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    CRÍTICA – Os 300 de Esparta (2020, Devir)

    Frank Miller, autor que dispensa apresentações, lançou há mais de 20 anos aquela seria mais uma das suas grandiosas obras: Os 300 de Esparta. Inspirado no filme de 1962, a graphic novel foi um grande sucesso de crítica e vendas, chegando a ganhar o Eisner (maior prêmio da indústria dos quadrinhos americanos) de 1999, como a melhor minissérie lançada no ano anterior. Não é para menos, afinal, o quadrinho se consolidou como um clássico merecidamente.

    Para trabalhar com ele, esteve ao seu lado sua esposa, Lynn Varlley, responsável por colorir os melhores trabalhos que Miller já fez, como Batman – Cavaleiro das Trevas (1986) e Elektra Vive, que considero, visualmente, o ápice na carreira destes autores, ou seja, os desenhos de Miller e as cores de Varlley nunca estiveram tão bons quanto na simbiose que ofereceram nas obras mencionadas, e com Os 300 de Esparta não foi diferente. Mas, antes de falarmos sobre o quadrinho, vamos relembrar os fatos históricos baseados no período espartano.

    CONTEXTO HISTÓRICO

    O mundo da Europa antiga vivia o auge do que chamamos de período clássico, quando Esparta e Atenas eram os principais modelos de cidade-estado do momento. Entretanto, já existiam grandes impérios no Oriente Médio, como os assírios e os persas. As cidades-estados sempre lutaram entre si, para manter o controle do Mar Mediterrâneo e suas consequentes influências sob as demais cidades gregas.

    Acontece que os persas, desde Dario, pai de Xerxes, era imperador de um exército como nunca se viu antes e seu expansionismo era de causar espanto aos agrupamentos gregos, que, em comparação aos orientais, poderiam ser considerados pequenos, afinal, a Europa nunca havia conhecido um império.

    Muito dos problemas enfrentados pelos gregos para organizarem a luta contra os persas, diz respeito à criação de um sentido de unidade, de perigo externo em comum, de humildade e participação entre os povos, sempre muito altivos e orgulhosos em seus isolacionismos e as Guerras Médicas, de certa forma, foi o princípio que proporcionou isso à Europa.

    Na obra, Os 300 de Esparta mostra o invencível exército persa que avançava para o Ocidente conquistando inapelavelmente todos os povos em seu caminho. Então, chegou o momento da pequena Grécia, uma “ilha” de razão e liberdade num oceano de misticismo e tirania, enfrentar a força de Xerxes.

    Entre os gregos e a onda de destruição que se aproxima existe apenas um pequeno destacamento formado por trezentos soldados de elite liderados por Leônidas, Rei de Esparta.

    ANÁLISE

    Frank Miller soube ser fiel ao espírito espartano, adjetivo que designa a sobriedade, o rigor e a severidade daquele povo que treinavam o tempo todo para a guerra.

    O fato é que Miller e Lynn Varlley conseguiram entregar uma identidade visual incrível à obra. Aqui, é aplicado contrastes formais de claro e escuro que o autor já dominava bem desde seus trabalhos em Sin City, domínio das diagonais nos planos criando efeitos dinâmicos de ritmo e movimento, cores fortes de marrom e vermelho, tudo isso características marcantes da arte barroca, que, inegavelmente inspiraram os autores, através do expressionismo forte apresentado pelos desenhos distorcidos de Frank Miller.

    A trama progride através das ilustrações que são economizadas ao máximo, nos contando tudo o que podem através de um só quadro. Por isso, diversas vezes, inúmeros balões de fala ocupam a página, lutando para ganhar evidência em meio ao ótimo desenho de Miller. Porém, ao mesmo tempo que temos tal presença dos balões, as falas também são econômicas ao máximo e adotam um tom de poesia que garantem o tom épico da empreitada dos espartanos.

    Os momentos de batalha em si ocorrem nos dois capítulos finais, enquanto que os outros preparam o cenário através de flashbacks do Rei Leônidas, menos contando do treinamento dos espartanos, e a origem das desavenças com Xerxes.

    Em certos pontos nos são contadas da progressão da guerra em outros frontes, como os atenienses nos mares que são abordados na continuação intitulada Xerxes, publicado em 2019.

