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    TBT #159 | Rashomon (1950, Akira Kurosawa)

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    O TBT dessa semana traz um clássico do cinema japonês e um dos primeiros filmes do Japão a chegar em Hollywood. Rashomon, de Akira Kurasawa, recebeu o Leão de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Veneza em 1951. Além disso, foi indicado ao Oscar de Melhor Direção de Arte e ao BAFTA

    Com roteiro de Shinobu Hashimoto e do próprio diretor, o longa é baseado em dois contos do escritor Ryūnosuke Akutagawa (“Rashomon” e “Yabu no Naka“).

    No elenco estão Toshirō Mifune, Machiko Kyō, Masayuki Mori, Takashi Shimura, Minoru Chiaki e Kichijiro Ueda.

    SINOPSE DE RASHOMON

    Durante uma forte tempestade, um lenhador (Takashi Shimura), um sacerdote (Minoru Chiaki) e um camponês (Kichijiro Ueda) procuram refúgio nas ruínas de pedra do Portão de Rashomon. O sacerdote diz os detalhes de um julgamento com quatro testemunhos distintos. 

    ANÁLISE

    Quando um acontecimento desencadeia diferentes versões por suas testemunhas, sabe-se que alguém está mentindo. Em Rashomon, a verdade parece cada vez mais distante, e a falta de uma consenso entre os personagens leva a uma série de questionamentos sobre a honestidade da humanidade.

    Dessa forma, o filme do aclamado diretor Akira Kurasawa conduz o espectador a quatro testemunhos distintos do mesmo crime. Um lenhador (Takashi Shimura), um sacerdote (Minoru Chiaki) e um camponês (Kichijiro Ueda) se encontram nas ruínas de um templo chamado Rashomon, lá eles esperam a chuva passar enquanto o lenhador e o sacerdote contam sobre um julgamento que testemunharam.

    O bandido Tajomaru (Toshirô Mifune) é julgado pelo assassinato do samurai Takehiro (Masayuki Mori) após estuprar a esposa Masako (Machiko Kyô). No entanto, os flashbacks revelam quatros histórias distintas contadas por pessoas diferentes: o bandido, a esposa, o lenhador que presenciou o fato e, até mesmo, o samurai morto.

    Trata-se de um filme de personagens não confiáveis, no qual o bandido diz ter matado o samurai, depois a esposa se acusa e o samurai (por meio de uma médium) relata ter cometido suicídio. Cada um traz a culpa para si, o que dificulta ainda mais o discernimento do espectador sobre a verdade dos fatos. Ao mesmo tempo, tanto o lenhador, o sacerdote e o camponês estão em um debate sobre a bondade da humanidade. 

    Ao passo que o lenhador e o sacerdote parecem desolados com os acontecimentos do crime e se questionam se vale a pena confiar nos homens, o camponês vê na história a desordem do mundo e admite ser egoísta.

    Rashomon é um clássico filme japonês dirigido pelo lendário diretor Akira Kurosawa lançado em 1950 e vencedor do Leão de Ouro em 1951.

    O filme trabalha sobre um conceito niilista, no qual os fatos não existem e as interpretações são o que restam. A quarta versão da história, por exemplo, parte do próprio lenhador que diz ter testemunhado o crime. Mesmo assim, Kurasawa não torna essa a verdade acima dos fatos e a sujeita à dúvida. 

    Visto que a realidade não é absoluta, o filme evoca uma espécie de melancolia e pessimismo nos três personagens que estão contando e ouvindo a história. Quase no final do longa, está certo que a humanidade não tem salvação perante suas próprias mentiras, mas o surgimento de um bebê abandonado leva esperança para o sacerdote e o lenhador. 

    Dessa maneira, Kurasawa relativiza a condição do ser humano, deixando evidente que, por mais que haja mentiras e egoísmo no mundo, também há generosidade.

    Possíveis interpretações 

    É impossível não comparar o conceito de diferentes perspectivas de Rashomon com a atual pós-verdade, ou melhor – fake news – que tomaram conta do mundo contemporâneo. Em uma época em que se questionam fatos e cada pessoa parece apresentar sua própria versão, Rashomon ecoa seus significados.

