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    Noites Sombrias #119 | Explorando o horror psicológico em O Bebê de Rosemary

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    O Bebê de Rosemary, dirigido por Roman Polanski e lançado em 1968, é um filme icônico que deixou uma marca duradoura no gênero de terror psicológico. Adaptado do romance homônimo de Ira Levin, o filme mergulha profundamente nos terrores da mente humana, explorando temas como paranoia, controle social e o desconhecido. Este artigo analisa como a trama de Polanski explora o horror psicológico, examinando elementos como a atmosfera, os personagens e os aspectos simbólicos que contribuem para o impacto duradouro do filme.

    Atmosfera soturna e paranoia crescente

    O Bebê de Rosemary

    Um dos elementos fundamentais que contribuem para o horror psicológico do filme é a atmosfera sombria e opressiva que permeia toda a narrativa. Desde o início, a cinematografia em tons escuros e os ambientes claustrofóbicos estabelecem um clima de tensão e ansiedade.

    A trilha sonora tensa e inquietante complementa essa atmosfera, criando um senso constante de apreensão. Essa atmosfera opressiva contribui para a sensação de que algo sinistro está prestes a acontecer, alimentando a paranoia tanto dos personagens quanto do público.

    Personagens vulneráveis e manipulação

    O Bebê de Rosemary

    Os personagens centrais, especialmente Rosemary (Mia Farrow) e seu marido Guy (John Cassavetes), são peças essenciais no desenvolvimento do horror psicológico. Rosemary, é uma jovem vulnerável que se vê cada vez mais isolada e incapaz de confiar nas pessoas ao seu redor. Sua lenta deterioração emocional é palpável, e o público é arrastado para sua luta contra uma conspiração aparentemente impossível de compreender.

    Guy, por sua vez, representa a quebra da confiança conjugal e a manipulação para alcançar objetivos egoístas. A dinâmica entre esses personagens amplifica o sentimento de angústia e desamparo de Rosemary, aumentando o impacto do horror psicológico.

    Simbolismo e medo do desconhecido

    O Bebê de Rosemary

    A película também aborda o medo do desconhecido, utilizando simbolismo e elementos misteriosos para aprofundar o horror psicológico. A vizinhança e os cultos ocultistas representam a sensação de estar rodeado por forças incompreensíveis e ameaçadoras. O aspecto mais angustiante é o desconhecido ligado à gravidez de Rosemary e à natureza do bebê que ela está carregando. A incerteza sobre o que está acontecendo com seu corpo e o temor de que ela está sendo usada como parte de um plano obscuro contribuem significativamente para o terror psicológico do filme.

    Isolamento e alienação social

    O tema do isolamento e da alienação social desempenha um papel fundamental no desenvolvimento do horror. À medida que a trama avança, Rosemary se encontra cada vez mais isolada do mundo exterior, afastando-se de amigos e familiares que ela costumava confiar. A crescente sensação de solidão contribui para a sua vulnerabilidade, uma vez que ela se vê sem um sistema de apoio confiável. O isolamento é exacerbado pelo ambiente claustrofóbico do prédio onde ela vive, criando uma sensação de estar presa em um mundo que parece conspirar contra ela.

    Mesmo após 55 anos do seu lançamento, O Bebê de Rosemary é uma obra-prima do horror psicológico que permanece inspirador para o horror moderno. Através da atmosfera soturna, dos personagens vulneráveis e da exploração do medo do desconhecido, o filme mergulha nas profundezas da mente humana e questiona a linha tênue entre a realidade e a paranoia.

    A tensão constante, a manipulação insidiosa e o simbolismo perturbador se unem para criar uma experiência cinematográfica que deixa o público arrepiado e reflexivo sobre os horrores que podem se esconder dentro das sombras da mente humana.

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    TBT #243 | Parceiros da Noite (1981, William Friedkin)

    Parceiros da Noite (Cruising) é um filme que visa mergulhar no submundo do crime e nas complexidades das relações humanas. Com um elenco promissor e uma premissa intrigante, o filme promete uma experiência cinematográfica intensa. No entanto, enquanto tenta explorar temas sombrios, o resultado final deixa o público com uma sensação de ambiguidade.

    O drama policial de William Friedkin é baseado no livro de Gerald Walker.