    A leitura torna-se até rápida, visto que o roteiro é fluído e a arte dinâmica. Honra, dever, glória, combate e vitória em cinco emocionantes capítulos. O consagrado mestre dos quadrinhos Frank Miller conta uma aventura real de coragem, na qual homens incríveis encaram o maior desafio de suas vidas e ultrapassam as barreiras da existência para entrarem para a História.

    VEREDITO

    Os 300 de Esparta é simplesmente uma das histórias mais incríveis idealizadas pelo mestre Frank Miller. Com diversas liberdades poéticas, a história mostra desafios, contemplações e muita ação.

    Aqui, Miller está em grande fase. Os desenhos, apesar de já mais caricatos, são espetaculares e sua narrativa é cinematográfica. É uma ótima retratação da Batalha das Termópilas e mesmo que não seja historicamente precisa será de grande agrado por qualquer amante da história e também para os leitores de quadrinhos.

    Editora: Devir

    Autor: Frank Miller

    Páginas: 88

    5,0 / 5,0



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    CRÍTICA – A Maldição da Mansão Bly (2020, Netflix)

    A Maldição da Mansão Bly que é uma “continuação” (entenda melhor) da série A Maldição da Residência Hill, estreia no dia 09 de Outubro na Netflix e é dirigida novamente por Mike Flanagan (Doutor Sono).

    SINOPSE

    A Maldição da Mansão Bly

    Dani (Victoria Pedretti) é uma jovem americana que vai buscar uma oportunidade de trabalho na Inglaterra como au pair. Ela consegue o emprego e tem que se mudar para a mansão Bly onde cuidará de Miles (Benjamin Evan Ainsworth) e Flora (Amelia Bea Smith).

    Lá descobre que algo não está certo quando a mansão conta com um misterioso e sórdido segredo.

    ANÁLISE

    A Maldição da Mansão Bly segue uma proposta muito parecida com a de sua antologia. Não se trata de um terror físico, tampouco conta com diversos jump scares baratos como em filmes do gênero.

    A trama, na verdade, vai muito além disso, trabalhando a psique de seus personagens.

    Aliás, o que A Maldição da Mansão Bly apresenta de melhor, de fato, são seus personagens, pois eles tem anseios e problemas muito humanos e reais, fazendo com que haja muita simpatia por eles.

    Ao trazer diversos rostos familiares como os de Oliver Jackson-Cohen, Henry Thomas, Victoria Pedretti, Kate Siegel e Carla Gugino, a segunda temporada nos causa um certo estranhamento por conta deles assumirem novas identidades. Contudo, logo no primeiro episódio já temos uma sensação de frescor, pois cada um desempenha um importante papel e ainda deixa o terreno bem assentado para os rostos novos. 

    A direção é muito competente, uma vez que utiliza muito bem os cenários com planos abertos e em sequência que exploram a vasta mansão e deixam vultos e sombras em diversos locais, se aproveitando de silhuetas e elementos do cenário para causar desconforto no público. O roteiro é interessante, visto que os diálogos são ricos e trazem camadas para seus atores. 

    Como destaques temos atuações impecáveis de T’Nia Miller, Rahul Kohli, Amelia Bea Smith e Amelie Eve.

    PROBLEMAS NA MANSÃO BLY

    Entretanto, nem tudo são flores no jardim da mansão Bly…

    Se por um lado a direção e roteiro consegue tirar excelentes atuações e diálogos nos episódios, a forma de contar a história deixa bastante a desejar.

    Com nove episódios, a série poderia facilmente ser contada em apenas seis, visto que cinco deles são pura enrolação. A trama é muito travada, tendo um longo, entediante e desnecessário desenvolvimento em alguns momentos, por exemplo. A falta de elementos de terror e trechos novelescos tiram pontos da segunda temporada.

    Além disso, alguns personagens sobram como Peter Quinty (Oliver Jackson-Cohen) e Rebecca Jessel (Tahirah Sharif) que tem o arco mais desinteressante e desnecessário.

    VEREDITO

    A Maldição da Mansão Bly não é uma história de horror, tampouco uma história de suspense, mas sim, uma história sobre amor e perda.

