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    CRÍTICA – Amor, Casamento e Divórcio (1ª temporada, 2021, Netflix)

    Se você costuma zapear a Netflix provavelmente percebeu que a empresa tem investido bastante em dramas coreanos (doramas) em seu catálogo. Sua mais nova produção original é Amor, Casamento e Divórcio, que já está disponível no streaming.

    A trama retrata os casamentos de três mulheres de faixas etárias diferentes e de personagens que ao longo do drama se conectam a elas.

    O dorama conta com 16 episódios. Confira o que achamos da primeira temporada de Amor, Casamento e Divórcio.

    SINOPSE

    A vida de três mulheres bem-sucedidas que trabalham em um programa de rádio vira de cabeça para baixo quando seus casamentos são ameaçados por segredos e reviravoltas.

    ANÁLISE

    Acredito que se você, assim como eu, gosta de assistir aos famosos doramas não deva considerar um problema a duração de cada episódio, pois é comum possuírem cerca de uma hora.

    Porém, no caso de Amor, Casamento e Divórcio torna-se cansativo assistir por tanto tempo. Isso deve a uma sequência de erros. A começar pelas atuações, que não conseguem conquistar empatia ou qualquer sentimento mais profundo que um drama requer.

    Mas, quando analisamos os diálogos da trama, podemos entender que seria quase impossível para os atores alcançarem um resultado positivo. Isso porque eles não possuem nexo, são vazios e sem qualquer importância para o contexto, tornando-se um dos principais erros.

    Assim como os diálogos, o roteiro é fraco. Além disso, há um exagero de cenas que poderiam ser facilmente cortadas. Exemplos disso são os momentos em que os personagens planejam alguma refeição ou estão comendo.

    Amor, Casamento e Divórcio, em inglês Love (ft. Marriage and Divorce), é um dorama original Netflix lançado em maio de 2021

    Nessas cenas as conversas são focadas nos personagens apenas comentando que a comida é boa ou explicando o quanto é saudável. Isso não tem qualquer importância para a história, pois o dorama aborda relacionamentos e não se trata de um programa de bem-estar.

    É perceptível que utilizaram essas cenas para “tapar buracos” de um roteiro fraco que faltou conteúdo durante sua elaboração.

    Infelizmente, o maior problema é sobre a raiz da narrativa e apresentação dos acontecimentos. Amor, Casamento e Divórcio é de um conservadorismo extremo que mostra que mulheres devem ser “perfeitas” para manterem seus casamentos.

    Aquelas que não alcançam a visão antiquada de “perfeição” serão totalmente ignoradas e trocadas pelas mulheres que são “perfeitas” em seu trabalho, casamento e casa.

    VEREDITO

    É triste saber que Amor, Casamento e Divórcio possui tantos erros, sendo totalmente dispensável e causando tantos impactos negativos.

    Porém, o que mais entristece é que em pleno 2021 ainda exista uma série que estipula padrões que mulheres devem seguir e as culpando caso não atendam as expectativas estabelecidas pelos outros.

    Nossa nota

    1,0 / 5,0

    Assista ao trailer de Amor, Casamento e Divórcio:

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    TBT #126 | Guerra Mundial Z (2013, Marc Forster)

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    Na vibe dos zumbis ágeis de Army of the Dead: Invasão em Las Vegas, nada melhor que relembrar – e reassistir – ao filme que provavelmente mais marcou ao apresentar zumbis nada lerdos, se amontoando como formigas e junto com a beleza de Brad Pitt; sim, quem não se lembra de Guerra Mundial Z?

    Para quem não sabe, o longa de Marc Forster é baseado no baseado no romance Guerra Mundial Z: Uma Histórial Oral da Guerra dos Zumbis, de Max Brooks. No Brasil o livro é publicado pela editora Rocco.

    SINOPSE

    Uma terrível e misteriosa doença se espalha pelo mundo, transformando as pessoas em uma espécie de zumbis. A velocidade do contágio é impressionante e o governo americano recruta Gerry Lane (Brad Pitt), um ex-investigador da ONU para descobrir o que pode estar acontecendo e assim salvar a humanidade. Agora, ele precisa percorrer o caminho inverso da contaminação para tentar entender as causas ou, ao menos, identificar uma maneira de conter o contágio até que se descubra uma cura antes do apocalipse.

    ANÁLISE

    Anunciado incialmente em 2007, a adaptação do romance de Brooks só teve suas filmagens iniciadas em 2011, porém poucos meses antes de ser lançado, Guerra Mundial Z teve que passar por refilmagens de uma “parte significativa” do filme, principalmente o último terço da história, que não agradou os produtores. Ainda assim, o título estrelado por Brad Pitt e que teve um orçamento de US$ 190 milhões, tornou-se um sucesso de bilheteria ao acumular US$ 540 milhões ao redor do mundo.

    Além de Pitt, o elenco conta também com Mireille Enos, que dá vida a Karin, esposa de Gerry e Daniella Kertesz, a soldado membro da FDI encarregada de escoltar o ex-investigador da ONU.

    VEREDITO

    Obviamente este não é um filme que figurou nos grandes festivais e premiações do cinema; mas para quem é fã do gênero, Guerra Mundial Z é obrigatório! Apesar do roteiro previsível, o filme conta com um bom CGI e boas cenas de ação.

    Assista ao trailer legendado:

    Nossa nota

    3,5 / 5,0

    Uma continuação do longa segue no limbo de Hollywood desde 2012, quando a Paramount Pictures anunciou que pretendia transformar o longa em uma trilogia.

