Cinema Espanhol: Conheça alguns diretores e suas produções

    Cinéfilos estão sempre tentando descobrir novos mundos para mergulhar e aprender novas perspectivas acerca da Sétima Arte. No cenário europeu, o cinema espanhol é frequentemente deixado de lado em favor de outros como franceses, italianos e britânicos, porém o país deu origem a grandes diretores com obras maravilhosas.

    Para você que quer expandir seu repertório cinematográfico, apenas ver um filme diferente sem pretensões ou complementar as aulas de espanhol assistindo obras no idioma, confira essa lista de grandes diretores do país e alguns de seus filmes essenciais.

    Conheça três diretores do país e alguns filmes para entrar nesse mundo

    LUIS BUÑEL

    Aragonês de Calanda, Luis Buñel teve uma carreira bastante internacional. O cineasta trabalhou, além do seu país natal, a Espanha, na França, onde iniciou sua carreira como diretor, nos Estados Unidos e no México, onde faleceu em 1983. Seu amor pelo país latino-americano era tanto que em 1949 renunciou à nacionalidade espanhola e se naturalizou mexicano.

    Nascido em 1900, ele começou a filmar na década de 1920, quando o surrealismo ganhava cada vez mais força e era uma das coisas mais revolucionárias da época em diversas artes. Seu conterrâneo, Salvador Dalí, ícone desse movimento, o popularizou nas artes plásticas, mas Buñel foi o surrealista que mais se destacou no cinema.

    Como começou a produzir filmes ainda na época silenciosa, seus primeiros trabalhos abusavam das experimentações visuais para induzir os mais diversos sentimentos no espectador. Morando em Paris desde 1925, o espanhol viveu a cidade saindo da chamada Belle-Époque, quando era um caldeirão cultural, reunindo artistas das mais diversas artes e de todos os cantos do planeta. Isso teve um grande impacto para sua obra.

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    Na década de 1930, quando voltou para a Espanha, o clima hostil que a Europa atravessava o fez bastante interessado em política, um tema que passou a ser bastante presente em seus trabalhos e que ele desenvolveu durante todo o resto de sua carreira. Ele é considerado por diversos críticos como um dos grandes diretores da história do cinema.

    Conheça alguns de seus filmes essenciais:

    Um Cão Andaluz (1929)

    Um curta-metragem mudo de apenas 21 minutos foi o bastante para Buñel se apresentar para o mundo do cinema. Gravado na França, se tornou um clássico do surrealismo. Um Cão Andaluz traz uma ambientação onírica, cronologia distorcida, com saltos temporais repentinos e um enredo que ao invés de uma narrativa sólida se apoia em fatos bizarros e incoerentes.

    O filme está na seleta lista de obras que contam com 100% de aprovação no tradicional site de crítica cinematográfica Rotten Tomatoes. O longa influenciou além de uma geração de cineastas, artistas de outras áreas, como David Bowie e a banda de rock americana Pixies.

    Os Esquecidos (1950)

    Este foi o primeiro filme da fase mexicana de Luis Buñel. O roteiro retrata a vida de um grupo de jovens delinquentes após escaparem de uma prisão de menores de idade na Cidade do México. Já com uma pegada bastante política, o diretor explora temas como a pobreza e as condições a que as crianças mexicanas são submetidas, desde as dificuldades sociais até conflitos familiares.

    Apesar de valorizar bastante o aspecto realista, como para mostrar uma realidade nua e crua, o espanhol não esquece sua veia surrealista e insere vários elementos dessa escola, que foi formadora para sua carreira.

    Esse Obscuro Objeto do Desejo (1977)

    O último filme de Buñel antes de sua morte é, como quase todo seu trabalho, imperdível. A narrativa abusa dos flashbacks para remontar a história do francês Mathieu e seu romance conturbado com a dançarina de flamenco espanhola Conchita.

