O TBT dessa semana é dedicado a um dos melhores e mais essenciais documentários sobre a onda ditatorial que tomou conta da América Latina durante os anos 70. A Batalha do Chile do cineasta Patricio Guzmán é dividida em três partes – A Inssurreição da Burguesia, O Golpe de Estado e O Poder Popular. Porém, cabe neste texto analisar apenas o primeiro filme.
SINOPSE
À margem do caos civil e conchavos governamentais que precederam o golpe militar responsável pela derrubada do governo democrático de Salvador Allende, as camadas populares que apoiam o político socialista se organizam e põem em marcha uma série de exemplos de poder popular. São ações coletivas e espontâneas, como a criação de sindicatos, cooperativas e cordões industriais, que representam uma sociedade utópica. A força coletiva ecoa o lema“criar, criar, poder popular” com a intenção de neutralizar o caos e superar a crise.
ANÁLISE
Antes de tudo, A Batalha do Chile trata-se do Golpe Militar de 1973 ocorrido no Chile que derrubou o governo democratico do presidente Salvador Allende. A tomada por militares da marinha e do exército chileno, apoiados e financiados pelo governo dos Estados Unidos e pela CIA, culminou no fim da mais longa democracia da América Latina na história, feito que os chilenos tanto se orgulhavam.
Dessa forma, o primeiro filme de Patricio Guzmán começa com um país que crescia durante a Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética. Em meio às eleições para presidente no Chile, trabalhadores tomavam as ruas evocando gritos de apoio ao então candidato Salvador Allende, enquanto a oposição chilena, considerada a burguesia, acreditava que já haviam ganhado a votação para o então candidato de direita, Jorge Alessandri.
No entanto, Allende se torna o presidente no Chile por uma votação acirrada que foi considerada pela classe alta do país como fraudulenta. A Batalha do Chile: A Inssurreição da Burguesia mostra como, aos poucos, o golpe contra o governo de Allende foi se arquitetando e os empenhos do povo chileno para frear as ações da oposição.
Guzmán cria uma obra bastante didática, emocionante e precisa quanto aos fatos que levaram ao regime militar. Os arquivos utilizados no documentário são na maioria das vezes de filmagens realizadas por canais televisivos que documentavam a movimentação da população tanto de esquerda, como de direita. Dessa forma, o filme foca na imagem do trabalhador e em como a classe proletária precisou lidar com os conflitos políticos no país.
Mas, A Inssurreição da Burguesia não se limita aos acontecimentos, como forma de debater a política, o filme levanta discussões profundas sobre ideologias e nações. Sobre o olhar de Guzmán, entende-se a influência norte-americana na América Latina e como isso culminou para o golpe de estado no Chile e em vários outros países vizinhos.
É uma obra completa em questões fílmicas e narrativas. Em uma cena um repórter na rua pergunta ao povo quem eles acham que irá vencer as eleições, em outra, o repórter está em uma fábrica falando com trabalhadores que estão em greve. Esses momentos em que o documentário evidencia tanto a esperança, como as preocupações do povo chileno vão de encontro às filmagens governamentais em lugares como o Parlamento e o Palácio de La Moneda. São imagens que engrandecem o filme e permeiam não só a primeira parte, como as outras duas partes de A Batalha do Chile.
Ainda assim, um dos momentos mais marcantes e significativos do documentário é a morte do jornalista e cinegrafista argentino Leonardo Henrichsen, alvejado por um tiro de pistola de um dos militares que estava no comboio que tentou o primeiro ataque do golpe militar. Henrichsen filmou sua própria morte, enquanto cobria os conflitos no Chile, a cena em questão fecha tristemente e revoltosamente o primeiro filme da trilogia de Patricio Guzmán.
VEREDITO
A Batalha do Chile: A Inssurreição da Burguesia é um retrato fiel dos acontecimentos que sucederam ao Golpe Militar no Chile em 74. O documentário evidencia toda a manipulação e desonestidade da direita e burguesia chilena para manter o país sob seu controle, enquanto expõe a participação dos Estados Unidos no regime ditatorial que durou 17 anos. Porém, o mais louvável é o esforço e luta dos trabalhadores chilenos para salvar o país das mãos dos fascistas.