    Se a verdade não existe, a humanidade está fadada à desgraça? Ou será que não precisamos saber sempre a verdade? São questionamentos que surgem do filme e tornam o espectador também um responsável pelo bebê ao final, visto que a direção genuína de Kurasawa aproxima cada vez mais a criança da tela, parecendo que irá entregá-la ao espectador.

    Outros feitos cinematográficos do diretor estão na composição das cenas e no enquadramento. Na maioria das vezes Kurasawa utiliza uma câmera estática para filmar em profundidade de campo colocando os personagens ou perto ou longe do quadro. Dessa forma, dá a sensação de afastamento entre os personagens, tal como cada um com sua versão da história. 

    Da mesma maneira, o diretor evoca simbolismos ao utilizar pouca luz nos flashbacks, é como se a restrição do sol naquele ambiente de floresta evidenciasse a falta da verdade do samurai, da esposa e do bandido. No templo, a chuva aproxima aqueles personagens e suas discussões, e quando o tempo se abre, também é uma nova chance para o lenhador e o sacerdote.

    VEREDITO

    Rashomon se revela uma obra-prima do cinema, com interpretações até mesmo no pós-guerra com a derrota do Japão. Sendo um filme essencial para qualquer cinéfilo, pois além de uma história instigante, possui diversos conceitos cinematográficos que destacam o grande diretor que é Akira Kurasawa.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Assista ao trailer de Rashomon:

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    CRÍTICA | Ataque dos Titãs – Volume 3 (2021, Panini)

    Caso você não tenha acompanhado o lançamento dos nossos textos baseados no mangá Ataque dos Titãs, clique aqui e leia os nossos textos sobre o Volume 1 e Volume 2, que são lançados no Brasil pela Panini. Ao longo dos dois primeiros quadrinhos, apresentados a um mundo misterioso, repleto de criaturas que se colocam como a principal ameaça para os humanos. Titãs devoradores de homens com até 15 metros de altura fizeram com que os últimos humanos se abrigassem dentro de três diferentes muralhas.

    O mundo criado por Hajime Isayama nos faz acompanhar as mais diversas nuances do que é ser humano diante do terror de criaturas que podem surgir a qualquer momento, para simplesmente devorar qualquer humano que encontrar pela frente.

    Como citado anteriormente, a humanidade que passou a se refugiar dentro da Muralha Rose ao longo do primeiro volume do mangá, fugindo às pressas da Muralha Maria após a invasão do Titã Colossal e do Titã Encouraçado.

    SINOPSE

    Após ser dado como morto mas voltar de dentro do corpo de um titã, Eren enfrenta a desconfiança da Guarnição da Muralha. Agora, o mistério de seu pai precisa ser desvendado, e para isso os humanos tentam novamente recuperar a cidade de Trost.

    ANÁLISE

    As três muralhas que protegem a humanidade. A mais externa, Maria, a do meio, Rose e a no centro das três, a Muralha Sina.

    O brilhante roteiro de Ataque dos Titãs nos faz mergulhar em um mundo sombrio, repleto dos perigos que apenas uma ameaça como os Titãs são capazes de impor. Ao longo do volume 3 do mangá, testemunhamos o desenrolar do fim do segundo volume, quando um Titã parece dizimar qualquer tipo de ameaça que surge para a humanidade, o Titã o destrói sem qualquer dificuldade.

    Com o progredir da história, vemos que o aparente aliado da raça humana é ninguém menos que Eren Yeager. Eren, que fora comido ao longo do Volume 2, imergiu imponente de dentro da ameaça que pareceu dar fim à sua vida, e com a licença poética desse que vos escreve – esmerilhou os titãs no soco.

    Mikasa se coloca como a principal força motriz do terceiro volume, que parece se interpor como a protetora de Eren e passa a cumprir seu vindouro papel de seu arco que no futuro viremos a conhecer.

    Podemos dizer que muito diferente de seus dois primeiros volumes, o terceiro passa a definir o papel dos personagens presentes na trama de Attack on Titan, assumindo os arquétipos que os personagens virão a assumir no futuro, estabelecendo o trio principal como o Titã, a protetora e o estrategista.

    Enquanto precisa lidar com seu dom recém-descoberto, Eren precisa se mostrar como um trunfo para a humanidade, e não mais uma ameaça, como muitos parecem pensar.

