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    Disney promove bate-papo com Leandro Karnal sobre Soul

    Soul, o mais novo filme da Pixar, estreou no Disney+ no último dia 25 de dezembro e já conquistou o coração de muitos espectadores: o longa se tornou o filme mais visto da plataforma. Antes, previsto para ser lançado nos cinemas, a animação acabou chegando ao streaming e é um dos mais belos trabalhos do estúdio criador de Toy Story, Viva: A Vida É Uma Festa e muitos outros.

    Especialista em transmitir mensagens tocantes sobre a vida e as relações humanas por meio de filmes infantis, o estúdio novamente arrancou lágrimas dos espectadores com a história do professor de música Joe Gardner.

    O protagonista possui um sonho familiar e até mesmo previsível: quer se tornar um músico bem sucedido de jazz. Quando está prestes a conseguir uma grande chance, ele cai em um buraco e vai para o “Pré-Vida”, o lugar onde as almas são formadas antes de irem para Terra. E aí começa a aventura inesperada do personagem.

    À convite da Disney, participamos de um webinário com o respeitado professor e historiador Leandro Karnal para analisar e refletir as questões filosóficas que são abordadas na animação. Durante a conferência, Karnal pautou vários fatores que são destaques extremamente importantes da trama. Confira quais são eles:

    Representatividade

    A animação é a primeira a ser protagonizada por um personagem negro. Joe Gardner, com a voz do ator Jamie Foxx (Django Livre). Além disso, o filme também é co-dirigido e co-escrito pelo cineasta negro Kemp Powers.

    Leandro Karnal comentou sobre a importância de introduzir uma comunidade negra em Nova Iorque. A ideia de incluir o máximo de espaços negros na trama, como a barbearia, ponto de encontro fundamental para a cultura do homem afro-americano. E aliás, vários artistas negros da própria Pixar contribuíram com as ideias. Este cuidado refletiu nos detalhes do filme: a variedade de cabelos, modos de vestir e personalidades diferentes, de modo que a cultura negra não se resumisse a uma única figura.

    Filosofia existencialista

    O historiador também comentou sobre a crise existencial em relação à animação. Soul é sensível e traz reflexões extremamente humanas sobre vários pontos ligados à vida, como propósitos, depressão, ansiedade, sonhos etc. Mas qual é o sentido do sonho? E o propósito que temos com ele? Até onde a nossa ambição pode nos levar para alcançarmos o nosso objetivo? E ter um objetivo é a única coisa que nos guia na vida?

    Evidenciando a análise que entrou em pauta, a existência não é algo que se possa meramente classificar ou mensurar, pois é um desdobramento ou acontecimento que não se deixa compreender a não ser sendo um indivíduo.

    Concluindo o raciocínio, no existencialismo, encontramo-nos em uma situação na qual o que somos não está predeterminado, mas é antes resultado das nossas ações. Coloca-se em questão, assim, o propósito do ser humano em um mundo que não é como deseja ou tenha escolhido.

    Excesso de positividade tóxica

    Karnal aproveitou o contexto social ressaltando que bloquear ou ignorar emoções “negativas” pode ter consequências. Resumindo que suprimir nossas emoções nos esgota mental e fisicamente. Não é saudável e nem sustentável a longo prazo. Não se trata de não ser positivo, mas de validar como nos sentimos a cada momento mesmo quando não estamos bem.

    No final de análise, tivemos a honra e a oportunidade de realizar uma pergunta a Leandro Karnal sobre o contexto da animação.

    Feededigno: Como é possível diferenciar missão de propósito, e ao mesmo tempo coloca-los em prática num mundo tão efêmero?

    Karnal:

    “Ambas as palavras podem ser definidas de diversas formas. Propósito é um tema muito mais contemporâneo, já missão tem o defeito de ter uma origem tanto militar, quanto religiosa. Podemos pensar que os dois conceitos são dados por nós mesmos, e não por terceiros a partir do pensamento existencialista. Mas independente da palavra selecionada, seja o sentido, a missão ou o propósito, todos eles são dados exclusivamente ao indivíduo, a partir de uma dimensão ética.”

    O webinário organizado pela Disney teve o intuito de refletir e destacar ainda mais a magistralidade da proposta oferecida em Soul com questões filosóficas e metafísicas, e com a participação ilustre de Leandro Karnal, o evento online não poderia ter sido melhor.

