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    CRÍTICA | O Livro de Boba Fett – S1E4 The Gathering Storm

    Grande parte do hype de O Livro de Boba Fett, se dá em grande parte ao que foi criado em The Mandalorian. O quarto episódio da série, intitulado The Gathering Storm apresenta o início da relação entre Fett (Temuera Morrison) e Fennec Shand (Ming-Na Wen), pouco depois depois de seus caminhos cruzarem no ao longo da primeira temporada de The Mandalorian.

    Kevin Tancharoen, o diretor que é responsável pelo episódio dessa semana, e o da semana que vem, aprofunda a relação de Fennec e a aprofunda em relação à sua aparição na série e desenrola os eventos dos conflitos que ameaçam o controle do novo Daimyo de Mos Espa.

    SINOPSE

    Boba faz parceria com a Fennec Shand.

    ANÁLISE

    The Gathering Storm

    A brilhante ambientação do que foi escrito por Jon Favreau nos permite visitar não apenas Tatooine, como rever o ambiente que nos cativou desde a primeira vez que testemunhamos a história de Luke e o retorno ao adorado universo quando vimos The Mandalorian.

    A saída que o diretor encontrou ao nos lançar em meio ao retorno de Boba Fett, foi transformar os acontecimentos pontuais de The Mandalorian e pingos de história.

    Enquanto o crescente problema que circunda o planeta desértico se instaura, o cuidado tanto da direção como dos atores, permite que aqueles que estão envoltos na trama e no controle de Tatooine, nos façam perceber os mais diversos aspectos e diferentes lados de um vindouro conflito. Mas enquanto esses problemas demoram a se desenvolver a série insiste em focar no passado do personagem central da trama, e a falta de uma sensação de urgência pode ser sentida e faz falta.

    VEREDITO

    Enquanto move a história com passos de formiga para a frente, O Livro de Boba Fett parece residir no passado do universo de Star Wars e falta força para que a série mostre a que veio. Aos trancos e barrancos de areia pela desértica Tatooine, a história de Boba Fett parece não saber onde quer chegar, podendo ser apenas o que a trilogia de J.J. Abrams de Star Wars foi para o enorme universo criado por George Lucas – muito mais do mesmo, sem ter muito o que contar.

    Enquanto The Gathering Storm funciona como uma continuação de The Mandalorian, os diretores de cada um dos episódios parecem não saber ao certo por quais caminhos delimitar a história do ex-caçador de recompensas, agora Daimyo. Talvez a história vá mudar de rumo no quinto episódio, da próxima semana. Pois agora recuperado, Boba Fett passe a acreditar no medo como uma forma efetiva de controlar um dos mais perigosos entrepostos comerciais de Tatooine.

    2,5 / 5,0

    Confira o trailer da série:

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    CRÍTICA – Heavenly Bodies (2021, 2pt Interactive)

    Ainda no fim do ano passado, no dia 7 de dezembro de 2021, chegava para PlayStation 4, PlayStation 5 e Windows o game Heavenly Bodies. Um ótimo game indie desenvolvido e distribuído pelo estúdio australiano 2pt Interactive. Com uma proposta relativamente inovadora, o game propõe uma simulação do trabalho em uma estação espacial.

    Através de mecânicas precisas e uma física incrível, o jogo em 2.5D traz desafios atrelados à rotina de um cosmonauta com um trabalho de arte muito bem entregue. Apesar dos puzzles às vezes complexos, a diversão é garantida, principalmente se jogado no seu modo cooperativo.

    SINOPSE

    Heavenly Bodies é um jogo sobre cosmonautas, o corpo e a ausência da gravidade.

    Descubra as nuances em constante mudança da movimentação sem peso neste jogo de gravidade desafiador. Domine o controle dos braços do seu cosmonauta com os botões esquerdo e direito para empurrar, puxar e escalar por cenários com gravidade completamente simulada a bordo de uma estação de pesquisa científica.

    Encarregaram você de colocar para funcionar a criação de engenharia de maior orgulho da Terra. Com apenas a ajuda de um contato por rádio para o controle de missões, você terá que usar sua mente sagaz e membros ágeis para montar telescópios espaciais, fazer a manutenção de matrizes solares delicadas e pesquisar a botânica cósmica. Mas sem gravidade, nada permanece imóvel. Nada é seguro. Nada é simples.

