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    The Handmaid’s Tale: Desvendando a estrutura política de Gilead

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    Em 1985 a obra de ficção O Conto da Aia, da canadense Margaret Atwood, apresentava um universo distópico que mais tarde ganharia o Prêmio Arthur C. Clarke, um dos mais importantes dentre as obras literárias. O romance, adaptado para televisão em 2017 na famosa série The Handmade’s Tale, nos apresenta a República de Gilead: uma sociedade altamente conservadora e embasada em interpretações das escrituras do Antigo Testamento.

    Na adaptação, a República de Gilead (também conhecida como Gilead ou “República Divina”) é uma teocracia patriarcal totalitária que governa a maior parte do território que pertencia aos antigos Estados Unidos, após um golpe de estado que culminou com o assassinato do Presidente, membros do Congresso e Suprema Corte.

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    O Feededigno compilou uma série de informações em um dossiê indispensável para quem quiser entender mais sobre a estrutura política de Gilead. Confira abaixo:

    Importante: as informações compiladas neste artigo se referem ao universo apresentado na série de televisão The Handmaid’s Tale até o presente momento e contêm spoilers de alguns episódios!

    1. O período pré-Gilead

    Após uma série de desastres ecológicos, uma crise de fertilidade começou a afetar grande parte da população global. Com o recuo acelerado nas taxas de natalidade os Estados Unidos passaram por um período de “renascimento religioso”, onde as pessoas buscavam justificativas sobrenaturais para o declínio populacional. Durante esse período um culto conhecido como Os Filhos de Jacó começou a ganhar popularidade, com suas práticas e valores tornando-se cada vez mais difundidos na sociedade.

    A violência contra a comunidade LGBT passou a ser cada vez mais justificável por parte da população, e crescia a pressão popular contrária às práticas contraceptivas. Havia cada vez menos resistência pública à repressão da liberdade civil pelo governo.

    Em meio a todos esses problemas, são aprovadas leis privatizando o serviço social e implementando restrições ao controle de natalidade.

    Ruptura do sistema político

    O golpe de estado ocorre quando um suposto ato terrorista assassina o Presidente do Estado Unidos, tal como a maioria dos membros do Congresso e da Suprema Corte. Ao que a série indica, os Filhos de Jacó teriam sido os responsáveis pelo ataque, que culminou na implementação de uma lei marcial e suspensão “temporária” da Constituição. A censura, sob alcunha de “Código de Decência”, logo seria implementada pelo governo vigente (composto agora em sua maioria por membros dos Filhos de Jacó).

    Mulheres estavam proibidas de trabalhar e possuir bens: todas suas posses seriam transferidas para seus maridos ou parentes homens mais próximos. Divorcio e homossexualidade foram considerados proibidos por lei. Protestos e qualquer outros tipos de manifestações públicas contrárias ao novo regime eram violentamente repreendidos por parte de uma nova força paramilitar (posteriormente conhecida como Os Guardiões).

    À medida que as novas políticas entram em vigor, um numero cada vez maior de pessoas passa a tentar sair do país. Famílias são separadas por funcionários do serviço de imigração e os homossexuais são assassinados em público ou enviados para colônias de trabalho escravo. Alguns oficiais do governo americano sobrevivem ao golpe e fogem para o Canadá ou para os estados do Alasca e Havaí (que não aderiram ao novo governo). A nova capital dos Estados Unidos passa a ser a cidade de Anchorage, no Alasca, e a República de Gilead é oficialmente implementada.

    2. Sociedade e sistema de classes

    Em Gilead todo indivíduo tem sua função definida pelo Estado. Embora não exista igualdade de direitos garantida por lei, pessoas de uma mesma classe social estão sujeitas a um conjunto relativamente similar de regras. Um detalhe bastante representativo da série é que quanto maior for a posição de poder de um determinado indivíduo, este terá maior tendência a burlar o conjunto de regras estabelecido para sua classe. Indivíduos de classes consideradas inferiores são coagidos a cumprir o conjunto de regras definidas pelo Estado, sob o risco de pagarem com as próprias vidas caso não o façam.

