Esse que vos escreve é extremamente suspeito para falar sobre qualquer coisa relacionada à carreira do Emicida. Não apenas por ser fã há muitos anos, mas por vê-lo hoje como uma das pessoas mais lúcidas e importantes da nossa sociedade. O show Amarelo no Theatro Municipal de São Paulo foi mostrado em partes anteriormente, no documentário Emicida: Amarelo é Tudo Para Ontem, mas na última quinta, 15 de julho chegou na integra, ao catálogo da Netflix.
SINOPSE
O show do álbum Amarelo de Emicida foi realizado no Theatro Municipal de São Paulo no dia 27 de Novembro de 2019 e contou com algumas inserções pontuais no documentário lançado em 2020 na Netflix.
ANÁLISE
Como um dos mais brilhantes projetos multimídia dos dias de hoje, Amarelo de Emicida mostra o quão na frente o rapper, Fióti e a Laboratório Fantasma estão em relação às outras produções nacionais.
Funcionando tanto como um canto de amor, como uma obra de resistência, Amarelo tem como intuito trazer aos fãs do rapper uma mensagem de esperança, afeto para tempos tão sombrios que mais tarde chegariam.
Ver Emicida no palco tanto na Netflix, no documentário e até mesmo em um show ao vivo – que eu tive a oportunidade de testemunhar em Março de 2020 -, é uma experiência única. Amarelo: Ao Vivo é uma experiência que deve ser testemunhada por mais que você não conheça o trabalho de Emicida. Nele vemos o ponto mais alto de sua carreira, principalmente nas músicas “Principia“, “Quem tem um Amigo tem tudo“, “Eminência Parda“, “Ismália” e “Cananéia, Iguape e Ilha Comprida“… ou basicamente todas as músicas do álbum Amarelo.
A profundidade, a montagem, a sincronia, todo o espetáculo que vemos em Amarelo: Ao Vivo nos dá a certeza de que Emicida atingiu sua maturidade artística de inúmeras formas. O som da natureza em meio às composições, mostra o quão importante a natureza foi no desenvolvimento do álbum. E em sua grande parte exalta elementos como a busca pelo melhor em si, nos outros e reforça suas raízes no mundo em que cresceu.
Amarelo nos traz sensação de um mundo melhor, nos causa esperança, e mostra que lucidez pode ser alcançada em meio à brutalidade de um mundo cruel, onde a dessensibilização tem se tornado cada vez mais frequente com as frequentes exposições às brutalidades diárias.
VEREDITO
Amarelo nos faz acreditar que um vindouro futuro brilhante é capaz nos dias hoje. Nos trazendo mensagens de amor, de apoio, e solidariedade e nos garante que em sua grande parte, o melhor pode ser tirado das coisas.
O álbum e o show nos fazem ter certeza de que mesmo depois de todo o apagamento no passado, o papel que Emicida tem em meio aos jovens nos dias de hoje é de extrema importância em um país que tem em sua agenda o genocídio e o apagamento de pessoas negras.
A importância de um espetáculo do tamanho de Amarelo dentro do Theatro Municipal de São Paulo não se limita apenas a um feito na carreira de Emicida. E mostra a importância que o álbum Amarelo tem nos dias de hoje e precisa ser visto como um marco na cultura e nos projetos crossmedia, tendo deixado de ser apenas um álbum, se expandindo para um podcast, um documentário e também um show ao vivo na gigante do streaming.
Amarelo: Ao Vivo está disponível na Netflix.
Nossa nota
5,0 / 5,0
Confira o trailer:
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Jolt é a mais nova produção original da Amazon Prime Video. Dirigida por Tanya Wexler e roteirizada por Scott Wascha, a produção de ação traz Kate Beckinsale no papel principal. O longa estreia no dia 23 de julho na plataforma.
SINOPSE DE JOLT
Lindy (Kate Beckinsale) é uma mulher bonita e sarcasticamente engraçada com um segredo doloroso: devido a uma desordem neurológica rara, ao longo da vida ela experimenta impulsos assassinos esporádicos cheios de raiva que só podem ser interrompidos quando ela aperta um botão e toma uma descarga elétrica.