    SINOPSE

    Al Pacino é o policial que se infiltra na comunidade gay de Nova York para tentar desvendar a identidade de um assassino que está aterrorizando o grupo. A experiência se revela muito mais brutal do que ele poderia imaginar. Para encontrar o maníaco, precisa mergulhar na atmosfera dos clubes de sadomasoquismo e outros redutos gays da cidade. A investigação acaba comprometendo o relacionamento com sua namorada, Nancy (Karen Allen), e o coloca frente a frente com seus dilemas pessoais.

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    ANÁLISE

    O filme se esforça para equilibrar múltiplas subtramas, mas acaba sacrificando a profundidade emocional e a conexão com o público. Os personagens, embora interpretados por atores talentosos, não têm espaço suficiente para crescer e evoluir, deixando o espectador desinvestido em seus destinos.

    A polêmica na época veio de ativistas dos direitos LGBTQIAP+ que temiam que o filme retratasse a homossexualidade como um estilo de vida perigoso. No entanto, embora a história contada da perspectiva de um policial heterossexual, signifique que não é a mais progressista que poderia ter sido. É uma descrição verdadeira dos perigos que ameaçavam esta comunidade, e não se trata apenas das mortes, também é muito claro em sua descrição da brutalidade policial e da corrupção.

    Além da atuação notável de Pacino, é inegável que a trama tem uma direção visual e atmosférica intrigante. A cinematografia utiliza tons escuros e sombras para criar uma sensação de suspense e tensão. A ambientação sombria e a trilha sonora intensa complementam a atmosfera sombria do filme, contribuindo para a construção do mundo em que os personagens estão imersos.

    O desfecho de Parceiros da Noite é talvez seja o fraco do filme. As tramas mal resolvidas e a falta de conclusão para muitos dos arcos narrativos deixam o público insatisfeito e questionando a relevância de certos eventos. A sensação geral é de que as pontas soltas não foram amarradas de maneira eficaz, resultando em uma experiência frustrante para os espectadores que investiram tempo na história.

    VEREDITO

    Atmosférico e ousado, como todo filme de Friedkin, Parceiros da Noite tem como principal qualidade sua câmera que consegue captar aquele ambiente onde o perigo e algo de errado parecem estar sempre perto e escondidos em algum lugar.

    Al Pacino dá profundidade a seu personagem, mas a sensação do início ao fim é que o filme poderia ir muito mais longe. Não é um grande suspense, nem drama, nem policial. Apesar de sua direção visual intrigante e da atuação excepcional de Pacino, o resultado final deixa a desejar, deixando o público com uma sensação de desconexão e falta de resolução.

    É um filme muito corajoso pela época que foi concebido; a consequência foram as “pedradas” que o diretor William Friedkin recebeu do público e crítica. Merece ser descoberto, embora não tenha nada de excepcional.

    Nossa nota

    3,5 / 5,0

    Assista ao trailer original:

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    CRÍTICA – The Texas Chainsaw Massacre (2023, Gun Interactive)

    Um jogo multiplayer é sempre interessante, mas quando se acrescenta o elemento do terror pode tornar tudo muito mais interessante e quando o jogo é uma adaptação de uma das franquias de terror mais conhecidas do gênero as expectativas tornam-se infinitamente maiores.

    O título é desenvolvido pela Sumo Digital conhecida por jogos como Little Big Plant 3, Sackboy: A Big Adventure além da co-produção em outros como Hogwarts Legacy e o vindouro Suicide Squad: Kill The Justice League. Além da conhecida desenvolvedora, o game é publicado pela Gun Interactive; já familiarizada com o universo de terror ao lançar jogos como Layers of Fear 2, Friday 13th The Game.

    O lançamento ocorreu no dia 18 de agosto e foi lançado tanto para a antiga geração: PlayStation 4 e Xbox One, quanto para a geração atual: PlayStation 5, Xbox Series X | S; além de PC via Steam.

    O jogo é uma adaptação da franquia do gênero slasher dirigida por Tobe Hopper e teve o seu primeiro filme lançado em agosto de 1974, nos cinemas o título teve diversas sequências ao longo das décadas sendo o seu último lançamento em fevereiro de 2022 diretamente para o serviço de streaming Netflix.

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    CRÍTICA – O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface (2022, David Blue Garcia)

    SINOPSE

    Assuma o papel de uma das famílias de assassinos mais conhecidas ou de suas vítimas em The Texas Chainsaw Massacre, uma experiência de terror assimétrica em terceira pessoa baseada no chocante e icônico filme lançado em 1974.