    ANÁLISE

    Heavenly Bodies

    Desde o anúncio de Heavenly Bodies eu já tinha criado uma alta expectativa pelo seu potencial. Mesmo que o mote do game seja totalmente voltado aos desafios do trabalho em uma estação espacial, era impossível para mim evitar de relacioná-lo à jogos como Fall Guys, Human Fall Flat e outros no estilo Goat Simulator.

    E as minhas expectativas foram totalmente atendidas. A amplitude de Heavenly Bodies é o que faz deste game algo tão incrível, mesmo que simples. Com apenas 7 níveis, muitos podem achar que o jogo não vale a pena, mas as aparências enganam. Eu entendo que este é um jogo que pode ser aproveitado em pelo menos três modos.

    Formas de aproveitar

    Pode optar por ser um jogador hardcore, se desafiando e aproveitando todo o desafio para reafirmar que você é o melhor solucionador de problemas. Ou de repente você quer trabalhar na NASA e gostaria de tirar a prova se é realmente esta a sua vocação. Neste caso, o jogo pode durar até 2 horas, para você.

    Outra possibilidade é jogar no modo relax. Coloque um bom fone de ouvido e curta a atmosfera do jogo. Com sua música suave e os sons quase inexistentes no espaço, deleite-se com belos visuais e descanse. Às vezes, só o que precisamos é um momento de descanso na solidão do espaço sideral pra nos recuperarmos de um dia cansativo: esta deve ser a forma mais acessível de conseguir isto.

    Ou então, opte apenas pela diversão. Chame alguém para ser sua dupla no modo cooperativo mais engraçado (ou estimulador de brigas) que pode existir. O trabalho no espaço com uma pessoa sem coordenação motora deve ser desastroso. Imagine então com duas dessas pessoas. As missões que já são difíceis podem ficar mais fáceis em dupla. Se não facilitar, vai ficar pelo menos muito mais engraçado. As possibilidades de dar errado são muitas. E aqui, nem o céu é o limite (literalmente).

    Detalhes que fazem a diferença

    O jogo inclusive permite que você defina sua experiência já no início. Pode escolher entre os modos Clássico, Assistido e Newtoniano. O clássico permite que você aproveite os detalhes do jogo sem ser em níveis absurdos. Curta a experiência de ter de aprender a se movimentar no espaço. Usando apenas os analógicos para controlar os braços individualmente, os gatilhos (L2 e R2) para segurar e os botões L1 e R1 para flexionar as pernas, leva um tempo até aprender.

    O assistido, como o próprio nome já sugere, facilita a sua vida auxiliando na movimentação e principalmente na função de impulsão. Vai por mim, ajuda bastante pra evitar que você fique à deriva caso solte o gatilho por 1 segundo.

    Já o modo newtoniano entrega o máximo da experiência. Aqui, ou você é muito bom no que faz, ou vai xingar o senhor Isaac Newton por ter inventado a gravidade (é brincadeira, tá, gente). No entanto, este modo busca simular com o máximo de fidelidade a experiência de gravidade zero. As leis da física estarão imperando em sua mais pura essência. Recorde o ensino médio e divirta-se – ou arrependa-se de não ter estudado tanto, sofrendo nas mãos da inércia.

    VEREDITO

    Heavenly Bodies

    Como já tinha dito, minhas expectativas para Heavenly Bodies foram totalmente atendidas. O jogo é realmente muito bom e permite que cada um aproveite ele como bem entender. Os visuais são muito bonitos e a perspectiva em 2.5D dá uma ótima noção de profundidade, ainda que não consigamos nos mover no terceiro eixo.

    Nossa gameplay foi realizada através do PlayStation 4, então não temos como opinar sobre a experiência com o DualSense (joystick de PS5). Os preços em suas plataformas, atualmente, são: R$ 37,99 via Steam e R$ 104,90 via PS Store.

    Como de costume, os valores para console são bastante descolados da realidade nacional, mas o valor para PC é bastante acessível e honesto, valendo bastante a recomendação.

    4,6 / 5,0

    Confira o trailer de Heavenly Bodies:

    E você, já jogou Heavenly Bodies? O que achou? Deixa sua nota e comenta sobre suas impressões.

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    CRÍTICA – The House (1ª temporada, 2022, Netflix)

    The House é um especial original da Netflix, feito totalmente no formato stop-motion, abordando de uma forma bem inusitada três histórias em uma casa em épocas diferentes.

