CRÍTICA – Solos (1ª temporada, 2021, Amazon Prime Video)

    Solos é a mais nova produção antológica de ficção científica da Amazon Prime Video que estreia dia 25 de junho no streaming.

    A produção de sete episódios é uma criação de David Well (Hunter) que também dirigiu três episódios. No elenco estão Morgan Freeman, Anne Hathaway, Helen Mirren, Uzo Aduba, Nicole Beharie, Anthony Mackie, Dan Stevens e Constance Wu.

    SINOPSE DE SOLOS

    Solos é uma série de antologia que explora o significado mais profundo da conexão humana ao acompanhar sete pessoas diferentes.

    Cada episódio traz uma história nova, contada do ponto de vista individual e situada em um futuro incerto – que inclui, por exemplo, robôs de inteligência artificial ou smart houses extravagantes.

    Nesse cenário, os sete personagens embarcam em aventuras emocionantes, descobrindo que, mesmo nos momentos mais isolados e nas mais adversas condições, estão todos interligados.

    ANÁLISE

    Séries antológicas tem a árdua tarefa de prender o espectador em poucos minutos de tela, por isso, é necessário ter um texto imersivo que deixe claro seu início, meio e fim. E é justamente essa sensibilidade com o espectador que falta a Solos. O que prova mais uma vez que um elenco bom não salva um roteiro fraco.

    Nesse sentido, é inevitável a comparação de Solos com Black Mirror (2011). A sensação é que David Well quis trazer algumas situações da produção da streaming vizinha para seu próprio show. O que não teria nenhum problema se Solos realmente acrescentasse alguma coisa de novo à discussão sobre as relações da tecnologia com a humanidade.

    Consequentemente, a série se baseia em monólogos para dar vida aos seus personagens. É sempre bom discutir as diferenças de monólogos para o teatro e para o audiovisual. Para uma plateia é fácil recitar um texto e causar comoção, mas no audiovisual a tarefa se torna extremamente difícil, ao passo que o ator pode soar muito dramático. É o que acontece com Solos, pois cada episódio vem carregado de frases existenciais e derramamentos de lágrimas.

    O QUE DIZ CADA EPISÓDIO

    Anne Hathaway, por exemplo, é uma cientista em busca de uma viagem no tempo com motivações pessoais. Já, Anthony Mackie pretende achar um jeito de cuidar de sua família após a sua morte… Logo, os primeiros episódios de Solos são similares, com os atores conversando sobre angústias, memórias felizes do passado e o tortuoso futuro que os espera.

    É interessante notar que apesar das emotivas atuações de Hathaway e Mackie, o texto não dá espaço para eles crescerem em cena. Parece que o tempo estava tão limitado a 30 minutos de episódio que, quando o espectador finalmente começa a se conectar com a história, é preciso desligar as câmeras.

    Esse mesmo sentimento percorre todos os demais episódios da série. O terceiro, no qual Helen Mirren vive uma mulher na terceira idade que a vida toda se preocupou em não incomodar as pessoas, e por isso se tornou invisível, é uma grande surpresa. Isso porque, sua característica de ficção científica é quase mínima, apesar de construir todo o ambiente.

    CRÍTICA - Solos (1ª temporada, 2021, Amazon Prime Video)

    Ela está viajando pelo espaço infinito apenas com uma IA em companhia que pouco interfere nos seus discursos. Portanto, é dessa forma que Mirren brilha em seu monólogo fazendo uma espécie de auto análise aos 45 segundos do segundo tempo.

    Já o mesmo não acontece com Uzo Aduba no quarto episódio. A construção do capítulo é mal feita e soa até de mal gosto, colocando uma situação de pandemia, onde as pessoas são trancadas dentro de casa. O que não impede Aduba de criar ótimos atos, mas que infelizmente, perdem força à medida que o episódio se torna entediante e previsível (afinal, estamos realmente vivendo uma situação parecida).

    No quinto episódio, o monólogo realmente solo volta com Constance Wu. Uma narrativa mais plausível e cativante mostra que finalmente Solos acertou em suas intenções. Wu se entrega totalmente ao texto, indo do riso descontraído ao choro sufocante. Aqui, novamente, os elementos de ficção científica são mínimos e apesar do plot twist ser previsível muito antes dos minutos finais, é um episódio sincero que não necessita se apoiar em nada além de sua atriz e seu texto.

    Assim como alguns episódios de Black Mirror, o sexto episódio é aquele que busca os elementos do horror para compor sua narrativa. Nicole Beharie é uma mãe à espera de seu filho inseminado com alguma tecnologia e os problemas surgem após o nascimento da criança. O episódio é o mais curto, porém, um dos mais ousados e interessantes justamente por fugir da muleta que a ficção científica pode ser. Não é à toa que não foi escrito ou dirigido por David Well.

    Por fim, o último episódio conta com Morgan Freeman e Dan Stevens em uma praia meio lúdica. É o episódio mais problemático da série, pois tenta emular um falso sentimento de relação com os episódios anteriores. Logo, nem as boas atuações de Freeman e Stevens salvam. O texto é pedinte, maçante e questiona os raros momentos bons que a série proporciona.

    VEREDITO

    Solos é uma série com alguns altos e muitos baixos. Há uma espécie de falta de rumo ao contexto geral da obra, e se tratando de narrativas de ficção científica é mais do mesmo. De resto, é uma produção para ver rostos conhecidos e admiráveis fazendo um trabalho experimental com monólogos.

    Nossa nota

    3,0 / 5,0

    Assista ao trailer:

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