    Como uma vítima, use sua inteligência e discrição para ficar longe da família enquanto procura as ferramentas que irão ser a chave para a sua liberdade. Enquanto no papel da família de assassinos você tem que rastrear, perseguir e eliminar os visitantes não permitindo-os que escapem.

    Jogadores de The Texas Chainsaw Massacre irão finalmente saber se serão capazes de fazer o que é necessário para sobreviver, tendo a macabra e louca experiência por si mesmo no jogo.

    ANÁLISE

    The Texas Chainsaw Massacre é um jogo que não diverge de outras experiências semelhantes como Dead By Daylight ou o próprio Friday 13th The Game, mas consegue garantir umas boas horas de diversão em grupo para os jogadores.

    O jogo não tem uma experiência em modo história sendo voltado diretamente para a ação multiplayer que pode ser jogado online ou em uma organização de uma partida local com amigos seja da mesma plataforma ou de outras.

    Apesar de ser bastante divertido existem alguns problemas que acabam sendo um obstáculo significativo durante a experiência de jogo como a demora na realização de match making que em alguns momentos algo que surpreende para um jogo que aborda plataformas de antiga e nova geração não conseguir reunir uma quantidade de jogadores necessária para uma partida.

    Quanto a gameplay ele consegue ser altamente divertido quando se joga com a família de Leatherface ou como o grupo de amigos que busca a irmã perdida de um deles. Sendo ao todo disponibilizado dez personagens com a possibilidade de customização, diferentes pontos fortes e fraquezas, um loadout como perks e ajuste proficiência além de melhorias através de uma arvore de habilidades que permite melhorar os atributos do seu personagem favorito.

    Algo interessante a ressaltar a respeito da customização fica por conta dos critérios de desbloqueio de novas roupas tendo alguns itens cosméticos interessantes destacando os visuais do personagem icônico da franquia: o serial killer Leatherface.

    Nas partidas realizadas com 7 jogadores (4 vítimas e 3 assassinos) existe um equilíbrio interessante pois assim como não é fácil escapar da fazenda, encontrar o outro time também exige um bom trabalho de grupo além do auxilio do vovô que a família de assassinos alimenta com sangue, assim permitindo saber o posicionamento dos visitantes; além de elaborar estratégias como bloquear rotas de fuga de uma postura mais ofensiva do grupo.

    Como uma das vítimas, os recursos disponíveis são variados: para abrir portas, plantar armadilhas, atrasar os perseguidores e até escapar por pequenos espaços sem fazer barulhos que identifiquem a sua posição. Importante sempre ficar atento com o sensor de proximidade que pisca a tela quando um adversário está próximo e utilizar de forma inteligente a barra de fôlego para escapar durante perseguição.

    VEREDITO

    The Texas Chainsaw Massacre garante uns bons momentos em uma gameplay intuitiva; mesmo não sendo desafiador é um jogo que vale a pena por seus aspectos estratégicos que são necessários para cada partida, além da diversão garantida com amigos ou com jogadores que encontrar online.

    Nossa nota

    3,5 / 5,0

    Assista ao trailer:

    The Texas Chainsaw Massacre está disponível para PlayStation 4, Xbox One, PlayStation 5, Xbox Series S | X e PC.

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    Lançamentos Netflix: Veja o que chega em setembro

    Setembro já está chegando e nada melhor que ficar por dentro dos próximos lançamentos Netflix: Conheça os filmes, séries, documentários e animes que chegarão ao catálogo da gigante do streaming. Veja abaixo a lista completa com os lançamentos Netflix de setembro deste ano:

    SÉRIES

    Dia 1 – Casamento às Cegas: Depois do Altar – T4

    Os participantes da temporada contam como estão suas vidas um ano depois de sair das cabines e se preparam para uma competição de tirar o fôlego.

    Dia 1 – (Des)encanto – Parte 5

    Para salvar a Terra dos Sonhos da ira da rainha Dagmar, a princesa Bean precisa derrotar a mãe sem concretizar a profecia de que ela matará uma pessoa que ama.

    Dia 3 – Quem é a Loba? – T1

    Um grupo de dez pessoas está buscando o amor. Mas, entre as mulheres, há uma infiltrada tentando sabotar essa missão. Quem será?

    Dia 6 – B.O. – T1

    Suzano (Leandro Hassum), um delegado medroso e atrapalhado do interior fluminense, é transferido para o olho do furacão na capital carioca. As confusões do policial colocam uma delegacia abaixo no Rio de Janeiro, e ninguém acha que ele vai durar muito tempo por lá. Mas seus métodos vão surpreender.