    SINOPSE

    Conforme a plataforma explica essa é uma comédia de animação de humor ácido, uma família humilde, um arquiteto ansioso e uma senhoria cansada ficam presos à mesma casa misteriosa em épocas diferentes.

    O que é stop-motion?

    Assim como qualquer outra animação esse modelo de produção também reúne vários frames (cortes de filmagem) e exibe de forma rápida, mas o que difere é o seu nível maior de complexidade.

    Animações em si já são muito trabalhosas e demoradas, portanto, é sempre importante estarmos atentos sobre os responsáveis por fazer esse tipo de obra de arte que tanto amamos, e reconhecermos a importância do seu árduo trabalho.

    Stop-motion não utiliza desenhos e sim fotos de fantoches ou bonecos feitos especialmente para aquela narrativa, por causa desse método tão artesanal, o processo é ainda mais lento e dificultoso.

    ANÁLISE

    E, de dentro, ouvia-se o tecer de uma mentira

    Nessa história acompanhamos uma família bem simples, que constantemente recebe críticas dos parentes por serem pobres e consequentemente viverem de forma humilde. Mas a vida prepara uma surpresa para esses familiares e assim, possuem a oportunidade de viver em uma mansão, e assim, passam a ter contato com um estilo de vida bem mais luxuoso.

    De forma bem lúdica, o filme pontua o quanto nós como integrantes da sociedade somos vaidosos com dinheiro e artigos caros a ponto de distanciarmos do que realmente somos, daqueles que amamos e que nos tornamos parte da futilidade.

    Perdida está a verdade que não pode ser conquistada

    Um rato arquiteto é extremamente focado em dar os toques finais na reforma de uma casa, para que assim, possa vendê-la e viver tranquilamente e com conforto.

    Ao longo desse processo, podemos observar um profissional perfeccionista, um rato ansioso, com indícios de certa quantidade de carência e necessidade constante de se provar ser útil.

    Dessa forma, fica bem fácil ser vítima de pequenos golpes e sujeitos nada bem intencionados, assim, a narrativa muda o tom, deixando mais sombrio enquanto faz nos sentirmos desconfortáveis até com a presença de visitas queridas.

    O clima de desse pequeno horror utiliza-se de gatilhos que incomodam o nosso conforto, passando a ser acompanhado de um toque mais niilista, onde mostra que podemos ser levados para o nosso instinto mais primitivo, que não cria expectativas ou procura realizar sonhos, mas sim, só deixa a vida guiar e atender as necessidades mais básicas e simples.

    Ouça novamente e busque o Sol

    Uma gata idosa e cansada de tantas adversidades, busca constantemente superar os empecilhos da falta de recursos e reformar a sua mansão tão antiga e querida, e assim, realizar todos os projetos que tem para ela.

    Porém, a estar tão focada no que quer, ignora a situação da cidade, e os vínculos que adquiriu com seus atuais inquilinos, que mesmo não cumprindo com todo acordo, se tornaram amigo, ou quem sabe pode-se chamar família.

    Como o próprio nome, essa história também é extremamente poética e tocante.

    VEREDITO

    Com roteiro de Enda Walsh e uma equipe de diretores formado por: Emma de Sweif, Marc James Roels, Niki Lindroth von Bahr e Paloma Baeza, essa produção é divida em três histórias.

    The House é descrito como um trabalho de comédia ácida, mas, o tom de humor em si ficou bem perdido tanto na primeira quanto na segunda animação; onde só podemos ver o humor na última, na qual abandona o clima sombrio das outras, e aborda uma mensagem mais positiva.

    A qualidade do stop-motion é indescritível de tão boa; em tantos momentos é tão fiel às sensações que querem transmitir, as emoções praticamente humanas, e na última narrativa e de uma beleza tão ímpar devido à fotografia, que fecha com chave de ouro.

    Porém, a falta de humor foi responsável por retirar alguns pontinhos dessa obra.

    3,8 / 5,0

    Assista ao trailer original de The House:

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    CRÍTICA – A Mão de Deus (2021, Paolo Sorrentino)

    The Hand of God – A Mão de Deus (È stata la mano di Dio, no idioma original), ou simplesmente A Mão de Deus, é um filme original da Netflix dirigido por Paolo Sorrentino (A Grande Beleza) e lançado no serviço de streaming em 15 de dezembro de 2021. Protagonizada por Filippo Scotti, a obra do gênero coming-of-age também tem em seu elenco Toni Servillo, Teresa Saponangelo, Renato Carpentieri, Luisa Ranieri e Betty Pedrazzi.