Incapaz de encontrar amor e conexão em um mundo que teme sua condição bizarra, ela finalmente confia em um homem por tempo suficiente para se apaixonar, apenas para encontrá-lo assassinado no dia seguinte. Com o coração partido e enfurecido, ela embarca em uma missão repleta de vingança para encontrar seu assassino, ao mesmo tempo que é perseguida pela polícia como principal suspeita do crime.
ANÁLISE
Os fãs de Kate Beckinsale esperam, há anos, um novo filme da franquia Anjos da Noite. Enquanto esse momento não chega, o público provavelmente se sentirá satisfeito com a personagem de Kate em Jolt. Interpretando Lindy, uma mulher com um humor sarcástico que é puro entretenimento, Kate retorna às suas origens com um filme de ação divertido.
É difícil ver uma personagem feminina, loira, de cabelo curto em um filme de ação e não associar, quase que automaticamente, ao ótimo Atômica, estrelado por Charlize Theron. O longa possui cenas de ação tão bem produzidas que elevou o patamar dos filmes de ação, sendo quase que instantânea a comparação com outros títulos de mesmo segmento.
Outros pontos do longa lembram Atômica. O mais chamativo deles é, de fato, o plot principal: um homem que Lindy conhece é assassinado e isso dá início aos acontecimentos da história. No entanto, Jolt não segue o lado investigativo e de suspense que são a marca de John Wick e Atômica, optando por uma trama de ação mais espirituosa.
O que diferencia Jolt dos outros longas é o humor peculiar da protagonista. Mantendo diálogos engraçados durante todos os 91 minutos de duração, o longa de Tanya Wexler ganha o espectador pela simpatia que criamos pela personagem principal.
As cenas de ação não são tão bem coreografadas quanto de outros tantos filmes do gênero, e a história em si é um mix de super-herói com agente secreto. Entretanto, a personagem principal é tão eloquente que consegue cativar a atenção do público.
Jolt está muito bem servido de elenco de apoio. Bobby Cannavale, Laverne Cox, Jai Courtney, Susan Sarandon e Stanley Tucci são alguns dos nomes de peso envolvidos na produção. Todos eles possuem espaço para brilhar, mantendo o divertimento todas as vezes em que um deles tem alguma interação com a personagem de Beckinsale.
Bobby Cannavale e Laverne Cox funcionam bem juntos com a dupla de tiras que quer ajudar (e prender) Lindy. Ambos conseguem transitar bem entre o humor e a ação, o que acaba ajudando no desenrolar da trama.
O longa não passa a impressão de ser aqueles filmes de ação que se levam totalmente a sério, o que abre espaço para o espectador abraçar as galhofas em alguns arcos da trama. O final é previsível, mas deixa também ganchos para um possível próximo capítulo.
Apesar de não ser muito inventivo em sua trama e ter nos diálogos a parte mais divertida da produção, vale destacar o ótimo trabalho de trilha sonora de Dominic Lewis. Sua condução é muito efetiva, trazendo impacto em diversas cenas de perseguição e luta.
VEREDITO
Jolt é um bom entretenimento para o seu final de semana. Com uma trama simples, mas com uma personagem principal simpática, a produção é uma boa escolha da Amazon Prime Video.
Nossa nota
3,5/5,0
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A indústria do horror começou com produções magistrais a partir década de 1970 e sobre tantos filmes incríveis que pavimentaram o caminho, coube à década de oitenta construir as mentes brilhantes e inovadoras de artistas de maquiagem e efeitos. Até porque, estamos falando da época em que os efeitos práticos inovadores e alucinantes que inauguraram a Idade de Ouro pré-CGI do Cinema – o que significava um glorioso excesso de criaturas em horror. E é assim que o filme A Mosca, também faz parte desses projetos incríveis, uma produção que merece sempre ser homenageada.
SINOPSE
Seth Brundie (Jeff Goldblum) é um cientista excêntrico que trabalha numa nova invenção, uma máquina de teletransporte – a TelePod. Ao seu lado, tem Verônica (Geena Davis), uma jornalista que acompanha seus projetos acreditando ser essa a história do ano. Ao experimentar seu novo invento, Seth não percebe que uma mosca entrou na cabine do teletransporte. O imprevisto faz com que os padrões moleculares do homem e do inseto se misturem e, pouco a pouco, o cientista vai sofrendo terríveis transformações.
