tempo para se vingar, uma viagem no tempo pode ser um artifício de roteiro em Ragnarok que explicaria como a profecia se iniciou.

    Se Kratos descobrir uma maneira de quebrar o ciclo quando o Ragnarok se aproximar, pode ser que ele enfim consiga quebrar o loop de violência e vingança do qual tem feito parte desde seu primeiro game.

    A sequência de God of War está atualmente em desenvolvimento para PS4 e PS5.

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    TBT #122 | A Primeira Noite de um Homem (1967, Mike Nichols)

    Após a Era de Ouro do cinema hollywoodiano, entre os anos 1920 e 1960, a indústria cinematográfica norte-americana enfrentou uma dura crise de consumo. Em 1969 as companhias de Hollywood perdiam mais de US$ 200 milhões por ano.

    Como estratégia para reagir a essa crise, os produtores passaram a produzir filmes direcionados ao público jovem, seguindo tendências da contracultura. Uma dessas obras foi A Primeira Noite de um Homem.

    Embalados pelo movimento, o roteiro autoral focou em personagens mais reais, perdidos e com falhas. Também inovou a estética presente nos filmes de estúdio.

    SINOPSE

    Benjamin Bradock, (Dustin Hoffman) é um bom filho e um bom aluno, acabou de terminar os estudos da faculdade, fazendo a alegria de seus pais. Porém, ele está confuso com o seu futuro. Coisas que todo jovem enfrenta depois de ter terminado os estudos.

    A falta de perspectiva ou o avanço de seu futuro é dificultado pela presença sedutora da Sra. Robinson (Anne Bancroft), uma mulher mais velha amiga de seus pais. A relação se complica ainda mais quando o rapaz se apaixona pela filha dela, Elaine (Katharine Ross). A partir daí o enredo se firma como uma abundante mescla de paixão, ódio, amor e mentiras.

    ANÁLISE

    O mais singular do filme é que toda a comédia é costurada em cima de uma abordagem diferenciada do humor. Onde o normal seria criar risos no público através de diálogos cômicos (o que o filme não deixa de fazer), o roteiro joga com situações desconfortáveis elaboradas no silêncio, e faz do constrangimento juvenil do protagonista o maior aspecto de diversão do espectador.

    Esse tipo de humor funciona sem erros, deixando a plateia cada vez mais ansiosa para ver como vai se resolver a vida amorosa de Benjamin, que com ajuda da poderosa atuação do até então iniciante (embora não pareça) Hoffman, se torna um personagem carregado de inseguranças e ambições.

    Cheio de sutilezas e camadas, trata de uma falta de perspectiva, uma projeção de futuro confusa e difusa. Acredito que tenha sido o sentimento predominante daquela época, representada por simbolismos muito acertados:

    • O personagem de Dustin Hoffman como que no modo automático (abertura no aeroporto, se locomovendo em uma esteira automática)…
    • … prosseguindo com um senso de opressão (closes através de um aquário ou ao usar um escafandro sob os olhares aprovativos dos pais)…
    • … ou estagnado no tempo (passando dias sobre uma boia na piscina).

    Em nenhuma dessas ocasiões Hoffman parece ter livre arbítrio (não consegue ao menos poder escolher ser servido com Bourbon). E mesmo o desfecho dúbio ao final não seria indicativo necessariamente de um final promissor: tudo segue em aberto, para onde o ônibus levar os personagens.

    A Primeira Noite de um Homem é um filme que retrata a geração dos anos 1960, a contracultura, o estilo da juventude e os valores da época

    Os planos e movimentos de câmera são detalhadamente planejados. Daqueles que fizeram o diretor perder noites e repetir algumas vezes a mesma cena. É possível reconhecer uma certa áurea de responsabilidade, fidelidade e, sobretudo, de respeito do autor com sua obra. É como um pai ou uma mãe que arruma a sua filha para ir ao seu primeiro dia de aula, e o faz da forma mais cuidadosa possível, sendo perfeccionista do cadarço à última trança do cabelo.

    A Primeira Noite de um Homem é considerado um dos filmes mais atemporais da história do cinema. Isso porque a história fala sobre algo que sempre será uma pauta na nossa vida, o famoso “e agora, o que eu faço?”.