    O desenvolvimento do volume 3 se aprofunda não apenas no arco de desenvolvimento de Eren, como também no de Armin, enquanto dá o personagem até então sem muito destaque, o espaço necessário para crescer e mostrar enfim seu verdadeiro papel em meio à aliança humana a fim de derrotar os titãs.

    VEREDITO

    Em uma aliança desesperada a fim de impedir a invasão dos Titãs após o segundo ataque do Titã Colossal e do Titã Encouraçado, o Comandante da Guarnição Pixis, coloca nos ombros de Eren a missão de impedir o avanço de titãs com o que virá a ser conhecido como o Titã de Ataque. Mas como imprevistos acontecem, o terceiro volume de Ataque dos Titãs deixa a responsabilidade e a última esperança da humanidade nos ombros de quem não está preparado para tal.

    Muito diferente de se mostrar um volume “divertido”, a terceira edição do mangá se faz doída e mostra o quão pesada a história criada por Isayama pode ser. Colocando o principal trio da história como indivíduos com importantes atribuições no futuro da trama, a Ilha Paradis parece agora saber que as linhas entre as forças inimigas e aliadas parecem ter se estreitado, não sendo tão fácil assim distinguir um lado do outro.

    Enquanto deixa a porta aberta para problemas muito maiores, o terceiro volume chega ao fim, com a esperança de que uma ameaça ainda maior há de chegar até os muros e os “últimos humanos” vivos.

    Nossa nota

    4,0 / 5,0

    Autor: Hajime Isayama, Ryo Suzukaze, Satoshi Shiki, Thores Shibamoto

    Páginas: 200

    Ano de Publicação: 2021

    Editora: Panini

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    SAG Awards: Veja a lista dos indicados

    Este ano, a previsão é de que o 28º SAG Awards seja transmitido ao vivo no domingo, 27 de fevereiro, às 22h. Vale lembrar que outras entregas de prêmios foram canceladas ou adiadas, como ocorreu com o Globo de Ouro (apenas anunciados os vencedores), Critics Choice Awards e Grammy (ambos adiados por conta da nova onda de Covid-19).

    O anúncio foi feito em uma live com as atrizes Rosario Dawson e Vanessa Hudgens, cada uma em um perfil, nas redes sociais. 

    Confira quem está concorrendo ao troféu nas 13 categorias:

    Melhor Ator em Filme para Televisão ou Série Limitada

    Murray Bartlett (The White Lotus)
    Oscar Isaac (Cenas de um Casamento)
    Michael Keaton (Dopesick)
    Ewan McGregor (Halston)
    Evan Peters (Mare of Easttown)

    Melhor Atriz em Filme para Televisão ou Série Limitada

    Jennifer Coolidge (The White Lotus)
    Cynthia Erivo (Genius: Aretha)
    Margaret Qualley (Maid)
    Jean Smart (Mare of Easttown)
    Kate Winslet (Mare of Easttown)

    Melhor Ator em Série de Comédia

    Michael Douglas (O Método Kominsky)
    Brett Goldstein (Ted Lasso)
    Steve Martin (Only Murders in the Building)
    Martin Short (Only Murders in the Building)
    Jason Sudeikis (Ted Lasso)

    Melhor Atriz em Série de Comédia

    Elle Faning (The Great)
    Sandra Oh (The Chair)
    Jean Smart (Hacks)
    Juno Temple (Ted Lasso)
    Hannan Waddingham (Ted Lasso)

    Melhor Elenco em Série de Comédia

    The Great
    Hacks
    O Método Kominsky
    Only Murders in the Building
    Ted Lasso

    Melhor Ator em Série de Drama

    Brian Cox (Succession)
    Billy Crudup (The Morning Show)
    Kieran Culkin (Succession)
    Lee Jung-Jae (Round 6)
    Jeremy Strong (Succession)

    Melhor Atriz em Série de Drama

    Jennifer Aniston (The Morning Show)
    Jung Ho-Yeon (Round 6)
    Elisabeth Moss (The Handmaid’s Tale)
    Sarah Snook (Succession)
    Reese Witherspoon (The Morning Show)

    Melhor Elenco em Série de Drama

    The Handmaid’s Tale
    The Morning Show
    Round 6
    Succession
    Yellowstone