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA | CRÍTICA – Soul (2021, Pete Docter)

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    Attack on Titan: Como os fãs podem prejudicar uma obra

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    Não é de hoje que existem discussões e atritos entre fãs e criadores de obras que ganham grande sucesso na mídia. O chamado “fandom” são muitas vezes comunidades participativas e calorosas, mas que podem chegar a influenciar o rumo de uma produção seja para o bem ou para o mal; e em Attack on Titan não é diferente.

    Recentemente o mundo dos animes está sendo abalado por alguns fãs de Attack on Titan que, episódio após episódio, insistem em atacar o estúdio Mappa nas redes sociais. O caso começou em maio do ano passado quando foi anunciado que o atual estúdio assumiria o anime.

    O anúncio deixou muitos fãs preocupados já que o anime estava a três anos com o WIT Studio. Contudo, após um primeiro trailer emocionante os ânimos se acalmaram e grande parte da comunidade percebeu que a temporada final estaria em boas mãos. Entretanto, não demorou muito para que o fandom se sentisse incomodado com a animação e até mesmo com a trilha sonora feita pelo Mappa.

    Com cinco episódios já lançados, a comunidade de Attack on Titan se encontra dividida na internet. De um lado, críticos do atual estúdio foram tão impertinentes que Teruyuki Omine, diretor da quarta temporada, disse adeus ao Twitter.

    Aparentemente, centenas de fãs o criticaram pela música que ele escolheu para a cena da transformação de Eren, argumentando que “não era a certa”, como o fã abaixo:

    Outras reclamações são devido a qualidade da animação. O estúdio Mappa está utilizando animação em 3D especialmente nas cenas de lutas, o que não agradou aos fãs que preferem a boa e velha animação 2D. Mas, o que poucos se atentaram é o fato de o Mappa estar levando o anime adiante, quando o WIT Studios já havia abandonado a produção devido ao curto prazo entre o fim do mangá e o anime.

    Nesse sentido, Omine e sua equipe estão fazendo um grande esforço para que o fim do anime aconteça em tempo hábil. Apesar de uma pandemia, o Mappa conseguiu superar as expectativas com a série, o que foi notado pela base de fãs que nas últimas semanas subiram a hashtag #ThankYouMappa (Obrigado, Mappa).

    A forma de agradecimento é uma maneira de encorajar o estúdio e pôr fim aos comentários rudes.

    O problema do fandom

    Não é de hoje que a comunidade otaku é extremamente crítica quanto ao caminho criativo dos animes. Dessa forma, fandoms podem acabar sendo tóxicos quando tentam salvar ou proteger uma obra. Apesar de serem uma minoria barulhenta, por muitas vezes, eles se sentem donos daquela produção e acabam por estragar o show para o grande público.

    De fato, é frustrante quando uma obra não atende as expectativas dos fãs, mas nada justifica atacar os envolvidos na produção. No caso de Attack on Titan, o diretor Teruyuki Omine chegou a receber ameaças de morte.

    Com certeza existe um limite até onde um fã deve ir e isso não implica que deve se contentar com uma produção ruim, mas entender que nada está acima do bom senso.

    Porém, fandoms tóxicos não estão apenas nos animes. Um exemplo é o caso de assédio sofrido por Kelly Marie Tran devido a sua personagem não ter agradado aos fãs de Star Wars, a situação a levou a sair das redes sociais. Nesse sentido, quando uma pessoa deixa as redes sociais por pressão dos fãs é um grande aviso de que algo está errado na comunidade.

    Além disso, fandoms tóxicos tendem a depreciar a obra e levar a debandada do público geral. Já que, ao se encontrar em um novo mundo, as pessoas esperam encontrar semelhantes com quem discutir e não uma enxurrada de críticas negativas.

    Outro fato é que os ataques causam um grande terror em atores e diretores que não se encontram mais motivados para continuar na obra.

    Consequentemente, cabe ao outro lado do fandom colocar a mão na consciência e ser empático com a produção. Sendo assim, Attack on Titan caminha para ser um dos maiores animes de todos os tempos com um tema bastante profundo que busca dar voz a todos os lados de uma mesma moeda. Logo, os fãs que não conseguem entender os esforços do estúdio Mappa não merecem o anime. 

    https://twitter.com/erenhaslice/status/1350911097352675328

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    Resident Evil Village: Game terá dublagem brasileira!