    A cena final diz tudo que o filme queria dizer: não existem atalhos para a felicidade, as respostas que você procura não vão vir assim tão simples. Todos procuramos um sentido para a nossa vida e, às vezes, conseguimos encontrar um objetivo, mas esses duram muito pouco, pois a vida está em constante movimento e a sociedade pede que você esteja também. Daí vem as decisões precipitadas.

    VEREDITO

    A Primeira Noite de um Homem é um filme que relata a geração dos anos 1960, os valores da mesma, da contracultura, do estilo da juventude da época. O toque do filme é melancólico e reflexivo, tanto pelas câmeras, o posicionamento dos personagens, quanto pela trilha sonora emblemática de Simon e Garfunkel, que utilizam de grandes músicas que conversam com as cenas e com o sentimento do personagem.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Você pode assistir ao filme na MUBI.

    Assista ao trailer:

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    CRÍTICA – Yasuke (1ª temporada, 2021, Netflix)

    Yasuke é a nova animação da Netflix que estreia no dia 29 de abril. Criada por LeSean Thomas e animada pelo estúdio de animação japonês MAPPA (Attack on Titan). A série é estrelada por LaKeith Stanfield (Atlanta) que também é o produtor.

    SINOPSE

    Em um Japão feudal do século 16 de realidade alternativa, um guerreiro chamado Yasuke (LaKeith Stanfield) testemunhou a queda do daimiô, Oda Nobunaga.

    Vinte anos depois, Yasuke coloca seu passado histórico conhecido como o “Samurai Negro” para trás e se aposenta como um barqueiro chamado Yassan em uma aldeia remota. Ele se vê obrigado a voltar à ação quando recebe a missão de transportar e cuidar de uma criança que está sendo ameaçada por forças obscuras que querem eliminá-la.

    ANÁLISE

    Em 1579, um homem negro de 1,80 m de altura conhecido como Yasuke chegou ao Japão, chamando rapidamente a atenção do lendário líder Oda Nobunaga. Yasuke era de Moçambique e foi trazido ao país oriental por jesuítas. Logo, se tornou o primeiro e mais lembrado samurai estrangeiro.

    Registros históricos sobre Yasuke são difíceis de encontrar, mas sabe se que o Samurai Negro, como era chamado, virou amigo e guerreiro leal de Nobunaga. Porém, com a guerra, Nobunaga foi traído e cometeu seppuku – suicídio por honra. Embora Yasuke estivesse lá na época, não existem relatos do que aconteceu depois com ele.

    A animação da Netflix sobre o Samurai Negro parte desse princípio, mostrando a relação profunda de amizade que Yasuke e Nobunaga tinham. Contudo, isso não é o principal, já que a produção opta por uma realidade diferente introduzindo o personagem real a um mundo fantástico.

    De imediato, Yasuke não se encaixa em um mundo de robôs e magias. O personagem parece muito mais real do que está em sua volta, o que é preocupante ao longo dos seis episódios da série. Isso porque, a animação de LeSean Thomas parece não querer explicar seus elementos fantásticos, eles apenas existem em uma época feudal e pronto.

    Logo, é confuso e por vezes cansativo que a série tente vender ao espectador tantos feiticeiros, monstros, demônios, mekas e robôs que parecem invadirem as florestas do Japão, enquanto a história por si só de Yasuke como um samurai no clã de Nobunaga serviria como uma incrível premissa.

    Além disso, Yasuke sendo um homem negro é tratado como incomum em meio ao mundo oriental, porém, os elementos fantásticos e de ficção científica são vistos como normais. O que torna ainda mais complicado aceitar tais implementações, visto que é confuso que a animação busque fazer uma correlação entre tais fatos.

    Ainda assim, a série vai além disso, apresentando um grupo de mercenários de diferentes etnias que tratam Yasuke de forma brusca por ser um samurai. Mas, de fato, os próprios japoneses com os quais Yasuke vive parecem não terem problema com sua presença. Essa normalidade explica a relação de confiança e amizade que Yasuke desenvolve com a jovem Saki (Maya Tanida), uma menina com um poder imenso que o samurai precisa proteger e ajudar.