É um filme emocionalmente, revoltante e reflexivo, visto que, mesmo após anos dos golpes militares na América Latina, nossa democracia permanece frágil e em constante ameaça.
Nossa nota
5,0 / 5,0
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Um de Nós Está Mentindo é a mais nova série da Netflix. A série adapta a clássica trama de séries e filmes como Pânico, Eu Sei o que vocês Fizeram no Verão Passado e até mesmo Riverdale. Rodeada em suspense e muito mistério, Um de Nós Está Mentindo é uma adaptação do livro homônimo escrito por Karen McManus.
A série conta a história de um grupo de cinco jovens que são colocados na detenção, mas apenas quatro deles saem de lá vivos. A sinopse do livro original revela que a trama é uma mistura de O Clube dos Cinco e Pretty Little Liars.
SINOPSE
A detenção reúne cinco estudantes extremamente diferentes. Mas um assassinato e muitos segredos vão manter esse grupo unido até que o mistério seja desvendado.
ANÁLISE
Quando um jovem sem muitos amigos na escola resolve criar um aplicativo para expôr seus desafetos e os maiores segredos de sua escola, tudo parece mudar, assim como a hierarquia de poder dos grupos quando segredos são trazidos à tona.
Ainda que a muitos rostos presentes na série sejam familiares aos espectadores das séries da Netflix, Um de Nós Está Mentindo acerta em muitos poucos aspectos e falta inovação no que se refere à trama que já parece ter sido vista anteriormente.
A adaptação do livro de Karen McManus acerta em diversos aspectos e não deixa de fora grupos ou individualidades usadas no passado como alívio cômico, como a sexualidade, e o bullying, adaptando-os e abordando corretamente a dinâmica das relações dentro de uma escola nos dias de hoje.
As mais diversas tramas que nos levam à história principal se passam quase que inteiramente antes do momento em que a série tem início, mas o fato, a morte de um dos cinco se dá antes mesmo do primeiro episódio chegar ao fim.
A fim de mostrar a que veio, a série da Netflix explicita como o “Clube do Assassinato” ganhou esse nome e como seu desenvolvimento se faz de maneira nem um pouco rápida, sendo deveras lenta no que diz respeito a introdução da personalidade de nossos personagens e como suas tramas se engedram e peremeiam o caminho não apenas dos quatro sobreviventes, mas de toda a escola de Bayville.
VEREDITO
Ao se aprofundar, a série tenta não enrolar no que diz respeito à trama, mas falha miseravelmente. Com aspectos que são até mesmo indicadores e nos dão um foreshadowing do que está por vir, a série entra em relações que nada tem a ver com a revelação final, e por vezes atuam como um caminho sem saída.
Ao nos dar diversas pistas erradas por inúmeras vezes, a revelação do assassino é anticlimática e nos faz questionar a necessidade de 8 episódios para desenvolver personagens à exaustão sem necessidade.
Enquanto testemunhamos a curva de crescimento de alguns personagens deveras interessantes, a quebra de padrões como a que acontece apenas ao final de Clube dos Cinco se dá antes do fim da série. A série da Netflix nos permite testemunhar não apenas uma série de mistério adolescente, mas também uma quebra nos padrões e arquétipos repetidos no cinema à exaustão.
Nossa nota
2,5 / 5,0
Confira o trailer da série:
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Kristen Jaymes Stewart, conhecida como Kristen Stewart, se tornou um ícone teen com seu papel de Isabela “Bella” Swan em Crepúsculo (2008), a atriz que iniciou no palco da escola primária teve altos e baixos até chegar à sua indicação ao Oscar de Melhor Atriz em Spencer(2022).
História
Kristen tem trabalhado como atriz desde seus primeiros anos em Los Angeles, Califórnia. Seus pais, John Stewart e Jules Stewart, trabalham no cinema e na televisão, o que explica a paixão da filha pela atuação.
Início de carreira
Depois que um caçador de talentos assistiu sua performance na escola primária em uma peça, aos oito anos de idade, Stewart conseguiu um pequeno papel no filme O Terceiro Ano (1999) do Disney Channel; porém seu primeiro papel significativo veio quando ela foi escalada como Sam Jennings em Encontros do Destino (2001).