    Dia 7 – Depois da Cabana – T1

    Após uma mulher sequestrada escapar do cativeiro, a polícia fica cada vez mais perto de descobrir a verdade sobre um desaparecimento que está há anos sem solução.

    Dia 7 – Virgin River – T5

    Virgin River: Veja algumas curiosidades sobre a série da Netflix

    Mel se adapta a outro ritmo de vida. Jack trabalha para ampliar os negócios. Novas revelações e ameaças abalam Virgin River.

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    Dia 8 – Corpo em Chamas – T1

    Um policial é assassinado e queimado. Os principais suspeitos são a namorada dele e o amante dela. Inspirada em uma história real.

    Dia 8 – Orange County à Venda – T2

    Em meio a muito drama e fofocas, os corretores do Grupo Oppenheim conferem o mercado imobiliário em Cabo e tentam manter o foco diante de uma possível nova contratação.

    Dia 8 – O Tempo Traz Você pra Mim – T1

    De luto, uma mulher volta magicamente para o ano de 1998 e conhece um homem que se parece muito com o amor de sua vida.

    Dia 12 – Glow Up – T5

    CRÍTICA - Glow Up (4ª temporada, 2022, Netflix)

    Neste reality de competição, um novo grupo de maquiadores amadores encaram desafios cheios de cor e criatividade em busca de uma oportunidade de brilhar na área.

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    Dia 13 – As Mil Vidas de Bernard Tapie – T1

    Esta biografia fictícia sobre Bernard Tapie mostra como esse ambicioso homem saiu da classe trabalhadora e se tornou uma das figuras públicas mais controversas da França.

    Dia 21 – Scissor Seven – T4

    Ferido após uma batalha intensa, Seven precisa se recuperar para defender a Ilha das Galinhas e seus amigos de outro assassino fantasma.

    Dia 21 – Sex Education – T4

    Sex Education: Quarta temporada será a última da série

    Com Maeve nos Estados Unidos e Moordale fechada, Otis precisa se virar no Colégio Cavendish. Mas ele não é o único terapeuta sexual da escola.

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    Dia 28 – Castlevania: Noturno T1

    Ambientada na França de 1792, esta nova série de animação no universo de Castlevania tem Kevin Kolde (Castlevania) e Clive Bradley (Trapped) como showrunners.

    FILMES

    Dia 1 – Um Clímax Entre Nós

    O relacionamento de Luna e Mink segue firme e forte, mas a situação vai dar uma enrolada agora que Luna sugeriu incluir outra pessoa na intimidade do casal.

    Dia 14 – Ehrengard: A Ninfa do Lago

    Contratado para ensinar os truques da sedução ao tímido filho da Grã-Duquesa, um especialista em amor se envolve em um romance inesperado… e em um escândalo.

    Dia 14 – Em uma Terra Muito Distante… Havia um Crime

    No baile da Cinderela, Chapeuzinho Vermelho se envolve em um mistério. Será que ela consegue resolver esse caso antes da meia-noite?

    Dia 15 – Amor à Primeira Vista

    Em um voo para Londres, dois estranhos se apaixonam à primeira vista, mas depois se perdem no aeroporto. O reencontro parece impossível, mas o amor desafia todas as probabilidades.

    Dia 15 – O Conde

    Augusto Pinochet é vampiro e está pronto para morrer, mas os abutres que o rodeiam ainda esperam uma última mordida. Uma sátira sombria de Pablo Larraín.

    Dia 27 – Carga Máxima

    Após perder tudo, o piloto de caminhão Roger recebe uma oferta tentadora e perigosa: dirigir para uma quadrilha de ladrões de carga.

    Dia 29 – Destinos à Deriva

    Grávida, sozinha e perdida no mar, uma mulher que está presa em um contêiner tenta sobreviver após fugir de um país totalitário e destruído.

    DOCUMENTÁRIOS

    Dia 15 – Por dentro das prisões mais severas do mundo – T7

    O jornalista e ex-presidiário Raphael Rowe vive como detento para mostrar o dia a dia das prisões na Finlândia, República Tcheca, Indonésia e Ilhas Salomão.

    ANIME

    Dia 7 – Gamera: O Renascimento

    Tóquio, 1989. Quatro garotos acompanham o surgimento da destemida tartaruga kaiju Gamera, que enfrenta monstros gigantes devoradores de humanos.

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    Greve em Hollywood: Precisamos realmente nos preocupar com a IA?