ANÁLISE
O cinema de David Cronenberg, é como uma autópsia ou uma dissecação: versa, invariavelmente, sobre o que há por debaixo dessa “humana” pele que vestimos. É um cinema que escalpela, para revelar, de modo explícito, da carne crua do animal que somos. A visão que o diretor possui deste animal é a seguinte: trata-se de uma besta-fera, latejando dentro da cada um de nós, sedenta de sangue, faminta por carne, ávida por sexo. Além disso, em todos os filmes do Cronenberg, seus personagens estão escondendo algo de si que, ao longo da trama, passarão por uma transformação ou metamorfose na qual eles deixarão de ser o que aparentavam para se tornar ou revelar o que – ou quem – realmente são.
A transformação de um humano em um inseto a cada minuto do filme é com certeza bastante angustiante. Como toda obra cinematográfica, esperamos que algum milagre possa acontecer e que Seth possa voltar a ser humano, mas a cada minuto que passa, sua salvação parece estar cada vez mais distante e isso faz com que o telespectador seja jogado em uma verdadeira roleta russa de emoções.
Seth é um personagem que representa um excesso de humanização: um cientista brilhante, extremamente culto e inteligente, autodidata, mas com determinadas habilidades sociais, ligadas ao instinto básico da sexualidade, pouco desenvolvidas. Sua dificuldade em, por meio do flerte, seduzir Verônica, o leva a expor o seu segredo para atraí-la ao seu apartamento. Verônica, é uma jornalista que, na trama elaborada por David Cronenberg, cumpre o papel de descobrir os mistérios que Seth guarda.
Agora, talvez o maior destaque para o filme, é o seu trabalho extremamente impecável de maquiagem. Durante todo o processo de metamorfose, podemos ver nitidamente. O resultado foi um design de criatura e efeitos de maquiagem que imprimiram um realismo impressionante ao conto trágico de Cronenberg. O processo preencheu em uma transformação macabra da divisão da pele à medida que partes de insetos emergem, operadas via plataformas por vários membros da equipe ao mesmo tempo.
O estágio final foi um impressionante boneco de haste manipulado com sistemas hidráulicos, motores e cabos que levavam oito operadores por baixo da criatura. O resultado disso? Chris Walas e Stephan DuPuis (supervisores de maquiagem) ganharam um Oscar de Melhor Maquiagem em 1987 e o mais importante: foram primordiais para transformar o filme como um clássico do gênero.
A trama tem cheiro, forma e gosto de um verdadeiro banquete de cinema trash, isto é fato. Mas, o que muitas vezes passa despercebido pelo espectador, é o brilhantismo de toda a composição narrativa e da densidade e profundidade psicológica que podem ser encontradas nesta e em grande parte das obras do diretor.
O que mais impressiona em A Mosca é a inteligência com que David Cronenberg trabalha a construção não apenas dos acontecimentos, mas da conotação humanista das personagens envolvidas nessa trama aparentemente inverossímil e inegavelmente fora da realidade – o que nos permite enxergar a mutação da personagem de Goldblum de forma metafórica, a exemplo da transformação do caixeiro viajante em barata no clássico literário A Metamorfose, de Franz Kafka (somada à intervenção do homem no andamento do mundo moderno, algo que ainda não possuía exacerbância na época em que vivera o escritor checo).
VEREDITO
O que David Cronenberg realiza em A Mosca é uma deturpação dos relacionamentos modernos e da ambição humana através da animalização do indivíduo e da expressão corporal grotesca para expor a desumanidade interna.
A trilha do Howard Shore é maravilhosa, a maquiagem é estupenda e a direção de Cronenberg garante que toda a atmosfera e agilidade do roteiro se mantenham firmes até um fim, num filme direto, bizarro e rico.
As atuações estão ótimas, mas Jeff Goldblum é um verdadeiro fenômeno ao saber transmitir os trejeitos, as obsessões e a perda de humanidade processual que acontece em seu personagem. O terceiro ato é particularmente magnífico, e certamente A Mosca é um daqueles filmes de terror que são obrigatoriedade para fãs do gênero.
Nossa nota
4,5 / 5,0
Assista ao trailer:
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Céu Vermelho-Sangue é um longa alemão dirigido e roteirizado por Peter Thorwarth e conta com Dominic Purcell (Blade Trinity/Legends of Tomorrow) em seu elenco.