A grande chance da atriz surgiu quando ela foi escalada como protagonista do drama de sucesso Quarto do Pânico (2002), com os veteranos de tela Jodie Foster, Forest Whitaker e Jared Leto. O papel de Kristen Stewart como a adolescente diabética e problemática chamou a atenção dos críticos, que elogiaram seu desempenho discreto e sólido; o filme arrecadou respeitáveis US$ 95 milhões nas bilheterias.
Elogiada por sua atuação em Quarto do Pânico, passou a integrar o elenco de Garganta do Diabo (2003) como filha de Dennis Quaid e Sharon Stone. Embora o filme não tenha saído bem nas bilheterias, ela recebeu outra indicação ao Young Artist Award.
A partir da sua indicação ao prêmio, Kristen foi agregando papéis cada vez mais significativos para sua carreira. Afinal, quem é visto é lembrado, não é mesmo?
Fincando seus pés cada vez mais em Hollywood
Kristen Stewart no filme Zathura: Uma Aventura Espacial.
Stewart mostrou sua versatilidade com sua performance em O Silêncio de Melinda (2005), sobre uma adolescente que para de falar após uma agressão sexual e também apareceu no filme de ficção científica Zathura: Uma Aventura Espacial (2005), seguido pelo drama Sociedade Feroz (2006).
Depois de aparecer em vários sucessos de bilheteria mais leves, Kristen Stewart conseguiu o papel de uma moradora de uma comunidade adolescente no filme biográfico aclamado pela crítica Na Natureza Selvagem (2007) levando a atriz a uma terceira indicação ao Young Artist Award que resultou em uma vitória. O papel trouxe Kristen de volta aos holofotes, onde vimos a atriz também em Doces Encontros (2007), de Mary Stuart Masterson.
Stewart não fazia ideia do quanto essa fase seria importante para a vida e carreira dela. Depois de atuar ao lado de Robert De Niro em Fora de Controle (2008), deu início à saga Crepúsculo (2008-2012) que contou com cinco filmes baseados nos livros de Stephanie Meyer, sendo a personagem principal. Premiada com o MTV Movie Award de Melhor Performance Feminina.
Atuando ao lado de Robert Pattinson, a atriz levou seu romance da ficção para vida real.
Aliás, só um adendo: Kristen Stewart foi a atriz mais bem paga em 2011 e 2012.
Cancelamento ou bênção?
Kristen com seu prêmio Cesar de Melhor Atriz Coadjuvante.
Próximo do fim da saga Crepúsculo, a atriz acabou “cancelada” pelos próprios fãs após ter sido fotografada traindo Pattinson com o ator Rupert Sanders, diretor de Branca de Neve e o Caçador (2012).
Kristen que vinha com uma carreira bem-sucedida com produções independentes no início da carreira, ganhou ainda mais destaque após a projeção do “cancelamento”, voltando fortificada e apostando em produções europeias, como o longa Acima das Nuvens (2014), onde sua atuação ao lado de Juliette Binoche lhe garantiu o prêmio Cesar, o “Oscar Francês”, e fez dela a primeira atriz americana a conquistar o troféu de Melhor Atriz Coadjuvante na premiação.
Desde 2010, Stewart procurava se desvencilhar de sua imagem de “atriz de um personagem só”, e buscou atuar trabalhando em vários projetos indies, incluindo Corações Perdidos (2010) e também em filmes de maior complexidade como The Runaways: Garotas do Rock (2010) e Na Estrada (2011), do diretor brasileiro Walter Salles.
Kristen Stewart recebeu elogios por sua atuação e performances musicais e mais tarde ganhou o prêmio BAFTA Rising Star e na categoria de Melhor Atriz no Festival Internacional de Cinema de Milão por Corações Perdidos (2010).