    Com uma trama irregular e arrastada, a segunda temporada carece do charme de A Maldição da Residência Hill, todavia, tem muito carisma com novos personagens interessantes e um bom final. Se A Maldição da Chorona fosse bom, seria assim.

    3,5 / 5,0

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    Genshin Impact: Código dá gemas e ouro de graça; veja como resgatar e mais!

    Games gatcha! sempre geraram um grande burburinho no mundo dos games, e Genshin Impact não foi diferente. Mas não por seus loots desbalanceados, e sim por sua beleza gráfica e de jogabilidade.

    O game apresenta um loot razoavelmente justo, sendo necessário um certo farm na coleta de cristais e gemas, a fim de poder reclamar personagens e armas com possibilidades ainda mais promissoras.

    Como toda ajuda é bem vinda, a miHoYo, desenvolvedora do game como forma de agradecimento, liberou um código que lhe dará importantes benefícios.

    Vale ressaltar que apenas jogadores com um nível avançado de aventura – ou seja, depois do nível 10  -, podem resgatar o código. Ainda não se sabe até quando o código poderá ser usado, por isso, caso não esteja no nível necessário para realizar o resgate, se esforce um pouco, pois valerá a pena.

    O pacote conta com 60 Gemas Essenciais (utilizadas para conseguir novas armas e novos personagens) e 10.000 Moras, moeda do jogo necessário para subir os níveis de armas e comprar itens nas lojas.

    Como resgatar o código no Genshin Impact:

    • Vá até o site oficial do Genshin Impact (https://genshin.mihoyo.com/pt/gift) onde os códigos serão resgatados;
    • Faça o login clicando na opção “Faça login para resgatar”;
    • Escolha o servidor no qual você joga, digite o nome do seu personagem principal e insira o código. Caso você jogue no servidor americano, o código é: Genshin0928N; se jogar na Europa ou Ásia, os códigos serão respectivamente o Genshin0928E e o Genshin0928A.

    Genshin Impact está disponível para PC, iOS/Android e PS4.

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    CRÍTICA | The Third Day: Episódio 3 – Sunday – The Ghost

    O terceiro e último episódio da primeira parte de The Third Day foi ao ar na última segunda-feira (28/09) com o título de Sunday – The Ghost (eu sabia!). Neste episódio temos muitas revelações e o fim do arco de Sam (Jude Law).

    SINOPSE

    CRÍTICA | The Third Day: Episódio 3 - Sunday - The GhostSam finalmente descobre sua ligação com a ilha de Osea, ao passo que alguns moradores querem o matar, outros querem desesperadamente que ele fique. Segredos sobre seu filho e seu passado são revelados enquanto Jesse (Katherine Waterston), Sr. Martin (Paddy Considine) e Sra. Martin (Emily Watson) tentam ajudar Sam a fugir da ilha.

    ANÁLISE

    CRÍTICA | The Third Day: Episódio 3 - Sunday - The GhostAo longo de três episódios The Third Day mostrou ser uma produção visualmente linda e de tirar o fôlego. A direção de Marc Munden  contribui em muito para as escolhas criativas da série, já que visa um tom mais lúdico e fantasioso. No entanto, a criação de Dennis Kelly se perde em sua própria trama neste quase final de temporada.

    Querendo ou não, Sunday – The Ghost é um episódio que encerra um ciclo da minissérie. Logo, no começo vemos que Sam foi sequestrado por alguns moradores da ilha. E apesar da direção incrível com cenas agoniantes, o roteiro fracassa ao tentar explicar as motivações dos ilhéus.

    Por isso, vamos por partes. Nos episódios anteriores vemos sempre ao fundo um senhor todo de branco como se fosse o governante do local. Esse homem é chamado de O Pai (Richard Bremmer) e é que ele quem manda sequestrar Sam, obrigando-o a beber sangue e comer um pedaço de carne. Esse ritual se assemelha a celebração cristã na qual os fieis recebem o sangue e corpo de Jesus Cristo para estarem em comunhão com o filho de Deus.

    Nesse sentido, ao beber e comer esse sacrifício Sam passa por um rito de batizado em nome do deus Esus. Logo, Lerry (John Dagleish) comenta que seria melhor matar Sam pois ele estaria dividindo a ilha. Porém, o Pai rebate dizendo que Sam é na verdade a salvação do lugar.