    Crianças e jovens

    A discriminação legal de gênero vigente implica em direitos diferentes de acesso à educação para meninos e meninas em Gilead. As meninas não são ensinadas a ler ou escrever e abandonam a escola quando atingem idade suficiente para se casar. Filhas de famílias privilegiadas frequentam uma escola específica de preparação para a função de Esposas.

    Classes femininas

    Por se tratar de um sistema de governo primariamente patriarcal, acredita-se que o sexo feminino tenha menor importância para a sociedade. O principal objetivo das mulheres nesta sociedade seria gerar e criar filhos, o que recebe especial destaque devido à crise de fertilidade apresentada pela série. Desta forma, mulheres não podem participar do governo, ser educadas, possuir propriedades ou ter uma carreira.

    • Esposas (Wives) – Ser esposa de um comandante é o mais alto “título” que uma mulher pode ter em Gilead. Elas possuem autoridade limitada para dar ordens às Tias e Guardiões, porém sem nenhum poder real além do pessoal doméstico e a influência de seus maridos;
    • Tias (Aunts) – Encarregadas de supervisionar e doutrinar Aias e Não-Mulheres. Possuem permissão especial para ler e escrever. As Tias podem dar ordens aos Guardiões e denunciar comportamentos considerados indecentes dentro das famílias. Também são responsáveis por certas punições e por supervisionar os trabalhos nas Colônias;
    • Econo-esposas (Econowives) – São esposas de homens da classe proletária. Caso seja fértil, uma Econo-esposa tem o direito de criar seus próprios filhos;
    • Aias (Handmaids) – Mulheres férteis que são forçadas a engravidar e conceber filhos de famílias do alto escalão. Durante o período de gestação as Aias adquirem um status elevado e acesso a certos “privilégios”;
    • Marthas – São serventes das famílias do alto escalão, permanecendo assim durante toda sua vida;
    • Jezebels – Mulheres forçadas pelo Estado à prostituição;
    • Não-mulheres (Unwoman) – São a classe social feminina mais baixa em Gilead. Inclui todas as mulheres consideradas pelo regime como incapazes de integração social. Entre elas estão mulheres solteiras ou divorciadas, ativistas, adúlteras, feministas, Aias incapazes de conceber e homossexuais (também conhecidos como Traidores de Gênero).

    Classes masculinas

    • Comandantes (Commanders of the Faithful) – Este é o cargo mais alto que um homem pode obter na hierarquia de Gilead. São os responsáveis por todas as decisões políticas, sociais e militares do regime;
    • Olhos de Deus (Eyes of God) – Formam um tipo de polícia secreta, ou entidade espiã cujo objetivo é fiscalizar o cumprimento das leis dentro do regime, inclusive dentre os integrantes do alto escalão;
    • Guardiões (Guardians of the Faith) – São a força paramilitar de Gilead, desempenhando funções como soldados, polícia, guarda-costas e motoristas dos Comandantes;
    • Econo-homens (Economen) – Representam os homens da classe trabalhadora padrão em Gilead;
    • Não-homens (Unmen) – Similar às Não-mulheres, constituem a classe social mais baixa que um homem pode ter em Gilead.

    3. Aplicação das leis

    A lei é absoluta tanto em Gilead como nas Colônias. Qualquer quebra de regra ou subversão cometida deve ser imediatamente denunciada os culpados são punidos severamente. Criminosos são frequentemente executados e seus corpos expostos em público como advertência contra atos futuros. As punições geralmente incluem amputação ou mutilação, muitas vezes embasadas em uma interpretação distorcida dos versículos bíblicos.

    Confira abaixo alguns exemplos de atos considerados criminosos em Gilead e suas respectivas punições:

    • Aborto – A punição por ter realizado um aborto é retroativa, ou seja, todos aqueles que em algum momento já tiverem participado de um aborto (incluindo antes do surgimento de Gilead) devem ser executados ou enviados para as Colônias;
    • Leitura e escrita (mulheres) – Com exceção das Tias, todas as mulheres são proibidas de ler e escrever. Toda infração a esta lei é punida com amputações dos dedos ou da mão inteira;
    • Adultério – O adultério também é considerado crime, porém sua punição pode varias de acordo com a classe social e gênero do infrator. A série apresenta duas punições para o crime: uma Esposa é considerada culpada de adultério e enviada para as Colônias, enquanto um Comandante sentenciado pelo mesmo crime tem sua mão esquerda amputada;
    • Homossexualidade – Em Gilead aqueles que são pegos em relações sexuais entre o mesmo sexo são considerados Traidores de Gênero. As punições variam de acordo com a classe, porém comumente resultam em morte;
    • Posse de contraceptivos – A posse de contraceptivos é considerada crime, e os culpados são dilacerados por cães.