Até chegar em Spencer, Kristen fez escolhas certas e erradas em muitas produções porém sem perder sua essência e ousadia. Com uma atuação aclamada ao lado da vencedora do Oscar Julianne Moore, chamou a atenção em Para Sempre Alice (2014); concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes por Personal Shopper (2016); atuou com Woody Allen em Café Society (2016); além de atuar em papéis principais em filmes sobre figuras históricas, incluindo Lizzie (2018) e Seberg Contra Todos (2019), e encarou a superprodução hollywoodiana com As Panteras (2019).
Finalmente a atriz perdeu a fama de “em sal” ao estrelar o longa natalino gay Alguém Avisa? (2020) e assumiu o posto de “a garota descolada” e a mais ousada embaixadora da grife francesa Chanel.
Indicação ao Oscar
Com sua indicação de Melhor Atriz ao Oscar 2022 pela atuação em Spencer, ela completa sua jornada e chega ao que é, para a tradicional indústria cinematográfica o ápice da carreira de uma atriz em sua melhor fase.
Será que Kristen Stewart desbancará – com todo o respeito – a veterana e dona de uma prateleira cheia de estatuetas douradas, Olivia Colman? Acredito que definitivamente Hollywood transformou o potencial da jovem atriz em potência, então tudo poderá acontecer.
Os 10 melhores trabalhos de Kristen Stewart
Quarto do Pânico (2002)
Sinopse:Meg Altman (Jodie Foster) é uma mulher recém-separada que é surpreendida com a invasão de sua casa por três homens estranhos. Logo ela e sua filha Sarah (Kristen Stewart) vão para um quarto secreto, construído especialmente para situações de emergência. De dentro do quarto Meg espiona o que está ocorrendo em sua casa através de um circuito fechado de TV, mas logo ela passa a enfrentar pequenos problemas dentro e fora de seu refúgio, principalmente porque aquilo que os homens estão procurando está justamente no quarto onde Meg e Sarah estão.
Na Natureza Selvagem (2007)
Sinopse: Início da década de 90. Christopher McCandless (Emile Hirsch) é um jovem recém-formado, que decide viajar sem rumo pelos Estados Unidos em busca da liberdade. Durante sua jornada pela Dakota do Sul, Arizona e Califórnia ele conhece pessoas que mudam sua vida, assim como sua presença também modifica as delas. Até que, após dois anos na estrada, Christopher decide fazer a maior das viagens e partir rumo ao Alasca.
Fora de Controle (2008)
Sinopse:Ben (Robert De Niro) é um produtor de cinema que precisa resolver uma série de problemas todos os dias, tanto profissionais quanto de ordem pessoal. Ao mesmo tempo em que precisa negociar com o chefe de um grande estúdio para que seu novo filme seja exibido no Festival de Cannes, ele precisa lidar com os caprichos de atores e o ego de diretores. Paralelamente, Ben ainda precisa lidar com os problemas da adolescência de sua filha Zoe (Kristen Stewart) e a acusação da esposa (Robin Wright) de que tem uma amante.
Crepúsculo (2008)
Sinopse:Isabella Swan (Kristen Stewart) e seu pai, Charlie (Billy Burke), mudaram-se recentemente. No novo colégio ela logo conhece Edward Cullen (Robert Pattinson), um jovem admirado por todas as garotas locais e que mantém uma aura de mistério em torno de si. Eles aos poucos se apaixonam, mas Edward sabe que isto põe a vida de Isabella em risco.
Corações Perdidos (2010)
Sinopse:Doug (James Gandolfini) e Lois (Melissa Leo) tiveram o casamento abalado devido a uma tragédia familiar, ocorrida anos atrás. Com o tempo, eles se distanciaram cada vez mais. Um dia Doug vai a Nova Orleans para participar de uma conferência e lá conhece Mallory (Kristen Stewart), uma jovem que trabalha em casas de striptease. Decidido a ajudá-la, Doug permanece na cidade. A situação logo provoca estranheza em Lois, que decide ir à cidade para encontrar o marido.
The Runaways: Garotas do Rock (2010)
Sinopse: Los Angeles, 1975. Joan Jett (Kristen Stewart) tinha o sonho de montar uma banda de rock, formada apenas por mulheres. Ela encontra apoio em Cherrie Currie (Dakota Fanning), que integra a banda, e no empresário Kim Fowley (Michael Shannon). Com ele as integrantes da banda The Runaways levam uma vida desajustada e, apesar de apresentarem um som cru, alcançam o sucesso graças ao talento de Joan e o visual sensual de Cherie.