SINOPSE
Um grupo de terroristas sequestra um avião. Entretanto, eles não esperavam que uma de suas passageiras pudesse atrapalhar seus planos, uma vez que ela é uma vampira que tem muita sede de sangue.
ANÁLISE
Céu Vermelho-Sangue é o tipo de filme que traz um premissa diferente e muito interessante, pois sai do lugar comum em sua apresentação.
Ao colocar dois elementos de perigo em um avião, que já causa medo nas pessoas, por exemplo, o longa apresenta momentos claustrofóbicos que nos dão aflição.
A direção consegue trabalhar muito bem seus personagens, uma vez que cada um dos terroristas é ameaçador, mas ninguém coloca mais medo que a protagonista, interpretada de forma incrível por Peri Baumeister (The Last Kingdom). Ela consegue usar muito bem seu corpo e sua impostação de voz, apresentando, de fato, muitas qualidades. Seus movimentos são orgânicos e muito bem coreografados, assim como os dos demais vampiros, por exemplo.
O jovem ator que interpreta Elias é um dos bons destaques da trama, visto que consegue entregar uma atuação bem convincente, mesmo com tão pouca idade.
Os flashbacks são interessantes e a dinâmica da trama é envolvente, pois tem com boas sequências de ação e uma forma diferente de trabalhar uma protagonista nada frágil.
VEREDITO
Com uma história ousada e boas sacadas da direção e roteiro, por exemplo, Céu Vermelho-Sangue é uma excelente aposta da Netflix.
Com uma proposta bem inventiva, que apresenta situações desesperadoras e, ao mesmo tempo, mostra boas cenas de ação, o longa é sem dúvidas uma boa surpresa no catálogo.
Nossa nota
4,0/5,0
Confira o trailer de Céu Vermelho-Sangue:
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Quando falamos em clássicos do suspense, já pensamos imediatamente nele, Alfred Hitchcock. Mas o diretor também era conhecido como o gênio do marketing por saber explorar sua própria imagem, transformando-se em um personagem público. Um personagem que acabou se tornando um dos maiores diretores da história do cinema e referência na área do audiovisual em todas as categorias existentes.
Alfred Joseph Hitchcock nasceu no bairro de Leytonstone, no Nordeste de Londres, Inglaterra, no dia 13 de agosto de 1899. Era filho de William Hitchcock e Emma Jane Wehlan, donos de um comércio de frutas e verduras.
Hitchcock recebeu de seu pai uma educação rígida e repressiva que marcou profundamente a formação de seu caráter e de sua personalidade. O menino, educado por um sistema rígido e cheio de punições, acostumou-se a ter medo de muita gente – e transformou todos esses anseios em cenas para as telonas.
O PRIMEIRO CONTATO COM O AUDIOVISUAL
Em 1915, Alfred começou a trabalhar na Henley Telegraph and Cable Company, sendo que já em 1919, aos 20 anos, começou sua carreira no cinema ao conseguir um emprego de designer de intertítulos no estúdio da Players-Lasky, em Londres. Lá ele aprendeu a roteirizar, editar e também direção de arte; e em 1922 se tornou assistente de direção.
INÍCIO DE CARREIRA
Em 1923, Hitchcock atuou na codireção do filme Always Tell Your Wife e colaborou no filme Mrs. Peabody, que foram suas primeiras experiências cinematográficas. Nos estúdios, conheceu Alma Reville e logo estavam trabalhando juntos na produtora Gainsbouroug Pictures.
Em 1925 teve suas primeiras oportunidades como diretor com The Pleasure Garden, The Mountain Eagle e The Lodger: A Story of the London Fog que foi o seu ingresso no suspense. Os filmes foram sucesso de público e crítica. Neles, Alfred Hitchcock aparecia entre os figurantes sem ser incluído no roteiro, o que mais tarde virou rotina do cineasta.
OS 10 MELHORES FILMES DIRIGIDOS POR ALFRED HITCHCOCK
Rebecca: A Mulher Inesquecível (1940)
Uma jovem de origem humilde (Joan Fontaine) se casa com um riquíssimo nobre inglês (Laurence Olivier), que ainda vive atormentado por lembranças de sua falecida esposa. Após o casamento e já morando na mansão do marido, ela vai gradativamente descobrindo surpreendentes segredos sobre o passado dele.