    4. O Sistema econômico de Gilead

    Fonte: Reddit. Enviado por u/sputnikist.

    Gilead possui um modelo econômico descarbonizado, cujo objetivo é reduzir significativamente e, eventualmente, eliminar todas as emissões de CO2. Grande parte de sua economia está centrada no trabalho escravo, especificamente suas fontes de alimentos (nas Colônias Agrícolas). As importações estrangeiras limitam-se a peças de veículos, certos bens de consumo e algumas importações militares secretas. Gilead exporta alimentos para a maioria dos países que são amigáveis ao regime ​​e hostis aos Estados Unidos.

    Após a suspensão da Constituição, o Estado nacionalizou todas as propriedades restantes e contas bancárias pertencentes a cidadãos americanos, corporações americanas e grandes multinacionais estrangeiras. Esta última levou a fortes sanções internacionais devido a falta de qualquer forma de compensação ou capacidade de transferir dinheiro de volta para suas próprias nações, além de seus próprios cidadãos nascidos em solo americano.

    Na série, menciona-se repetidas vezes que a economia é relativamente frágil, não apenas devido à falta de reconhecimento internacional, mas também devido à constante guerra civil em seu território. Há pouca informação sobre como a guerra progrediu, exceto que Chicago foi retomada, mas pode-se supor que os recursos de Gilead secaram sem acesso à Califórnia, Costa Oeste e Golfo do México, bem como a ausência de petróleo texano, sob a nova jurisdição da recém-formada República do Texas que ainda estaria lutando contra Gilead.

    5. Valores cívicos

    O alto escalão do governo, intitulado Comitê, é formado por membros de um grupo religioso que acredita que sua interpretação estrita da Bíblia é a verdade absoluta e que para que as pessoas alcancem a salvação e vivam uma vida pura e piedosa, elas devem seguir tais diretrizes. Fazer o contrário é visto como viver em pecado, e os culpados devem se arrepender ou ser condenados à morte para impedi-los de espalhar sua influência maligna para os outros.

    A mídia e as notícias são estritamente estatais, fortemente censuradas e muitas vezes incluem propaganda para promover os ideais e valores de Gilead, enquanto demonizam seus inimigos. Para desencorajar qualquer pessoa, exceto homens e Tias, de ler e escrever, escritos públicos ou nomes de qualquer tipo, incluindo placas de lojas, foram removidos de locais públicos. A informação é transmitida somente por sinais com imagens ou pictogramas.

    Os nomes de lojas, ruas e certos conceitos ou práticas são muitas vezes derivados das escrituras. O próprio nome Gilead é tirado da Bíblia, referindo-se a vários locais e indivíduos diferentes e geralmente traduzido como a “Colina do Testemunho”.

    Enquanto alguns dos líderes e fundadores de Gilead acreditam verdadeiramente no regime, a série sugere que muitos deles são hipócritas que usam o Estado e a imposição de valores cívicos considerados ideais como um meio de ganhar poder para si mesmos.

    The Handmaid’s Tale encontra-se atualmente em sua 5ª temporada, com exibição nas plataformas de streaming Paramount+, Globoplay e DirecTV GO.


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    CRÍTICA – Manifest (4ª temporada, Parte 1, 2022, Netflix)

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    Manifest é uma das séries mais promissoras que caiu em um dos mais clássicos erros de narrativos: lançar seu holofote em temas que tornavam a série interessante e nunca os resolveu, ouso traçar um paralelo com a brilhante Lost, que acabou se perdendo no meio do caminho.

    Com um plot simples de entender, mas com consequências difíceis de prever, Manifest tornou sua trama tão complicada ao ponto dos roteiristas nem saberem como a resolver. Após seu cancelamento por parte da NBC, a Netflix comprou os direitos de produção da série e garantiu mais duas temporadas a fim de finalizar a história e isso não poderia ser melhor ou mais confuso.