Acima das Nuvens (2014)
Sinopse:Maria Enders (Juliette Binoche) é uma famosa atriz que fica perturbada com o fato de que Joann (Chloë Moretz), jovem estrela de Hollywood, irá interpretar o papel que a fez famosa há vinte anos. Convidada a dividir o palco com a novata, uma insegura Enders viaja até os Alpes para ensaiar e conta com o apoio de sua assistente Valentine (Kristen Stewart) no confrontamento com seu passado.
As Panteras (2019)
Sinopse:Sabina Wilson (Kristen Stewart), Jane Kano (Ella Balinska) e Naomi Scott (Elena Houghlin) são três Panteras que precisam deixar as diferenças de lado quando embarcam em uma aventura internacional junto com sua à nova Bosley (Elizabeth Banks) e com a cientista Elena Houghlin (Naomi Scott). Elas precisam impedir que um novo programa de energia se torne uma ameaça para a humanidade e descobrir quem está por trás de um plano tão maligno.
Sinopse: Encontrar a família da sua namorada pela primeira vez pode ser difícil. Planejar pedir casamento no jantar de Natal da família dela – até você perceber que eles nem sabem que ela é gay – é ainda mais difícil. Abby (Kristen Stewart), uma mulher que descobre que Harper (Mackenzie Davis), sua namorada, manteve o relacionamento amoroso entre elas em segredo. Por conta disso, Abby começa a questionar a sua amada, a pessoa ela tanto pensava que conhecia.
Spencer (2022)
Sinopse: Durante suas férias de Natal com a Família Real na propriedade de Sandringham em Norfolk, na Inglaterra, Diana Spencer (Kristen Stewart), lutando com problemas de saúde mental, decide terminar seu casamento de uma década com o príncipe Charles (Jack Farthing).
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Sifu é um dos games mais esperados do ano não apenas por esse que vos escreve, mas também por grande parte da crítica especializada. O game que estava previsto para 2021, acabou sendo lançado apenas em 8 de fevereiro de 2022. Enquanto nos lança em meio à uma história de vingança com referências à Old Boy, Kill Bill e muitos outros filmes, Sifu se mostra tão desafiador quanto uma vingança pode ser, além de profundo e repleto de camadas.
Sifu nos apresenta o clássico tropo do mestre que é derrotado por seu estudante. Enquanto nos aprofundamos na história vemos que a jogabilidade e as derrotas importam para nossa progressão.
SINOPSE
Sifu é um beat’ em up estiloso e intenso, contando com um combate corpo a corpo visceral em um cenário urbano contemporâneo.
Dos mesmos criadores de Absolver, o aclamado jogo de luta para PS4, desta vez a Sloclap nos brinda com Sifu, onde acompanhamos a vingança de um jovem aprendiz de kung fu contra os assassinos de sua família.
É um contra todos, sem nenhum aliado e com inúmeros inimigos. Ele só poderá contar com seu domínio sobre a arte do kung fu para prevalecer e preservar o legado de sua família.
ANÁLISE
O tropo clássico de vingança sempre esteve presente na cultura oriental, e assim como na ocidental. Tendo sido abordado em tragédias gregas como Medeia, Orestes e até mesmo Clitemnestra, em uma história que envolvia parrícidio, canibalismo, para não falar em incestos. Como a nossa cultura é quase que inteiramente e erroneamente focada em um eurocentrismo exacerbado, muito da cultura oriental não é conhecido por nós, ou por esse que vos escreve, como deveria ser.
Sifu nos lança em uma história tão mística quanto pé no chão, e nos mostra que o mundo que vamos adentrar, não é preto no branco, ou tão místico ao ponto de escaparmos da nossa realidade, aquele mundo possui diversos tons de cinza.
Sifu é um beat’ em up em 3D que nos lança não apenas em uma busca por vingança, mas também por sentimentos tão profundos na história do personagem central, que nos faz questionar a odisseia que estamos prestes a adentrar a todo o tempo.