    Melhor Atriz Coadjuvante

    Caitriona Balfe (Belfast)
    Cate Blanchett (O Beco do Pesadelo)
    Ariana DeBose (Amor, Sublime Amor)
    Kirsten Dunst (Ataque dos Cães)
    Ruth Negga (Identidade)

    Melhor Ator Coadjuvante

    Ben Affleck (Bar, Doce Lar)
    Bradley Cooper (Licorice Pizza)
    Troy Kotsur (No Ritmo do Coração)
    Jared Leto (Casa Gucci)
    Kodi Smit-Mcphee (Ataque dos Cães)

    Melhor Atriz

    Jessica Chastain (Os Olhos de Tammy Faye)
    Olivia Colman (A Filha Perdida)
    Lady Gaga (Casa Gucci)
    Jennifer Hudson (Respect: A História de Aretha Franklin)
    Nicole Kidman (Apresentando os Ricardos)

    Melhor Ator

    Javier Bardem (Apresentando os Ricardos)
    Benedict Cumberbatch (Ataque dos Cães)
    Andrew Garfield (Tick Tick… Boom!)
    Will Smith (King Richard: Criando Campeãs)
    Denzel Washington (A Tragédia de Macbeth)

    Melhor Elenco em Filme

    Belfast
    No Ritmo do Coração
    Não Olhe Para Cima
    Casa Gucci
    King Richard: Criando Campeãs

    Melhor Performance de Ação por um Conjunto de Dublês em Filme

    Viúva Negra
    Duna
    Matrix Ressurrections
    007: Sem Tempo Para Morrer
    Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis

    Melhor Performance de Ação por um Conjunto de Dublês em Série

    Cobra Kai
    O Falcão e o Soldado Invernal
    Loki
    Mare of Easttown
    Round 6


    E para você, quais são suas apostas para o SAG Awards 2022? Deixe seus comentários abaixo!

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    CRÍTICA – Apresentando os Ricardos (2021, Aaron Sorkin)

    Desde sua estreia, I Love Lucy se tornou uma das séries mais marcantes da televisão americana de todos os tempos. Sendo reconhecida por muitos não estadunidenses também, não apenas por sua qualidade, fugindo do tom alienador que as séries da época traziam, I Love Lucy trazia de muitas formas uma crítica ao famoso “American Way of Life“. Apresentando os Ricardos é um filme dirigido por Aaron Sorkin que traz em seu elenco Nicole Kidman no papel de Lucille Ball e Javier Bardem como Desi Arnaz, o casal de protagonistas de uma das maiores séries americanas de todos os tempos.

    Apresentando os Ricardos conta a história de uma das produções mais bem sucedidas de todos os tempos, durante algumas das semanas mais turbulentas de seus bastidores.

    SINOPSE

    Lucille Ball e Desi Arnaz se casaram em 1940 e viram sua fama decolar após estrearem uma das mais memoráveis sitcoms americanas chamada I Love Lucy. Entretanto, quando tudo parecia estar indo bem, os dois são envolvidos em uma trama de acusações chocantes que ameaçam sua vida pessoal e profissional.

    ANÁLISE

    O cinema americano tem um brilhante efeito nostálgico perto da janela de lançamento das premiações. É raro um ano em que o que é lançado entre novembro e fevereiro, não faça referência à algum elemento da cultura americana. 2021 foi um ano como muito dos outros, em que Apresentando os Ricardos faz referência não apenas à nostalgia dos “tempos áureos” da televisão estadunidense, mas nos lança de volta ao passado a fim de exaltar grandes momentos, como os anos em que I Love Lucy brilhou e influenciou completamente a forma de viver de milhões de americanos.

    A fim de explicar melhor um pouco do efeito da produção de tv na vida dos estadunidenses, trago um fato curioso. Grande parte da cultura americana foi influenciada quando I Love Lucy estreou. Indo ao ar às segundas-feiras, o fenômeno da TV mudou completamente os hábitos não apenas de consumo dos seus espectadores, como também seus hábitos comportamentais.

    Grande parte dos negócios como lojas e lanchonetes passaram a não funcionar perto do horário em que a série era exibida, pois era de conhecimento geral, que na hora em que I Love Lucy estava no ar, ninguém saía mais de casa.

    Não apenas por sua relevância na cultura da época, mas também por se destacar entre muitas das produções dos anos 50, I Love Lucy passou a sofrer os mais diversos reveses diantes de acusações que os integrantes do elenco sofriam nos bastidores.