    A produção italiana está entre as 15 semifinalistas em busca de uma nomeação à categoria de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar 2022. Os indicados deverão ser conhecidos em 8 de fevereiro de 2022.

    SINOPSE DE A MÃO DE DEUS

    Na Nápoles dos anos 80, um jovem louco por futebol se vê diante de uma tragédia familiar que define seu futuro incerto, porém promissor, como cineasta.

    ANÁLISE

    A Mão de Deus é um filme que facilmente pode ser analisado por duas perspectivas separadamente: atributos técnicos e roteiro. Isso faz ainda sentido se você não é um ávido conhecedor da filmografia e da história pessoal de Paolo Sorrentino. Esse é o meu caso, e seguirei essa lógica.

    Primeiramente, os pontos técnicos. A direção de Sorrentino é muito competente, tanto pela condução da grande variedade de personagens apresentados na trama, como pela fotografia da produção, que destaca muito bem as belezas naturais e estruturais de Nápoles. Chega a ser tentador viajar para a Itália, conhecer a bela cidade e ainda mergulhar pelas calmas águas que banham o local.

    Sorrentino também extrai o melhor de seu vasto elenco. Destaque para o ator principal, Filippo Scotti, que interpreta Fabietto Schisa; e aos intérpretes das personagens Maria Schisa (Teresa Saponangelo), Patrizia (Luisa Ranieri), Baronessa Focale (Betty Pedrazzi) e Saverio Schisa (Toni Servillo). A verdade é que todos atores e todas atrizes de A Mão de Deus estão muito bem em seus papéis, mas essas personagens são as que mais se destacam na história e também por suas atuações.

    Dirigido por Paolo Sorrentino, The Hand of God - A Mão de Deus é um filme italiano coming-of-age original da Netflix lançado em 15/12/2021.

    O jovem Scotti, de apenas 22 anos, dá vida a um personagem desafiador: Fabietto, a personificação da juventude do diretor. O ator conduz bem uma trama que tem seus problemas de roteiro, que explicarei em seguida. No entanto, não há o que retocar na atuação do rapaz, que transita muito bem entre cenas de mais atividade – especialmente as relacionadas à sua paixão por futebol – e momentos de drama e introspecção.

    Luisa Ranieri também merece importante reconhecimento. A história começa por Patrizia e, embora não seja a principal, a personagem cumpre funções importantes para o desenvolver da trama, e entrega uma personagem audaciosa e corajosa, tanto em momentos em que usufrui plenamente sua liberdade, como em situações de brigas e de dúvidas sobre sua sanidade mental.

    Apesar dos méritos de direção e fotografia, o roteiro é uma miscelânea que, provavelmente, somente fará sentido para quem conhece bem a filmografia e a vida de Paolo Sorrentino.

    O roteiro inchado de A Mão de Deus

    Não quero dar spoilers, mas é curioso notar que a tragédia familiar mencionada na sinopse oficial da Netflix demora muito para acontecer. O filme possui 2h10min de duração, e até que o fato ocorra muitas outras situações acontecem tanto com o personagem principal, como com seus familiares. Essas situações se desenrolam quase sempre pela visão de terceiros, e não de Fabietto, mas sempre tentando criar um contexto de como o protagonista percebe os acontecimentos.

    Por ser um filme coming-of-age, é natural que a confusão do amadurecimento da adolescência para a vida adulta seja retratada em tela. No entanto, em A Mão de Deus me parece que Sorrentino se baseou muito na sua própria experiência em Nápoles e como fã de futebol (e de Maradona), mas agregou elementos um tanto bizarros que tornam a narrativa enrolada e pouco atrativa. Há também o uso de CGI em cenas pontuais que, no meu ponto de vista, traduzem bem esse excesso de informações que incham o filme.

    Mesmo com problemas que deixam a narrativa arrastada e pouco interessante, A Mão de Deus pode gerar alguma reflexão, especialmente sobre temas como autoconhecimento e liberdade individual.

    Recomendo que você assista ao especial de 8 minutos The Hand of God: Pelos Olhos de Sorrentino, que reproduz na Netflix após o encerramento do filme, para poder desenvolver melhor e desatar, de certa forma, os nós que o diretor deu e truncou a experiência. No curta é possível perceber que Paolo Sorrentino se encantou pelo retorno a Nápoles, cidade onde morou por 37 anos, e se deixou levar pelo que viveu (e pelo que queria ter vivido, talvez), dando asas à imaginação de modo que o diretor alçou voos para rumos distantes que não agregaram pontos positivos à história.