    ESTE TEXTO POSSUI SPOILERS DE TODAS AS TEMPORADAS DE MANIFEST

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    SINOPSE

    Começamos a próxima temporada dois anos de onde paramos na terceira temporada. Então avançamos no tempo. Ben Stone (Josh Dallas) é um personagem interessante e complicado. Ele é muito singular na forma como pensa. Tudo o que ele faz é absolutamente para sua família, e pelo amor de sua família, e para proteger sua família. Mas por causa dessa maneira singular de pensar que ele tem, às vezes pode começar a alienar as pessoas mais próximas a ele.

    ANÁLISE

    Manifest

    Ambientada dois anos após o fim da 3ª temporada, testemunhamos o desenvolvimento da trama que cujo fim levou à morte de Grace Stone (Athena Karkanis) e o retorno de um Cal Stone mais velho vivido por Ty Doran, mas não apenas isso. A urgência da trama se debruça na personagem mais odiosa da quarta temporada. E enquanto mistérios a respeito do voo 828 são revelados, vemos o futuro da série se tornar cada vez mais frustrantes.

    Enquanto lança seus personagens em tramas que não parecem ter qualquer urgência, o roteiro coloca toda a força da história em um arco desinteressante que nos leva e dá voltas enquanto revisita antigos personagens e parece dar a eles “fins dignos”, quando na verdade a série parece apenas estar perdida.

    Não apenas relacionando as minhas impressões aos personagens, a série volta à conceitos anteriormente descartados pelos personagens que veem em certos elementos uma forma de evitar o “Dia da Morte”, e os reaproveita, o que demonstra mais preguiça do roteiro do quarto ano da série.

    Manifest

    A falta de Grace Stone é sentida o tempo todo na trama, mas não apenas ela. Alguns personagens dão voltas de 180º e mudam completamente seu status quo, os estabelecendo como algo inesperado, o que parece ser apenas algo para incitar os fãs a esperarem algo inteiramente novo, mas falhando.

    O desenvolvimento de Ben Stone é algo que deve ser abordado. Enquanto o personagem muda completamente após dois anos da morte de sua esposa, ele parece precisar mudar sua forma de agir a fim de impedir que o “bote salva-vidas” não afunde.

    Enquanto nessa temporada tudo parece mudar, inclusive a forma daquele mundo lidar com os sobreviventes do voo 828, os sobreviventes não parecem ligar para o Dia da Morte e parecem viver um dia após o outro, tentando evitar que suas mortes sejam ocasionadas por eventos adversos.

    VEREDITO

    Ao longo dos 9 episódios da 1ª parte da 4ª temporada, Manifest não surpreende, mas deixa um gosto ruim na boca. Algo que parece ter sido apressado e jogado, apenas para dar fim à uma série tão promissora em seu início. Enquanto novas revelações surgem – como fruto de reaproveitamento de roteiros -, nossos personagens parecem precisar regredir a fim de chegar ao fim de seus arcos. A energia de Michaela Stone (Melissa Roxburgh), Zeke Landon (Matt Long) e Angelina Meyer (Holly Taylor), rendem à série péssimas interações e atuações como da última da personagem citada.

    Dando a essa temporada um tom de encerramento, a 1ª parte da 4ª temporada nos apresenta o tempo todo flashbacks dos eventos que se desenrolam ao longo desses 2 anos desde a 3ª temporada. O que é triste, é o fato da série precisar restaurar nos personagens papéis que os pertenciam lá atrás, ao longo da 1ª temporada, falhando em dar à eles uma história e o desenvolvimento justo que eles mereciam.

    Deixando muito em aberto, a 1ª parte da 4ª temporada deixou mais dúvidas do que respostas, nos proporcionando ganchos para um futuro duvidoso e um encerramento mais ainda para uma série que podia brilhar como uma das mais brilhantes ficções-científicas de nosso tempo.

    Nossa nota

    3,0 / 5,0

    Confira o trailer da 1ª parte da 4ª temporada de Manifest:

    A 1ª parte da 4ª temporada de Manifest chega à Netflix no dia 4 de novembro.