    Com um tom de documentário, Apresentando os Ricardos nos leva por uma viagem que não faz muito sentido se você não acompanhou a série, mas funciona como um retrato retrógrado de um passado que deve permanecer onde ele está, no passado.

    A atuação de Nicole Kidman não apenas como Lucille Ball, como Lucy, causa aos espectadores uma estranheza peculiar que apenas Lucille era capaz de causar aos que a rodeavam. Enquanto viajamos ao passado e ao presente, testemunhamos os eventos contados não apenas por Lucille, mas pelos presentes durante os acontecimentos contados no filme – vemos que muito diferente de sermos lançados em meio à verdades absolutas, a história contada no filme conta com vários lados e diversas partes a serem levadas em conta.

    VEREDITO

    Apresentando os Ricardos

    Com uma brilhante ambientação, Apresentando os Ricardos nos leva por uma viagem nostálgica à uma Hollywood preconceituosa e misógina, cujo culto à beleza se estende até os dias de hoje – mas que é combatida diariamente pelos presentes na indústria.

    A estranheza da aparência de Kidman ao incorporar Lucille não se estende apenas aos materiais promocionais, mas também aos minutos em que a atriz está em cena. Não abaixando a cabeça, ou renegando seu papel na produção da série para TV, Kidman coloca Lucille como a estrela que ela era, ou seja, a cara da produção que colocava todas as segundas cerca de 44 Milhões de Americanos em frente à TV para assistir Lucy e suas peripécias.

    Ao nos lançar em uma viagem ao passado, Aaron Sorkin nos mostra que os mais diversos preconceitos da “tradicional” sociedade estadunidense, se estende não apenas à xenofobia – com o cubano Desi Arnaz -, mas também à misoginia que é exibida por muitos até hoje como um culto à virilidade, como se o fato das pessoas serem tratadas de forma igual, fosse um absurdo, ou algo irreal nos dias hoje – afinal, por que um homem branco abriria mão de um privilégio apenas para dar espaço para uma mulher mais velha atuar? Ou dar espaço para um imigrante?

    Apresentando os Ricardos nos apresenta uma trama que funciona como a história conturbada que foi a vida de Lucille Ball e Desi Arnaz, durante a produção de I Love Lucy e os mais diversos reveses, fazendo crítica não apenas à forma estadunidense de se viver, mas também de ver o mundo na época.

    Nicole Kidman no papel de Lucille é algo tão irreverente quanto poderoso, e com certeza garantirá à atriz muito mais do que foi conquistado até aqui – um Globo de Ouro pelo filme.

    Apresentando os Ricardos está disponível na Amazon Prime Video e foi lançado no dia 10 de dezembro de 2021.

    Nossa nota

    3,0 / 5,0

    Confira o trailer do filme:

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    CRÍTICA – O Páramo (2022, David Casademunt)

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    O Páramo é um longa original Netflix e tem o estreante na direção David Casademunt que também assina o roteiro da obra.

    SINOPSE DE O PÁRAMO

    No século XIX, uma família vive isolada em tempos de guerra na Espanha. Contudo, eles tem uma preocupação maior que o terror dos conflitos no país, uma vez que uma criatura maligna que se alimenta de medo começa a atormentá-los. Será que eles vão conseguir sobreviver?

    ANÁLISE

    O Páramo é um filme que tem como base algumas assinaturas muito semelhantes a outros dois longas do gênero de terror/fantasia que são O Labirinto do Fauno e A Bruxa.

    Logo no começo, vemos que há uma tensão no ar por parte do comportamento pai que é ausente emocionalmente e tem um trauma pesado do seu passado que o fere até hoje. Os diálogos carregados de raiva e medo são marcantes, mesmo que em alguns momentos seja bastante repetitivo.

    A ideia de que o terror é invisível pode desagradar algumas pessoas, uma vez que o diretor David Casademunt segura a criatura ao máximo para deixar no nosso imaginário como ela é. O longa é lento e não tem nenhuma pressa em acelerar sua narrativa para que tenhamos mais dinamismo, escolhendo contar a história no tempo que for preciso.

    As atuações do jovem Asier Flores (Diego) e de Inma Cuesta (Lucia) são muito boas, pois conseguem nos passar os sentimentos de terror e abandono dos personagens.