    VEREDITO

    Com um título que remete ao lendário Maradona, The Hand of God: A Mão de Deus é um filme tecnicamente cheio de méritos, especialmente em relação à fotografia e à direção do elenco, mas que peca em seu roteiro. A narrativa possui diversos acontecimentos que pouco acrescentam à ambientação desse coming-of-age italiano. Apesar disso, é um entretenimento interessante, principalmente para fãs do cinema europeu e quem deseja conhecer a filmografia de Paolo Sorrentino.

    Infelizmente para o Brasil o filme Deserto Particular (Aly Muritiba) não passou para a seleção de 15 semifinalistas para a categoria de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar 2022. Também para o azar do público brasileiro o indicado do país não foi 7 Prisioneiros (Alexandre Moratto), também da Netflix, produção estrelada por Rodrigo Santoro e Christian Malheiros. Ambos poderiam se sair melhor na temporada de premiações em comparação ao que A Mão de Deus entrega, especialmente 7 Prisioneiros, por conta da excelente história provocativa criada por Alexandre Moratto.

    3,2 / 5,0

    Assista ao trailer de The Hand of God – A Mão de Deus:

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    CRÍTICA – O Mar da Tranquilidade (1ª temporada, 2021, Netflix)

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    O Mar da Tranquilidade é uma série coreana de suspense e ficção cientifica, que foi lançada originalmente no dia 24 de dezembro de 2021 pela Netflix. A produção é mais um título do catálogo de produções originais coreanas da gigante do streaming.

    Confira abaixo nossa análise sobre a produção.

    SINOPSE

    Em uma missão perigosa na Lua, exploradores espaciais tentam recuperar em uma estação de pesquisa abandonada e repleta de segredos.

    ANÁLISE

    O Mar da Tranquilidade é mais uma surpresa das produções sul-coreana de 2021, que certamente pode ter passado despercebida na sua lista, sendo uma série vai muito além do hit Round 6. A produção dirigida por Choi Hang-Yong busca explorar de maneira excepcional uma questão que vem assolando humanidade, e que certamente pode nos levar a um futuro tão obscuro como o da série.

    Com isso, nesse futuro distópico, temos uma equipe que irá a uma estação lunar para recuperar algo que renovará a esperança da humanidade. No entanto, o que essa equipe não espera é que tal exploração irá causa terror e pânico.

    A série apresenta um clima claustrofóbico digno de ser comparado a Alien – O 8° Passageiro (1979) ou mesmo ao jogo Among Us (2018), mas que constrói o seu enredo de forma distinta. Conforme a história da série vai se desenrolando, vemos que a trama se preocupa apenas em desenvolver os personagens centrais e os demais acabam sendo totalmente descartáveis.

    CRÍTICA - O Mar da Tranquilidade (1ª temporada, Netflix, 2021)

    Por mais que os coadjuvantes não acrescentem profundidade a série, os protagonistas têm o desenvolvimento mais raso que um pires, mas que ainda assim conseguem segurar todo enredo de maneira satisfatória. Meu destaque vai para Gong Yoo Han (Round 6) sendo o soldado da agência espacial, o ator é repleto de carisma e passa realmente um ar de urgência diante de toda missão.

    Outro destaque vai para a atriz Bae Doona (Sense8) que apresenta uma atuação repleta de emoções e mistério. Sua personagem tem uma grande importância ao longo de toda missão lunar, que certamente pode trazer um novo recomeço a humanidade.  

    Por fim, O Mar da Tranquilidade é um ótimo k-drama de ficção cientifica que desenvolve bem o seu enredo de forma dinâmica e com boas reviravoltas, mas que peca em não desenvolver os demais personagens. Além disso, a série não mede esforços em suas cenas de gore e vômito (que são extremamente nojentas), seja quando um tripulante é morto ou mesmo nas jorradas infinitas de vômitos. Porém, seus efeitos ficam a desejar em algumas cenas, que parecem ter saído do Playstation 3.

    VEREDITO

    O Mar da Tranquilidade consegue manter o tom de suspense e mistério, e resolve todos os pontos em uma única temporada de maneira satisfatória.