    A relação entre ambos é um dos poucos momentos que valem realmente a pena na animação e já que a produção opta por apresentar uma história totalmente nova, seria interessante ver mais da jornada dos dois. Vale ainda ressaltar que tantas mudanças de vilões, que aparecem e morrem em um piscar de olhos, torna a trama um pouco vazia sem apresentar um inimigo à altura do protagonista.

    Já no que diz respeito às técnicas de animação, a Netflix ainda precisa aprender a trabalhar o 2D atrelado ao 3D. O design do próprio Yasuke é simples, mas bem feito, invocando sua presença. As lutas entre os samurais são o que mais chama a atenção no quesito ação. Visto que, infelizmente, ao apelar para o conflito entre robôs gigantes, o impacto da série é perdido.

    VEREDITO


    A nova animação da Netflix chamada Yasuke é uma ótima introdução a uma das lendas do Japão feudal, o Samurai Negro. Porém, a série deixa um pouco a desejar ao introduzir elementos demais em uma história que por si só já seria fantástica.

    Nossa nota

    2,0 / 5,0

    Confira o trailer de Yasuke:

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    CRÍTICA – Vozes e Vultos (2021, Robert Pulcini e Shari Springer Berman)

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    Vozes e Vultos é um filme de suspense/terror estrelado por Amanda Seyfried (Mank) e estará disponível na Netflix a partir de amanhã (29/04).

    SINOPSE

    Depois de se mudar para uma pequena cidade com seu marido George (James Norton), Catherine (Amanda Seyfried) sente que não está sozinha na nova casa, uma vez que coisas estranhas começam a acontecer…

    ANÁLISE

    Em um primeiro momento lendo a sinopse, Vozes e Vultos parece ser mais um daqueles filmes de haunting house, pois já sabemos que ela será assombrada por fantasmas. Entretanto, o longa mostra que na verdade o buraco é muito mais embaixo, pois seu relacionamento é o fio-condutor da trama.

    O personagem de James Norton é fundamental para que a trama de Vozes e Vultos saia do marasmo completo. A ótima atuação do ator, que começa simpático e com sorrisos expressivos e vai mudando completamente sua forma de agir e pensar faz com que a obra seja mais poderosa em sua mensagem: o comportamento bélico dos homens. 

    O patriarcado é o principal ponto, uma vez que o machismo é o principal vilão do filme. De cara, Vozes e Vultos mostra que os fantasmas na verdade influenciam os moradores da casa, mas as ações dos personagens são completamente individuais. A discussão de como relacionamentos abusivos funcionam e de como as mulheres podem sofrer muito nesse processo, por conta de uma estrutura social que as desfavorece é muito bem elaborado aqui.

    Amanda Seyfried também vai muito bem na proposta de sua protagonista. Catherine não é uma mocinha indefesa, tampouco é masculinizada ou durona. Todavia, sua submissão ocorre mais por causa do ambiente do que sua própria vontade.

    PROBLEMAS DE VOZES E VULTOS

    Se por um lado os protagonistas são interessantes e possuem boas camadas, por outro, o roteiro prejudica e muito os arcos dos coadjuvantes.

    Natalia Dyer e Alex Neustaedter são apenas duas escadas para que Seyfried e Norton subam e cresçam. Se os dois não estivessem na trama, não fariam nenhuma diferença na história, por exemplo.

    Em alguns momentos também há algumas “barrigas” no filme, pois há um desperdício de tempo na trama paralela do descobrimento do mistério da casa. Tudo poderia ter sido resolvido mais brevemente para ter um enfoque maior na protagonista que merecia um pouquinho mais de tempo em tela por sua boa história.

    VEREDITO

    Com bons assuntos e atuações, mas com algumas escorregadas do roteiro, Vozes e Vultos é um filme que tem boas ideais e uma execução mediana.

    Por mais que o longa seja muito claro em sua proposta desde o início, visto que mostra como os homens se impõem perante às mulheres, é inegável também que suas tramas paralelas fossem mais precisas e menos desnecessárias em alguns momentos.

    Contudo, vale muito a assistida para uma boa reflexão sobre os privilégios masculinos e relacionamentos tóxicos.

    Nossa nota

    3,0 / 5,0

    Confira o trailer do filme:

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