    Se por um lado O Páramo consegue ser tenso e horripilante, pelo outro, a sua duração e roteiro rasos não conseguem segurar o período de 01h32min. Se o projeto se tornasse uma minissérie, com mais desenvolvimento das situações e personagens, certamente daria mais certo.

    VEREDITO

    O Páramo

    Com um roteiro raso, mas com boas atuações e uma atmosfera de horror bem elaborada, O Páramo é um longa para quem gosta de obras mais lentas e que deixam muito mais a nossa imaginação trabalhar do que, de fato, mostram em tela o que está acontecendo. Vale pela estética e fotografia lavadas e que são muito fiéis a situação apresentada.

    Nossa nota

    3,5/5,0

    Confira o trailer de O Páramo:

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    PRIMEIRAS IMPRESSÕES: Attack on Titan (4ª temporada – Parte 2, 2022, Mappa)

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    A última temporada de Attack on Titan chega à sua Parte 2 e finalmente terá seu desfecho. O anime do estúdio Mappa e criado pelo mangaka Hajime Isayama foi publicado pela primeira vez em setembro de 2009.  

    Os episódios da segunda parte da última temporada de Attack on Titan são lançados semanalmente em simultâneo com o Japão na plataforma Crunchyroll e Funimation

    SINOPSE DE ATTACK ON TITAN

    Levi sofre um grande acidente, enquanto Floch e outros soldados leais a Eren resgatam Zeke. Eren luta contra o ataque de Marley à Ilha Paradis, e contra Galliard, Pieck e Reiner.

    ANÁLISE

    O final de Attack on Titan está prestes a começar e se a primeira parte da quarta temporada foi o suficiente para levar os fãs à loucura, a segunda parte promete mais ainda. Não temos um dos maiores animes dos últimos tempos em termos de popularidade, como também uma história profunda e cheia de nuances. 

    Dessa forma, o primeiro episódio desta última temporada mostrou que ainda há muito o que explicar em Attack on Titan e também contou com uma ótima qualidade de produção pelo estúdio Mappa. O tom sombrio e a guerra iminente continua a dominar o cenário de Paradis e agora uma batalha entre os Titãs pode decidir vidas. 

    A começar por Eren Jaeger, sabe-se pouco das verdadeiras intenções do Titã de Ataque. Sendo algo que o anime pretende guardar até o último momento, o interessante aqui é ver esse protagonista calado através dos olhos dos outros personagens. Dessa forma, o anime opta por mostrar uma visão macro dos acontecimentos, exemplificado na figura de Armin, Mikasa e os demais que supõem que Eren tem outros planos.

    O afastamento do público com a figura de Eren parece ser proposital na medida que os personagens de Marley crescem. Pieck ressalta para Gabi que está lutando por seus amigos e não pela nação marleyana. Ainda assim, o poderio de Marley ataca com toda força a Ilha Paradis e nenhuma das tropas consegue conter o invasor. 

    É preciso lembrar que Attack on Titan pode ser um anime bem gráfico e neste episódio em especial, a animação se torna ainda mais visceral, seja nos corpos dos soldados fuzilados ou na luta entre os titãs. 

    Neste sentido, Eren em forma de titã enfrenta Reiner com o Titã Blindado e Galliard com o Titã Mandíbula, mas apesar de estar com o Titã Fundador, Eren está em desvantagem. É preciso ressaltar que o 3D é muito bem aproveitado nessas cenas e a luta é com certeza um dos pontos altos do episódio.  

    Por último, temos Levi que está gravemente ferido após o ataque de Zeke e o resgate do mesmo por seus aliados. Agora, é questão de tempo até os irmãos Jaeger se reunirem, basta saber se Eren irá seguir o plano do irmão (a esterilização e o fim do povo de Eldia) ou se o Titã de Ataque têm outro propósito para os Súditos de Ymir. 

    Attack on Titan está no começo do seu fim, mas ainda existem muitas questões a serem respondidas. No mangá, o final desagradou os fãs e o mesmo pode se repetir no anime se a produção não souber dosar bem o material. Ainda assim, Attack on Titan já deixou sua marca no mundo dos animes e seu impacto é gigante.  

    Ao final da temporada, voltamos com uma análise completa. 

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