CRÍTICA – The Eternal Castle (2019, PlaySaurus)

    The Eternal Castle é um dos pontos mais altos de level design e pixel art. Um encontro entre a estranheza e o brilhantismo seria um julgamento mais justo.

    As creepypastas eram algo em alta no início dos anos 2010. Com fóruns que deram origem à algumas lendas urbanas que acabaram se tornando parte da cultura pop. Elementos como o Slender Man, Candle Cove, Robert the Doll, e o Goatman passaram a estrelar entre alguns dos elementos que viriam a tentar definir o que seria o terror no futuro, um terror crossmedia que teve origem na internet com montagens por vezes bizarras, que quebravam a barreira entre real e fictício.

    O brilhante Dori Prata revelou detalhes do game até então desconhecidos por mim.

    Assim como uma Creepypasta, The Eternal Castle se tornou realidade. Também chamado de “O game que nunca existiu”, The Eternal Castle [REMASTERED] surgiu ao grande público como uma discussão em um fórum da internet em 2016. O usuário JohnM foi ao RGB Classic Games e postou um arquivo .dat com diversas imagens, apontando que o game havia sido lançado originalmente em 1987. Segundo JohnM, o game seria um dos precursores do que segundo ele viria a ser conhecido mais tarde como “jogos de plataforma cinematográficos”.

    O game se faz imensamente relevante nos dias de hoje com elementos nostálgicos, The Eternal Castle [REMASTERED] conta com mecânicas fluídas, sound design refinados e gráficos de movimento polidos.

    SINOPSE

    The Eternal Castle

    O ano é 2XXX. Você é um soldado solitário enviado à Terra para livrar o planeta de uma I.A. corrompida após um cataclismo. Durante sua jornada, você perde 4 planadores durante um ataque aéreo derrubar sua nave. A única esperança, é recuperar as partes, voar até o Castelo, onde a I.A. se trancou para se proteger dos humanos corrompidos, e enviá-la de volta ao espaço. Através de ruínas antigas, campos de batalhas e laboratórios destruídos, sua única esperança é seguir em frente com determinação para levá-la de volta para casa.

    ANÁLISE

    O game não existiria se a IBM não tivesse criado no início dos anos 80, o CGA, ou a Matriz de Gráficos de Cores – que serviu como inspiração para The Eternal Castle -, que serve para dar uma maior definição às imagens com um uso reduzido de cores. Na época, a escolha de cores era de extrema importância para passar aos espectadores o que os desenvolvedores tem a intenção, em sua grande parte, uma história com todas as limitações dos anos 80, ou em The Eternal Castle, uma experiência cinematográfica.

    The Eternal Castle bebeu da fonte dos games que vieram mais de 30 anos antes. Games como Zaxxon (1982), Alley Cat (1984) e Test Drive (1987) mudaram a indústria do game e estrelam entre os jogos de DOS mais marcantes para muitos.

    The Eternal Castle conta com 4 mundos diferentes que te levarão por lugares inesperados, enquanto o pavor, a desolação e a destruição do mundo nos deixa abismados com o que foi feito lá atrás em 1987 com todas as limitações de hardware.

    The Eternal Castle [REMASTERED] é uma ode aos jogos da CGA, e se faz relevante não apenas por ser uma homenagem aos games dos anos 70/80, mas por contar uma história sci-fi interessante e se equiparar a histórias de diferentes mídias.

    Apesar de contar com gráficos datados, a animação do game se mostra fluída e tão dinâmica quanto a de um game lançado nos dias de hoje. Elementos in-game como o loading das fases se faz como nos games de DOS, em que linhas de código mostravam o que estava sendo feito de maneira visual, de forma limitada.

    VEREDITO

    The Eternal Castle

    The Eternal Castle [REMASTERED] conta com uma curva de aprendizado honesta e até mesmo linear, mas que nos insere no contexto simples de uma batalha incessante por diversos terrenos. O contato com 10 diferentes armas e habilidades que auxiliarão na sua progressão se dá de forma fluída e nos leva por caminhos interessantes, tanto pelo roteiro, quanto pelo level design.

    Elementos assim, nos fazem desejar algumas expansões, e até mesmo que o game fosse mais extenso, com mais mundos e maiores possibilidades referentes à exploração. Os elementos de puzzle do games são divertidos, mas te penalizarão caso você não se dedique a ele – e talvez você precise de alguns respawns para finalizar o game.

    The Eternal Castle [REMASTERED] é importante para a indústria, e mostra que games baseados em CGA ainda são relevantes e podem contar histórias contundentes e intensas.

    The Eternal Castle [REMASTERED] foi lançado originalmente para PC e Nintendo Switch, e em 2021 o game foi lançado para PlayStation 4 e PlayStation 5.

    Nossa nota
    3,5 / 5,0

    Assista ao trailer oficial:

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