    Logo após, Mimir (Börje Lundberg) revela que o avô de Sam nasceu na ilha e é descente de fundador do local que era o primeiro Pai. A dinastia então foi passada de geração em geração e por direito, Sam é o Pai da ilha. No entanto, descobrimos que os ilhéus acreditam que Osea é o coração do mundo e sem descentes homens, a ilha e o mundo decaem.

    Contudo, a trama se mostra confusa ao explicar como Sam foi parar na ilha. Sr. Martin conta que após a ilha saber que Sam era descente de Osea, o Pai era o homem que encontraria Sam no parque quando seu filho foi levado. É neste momento que temos o primeiro plot twist, Nathan foi sequestrado pela ilha para ser criado como herdeiro legítimo já que Sam não aceitaria, mas aparentemente foi morto.

    A trama segue com Sam tentando fugir de Osea. Sr. e Sra. Martin tentam ajudar Sam e Jesse, porém Sam acaba encontrando Epona (Jessie Ross) morta em forma de sacrifício no altar do templo. Sra. Martin aparece e diz que ela se sacrificou porque Sam iria embora da ilha. Na mitologia celta, Epona é uma deusa protetora dos cavalos, o que é interessante, já que é ela quem leva Sam para o mundo selvagem de Osea.

    Sendo assim, com a morte da menina temos um sacrifício ao deus Esus como foi teorizando na crítica do episódio dois: Saturday – The Son. Contudo, Sam fica horrorizado com a cena dizendo que os deuses que eles acreditam são falsos. Sendo assim, Sra. Martin apontando uma arma conta que as coisas não deveriam ser assim e que Sam não deveria ter vindo a ilha. Então, ela revela que Nathan está vivo e pretende matar Sam.

    Portanto, temos o segundo plot twist que já era bem previsível, pois como indícios já apontavam haveria um tipo de ressurreição no terceiro dia. O integrante aqui é que o suposto renascimento de Nathan não é no sentido literal. Ou seja, ele sempre esteve vivo, se houvesse realmente uma morte deixaria explicito que os deuses são reais.

    Final agridoce

    Após brincar com as concepções de crença, The Third Day faz mais uma abrupta ligação de roteiro. Sam consegue fugir da Sra. Martin e agora encontra em um barco Jesse para fugir da ilha.

    No entanto, a amiga que tanto defendeu os ilhéus como boas pessoas e Osea como um lugar seguro revela ser na verdade uma moradora do local. Jesse tem duas filhas na ilha que ficam sobre vigilância e por querer ficar perto das meninas acatou ser uma espécie de âncora para Sam.

    É ela quem conta sobre os deuses e festivais na tentativa de fazer Sam entender os costumes. Temos o terceiro plot twist. Sendo assim, eles voltam para a ilha e Sam é recebido por todos saudosamente. Ao longe ele vê Nathan e corre de encontro ao menino.

    Sunday – The Ghost é o típico episódio para amarar pontas soltas as pressas. Há pouco desenvolvimento entre os plot twists sem tempo para o espectador digerir as situações. A trama se mostra muito perdida em certos aspectos e sem sentido, como o arco com o dinheiro que Sam roubou de sua empresa.

    Ainda assim, soluções e explicações são dadas de maneiras muito fáceis para que a primeira parte da temporada se encerre logo. A produção opta por esse caminho na tentativa de fazer as duas partes da série funcionarem em somente três episódios.

    No entanto, tudo é muito rápido e sem grandes motivações ou pontos de virada. Logo, resta saber que a segunda parte de The Third Day buscará uma construção mais sólida.

    VEREDITO

    O roteiro do terceiro episódio, Sunday – The Ghost, não contribui para a incrível direção de arte da série. Apesar de ser confuso e apressado, o episódio se mantém pela liberdade criativa. 

    3,5 / 5,0

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    Episódio 1 – Friday – The Father



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    CRÍTICA | We Are Who We Are: Episódio 3 – Right Here, Right Now III

    O terceiro episódio de We Are Who We Are intitulado Right Here, Right Now III foi ao ar na última segunda-feira (28/09). Desta vez, o criador Luca Guadagnino explora a relação entre Fraser (Jack Dylan Grazer) e Caitlin (Jordan Kristine Seamón).