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    Atualmente, a indústria do cinema tem feito diversos questionamentos em torno do impacto que a Inteligência Artificial (IA) pode gerar no trabalho dos artistas e roteiristas, representados respectivamente pelo sindicato Screen Actors Guild (SAG-Aftra) e Writers Guild of America (WGA).

    Até o momento, são mais de 160 mil profissionais que decidiram cruzar os braços, sem previsão para voltar às atividades, por discordarem das negociações propostas pela Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP) – associação que representa organizações como Sony, Disney, Warner, entre outras.

    E uma das pautas que mais se destacaram nesta greve envolve o questionamento de que a tecnologia representa uma ameaça pela concorrência real – e até, desleal – para os profissionais que reivindicam por melhorias trabalhistas.

    Diante a esta batalha épica, que paralisou títulos de peso, como Deadpool 3, Mortal Kombat 2, Gladiador 2, entre outros, é importante analisarmos questões práticas do núcleo que gerou todo este conflito. Embora a IA possa auxiliar na geração de roteiros e histórias, ela ainda depende de dados pré-existentes e padrões estabelecidos pelo profissional da área, o que pode limitar a capacidade de criar histórias verdadeiramente originais e inovadoras.

    A criatividade humana é uma característica única, capaz de gerar histórias e experiências emocionais profundas que ressoam com o público. Os roteiristas e artistas trazem as próprias vivências, perspectivas e emoções para que, assim, possa haver novas criações, o que resulta em narrativas complexas e significativas.

    Assim, o recurso da IA vem como uma ferramenta complementar, não como uma substituta da criatividade humana, ou seja, um apoio ao serviço prestado pelos profissionais que, ao utilizá-la, têm condições de aprimorar seu trabalho, expandir ideias iniciais e oferecer ao público diferentes perspectivas. Mas, tudo isso, sempre mantendo a autenticidade artística que somente os seres humanos podem proporcionar.

    Outra reinvindicação que chama atenção é do uso de imagem. Isso porque, a IA consegue gerar histórias, roteiros e até imagens de personagens a partir da figura de pessoas reais, podendo utilizar, por exemplo, a imagem de figurantes sem precisar tê-los nos sets de filmagens. Além disso, com o avanço dessa tecnologia, é possível que ela aprenda a representar um artista, com voz, imagem e até mesmo com movimentos e trejeitos.

    Neste caso, se a projeção se tratar de um famoso, a negociação do uso de imagem é mais fácil e o fator dinheiro não entra tanto em discussão. No entanto, quando analisamos a maior parte dos artistas, que ainda não chegaram à almejada fama, como lidar com a questão do uso de imagem deles? Receberiam pela sua reprodução? Como o direito desses profissionais ficaria garantido diante a este recurso?

    Se fizermos um paralelo deste acontecimento atual com a Revolução Industrial, sabemos que este episódio da história não foi aceito pacificamente por todos na época. Os trabalhadores afetados resistiram às mudanças tecnológicas devido às condições de trabalho impostas, criando movimentos como o ludismo, que incitava a destruição de máquinas industriais como forma de protesto para impedir que as mesmas substituíssem a força de trabalho.

    Por fim, com o tempo, a resistência e as preocupações levaram a uma maior conscientização sobre a necessidade de regulamentação e proteção dos direitos dos trabalhadores, fazendo surgir movimentos e sindicatos voltados à luta por melhores condições, salários justos e limitação de horas de trabalho.

    Assim como ocorreu neste período, o avanço da IA no setor do entretenimento, assim como em outros segmentos, também suscita preocupações e questionamentos sobre os impactos no trabalho e na criatividade humana. Como sociedade, é importante aprender com a história e buscar abordagens equilibradas que permitam o avanço tecnológico, mas também protejam os direitos e a dignidade dos profissionais envolvidos. A regulamentação adequada e um diálogo contínuo são essenciais para garantir que a IA seja uma aliada, e não uma ameaça para o setor e para a sociedade como um todo.


    Este artigo foi escrito por Barbara Fraga, que é Consultora Estrategista em IA da A3Data, consultoria especializada em dados e inteligência artificial.


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    CRÍTICA – Retratos Fantasmas (2023, Kleber Mendonça Filho)

    Na última sexta, 18 de agosto, tive a oportunidade de assistir a pré-estreia do incrível documentário ficcional Retratos Fantasmas. Dirigido e narrado por Kleber Mendonça Filho, somos lançados em uma viagem ao passado não apenas do diretor Pernambucano, mas também às suas paixões e fixações, como o cinema.