NO MUNDO DE SIFU, NADA É POR ACASO
O mundo de Sifu nos apresenta 5 diferentes níveis e cinco diferentes inimigos, cada um deles representando um dos cinco elementos de acordo com a “Teoria dos Cinco Elementos”, que são Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água.
O design do game, assim como o level design, nos mostram que os perigos daquele mundo não serão transpassados na primeira gameplay. E com um fator replay muito forte, alguns elementos se tornam claros apenas em uma quarta ou quinta run. A flexibilidade e a fluidez do game dão aos jogadores atentos uma gameplay única à cada run.
Um elemento tão místico, quanto as moedas que nos trazem de volta a vida, são a relação entre o contador de morte e os anos que ganhamos quando perecemos diante inimigos mais poderosos.
A árvore de habilidade é tão literal no dojo, quanto seu nome e ao morrer, nos deparamos com ela e a possibilidade de crescer para que possamos perseverar em uma próxima vida. Enquanto tentamos completar o quadro de evidências, reforço que o fator de replay é tão importante para a história, como para seu avanço, permitindo aos jogadores farmar XP para comprar habilidades definitivamente.
A trama e o visual de Sifu se encaixam como há muito não se via em um game de um estúdio indie. A habilidade do estúdio de fazer os níveis, os inimigos e os desafios se completarem, tornam a experiência de Sifu única a cada gameplay, dando à cada run um aspecto único.
A beleza e fluidez presentes na gameplay de Sifu se dão pela captura de movimentos de artistas marciais mestres de Pak Mei Kung Fu.
Confira o vídeo do making of do game:
VEREDITO
A história de Sifu e seus 5 níveis lindamente desenvolvidos nos permitem explorar ao máximo o que foi criado pela Sloclap, enquanto nos permitem desenvolver um vínculo com o protagonista que embarca em uma viagem que ele parece não ter intenção de retornar.
Enquanto muitos comparam Sifu à games como Bloodborne ou Dark Souls, por seu fator replay, ouso dizer que ele é o próximo passo do que teve início com os beat’ em up side-scroller como Streets of Rage e se mostra único no que se propõe.
Tenha em mente que a fim de obter o final verdadeiro do game, você não pode e nem deve levar a vingança tão a sério assim. Talvez envelhecer e crescer, coloque as coisas em perspectiva, ou talvez não e você esteja apenas a procura da sangue. Mas ao rejogar e rejogar, talvez você perceba em uma nova run, que a vingança e a lei de Hamurabi talvez não te levem a lugar nenhum.
Sifu foi lançado no dia 8 de fevereiro de 2022 e tomou as streams de assalto, deixando os espectadores e os streamers tão encucados quanto motivados à chegarem a fundo na história em que mergulhamos sem muita pretensão.
Sifu está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5 e PC.
Nossa nota
4,5 / 5,0
Confira o trailer do game:
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A segunda temporada de Euphoria é transmitida semanalmente na HBO e HBO Max. O sétimo e penúltimo episódio chamado de The Theater and Its Double é dirigido e escrito pelo criador da série Sam Levinson.
SINOPSE
Em The Theater and Its Double, a arte imita a vida enquanto todos em East Highland vêem sua complicada dinâmica refletida na tão esperada peça da Lexi (Maude Apatow).
ANÁLISE
O episódio começa com Lexi no velório do pai de Rue (Zendaya). Enquanto a amiga se droga, Lexi recita o poema “Let This Darkness Be a Bell Tower”, de Rainier Maria Rilke. Então, lentamente a cena se abre e o quarto de Rue vira um cenário de teatro, percebemos que estamos em Our Life. A peça de Lexi autobiográfica sobre os últimos anos de sua vida com sua irmã e amigas.
Nas análises anteriores, comentei sobre Lexi ser uma observadora dos acontecimentos de Euphoria e assim, como o público, não ter muito o que fazer se não assistir. Parece que Lexi finalmente despertou de sua neutralidade e Our Life é a sua maior prova. Isso porque, Lexi percebe o quanto ficou refém de certas situações em sua vida – ofuscada por Cassie (Sydney Sweeney), deixada de lado por Rue, abandonada pelo pai – não que agora ela irá tomar as rédeas da carruagem, mas Our Life, de certa forma, é seu manifesto ou “exposed” bem elaborado.