    3,0/5,0

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    CRÍTICA – O Último Duelo (2021, Ridley Scott)

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    O filme O Último Duelo, que possui direção de Ridley Scott e roteiro de Nicole Holofcener, Matt Damon e Ben Affleck, já está disponível no Star+. O longa é uma adaptação do livro homônimo de Eric Jager, e também conta em seu elenco com os atores Adam Driver e Jodie Comer.

    Confira nossa análise da produção.

    SINOPSE

    O escudeiro Jacques Le Gris (Adam Driver) ataca Marguerite de Thibouville (Jodie Comer), esposa de Jean de Carrouge (Matt Damon), um respeitado cavaleiro. Ela o denuncia, em um ato de coragem que põe sua vida em risco. O julgamento por combate, um duelo até a morte, coloca o destino dos três nas mãos de Deus.

    ANÁLISE

    Um crime com três versões, um conto medieval, um filme épico, um acontecimento histórico. O Último Duelo de Ridley Scott tem múltiplas facetas que, tal como sua narrativa inicial, deseja ludibriar o espectador para entregar somente no último ato um filme íntegro e honesto. 

    Dividido em três partes, o longa relata os acontecimentos de janeiro de 1386 na França. Marguerite de Thibouville, esposa do cavaleiro Jean de Carrouges, foi atacada e violentada pelo escudeiro Jaques Le Gris, em sua própria casa. O crime levou o cavaleiro e escudeiro a protagonizarem o último julgamento por duelo mortal na Idade Média e também trouxe uma das poucas vezes em que houve uma denuncia de estupro na época. Essa história real está registrada no livro do especialista em literatura medieval, Eric Jaeger, o qual serviu de base para o filme de Scott. 

    A partir disso, O Último Duelo é criativo ao apresentar percepções diferentes do mesmo acontecimento: a primeira contada por Carrouges; a segunda por Le Gris e a terceira e verdadeira por Marguerite. A relação com o conceito de Rashomon de Akira Kurasawa (recentemente foi nosso TBT) é evidente, não só existem perspectivas diferentes, como também põe em prova símbolos de uma época.

    CRÍTICA - O Último Duelo (2021, Ridley Scott)

    Dessa maneira, O Último Duelo questiona o conceito da honra e invoca o falso moralismo da era medieval. Logo, a fachada sobre uma Idade Média regada por histórias de cavaleiros nobres e a salvação pela igreja cai no momento em que Marguerite ousa denunciar seu estuprador. 

    Jodie Comer faz uma contida e certeira atuação que contrasta muito bem com o explosivo personagem de Matt Damon e o irreverente personagem de Adam Driver, e cada qual traz a sua versão perante suas próprias percepções. Carrouges acredita fielmente que seu ato foi consensual, assim como Le Gris julga e desconfia da esposa. Mas, Scott deixa nítido que a versão de Marguerite é sem dúvida a verdadeira. 

    Por isso, mesmo que o filme pareça ter uma narrativa ambígua, o final busca de volta o sentimento de honra da época. Mas, há que preço? A montagem excepcional desenvolvida pela editora Claire Simpson é justa ao mostrar como Marguerite foi subjugada pelo marido, por Carrouges, pela sociedade e pela igreja. Provavelmente, a edição de Simpson seja o ponto alto do longa, visto que, Scott apresenta uma filmagem mais retraída e a mercê do roteiro. Somente na cena do duelo final o diretor consegue mostrar todo seu potencial.

    Ainda assim, o filme pode soar repetitivo ao público, já que muitas cenas são repetidas durante as três versões com um ou dois detalhes a mais ou a menos. Porém, acredito que seja isso que torne o filme tão emblemático, os pormenores dizem muito dos personagens e da história que Scott deseja contar. 

    O roteiro escrito por Nicole Holofcener, Matt Damon e Ben Affleck desconstrói o gênero épico medieval com uma narrativa que evidencia ainda mais a montagem. Consequentemente, O Último Duelo é um filme sobre uma justiça que duvida de sua vítima, que é infelizmente atual para muitas mulheres.  

    VEREDITO

    Ridley Scott volta ao cinema com um filme envolvente, discutindo questões atemporais através de uma época onde se negligenciava a figura feminina. O Último Duelo encontra-se nas sombras de Casa Gucci, lançado pelo diretor no mesmo ano, porém é incrivelmente superior tanto em produção, como em impacto. 

    4,5 / 5,0

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