    Drama e comédia se mesclam para explorar o tema do amor, tão batido não apenas no cinema como em diversas outras obras de arte, de maneira exótica e original. Foi indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Filme Estrangeiro, mas perdeu ambos.

    É considerado por muitos como a obra-prima do diretor.

    VÍCTOR ERICE

    Nascido na Biscaia em 1940, Víctor Erice começou sua carreira como crítico para um jornal. Após se aventurar produzindo alguns curtas-metragens, gravou como seu primeiro longa O Espírito da Colmeia, em 1973. Sua carreira foi bastante curta, tendo produzido apenas mais dois filmes depois desse, e bastante espaçados.

    Todos seus trabalhos, porém, foram bem recebidos. Guillerme del Toro, famoso diretor mexicano, o citou como influência direta para diversos de seus filmes, incluindo o aclamado O Labirinto do Fauno.

    Conheça um pouco mais sobre seus filmes:

    O Espírito da Colmeia (1973)

    Obra-prima de Erice, retrata uma vila rural de Castela nos anos 1940, em uma Espanha pós-guerra vivendo sob a ditadura de Francisco Franco. Ana, uma das crianças do local, se apaixona pelo cinema americano após assistir Frankenstein e passa a ficar cada vez mais imersa nesse mundo de fantasia, o que acaba mudando o jeito que ela reage a uma situação que acaba acontecendo com ela.

    A maneira como o diretor mostra como a imaginação infantil enxerga a realidade é o ponto no qual diversos críticos se derretem pelo filme.

    O Sul (1983)

    O roteiro mostra a jovem Estrella, que vive no norte da Espanha, tentando compreender seu amado, porém incompreensível pai, que migrou vindo do sul do país.

    O filme brilha ao inundar o espectador com a angústia e solidão da garota à medida que o tempo passa e ela não consegue se conectar e entender as peculiaridades do pai. O filme venceu a categoria de Melhor Filme na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

    PEDRO ALMODÓVAR

    O status cult que Pedro Almodóvar cultivou durante sua carreira provavelmente fez dele o diretor mais conhecido do cinema espanhol das últimas décadas. Seu estilo cheio de humor bem característico e uma fotografia que valoriza sua produção cheia de elementos de arte-déco e paletas de cores marcantes, deixam sua assinatura em um filme inconfundível.

    Durante sua carreira, de vários filmes aclamados, ele explorou diversos temas, desde a liberdade sexual, assunto recorrente no início da jornada como diretor, passando por debates sobre o senso de identidade, questões familiares e paixão. Outro ponto que o catapultou para o sucesso é o abuso de referências de cultura pop e suas icônicas colaborações com Antonio Banderas e Penélope Cruz.

    Confira um pouco mais sobre alguns de seus melhores filmes:

    Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988)

    Baseado em uma peça francesa, mostra o desespero de Pepa após ser abandonada pelo marido. A situação então passa a escalar quando sua amiga Candela chega no apartamento com notícias ainda mais alarmantes. Pouco depois um casal chega para alugar o local, o que vai criando um cenário cada vez mais desordenado, desaguando em uma deliciosa e caótica comédia.

    Tudo Sobre Minha Mãe (1999)

    Após ver o filho morrer em um acidente igualmente trágico e tosco, Manuela procura o pai do garoto, a travesti Lola – que nunca soube de sua existência. Uma série de coincidências passam a se desdobrar em um roteiro inesperado e que trata um grande leque de temas, de AIDS até existencialismo, bem ao estilo Almodóvar.

    A Pele Que Habito (2011)

    A história de um cirurgião plástico que experimenta em um prisioneiro para desenvolver uma pele à prova de queimaduras após viver uma situação traumatizante dá o tom desse terror psicológico inspirado em grandes nomes do gênero, não necessariamente do cinema espanhol.

    Além de mostrar um lado até então não visto do diretor, deixa claro a habilidade dele em trabalhar e extrair o máximo de diversas referências sem abandonar seu estilo característico.


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