    Mendonça parece ter nascido para o cinema, assim como o cinema parece ter sido criado para ele. Enquanto transita entre o real, o fictício e em sua própria história, acompanhamos sua vida, suas e o cinema, que fez parte da sua vida desde sua infância. Retratos Fantasmas é uma viagem no tempo, mais especificamente, à janelas abertas no tempo por capturas de vídeo. Sendo elas analógicas, digitais e o trabalho de mais de 30 anos da vida do diretor.

    SINOPSE

    No centro do Recife, no século 20, conheça a história do centro da cidade contada a partir das salas de cinema que movimentavam a população e ditavam comportamentos.

    ANÁLISE

    Retratos Fantasmas

    Para dar um panorama da cidade e das histórias que quer contar, Kleber Mendonça Filho nos ambiente à sua vida e a história de sua família. Enquanto nos mostra como seu pequeno mundo de quem vive próximo à uma praia da grande Recife se expandiu após o divórcio de seus pais e seu amor pelo cinema. Enquanto produzia filmes caseiros, ainda em sua juventude, o diretor viu em sua mãe sua maior fã e maior apoiadora. E na casa onde moravam, a maioria de seus filmes experimentais se desenrolavam.

    E enquanto somos lançados ao século XX, vemos diversas histórias se desenrolar ao mesmo tempo. A de Kleber, sua paixão pelo cinema, a decadência do centro do Recife e dos cinemas de rua. A história do longa nos lança a um mundo estranhamente conhecido. E como o diretor aponta, “Todo Centro de cidade grande se parece.” Ao mesmo tempo em que lança pelo filme diferentes máximas, mais uma se mostra real “Filmes de ficção são os melhores documentários”.

    Ao nos ambientar pela história quase que oculta daquela antiga metrópole, vemos como as histórias dos cinemas de rua e as histórias ocultas do centro do Recife se cruzam.

    Retratos Fantasmas

    Enquanto testemunhamos e temos acesso à pequenas janelas de tempo por meio de gravações feitas por Kleber Mendonça Filho, e retratos de outrora, vemos o quão apaixonado o diretor é não apenas pela história do cinema, como sua paixão lhe rendeu seu quarto filme. Retratos Fantasmas vem de uma série de três outros filmes aclamados pela crítica. Em Cannes, o filme esteve presente na Seleção Oficial da 76ª edição do Festival, e em sua pré-estreia no Centro de Artes UFF – cujo cinema foi o maior a receber espectadores de Bacurau -, Retratos Fantasmas contou com uma discussão após a exibição do filme com o diretor, que foi muito enriquecedora.

    Muito distante de se mostrar apenas como uma visita nostálgica ao passado, acompanhamos uma espécie de decaimento e perda do interesse dos espectadores pelos cinemas de rua. Mais especificamente, no filme, os cinemas de rua do Recife, hoje, quase todos fechados – cujos lugares foram tomados por “outros templos de adoração.”

    VEREDITO

    Retratos Fantasmas emociona, nos faz sorrir e elucida questões ligadas à paixão do diretor e mostra que Retratos Fantasmas é apenas o 4º da longa fila de vindouros filmes da brilhante carreira do diretor Pernambucano. Ver que o trabalho de 7 longos anos de montagem do filme funcionam, é ver o filme como um retrato tão real quanto fictício das mais distintas épocas. Seja em uma viagem ao século XX ou XIX, vemos a história da Recife antiga ser costurada com a tentativa de expansão de um governo totalitário em terras tupiniquins no auge da 2ª Guerra.

    Assim como Bacurau, Aquarius e O Som ao Redor, Retratos Fantasmas alimenta o que há de mais curioso em fãs do cinema. E assim como os filmes anteriores, conta com uma condução e ambientação magistral. E como o próprio Kleber Mendonça Filho ousou dizer “Ainda que o filme tenha um montagem tradicional, ele parece dar a volta e acabar por se tornar um filme experimental.”

    Seja por meio de retratos verossímeis de uma realidade ou pela elucubração de uma pessoa que sente falta de uma época que não volta mais, Retratos Fantasmas nos faz ver que a paixão do cinema transcende o tempo. Em uma viagem ao passado, vemos no longa o retrato mais pessoal da realidade e da carreira de Kleber Mendonça Filho em tela.

    Nossa nota

    5,0/5,0

    Confira o trailer do filme:

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