Apesar de Hitchcock ser o mestre do suspense, Rebecca: A Mulher Inesquecível talvez seja o filme que mais mescla o drama e o romance ao estilo característico e preferido do diretor, os personagens são promissores, profundos, enigmáticos e bem desenvolvidos. O roteiro não deixa nada sem auto explicação e tem um desfecho excelente, se consolidando como mais uma grande obra do cineasta.
Festim Diabólico (1948)
Dois amigos (Farley Granger e John Dall) caçadores de aventura estrangulam seu colega de classe e organizam uma festa para a família e amigos da vítima, servindo refeições em uma mesa que na verdade é um baú que guarda o cadáver dele. Quando a conversa do jantar gira em torno do assassinato perfeito, o ex-professor (James Stewart) fica cada vez mais desconfiado que seus alunos converteram suas teorias intelectuais em uma realidade brutal.
O filme possui a sublime direção de Alfred Hitchcock, uma câmera que passeia pelo cenário num longo plano-sequência, diálogos e takes irônicos que fazem o telespectador abrir um sorriso, visto que sabe o que ocorreu.
O clima tenso se instaura durante todos os minutos do longa. Uma obra obrigatória para todos os fãs do suspense.
Dois completos desconhecidos concordam em matar alguém de quem o outro quer se livrar. O aristocrata Bruno Anthony (Robert Walker) encomenda a morte do seu odioso pai, e o jogador de tênis Guy Haines (Farley Granger) quer se divorciar da mulher para se casar com a filha do senador. Supondo que Bruno matasse a esposa de Guy e em troca, Guy assassinasse o pai de Bruno, não haveria conexão entre os assassinos e suas vítimas e no momento das mortes os interessados teriam álibis que os deixariam livres de qualquer suspeita.
Ao chegar no seu destino Guy se despede de Bruno, sem pensar mais na teoria homicida dele, que considerou uma piada. Mas Bruno em sua loucura entendeu que havia um pacto entre eles. Em pouco tempo Miriam é estrangulada e agora Bruno quer que Guy mate seu pai e cumpra sua parte no acordo.
É incrível como o diretor sempre utiliza as mesmas táticas que sempre funcionam, como dividir os acontecimentos para criar tensão nos momentos certos. Além disso, o filme possui uma das grandes sacadas do cineasta: a sua variedade de ângulos.
Disque M Para Matar (1954)
Em Londres, um ex-tenista profissional (Ray Milland) decide matar sua mulher (Grace Kelly), para poder herdar seu dinheiro e também como vingança por ela ter tido um affair um ano antes, com um escritor (Robert Cummings) que vivia nos Estados Unidos mas que no momento está na cidade. Ele chantageia um colega de faculdade para estrangulá-la, dando a entender que o crime teria sido cometido por um ladrão. Mas quando algo sai muito errado, ele vê uma maneira de dar um rumo aos acontecimentos em proveito próprio.
A atmosfera de confinamento é sobremaneira teatral, mas a realização é puramente cinematográfica. É um dos mais prestigiados suspenses de Hitchcock, o cineasta fez uso de mais um plano-sequência memorável disfarçando os pontos de corte. Lembrando que 10 minutos era a duração média do rolo de um filme na época.
Janela Indiscreta (1954)
Em Greenwich Village, Nova Iorque, L.B. Jeffries (James Stewart), um fotógrafo profissional, está confinado em seu apartamento por ter quebrado a perna enquanto trabalhava. Como não tem muitas opções de lazer, vasculha a vida dos seus vizinhos com um binóculo, e em um desses momento, acaba vendo alguns acontecimentos que o fazem suspeitar que um assassinato foi cometido.
Espirituoso, cheio de suspense, triste, engraçado e sábio, o filme confronta uma plateia com sua cumplicidade nas histórias que vê, mas também trabalha em um dos grandes confrontos entre heróis e assassinos. É um suspense de tirar o fôlego em algumas partes e consegue também ser cômico. Trata de casamentos e relações amorosas de um jeito inimaginável, e sendo formidável, com uma sutileza e precisão impressionantes. Os personagens são carismáticos e as interpretações excelentes, gerando mais um clássico do cinema.