Praticamente todos estão na plateia antenados aos acontecimentos adaptados por Lexi no auditório da East Highland. As cenas se misturam com a realidade, alguns momentos que já assistimos na séries, outros que são lembranças dos personagens. Dessa forma, Euphoria constrói um episódio de belas transições, enquanto capta a atmosfera caótica da plateia.
Rue está sóbria, seu semblante é diferente, ela expressa alegria e surpresa ao assistir o show, enquanto lança alguns olhares para Jules (Hunter Schafer), em uma cadeira mais abaixo. Jules também retribui os olhares de Rue, ainda que durante as semanas que se passaram nenhuma palavra fora trocada entre as duas. É angustiante a falta de comunicação de Rue e Jules, ainda mais em um momento em que Rue parece estar bem.
Porém, temos uma cena muito importante entre Rue e sua mãe. Após perceber que Gia (Storm Reid) está com problemas na escola, Leslie (Nika King) diz a Rue que não se importará mais se a filha usa drogas ou não, pois prefere salvar uma filha (Gia) a perder duas. É um ultimato para Rue que poderá ter consequências futuras, seja para sua recuperação ou sua total perdição.
Mas, voltamos a Our Life. Existe um momento antes do que presenciamos em Euphoria, no qual Lexi e Rue já foram melhores amigas, as circunstâncias da vida as afastaram, mas ainda existe esse carinho que é lembrado por Lexi na peça. O vício de Rue afetou também Lexi, assim como a popularidade de Cassie e sua relação com Maddy.
Ao longo da peça, Lexi traz acontecimentos bastante significativos, como os dias em que Maddy dormia na casa das irmãs, pois seus pais brigavam demais, e Cassie gentilmente cedia um espaço em sua cama para acolher a amiga. Essa cena intercala com a realidade, quando Cassie se tranca no banheiro após Maddy descobrir sua traição com Nate. Para Maddy (Alexa Demie), o problema não era o rapaz, mas sua amizade com Cassie.
Assim, vemos Lexi desenvolver seu show. Além do drama, há um certo teor cômico na peça. Para Lexi, ela não está sendo maldosa, mas a expressão de insatisfação de Cassie e Nate (Jacob Elordi) são inegáveis. Para Cassie, pode parecer algo de completo mal gosto, afinal, é sobre sua vida também. Ela sai por um momento do auditório e para na frente do espelho do banheiro, tentando engolir o choro, enquanto finge um sorriso. Que atuação maravilhosa de Sydney Sweeney!
Já para Nate, as coisas ficam realmente tensas, quando Ethan (Austin Abrams) faz uma versão sua na academia com outros rapazes ao som de Holding Out For A Hero de Bonnie Tyler. A cena toda é um número musical, na qual, a conotação homossexual é gigante. Para Nate, é o suficiente, ele sai porta a fora com Cassie atrás tentando pedir desculpas pela irmã. Mas não é o bastante, Nate pede para Cassie ir embora de sua casa.
Durante o episódio inteiro, enquanto assistimos a peça de Lexi, também vemos que Lexi e Fezco (Angus Cloud) estão cada vez mais próximos. Ele promete que estará na primeira fila quando as cortinas se abrirem, mas enquanto se arruma em sua casa, algo dá errado. Não sabemos o que exatamente, mas Fezco não chegou a ir na peça, Mouse (Meeko Gattuso) está tramando algo e Faye (Chloe Cherry) é a única que pode alertá-lo.
Outros acontecimentos que ganham algumas passagem são: Jules quebrando o DVD com o vídeo dela e de Cal (Eric Dane); Maddy ganhando o vestido de Samantha (Minka Kelly) e conseguindo mais confiança após o episódio com Nate e Cassie. Em especial, a cena em que Nate sonha que está com Cassie, depois Jules e por último seu pai é extremamente perturbadora. Mas dá indícios do quão atordoado Nate está, além disso, será que ele sente algo por Jules?