    SINOPSE

    Fraser e Caitlin estão cada vez mais próximos e, após Sam (Ben Taylor) terminar com Caitlin, a dinâmica do grupo de amigos da base quebra. Enquanto isso, Sarah (Chloë Sevigny) e Maggie (Alice Braga) fazem novas amizades.

    ANÁLISE 

    CRÍTICA | We Are Who We Are: Episódio 3 - Right Here, Right Now IIIO novo episódio de We Are Who We Are desenvolveu as relações entre os personagens com momentos tocantes e tensos. No começo de Right Here, Right Now III vemos que houve um pulo temporal, pois Fraser e Caitlin já estão bem próximos com uma amizade que parece se fortalecer a cada dia mais. 

    A relação dos dois adolescentes é explorada ao longo do episódio tanto nas visões de ambos, como nas observações das pessoas ao redor. Em um primeiro momento, quando Fraser e Caitlin estão no barco é mostrado suas diferenças, ela mais desorganizada e ele mais metódico. Porém, tais dessemelhanças contribuem para o principal foco dessa amizade.

    Tanto Fraser, quanto Caitlin estão buscando novas experiências e descobrindo como se encaixar no mundo. Deste modo, Caitlin encontra em Fraser uma chance de ser ela mesma, já Fraser vê em Caitlin alguém com quem pode dividir suas características e pensamentos. É uma sincera relação de troca que ambos constroem dentro de um ambiente incomum.

    Sendo assim, suas famílias e amigos acham que eles estão namorando, o que leva Sam a terminar com Caitlin rompendo de vez o grupo. Contudo, para Caitlin não existe uma necessidade de explicar a relação com Fraser, ela praticamente não se importa com a opinião alheia. Enquanto a série trabalha a relação dos dois adolescentes, também temos muitos outros encontros acontecendo em cena. 

    Deste modo, durante um festival na cidade Jenny (Faith Alabi) e Maggie conversam enquanto caminham pelas ruas francesas. Como foi visto nos primeiros dois episódios, Jenny tem um certo receio quanto a sexualidade Maggie, algo que foi imposto pelos comentários homofóbicos de Richard (Scott Mescudi). No entanto, a relação delas é estreitada neste episódio com uma grande tensão sexual aparentemente.

    Maggie conta para Jenny que quando conheceu Sarah, ela já estava grávida de Fraser, no que Jenny pergunta se ela nunca quis ter filhos só seus e recebe: “Você nunca quis ter algo que não seja do Richard?“. É um momento de bastante vulnerabilidade entre essas mulheres que são praticamente silenciadas em suas famílias. 

    Visto que, apesar de Maggie ter criado Fraser junto com Sarah, a comandante faz questão de expor que o jovem é filho apenas dela. Já Jenny diz não saber mais até mesmo quem ela é e deixa no ar que Denny (Spence Moore II) pode não ser filho de Richard (Kid Cudi). Mais encontros acontecem e temos algumas cenas bastante fortes com Denny.

    Primeiro vemos que o garoto sente um grande ciúmes da irmã com pai, logo, talvez Richard saiba que Denny não é seu filho.

    No festival, Denny confronta mais uma vez Caitlin e a ameaça por ter separado o grupo de amigos.

    O arco do jovem termina com ele comentando tendências suicidas a Craig (Corey Knight) e mostrando o quanto está quebrado por dentro. 

    Ao explorar a dinâmica das famílias de Fraser e Caitlin, We Are Who We Are constrói perspectivas paralelas. Se por um lado, a família de Fraser é fora do convencional, por outro ela se assemelha em muito a família de Caitlin pela negação do outro indivíduo.

    Cada um à sua maneira é invisibilizado dentro de sua estrutura familiar deixando uma sensação de solidão.

    We Are Who We Are e a complexidade de Sarah

    Uma discussão à parte neste episódio é a comandante Sarah. Ao longo do episódio temos vários momentos em que a comandante se mostra uma pessoa bastante abstrata.

    Na melhor cena do episódio, quando Caitlin vai jantar com a família de Fraser, Sarah faz questão de debochar do filho em tom de brincadeira enquanto serve mais bebida alcoólica ao menino. É praticamente, como se Sarah quisesse silenciar e acalmar o filho com a bebida.  