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    Nesta quinta-feira, a Capcom confirmou que Resident Evil Village receberá dublagem em português do Brasil. A informação foi revelada no programa Multiverso, que faz parte da programação do canal de TV aberta Loading pelo produtor Peter Fabiano.

    Ainda não há informação sobre quem será escalado para fazer as vozes dos personagens, uma vez que não temos muita informação sobre o novo game da franquia.

    Anteriormente houve um vazamento de informações da Capcom, pois a empresa foi hackeada em 2020, no final do ano.

    Por enquanto foi confirmado que a demo do jogo já está disponível nas plataformas digitais para degustação.

    Resident Evil Village tem data de estreia marcada para o dia 07 de maio de 2021 e estará disponível para PlayStation 5. A distribuidora do jogo fará um evento fechado beta no dia 21 de janeiro para trazer novidades.

    O jogo contará com a volta misteriosa de Chris Redfield, protagonista de Resident Evil, Resident Evil 5 e Resident Evil 6.

    Enquanto o game não chega, confira nossa lista dos cinco melhores da franquia clicando aqui.

    Confira o trailer:

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    Resident Evil: Confira os 5 melhores jogos da franquia

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    Resident Evil Village teve sua primeira demo disponibilizada para testes e já estamos mais que ansiosos para ver todos os detalhes do novo game.

    Por enquanto, aqui no Feededigno vamos te apresentar uma lista com os cinco melhores jogos da franquia para você ir aquecendo os motores. A próxima edição do aclamado survivor game deve chegar no dia 07 de maio. Na lista não serão contabilizadas as remasterizações, visto que se tratam de atualizações dos jogos originais:

    5º: Resident Evil 7 – Biohazard (2017)Resident Evil

    Abrindo a lista, temos a mais recente versão do cânone trazendo de volta o estilo survivor horror que havia sido deixado de lado desde Resident Evil 4.

    Com um novo protagonista, o game é em primeira pessoa, assim como Resident Evil Survivor, do ano 2000. Com uma jogabilidade incrível, gráficos excelentes e uma história muito bem escrita, o título nos revigorou novamente com sustos e chefões duros na queda. Vale a lembrança.

    4º: Resident Evil (1996)

    Um dos primeiros jogos da franquia recebe merecidamente o quarto lugar entre os mais queridos dos fãs. Resident Evil conta a história dos S.T.A.R.S., uma organização de elite da polícia de Racoon City. Chris Redfield e Jill Valentine são os protagonistas e tem que enfrentar Albert Wesker e companhia já em sua primeira missão.

    Com excelentes protagonistas e uma dificuldade absurda, o game fez muitos jogadores ficarem com vontade de destruírem seus controles na parede por passar tanta raiva, por exemplo.

    Resident Evil foi um dos primeiros a receber uma versão de sucesso remasterizada no Xbox 360 e Playstation 3.

    3º: Resident Evil 4 (2005)

    Resident Evil 4: Capcom aprova remake

    Olá forasteiro…

    Com a medalha de bronze temos Resident Evil 4. Leon Kennedy, um dos mais aclamados heróis da franquia, tem a missão de ir resgatar a filha do presidente dos Estados Unidos no leste europeu, pois ela foi sequestrada por membros de uma seita.

    Lá ele descobre que a Umbrella criou um parasita chama La Plaga e agora nosso herói tem que destruir os planos da organização mais uma vez.

    Resident Evil 4 foi o primeiro com o gênero mais ação, uma vez que o estilo de sobrevivência foi deixado de lado para dar lugar a desafios mais frenéticos. O jogo possui as participações icônicas de rostos familiares de como Ada Wong e Jack Krauser, personagens jogáveis nos mini games e capítulos extras, por exemplo.

    Contamos também com a primeira participação do personagem com a motosserra, para a tristeza de todos os jogadores…

    2º: Resident Evil 2 (1998)

    No segundo lugar do pódio temos Leon Kennedy mais uma vez, agora com Claire Redfield ao seu lado em Resident Evil 2.

    Racoon City é assolada pelo vírus da Umbrella Corporation mais uma vez, entretanto, em uma escala muito maior que a anterior.

    Leon, um novato na polícia, e Claire, irmã de Chris, têm a missão de deter os planos da empresa, derrotando todas as ameaças malignas, cada vez mais letais.

    Com uma trama incrível e monstros desgraçados como os lickers, por exemplo, Resident Evil 2 tem um lugar especial em nossos corações, ganhando uma remasterização magnífica e que foi considerado um dos melhores jogos de 2019.