Ladrão de Casaca (1955)
Cary Grant empresta seu charme para viver John Robie, também conhecido como “Gato“. Célebre ex-ladrão de joias, ele está na Riviera Francesa quando uma onda de roubos toma conta do balneário. O problema é que o ladrão utiliza o mesmo estilo dos assaltos de Robie. Convencido de que alguém quer incriminá-lo, ele dribla a polícia e tenta encontrar o impostor antes que vá parar atrás das grades. Mas antes precisa fazer com que a viúva rica acredite nele.
Foi nos bastidores deste filme, com cenas rodadas em Mônaco, que a musa loira de Alfred Hitchcock, Grace Kelly, conheceu o príncipe Rainier III, que a faria abandonar a carreira de atriz. O filme é a prova que não é necessário locações mirabolantes como Estátua da Liberdade ou Monte Rushmore para se contar uma boa história. Aqui, Hitchcock só precisou do cenário de um apartamento para manter uma ótima trama de suspense até o final, com um roteiro baseado em uma peça teatral inteligente e ágil.
O Homem Que Sabia Demais (1956)
Durante suas férias no Marrocos, Ben McKenna (James Stewart), um médico, e sua família se envolvem acidentalmente em uma trama internacional de assassinato, quando um moribundo fala ao ouvido de Ben algumas palavras. Para impedi-lo de denunciar a trama à polícia, os conspiradores resolvem então sequestrar seu filho, assim, o casal segue as pistas até Londres e enfrenta situações desesperadoras pelo caminho.
A maior surpresa da trama é o ator James Stewart usando muito bem o talento cômico e fazendo humor físico. Repleta de suspense e de possibilidades, aqui está a arte de contar história sem a necessidade de palavras. Ou como a trilha sonora também pode ser um personagem. Uma das mais deliciosas e fascinantes brincadeiras de metalinguagem do cinema.
Um Corpo Que Cai (1958)
Em São Francisco, um detetive aposentado (James Stewart) que sofre de um terrível medo de alturas é encarregado de vigiar uma mulher (Kim Novak) com possíveis tendências suicidas, até que algo estranho acontece nesta missão.
Esse é considerado um dos filmes favoritos dos fãs do cinema. Isso porque além das atuações magistrais, a ambientação, trilha sonora e fotografia também possuem a mesma qualidade máxima. Principalmente quando levamos em contato a limitação que a tecnologia da época apresentava. E ainda, o filme é tão genial que há muitas possibilidades de interpretação.
Psicose (1960)
A secretária Marion Crane (Janet Leigh) quer mudar de vida e rouba US$ 40 mil da imobiliária em que trabalha. Durante sua fuga, ela se hospeda em um hotel de beira de estrada, que é administrado pelo esquisito Norman Bates (Anthony Perkins), que diz viver no local com sua mãe.
A cena em que Marion é assassinada no banheiro é sem dúvidas uma das mais marcantes da história do cinema, sobretudo por conta da trilha sonora de Bernard Hermann. Isso sem contar que foi uma grande ousadia eliminar a protagonista na metade da trama e segurar a narrativa em ritmo de tensão crescente até o final.
Os Pássaros (1963)
Melanie Daniels (Tippi Hedren), uma jovem da cidade de São Francisco, vai até uma pequena cidade isolada da Califórnia, chamada Bodega Bay, atrás de um potencial namorado: Mitch Brenner (Rod Taylor). Mas na cidade começa de repente a acontecer fatos estranhos: pássaros de todas as espécies passam a atacar a população, em número cada vez maior e com mais violência, deixando todos aterrorizados.
A tensão física e psicológica alcançada por Alfred Hitchcock é carregada de simbolismos, tanto para refletir o clima político da Guerra Fria quanto para representar a impotência do homem diante da força da natureza.
BÔNUS: AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE UM FILME DE HITCHCOCK
Momentos silenciosos
Ele começou no cinema como criador das legendas que simulavam diálogos em filmes mudos. Foi assim que aprendeu como causar emoções no público mesmo sem diálogo – só com enquadramentos e cortes precisos. Um exemplo? Festim Diabólico (1948), obra já citada nesta lista.