    Fraser não gosta nada do jeito da mãe e mais tarde, a agride de novo dizendo que a odeia. Já Sarah diz que Fraser tem ciúmes por Caitlin gostar dela, sendo mais um entre os momentos tensos da série.

    Dessa forma, Sarah se põe praticamente como igual ao filho deixando ele a atracar com agressividade como se fosse algo natural. Por outro lado, a personagem parece estar sempre em competitividade, principalmente com Fraser

    Na cena do jantar, vemos que Caitlin tem uma admiração por Sarah já que a comandante é um mulher sexualmente assumida. Deste modo, Caitlin reforça suas características tomboy buscando de espelhar em Sarah e deixando até Fraser a chamar de Harper.

    No entanto, para Sarah é como se ela disputasse com o filho pela atenção de Caitlin e vemos a cena se repetir no festival, quando Sarah dança com Jonathan (Tom Mercier), um soldado no qual Fraser estava interessado. Sarah quer delimitar o filho esperando que ele sempre precise dos seus cuidados de mãe.  

    VEREDITO

    CRÍTICA | We Are Who We Are: Episódio 3 - Right Here, Right Now IIIUma coisa é certa, o terceiro episódio de We Are Who We Are foi o melhor até o momento. A direção de Luca Guadagnino precisa novamente ser referenciada, utilizando uma câmera lenta, o diretor cria cenas bastante sensoriais.

    Consequente, o cineasta consegue mesclar entre momentos de tensão sexual, delicados e até desagradáveis sem perder o tom.

    Com atuações impecáveis e uma direção honrosa, Right Here, Right Now III se consagrada como o melhor episódio da temporada. O roteiro opta por deixar as cenas mostrarem o essencial com aqueles toques sutis de quem quer dizer mais do que realmente diz.

    5,0 / 5,0

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    CRÍTICA – Pequenos Contos de Grandes Mestres do Terror (2020, Skript)

    Possivelmente você, de alguma forma, já tenha tido contato com as obras de Bram Stoker, Edgar Allan Poe, H.P. Lovecraft e Mary Shelley seja em filmes, série, games ou por sua fonte original: os livros.

    Esses autores foram expoentes da literatura do terror e sem dúvidas vão continuar tendo grande relevância por toda eternidade da cultura pop.

    Com isso em mente, a Editora Skript reuniu os mestres da literatura do suspense e terror em uma coletânea de contos aterrorizantes. O livro apresenta ilustrações de Cayman Moreira, Leander Moura, Cristal Moura, Fabrício Bohrer, Marcel Bartholo, Val Oliveira, entre outros.

    ANÁLISE

    Em Pequenos Contos de Grandes Mestres do Terror temos historias de Bram Stoker, Edgar Allan Poe, H.P. Lovecraft e Mary Shelley, porém menos conhecidas do grande público. A obra apresenta também autores brasileiros como Ambrose Bierce, Julia Lopes e Lima Barreto.

    Confesso que encontrar autores brasileiros nesse livro foi uma excelente surpresa, pois a princípio esperava apenas ler contos de escritores que já são consagrados na literatura do suspense e terror.

    A cada conto temos uma significativa mudança de atmosfera que deixa a obra imprevisível e assustadora. Tornando a leitura ainda mais intensa e apavorante.

    Ao início de cada conto temos belíssimas ilustrações que dá uma breve ideia do que o encontrará no texto a seguir. Portanto caro leitor, esteja preparado para ficar atormentado, pois seus maiores pesadelos serão despertados ao fim de cada conto.

    VEREDITO

    Pequenos Contos de Grandes Mestres do Terror é uma obra extremante agradável seja para os fãs desse tipo de literatura ou para os novos leitores.

    Recomendo que quando for ler esteja com todas luzes acessas, pois certamente não conseguirá adormecer ao fim da leitura sem relembrar dos detalhes assustadores encontrados depois de cada virada de página.

    4,0 / 5,0

    Editora: Skript

    Autor: Vários

    Páginas: 170

    Confira o vídeo de apresentação do livro:

    https://www.youtube.com/watch?v=xW97Xp2bBhg

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    Drácula: Dissecando a criatura mais popular da cultura pop



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