    Mister X está nos meus maiores pesadelos, contudo só perde para o próximo chefe da lista…

    1º: Resident Evil 3 – Nemesis (1999)

    Em primeiríssimo lugar, de forma mais que merecida, temos Resident Evil 3 – Nemesis.

    Racoon City é atacada mais uma vez, todavia, Jill Valentine está lá novamente para acabar com a Corporação Umbrella.

    Contudo, nossa heroína preferida não contava com a chegada de um inimigo à altura: Nemesis, um monstrengo de péssima aparência, pois tem um olho só, além de tentáculos mortais e uma bazuca destruidora.

    Resident Evil 3 – Nemesis é extraordinário, visto que traz um dos maiores chefões da história. Além disso, temos Jill Valentine em sua melhor performance e o brasileiro Carlos Oliveira para nos representar no jogo mais estupendo da franquia.

    Se você não passou raiva com Nemesis indo atrás da protagonista e dos coadjuvantes em todos os lugares possíveis, por exemplo, a sua alma é iluminada.

    O game recebeu também uma versão remasterizada, mas que não teve o mesmo glamour. Vamos ficar em nossos pensamentos com o jogo de 1999 disponível no PlayStation.

    Agora é esperar pelo oitavo capítulo dessa franquia tão aclamada, uma vez que estamos mais que ansiosos por isto.

    E para vocês, quais são os principais jogos da franquia? Comentem e compartilhem!

    Confira o trailer de Resident Evil Village:

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    Beginning: Indicado da Geórgia ao Oscar chega com exclusividade na MUBI

    A MUBI, plataforma global de streaming e distribuição de filmes, lança com exclusividade em 29 de janeiro a aclamada produção de estreia de Dea Kulumbegashvili na direção de longa-metragem, Beginning.

    Um retrato provocativo sobre trauma, conflito religioso e intolerância, o longa foi exibido nos festivais de Cannes, Nova Iorque, Adelaide e Toronto, onde ganhou o prêmio FIPRESCI, e no Sebastian Film Festival, em que recebeu quatro premiações, entre elas, as de Melhor Filme e Melhor Direção.

    A produção de estreia de Kulumbegashvili é um drama inabalável sobre uma Testemunha de Jeová que passa por uma dramática crise de fé. Perturbador e visualmente cativante, o indicado oficial da Geórgia ao Oscar 2021 marca a chegada de um talento impressionante no cinema mundial.

    Ambientado em uma cidade provinciana no sopé das montanhas do Cáucaso, o filme conta a história de Yana (IIa Sukhitashvili), esposa de um líder das Testemunha de Jeová cuja comunidade está sob ataque de um grupo extremista. Em meio a esse conflito, e com seu marido longe, Yana vive um crescente descontentamento interno, enquanto luta para dar sentido ao mundo ao seu redor. Nesse meio tempo, a intrusão de um detetive local em sua casa tem consequências dramáticas e devastadoras.

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    Swallow: Uma releitura do horror nos relacionamentos abusivos

    Contado com um diálogo esparso e um trabalho de câmera extremamente lento e observador, que lembra os filmes de Michael Haneke, Carlos Reygadas e Chantal Akerman, Beginning desvenda a vida interior de uma mulher que enfrenta um casamento e uma encruzilhada existencial. Destaque da Seleção Oficial do Festival de Cinema de Cannes de 2020, a estreia de Dea Kulumbegashvili é surpreendente.

    SOBRE A MUBI

    MUBI é uma plataforma de streaming com curadoria, sem anúncios, que está disponível em 190 países. A MUBI apresenta uma seleção em constante mudança de filmes belos e interessantes escolhidos a dedo, de novos diretores aos veteranos mais premiados, de todo o mundo.

    Os filmes selecionados para entrar na programação diariamente são guiados pela cultura e pelo cinema local. A MUBI é a maior comunidade global de amantes do cinema, com mais de 10 milhões de membros de todas nacionalidades.

    É possível transmitir ou realizar o download de filmes a qualquer momento, e assistir em qualquer tela, de qualquer lugar. O valor da assinatura mensal é R$ 27,90 e da anual é R$ 202,80.

    A MUBI está disponível via web, Amazon Fire TV, Apple TV, LG e Samsung Smart TV e também nos mobile devices incluindo iPad, iPhone e Android.