Muitas coisas aconteceram nesse episódio (até cenas repetidas) para dar base a peça de Lexi que é um show à parte. A plateia vibra, Lexi está feliz com o resultado, até mesmo Maddy e Kat (Barbie Ferreira) não se importam de ser sobre elas. Mas, Cassie, obviamente, está irada e resta aguardar o último episódio de Euphoria para o fechar das cortinas.
VEREDITO
Em termos técnicos, The Theater and Its Double é um dos melhores episódios da temporada. A transição entre realidade e a peça de Lexi são incríveis e o roteiro é divertido e sarcástico. Assim como ter as reações dos personagens na plateia torna tudo mais interessante. É um ótimo penúltimo episódio, mas que deixa tudo para a conclusão final da segunda temporada de Euphoria.
Nossa nota
4,5 / 5,0
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Cuphead – A Série (The Cuphead Show!) é a adaptação do incrível jogo de 2017 que se inspirou no estilo de animação da Era de Ouro dos desenhos animados americanos. A série de episódios de curta duração chegou à Netflix em 18 de fevereiro de 2022.
SINOPSE DE CUPHEAD – A SÉRIE
Acompanhe as desventuras do impulsivo Xicrinho e seu ingênuo irmão Caneco nesta série de animação baseada no famoso videogame.
ANÁLISE
Em Cuphead – A Série temos uma excelente adaptação do clássico jogo indie que faz jus à obra original e é uma grande homenagem às animações dos anos 1930, da mesma forma como o game fez de forma brilhante. Desse modo, uma obra complementa a outra.
Com isso em mente, ao longo dessa primeira Temporada temos uma expansão do universo de Cuphead com todos aqueles personagens insanos sendo colocados em situações extremamente caóticas e de forma engraçada. Vale ressaltar que a animação faz a introdução de um novo personagem que vai estar disponível em Cuphead: The Delicious Last Course, a DLC que será lançada 30 de junho de 2022 para Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One e PC.
Ao longo dos 12 episódios foi uma sensação de muita nostalgia ficar lembrando das manhãs de sábado em que tínhamos desenhos desse estilo na TV aberta. Será inevitável não lembrar de outras animações do mesmo gênero, que marcou a infância de tantos brasileiros nos anos 1990.
Cada episódio de The Cuphead Show! dura em torno de 15 minutos e não tem uma trama central a ser seguida, mas mesmo não tendo essa linha narrativa, garanto que a diversão e humor ácido é garantido a todos que curtem esse estilo de desenho.
O destaque da série vai para animação que é elegante, refinada e repleta de nostalgia, pois quem não conhece o jogo irá ficar associando aos desenhos da Era de Ouro, como Mickey Mouse, Looney Tunes e Pica-Pau. Além das repletas situações nonsense, que são cômicas, todos os episódios sempre terminam com personagens principais resolvendo algum problema ou se ferrando diante de alguma situação surreal.
Outro destaque é a trilha sonora orquestrada que é maravilhosa, assim como no jogo. Aqui temos a mesma trilha sonora para cada chefe de fase do game, inclusa na série de maneira excelente. Falando em chefes, é muito bacana o background introduzido para cada um que aparece. Creio que, para quem não jogou Cuphead, vai parecer apenas um personagem estereotipado.
Ainda sobre a trilha sonora, em alguns episódios temos o estilo musical exatamente igual ao dos Looney Tunes. Todas as músicas são ótimas, mas meu destaque vai para The Devil’s Song.
Tudo em The Cuphead Show! é muito divertido sem se prender ao politicamente correto e merece ser assistida por todos os fãs de desenhos animados.
VEREDITO
Definitivamente, Cuphead – A Série é uma animação que mostra que desenhos animados da Era de Ouro ainda são divertidos e com espaço para atrair a audiência. Além de ser uma bela homenagem a esse período, que foi tão importante para a história da animação, com certeza o seriado já entrou na lista excelentes adaptações de videogames. Vale lembrar que essa temporada terminou com um ótimo cliffhanger, que pode indicar que a produção terá uma nova temporada.
Nossa nota
5,0 / 5,0
Assista ao trailer de Cuphead – A Série:
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