Aparições especiais em seus filmes
O diretor fazendo uma breve aparição em seu filme Janela Indiscreta, 1954.
Alfred Hitchcock sempre aproveitava a oportunidade de fazer uma pequena participação nos filmes em que dirigia. É possível notar sua presença pelo menos em 20 dos mais de 40 filmes que produziu. Porém, parece mais uma assombração, de tão rápido, e o intuito, era fazer o close, mas não tirar a atenção do público.
Objetos insignificantes
O cineasta criou um recurso até hoje usado por roteiristas: o MacGuffin. Assim ele chamava qualquer objeto comum, que só servia para dar um objetivo ao protagonista e gerar suspense, como o microfone secreto que causa a perseguição ao herói de Intriga Internacional (1959). Mas é irrelevante: quando a trama avança, pode até ser deixado de lado.
E foi com esses elementos, obras, parcerias e complementos cinematográficos que o lendário Alfred Hitchcock ergueu uma obra cultuada até os dias de hoje, onde se tornou uma das personalidades mais influentes do entretenimento.
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Criada e estrelada por Issa Rae, a série de comédia Insecure estreou em 2016 na HBO e retrata a amizade de duas mulheres negras dos dias modernos, bem como todas as suas experiências desagradáveis e atribulações estimulantes.
A primeira temporada de Insecure conta com 8 episódios, que tem média de 30 minutos cada, e nos deixam completamente envolvidos e hipnotizados com as atuações perfeitas do elenco, que usa o bom humor como base para uma jornada perspicaz, atrevida e hilariante pela vida de uma mulher negra de vinte e poucos anos que rompe estereótipos com sagacidade afiada e um espírito efusivo.
SINOPSE
Na 1ª temporada, as melhores amigas Issa (Issa Rae) e Molly (Yvonne Orji) navegam pelo complicado terreno profissional e pessoal de LA, enquanto reconsideram suas escolhas de vida.
Com 30 anos iminentes e seu relacionamento com o namorado Lawrence (Jay Ellis) estagnado, Issa decide abraçar um lado melhor e mais ousado. Lutando da mesma forma está Molly, cujo sucesso como advogada contrasta fortemente com sua triste vida amorosa.
ANÁLISE
A série chama a atenção por inúmeros motivos e o maior deles é o protagonismo feminino negro que faz a gente ignorar tudo ao nosso redor e focar nossos olhos apenas na TV.
A comédia dramática trabalha bem questões relacionadas à sexualidade, à solidão da mulher negra, aos relacionamentos, ao poliamor, ao racismo, às incertezas profissionais, ao sexismo, à violência e à desigualdade salarial. É bem difícil que pessoas negras não se identifiquem com as narrativas trazidas a cada momento, a cada dilema.
Ao trazer mulheres negras para o centro da história e endereçar questões cotidianas, Insecure nos faz rir e chorar com cada uma delas, especialmente Issa e Molly. Enquanto Issa dá cabeçadas para se encontrar profissionalmente, Molly é a advogada brilhante do grupo, mas ressentida com muitas questões sociais. Ainda assim, é Molly quem fornece tanto o alívio cômico como o drama da série.
A dobradinha de Issa com Yvonne é o ponto alto dos episódios, distribuindo emoção e comoção ao longo da trama.
VEREDITO
Não podemos deixar de falar do talento de Issa Rae, que ficou conhecida pela sua série no Youtube, The Misadventures of Awkward Black Girl e conseguiu com Insecure mostrar o seu trabalho para o grande público em uma emissora importante, como é o caso da HBO.
Insecure é uma série importante para todos da nossa geração que cresceram sem ter protagonistas negras com quem pudéssemos nos relacionar e nos identificar na cultura pop.
Os personagens são agradáveis, e o equilíbrio entre comédia e drama é perfeitamente sintonizado porque rimos, mas também conhecemos o arco de cada uma dessas pessoas.
Entre as muitas qualidades da série, podemos destacar a trilha sonora maravilhosa, com consultoria da cantora Solange; os figurinos das personagens, que estão sempre no melhor estilo e claro, as participações especiais que contam com nomes como Sterling K. Brown e Regina Hall, que já deram as caras nos episódios.
Nossa nota
5,0 / 5,0
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