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    CRÍTICA – Ingresso Para o Paraíso (2022, Ol Parker)

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    Ingresso Para o Paraíso é a mais nova colaboração entre Julia Roberts e George Clooney. Após a colaboração dos dois na franquia Ocean, Confissões de uma Mente Perigosa, Jogo do Dinheiro e alguns outros, Roberts e Clooney nos levam até Bali para contar uma história nem um pouco funcional, enquanto precisam evitar que sua filha Lily (Kaitlyn Dever) “jogue sua vida fora”.

    O filme conta divertidos aspectos da antiga relação de Georgia (Roberts) e David (Clooney) e nos remete às comédias românticas dos anos 90/2000, enquanto funcionam como uma viagem nostálgica, o longa nos permite analisar como a relação entre pais e filhos pode ter algum aspecto de projeção e de espelhamento das expectativas.

    SINOPSE

    Um casal divorciado se junta e viaja para Bali para impedir que sua filha cometa o mesmo erro que eles acham que cometeram há 25 anos.

    ANÁLISE

    Ingresso para o Paraíso

    Ambientado quase que inteiramente em Bali, o filme nos apresenta a beleza da ilha enquanto nos lança em uma viagem ao amor de Lily que após se formar na faculdade, viaja para Indonésia e conhece Gede (Maxime Bouttier), por quem se apaixona e decide se casar 2 meses depois.

    O cuidado do diretor ao nos lançar à trama e apresentar seus personagens duvidosos é quase zero. E nos apresenta como a relação de ex-marido e mulher é disfuncional, exacerbando estranhos aspectos de ambas as personalidades que acabam se tornando ainda pior na presença um do outro.

    Ainda que o roteiro não seja tão brilhante, o mesmo faz o filme se destacar no que se propõe, tirando risadas e causando incômodos em diversos momentos. Isso tudo, pois mesmo diante de enormes adversidades, dois personagens que odeiam um ao outro precisam deixar tudo de lado a fim de garantir que sua filha não tome uma decisão importante do dia para a noite.

    VEREDITO

    O perigo do longa se apresenta na forma de como o trauma geracional é tratado: para um entendimento mais claro, não existe possibilidade de Lily ser a personagem que ela é sem muitos anos de terapia. O que os pais dela claramente não tiveram. Ainda que os incômodos do filme permaneçam ao longo de seus dois primeiros arcos, o terceiro o coroa como uma interessante comédia romântica, mesmo com alguns problemas.

    Nossa nota

    3,0 / 5,0

    Confira o trailer do filme:

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    CRÍTICA – Jogo da Corrupção (1ª temporada, 2022, Prime Video)

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    Jogo da Corrupção é uma série antológica do universo de El Presidente, contando a história da FIFA por uma ótica diferente. O elenco conta com Eduardo Moscovis e Maria Fernanda Cândido.

    SINOPSE DE JOGO DA CORRUPÇÃO

    João Havelange (Albano Jerónimo) é um dirigente de futebol lendário no Brasil e que depois de muitas maracutaias e polêmicas chegou a presidência da FIFA, a maior entidade do esporte bretão que se tornou uma potência política no mundo.

    ANÁLISE

    El Presidente foi uma série que contou de uma forma impactante e divertida tudo que aconteceu no Fifagate, um dos casos de corrupção mais emblemáticos da história do futebol e que trouxe à tona toda a sujeira que existe nos bastidores do poder no esporte mais amado do mundo. Com uma linguagem irreverente, encantou os amantes do futebol e também quem curte um bom produto com uma produção digna das séries de Hollywood.

    O sucesso da aposta da Prime Video foi grande, recebendo indicações em premiações, o que ocasionou na criação de Jogo da Corrupção, uma continuação/antologia, que conta a história de um dos atores mais importantes que foi João Havelange, já citado como uma espécie de easter egg de El Presidente.

    Havelange foi uma figura polêmica que teve um papel fundamental na ascensão da CBF, da Seleção Brasileira e da FIFA no mundo. Sua história envolve de tudo um pouco e Jogo da Corrupção aproveita a vida conturbada dele para criar um produto divertido, envolvente e, ao mesmo tempo, chocante.

    Desde seu início somos avisados que não devemos crer em tudo que estamos vendo por conta dos exageros e alterações em algumas falas e fatos, tornando a narrativa um puro entretenimento narrado por um personagem conhecido e cativante do público que acompanhou a antecessora El Presidente: Sergio Jadue, ex-presidente da Confederação Chilena de Futebol, uma figura carismática interpretada mais uma vez brilhantemente por Andrés Parra que dá alguns ares de Michael Scott ao narrador.