    TBT #108 | Medianeras (2011, Gustavo Taretto)

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    Lançado em 2011, o longa argentino Medianeras – Buenos Aires na Era do Amor Virtual (ou simplesmente Medianeras, no original), dirigido por Gustavo Taretto, aborda a história de dois personagens que vivem na populosa Buenos Aires. Esta quase uma personagem, recheada de prédios construídos das mais variadas formas e estilos, assim como os humanos que neles habitam, totalmente alheios àqueles que estão ao seu lado.

    SINOPSE

    Medianeras – Buenos Aires na Era do Amor Virtual, que conta a história de Martin (Javier Drolas), Mariana (Pilar López de Ayala) e seus desencontros. Eles vivem na mesma cidade, na mesma quadra, em apartamentos um de frente para o outro mas nunca conseguem se encontrar. Só conseguem se relacionar via internet. Se conhecem online, mas na vida offline se cruzam sem saber da existência um do outro. Como se encontrar no mundo “real” em uma cidade de 3 milhões de habitantes? Nas palavras de seu diretor:

    “Medianeras é o resultado de várias ideias, que em algum momento – que eu nem sei dizer qual – começaram a se unir. A maioria delas é o resultado de minhas observações e da minha curiosidade sobre Buenos Aires e seus habitantes que muitas vezes vivem suas vidas mais na internet do que fora dela.”

    UN OTOÑO CORTO

    Já de início, o filme atribui aos arquitetos e engenheiros civis a culpa pelos maiores males da sociedade atual: as separações e os divórcios, a violência familiar, o excesso de canais de TV a cabo, a falta de comunicação, a agonia, a depressão, a obesidade, os torcicolos, etc. E mergulhando a fundo nesta relação de causa e efeito, o diretor Gustavo Taretto se aproveitou das medianeras como título e metáfora de sua obra.

    Medianeras são as paredes laterais dos grandes prédios (que normalmente não possuem janelas – nem vida) e geralmente são utilizadas para grandes painéis comerciais (outdoors).

    UN INVIERNO LARGO

    Medianeras

    O filme, por abordar os recém mencionados problemas, pode conter alguns gatilhos e trazer uma atmosfera bem densa em sua primeira metade. Explorando a normalização do distanciamento, das vidas online e dos trabalhos remotos (soa comum nos dias de hoje?), o longa é cirúrgico. Explicita ou implicitamente, o longa escancara os problemas e alguns dos remédios que a sociedade utiliza para amenizar as dores que são quase sempre escondidas.

    PRIMAVERA AL FIN

    Medianeras

    Mas, como não só de tragédias é feita a vida, o ponto de virada se dá justamente através das medianeras. Logo elas, símbolos do distanciamento e ausência de relacionamento vivos, possuem também a representação da inconformidade do ser humano com regras que o sufocam e oprimem. E desta forma, janelas (geralmente irregulares) são abertas, vegetação cresce em meio à rachaduras, a intempérie pinta quadros nos vastos paredões da floresta urbana.

    Além de toda a carga explicita do longa, todo o trabalho de arte e a forma como a edição conta a história de maneira silenciosa são louváveis. As paletas de cores, a trilha sonora e a escolha das cenas contam tão bem a história que este se torna mais um fator de imersão. Todas as conexões e proximidades entre Mariana e Martin são trabalhadas minuciosamente e prendem a atenção até o fim.

    VEREDITO

    Sendo sincero, Medianeras não é um filme leve. Mas é um filme importante. Não só por destacar os problemas da nossa sociedade doente (o que já conseguimos fazer sozinhos), mas por dar esperança; por abrir frestas ou janelas em meio aos paredões de medo e incertezas.

    As reflexões são importantes, e ainda mais neste momento de distanciamento, por nos fazerem olhar para o lado e perceber que existem tantos outros como nós.

    Não estamos sozinhos.

    Nossa nota

    4,0 / 5,0 

    Confira o trailer do filme:

    https://www.youtube.com/watch?v=yVUQx99jzHQ

    Você sabia que o TBT é uma coluna semanal do Feededigno; veja as últimas publicações:

    #107 | Upgrade: Atualização (2018, Leigh Whannell)

    #106 | Os Garotos Perdidos (1988, Joel Schumacher)

    #105 | As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl (2005, Robert Rodriguez)

    Para conferir todos os TBTs anteriores clique aqui!

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