CRÍTICA – Frankie (2020, Ira Sachs)

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CRÍTICA - Frankie (2020, Ira Sachs)

Frankie, o novo filme de Ira Sachs (Melhores Amigos) é um filme um pouco fora do usual. Com um início confuso e enrolado nos seus primeiros 30 minutos, aposto com você, caro leitor, que se me dissessem que o primeiro ato tivesse sido escrito por Tommy Wiseau, diretor e escritor do lendário The Room, eu não iria me espantar, mas vamos do início:

A TRAMA

Frankie (Isabelle Huppert) é uma atriz famosa que enfrenta um câncer terminal. Ao saber que está em seus últimos meses de vida, decide reunir sua família na pacata e bela Sintra, em Portugal, para passar seus últimos momentos com quem mais ama no mundo.

A trama do longa é muito simples e poderia ter bons frutos se as escolhas dos roteiristas e diretor não fossem tão equivocadas. Já tivemos excelentes filmes (e até HQs) com uma temática parecida, de uma pessoa doente ou nos seus últimos dias de vida tentando se permitir ao máximo aproveitar tudo enquanto pode.

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Todavia, aqui temos alguns problemas graves. Entretanto, falaremos primeiro das virtudes da obra.

PONTOS POSITIVOS

Frankie conta com uma fotografia muito bonita, uma vez que a escolha da locação ajudou muito. Sintra é uma belíssima cidade, nos mostrando todo o esplendor das cidades tradicionais europeias, com uma arquitetura única e cenários paradisíacos.

As atuações também são boas, pois há uma certa profundidade em alguns personagens, mesmo que suas personalidades sejam ofuscadas por uma história enrolada e que não chega a lugar algum.

Destaque para Jérémie Renier (Paul), que interpreta o filho de Frankie e Vinnette Robinson (Sylvia) – que faz o papel da filha de Jimmy (Brendan Gleeson) – são os personagens mais complexos e que possuem alguma relevância dentro da história.

Os dois são quebrados amorosamente, de formas diferentes. Ele por não conseguir se relacionar por muito tempo com suas namoradas e ela por viver num casamento infeliz por questão de comodidade.

Por mais que a direção os escanteie ao longo das 01h40min, em seus momentos, os dois atores conseguem brilhar.

PONTOS NEGATIVOS

Agora falaremos dos diversos problemas de Frankie… começando justamente pelo tempo de tela dos personagens.

A quantidade de subtramas em pouco tempo de filme faz com que o espectador perca o interesse por todas elas, ou pior, não adquira tal interesse por nenhuma. São tantos personagens que acabam todos não tendo o tempo necessário de tela para se desenvolverem e brilharem, perdendo o apreço do público.

Sobre personagens, Greg Kinnear (Gary) fica completamente solto, sem ter nenhuma serventia na trama. Se o personagem não estivesse ali, nem notaríamos sua presença, vide que o guia turístico Tiago (Carloto Cotta) tem muito mais relevância que o personagem de Kinnear. Um desperdício, principalmente pelo fato do ator já ter trabalhado com Ira Sachs em Melhores Amigos (2016).

Outro fator que prejudica muito o longa é a tentativa de misturar de estilos de direção europeia com a americana. Os filmes americanos costumam ser divididos em três atos e serem mais autoexplicativos.

Já os do Velho Continente costumam ter uma outra forma de ver, podendo ter apenas dois atos ou atos bem longos, contando a história de formas menos usuais.

Entretanto, o fato de Ira Sachs tentar nos inserir na trama com pouco conhecimento e exigindo que façamos deduções não auxilia, pois é quase uma caça ao tesouro extremamente arrastada e desinteressante, sem ter um final que sustente as escolhas do diretor.

CONCLUSÃO

Frankie é um filme que “começa e termina no meio”. Arrastado e sem relevância, não nos diz a que veio.

As escolhas precipitadas acabaram nos dando um gosto amargo do que poderia ser doce e suave numa manhã nublada de terça-feira.

Nossa nota

Confira o trailer legendado:

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