    A estética setentista que remete aos tempos de ditadura no país é muito bem feita, com um excelente trabalho na fotografia e na produção. Além disso, as atuações estão muito boas, mesmo que o trabalho de maquiagem cause bastante estranhamento. Albano Jerónimo traz uma imponência ímpar ao poderoso protagonista com sua fisicalidade que mostra como funcionava a estrutura de poder. A trilha sonora foi escolhida a dedo, dando um tom boêmio que mistura a malandragem com um ar mafioso. De negativo, mais uma vez a artificialidade das partidas e as forçadas de barra do roteiro na espetaculizaração de alguns fatos são algo que podem atrapalhar um pouco, mas nada que prejudique a experiência.

    O mais curioso é que Havelange é apresentado quase como um antiherói, uma vez que ele saiu de baixo como um homem que queria ser grande até chegar ao topo, algo que nos cativa em diversos personagens e um dos grandes pontos da série. Figuras emblemáticas como o polêmico Castor de Andrade, vivido por Moscovis são a cereja do bolo para o seriado ser eletrizante.

    VEREDITO

    Jogo da Corrupção é um tapa na cara dos amantes de futebol, mas que apresenta mais uma escolha excelente da Prime Video em ampliar suas fronteiras com uma produção latino americana de destaque. Para quem gosta de tramoias e de filmes e séries de máfia, o novo produto da Amazon é uma excelente pedida.

    Nossa nota

    4,4/5,0

    Leia também:

    CRÍTICA – El Presidente (1ª temporada, 2020, Amazon Prime Vídeo)

    Confira o trailer:

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    TBT #201 | À Espera de Um Milagre (2000, Frank Darabont)

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    A partir de meados de outubro o assunto que mais se ouvia falar até o fim do mês era Halloween, muito provavelmente você viu – inclusive aqui no Feededigno – diversos conteúdos sobre o Dia das Bruxas e temas de terror/horror e em alguns deles você deve ter topado com o nome Stephen King, o Mestre do Terror! Mas, nem só de terror vive o nosso Rei da Literatura; e eu posso provar com À Espera de Um Milagre (The Green Mile).

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    O romance é ligeiramente inspirado na história real do adolescente de ascendência africana, George Stinney Jr., que foi a pessoa mais jovem condenada à morte no século XX nos Estados Unidos. Ele tinha apenas 14 anos quando foi executado em uma cadeira elétrica acusado de matar duas meninas brancas. Porém, 70 anos depois, sua inocência foi finalmente comprovada por um juiz da Carolina do Sul.

    O longa dirigido por Frank Darabont conta com grandes nomes de Hollywood como Tom Hanks, o saudoso Michael Clarke Duncan, David Morse, Sam Rockwell, Michael Jeter, James Cromwell, Barry Pepper e Jeffrey DeMunn.

    SINOPSE

    1935, no corredor da morte de uma prisão sulista. Paul Edgecomb (Tom Hanks) é o chefe de guarda da prisão, que tem John Coffey (Michael Clarke Duncan) como um de seus prisioneiros. Aos poucos, desenvolve-se entre eles uma relação incomum, baseada na descoberta de que o prisioneiro possui um dom mágico que é, ao mesmo tempo, misterioso e milagroso.

    ANÁLISE

    Stephen King é famoso por seus muitos livros de terror – e alguns com finais ruins -, porém nem só de terror e finais ruins vive o mestre; e Frank Darabont não é estreante nas adaptações das obras do autor. O diretor que adaptou Um Sonho de Liberdade (1994) acerta em cheio mais uma vez ao provar que King também tem filmes fora da temática usual e das famigeradas conclusões, no mínimo, “duvidosas”.

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    Com críticas positivas dos críticos, que elogiaram a direção e a escrita de Darabont, o peso emocional e as performances principalmente de Hanks e Duncan, mesmo que seus longos 189min., À Espera de Um Milagre foi um sucesso comercial, arrecadando US$ 286 milhões comparados ao seu orçamento de US$ 60 milhões e foi indicado em diversas premiações como SAG, Glodo de Ouro e a quatro Oscars:

    • Melhor Filme;
    • Melhor Ator Coadjuvante (Michael Clarke Duncan);
    • Melhor Som e
    • Melhor Roteiro Baseado em Material Anteriormente Produzido ou Publicado.

    Aqui temos a emocionante história de John Coffey, um homem negro e enorme que é condenado à morte por um crime que não cometeu e que é capaz de absorver dores e doenças de uma forma inexplicável. Curiosamente, apesar de aparentar ser mais alto no filme, Michael Clarke Duncan (1,96m) tinha uma altura semelhante à de seu colega de elenco David Morse (1,93m) e era alguns centímetros mais baixo que James Cromwell (1,98m).

    A cama de Coffey e a cadeira elétrica foram construídas menores que o comum para fazer com que Duncan parecesse muito mais alto do que ele era, além de ângulos de filmagem para dar a impressão de que o prisioneiro era muito maior que seus guardas.

    Não menos importante, para “interpretar” o ratinho Mr. Jingles, trinta ratos de verdade se revezaram em cena.

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    Por ser um drama longo e emocionante, o longa possui diversas curiosidades e apesar de termos visto recentemente Tom Hanks utilizar maquiagem para expressar idade avançada em seu papel como Coronel Parker em Elvis (2022), originalmente em À Espera de Um Milagre, Hanks iria também interpretar o velho Paul Edgecomb, mas os testes de maquiagem se provaram ineficazes em envelhecê-lo; e Dabbs Greer foi contratado para interpretar o velho Paul.

    VEREDITO

    À Espera de Um Milagre é um daqueles filmes que depois de assistirmos, nos emocionamos ao assistir qualquer cena mesmo que em um breve vislumbre. E principalmente, nos lembra de como o racismo foi e ainda é um absurdo inaceitável.

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    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Assista ao trailer legendado:

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    CRÍTICA – How To with John Wilson (1ª temporada, 2020, HBO)

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    How To with John Wilson é uma série de comédia documental lançada pela HBO em 2020. Disponível também na HBO Max, a produção conta com o próprio diretor John Wilson como protagonista e tem Nathan Fielder (O Ensaio) na equipe de produtores executivos.

    SINOPSE DA 1ª TEMPORADA DE HOW TO WITH JOHN WILSON

    Siga o ansioso nova-iorquino John Wilson enquanto ele tenta dar conselhos corriqueiros sobre as estranhas contradições da vida moderna.

    ANÁLISE

    Em How To with John Wilson embarcamos nas ruas de Nova Iorque do ponto de vista do diretor John Wilson tratando de maneira engraçada e reflexiva a cultura e o comportamento dos cidadãos da megalópole.

    A primeira temporada da série documental possui 6 episódios de 28 minutos e aborda temas como solidão, conversas cotidianas, os andaimes de proteção, memórias, desafio de manter objetos em perfeitas condições, a arte de dividir a conta e alugar uma casa.

    A maneira como cada tema é conduzido torna toda experiência leve e instigante. É provável que em diversos momentos o telespectador se pegará pensando por já ter passado por alguma situação dos temas do episódio.

    A série documental tem uma grande visão da vida em Nova Iorque e exibe diversas situações que se aplicam em qualquer parte do mundo.

    Todos os temas são excelentes, mas o meu destaque vai para o How To Put Up Scaffolding. Nesse episódio temos uma curiosidade sobre os andaimes que habitam toda a cidade e servem como proteção para os pedestres, mas que também é uma dor de cabeça para os lojistas e moradores de prédios residenciais. Confesso que nunca havia me atentado a esse detalhe que é bastante interessante.

    Por outro lado, um dos principais defeitos do documentário é que os episódios são curtos e te deixam com gostinho de quero mais. Apesar de serem curtos, cada um cumpre bem seu propósito.

    Em relação à parte técnica, a produção tem uma narrativa simples e sagaz. Juntos à excelente maneira que as imagens são captadas, tornam toda a experiência única.

    VEREDITO

    How To with John Wilson é um excelente entretenimento para ser maratonado e te deixará reflexivo sobre diversas situações do dia a dia, pois independente de onde você viva, as situações corriqueiras acabam sendo as mesmas para todo mundo.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Assista ao trailer da primeira temporada de How To with John Wilson:

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