    Se não temos uma continuação no cinema, para nossa sorte o sucesso rendeu alguns frutos fora da tela grande; e em 2013 o game de survival horror intitulado World War Z, desenvolvido pela Phosphor Games Studio, foi lançado para plataforma iOS. O jogo é um spin-off do filme, sendo ambientado em Denver, Kyoto, e Paris com um grupo novo de personagens.

    Em 2019, a Saber Interactive lançou o game também chamado World War Z para PlayStation 4, Xbox One e PC, incluindo missões ambientadas ao redor do mundo.

    O filme Guerra Mundial Z está disponível no serviço de streaming Paramount+.

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    CRÍTICA – Cidade de Mentiras (2021, Brad Furman)

    Cidade de Mentiras (City of Lies) estreou em todas as plataformas digitais, para compra e aluguel, no dia 26 de maio. Baseado na obra não-ficcional LAbyrinth, de Randall Sullivan, e estrelado por Johnny Depp e Forest Whitaker, o longa teve seu lançamento cancelado em 2018 e só chegou ao grande público agora, três anos depois.

    SINOPSE

    Russell Poole (Johnny Depp) é um detetive da polícia de Los Angeles incumbido de resolver um dos casos mais emblemáticos de violência dos Estados Unidos: a morte dos famosos rappers Notorious B.I.G. e Tupac Shakur.

    ANÁLISE

    Cidade de Mentiras se vende como um filme ficcional, mas baseado em fatos reais, que reconstrói a história do assassinato de Christopher Wallace (mais conhecido pelo nome artístico Notorious B.I.G.) e Tupac Shakur. Entretanto, o longa dirigido por Brad Furman e roteirizado por Christian Contreras falha em seu único objetivo, criando um emaranhado de ideias incompreensíveis para o grande público.

    Na história acompanhamos o jornalista Jack Jackson (Forest Whitaker), um profissional que, muitos anos antes, criou uma fake news de que Notorious B.I.G teria sido responsável pela morte de Tupac. Décadas depois, Jack é encarregado de produzir uma matéria retrospectiva sobre a morte de Biggie, o que acaba o levando a entrevistar Russell Poole (Depp), um detetive aposentado que passou sua vida toda tentando provar quem era o responsável pela morte do rapper mais famoso do mundo.

    A partir daqui, a montagem do filme mescla diversas cenas entre passado e presente, tentando criar uma narrativa entre os acontecimentos da vida de Russell e a tal matéria especial que Jack precisa montar. Durante os 112 minutos de filme, acompanhamos cortes abruptos entre cenas que, salvo as que se passam no passado, parecem ser todas filmadas no mesmo dia.

    A precariedade na construção de Cidade de Mentiras é espantosa para uma história tão cheia de nuances como essa. Afinal, estamos falando apenas do assassinato de uma lenda do rap e cujo caso continua em aberto até os dias atuais. É frustrante como um material tão importante, e que possui um conteúdo tão rico a ser explorado, pode ter sido tratado de forma tão estranha.

    A falta de foco na condução da narrativa é estarrecedora, pois na ânsia de criar uma história de ficção baseada em fatos reais, o longa se perde em seu próprio objetivo, não entregando nem ficção e nem algo documental.

    É impossível dizer que o longa foca em seus personagens principais, pois tirando o assassinato de Notorious B.I.G, nós não sabemos mais nada sobre os dois. Poole possui um filho e eles não se dão bem, mas em nenhum momento conseguimos entender por que essa relação é importante na história ou por que eles não se falam. Não existe nenhuma pretensão de aprofundar o personagem e nem de finalizar suas situações em aberto.

    O personagem Jack, então, nem se fala. Sabemos que ele é um jornalista e que ele criou uma teoria uma vez, em algum tempo. Além disso, mais nada. Em poucos diálogos com Poole, ele se torna esse grande justiceiro instantâneo tentando descobrir a verdade.

    É perceptível que alguma coisa aconteceu com a montagem de Cidade de Mentiras, pois diversas cenas parecem ter sido tiradas de partes anteriores da trama e acrescentadas mais para frente, próximo do fim do longa. É impossível ter uma noção de tempo durante a condução do filme, pois além dos personagens estarem quase sempre com as mesmas roupas, os cenários e situações parecem se repetir constantemente.

    No fim, a experiência passa a impressão de que uma grande parte do filme ficou na sala de edição, faltando cenas de transição entre as situações e tornando todo o desenrolar estranho e corrido.

    Cidade de Mentiras funcionaria muito melhor como um documentário, contando a história na perspectiva do autor do livro e trazendo todos os fatos do suposto envolvimento da polícia de Los Angeles no assassinato de Biggie. Um bom exemplo de adaptação do tipo é a série Os Filhos de Sam, que mostra a fixação de Maury Terry nos casos de assassinatos ocorridos em Nova Iorque nos anos de 1970.

    Além do confuso roteiro e da desastrosa edição, a direção de Furman não ajuda. A condução não parece segura, fazendo com que Whitaker esteja em um tom de atuação completamente diferente de Depp. Apesar do longa tentar o tempo todo nos vender uma química de “parceiros” entre os dois, é impossível comprar essa experiência, tornando todo o confronto deles no terceiro ato algo completamente banal.

    VEREDITO

    Cidade de Mentiras perde a chance de fazer justiça à história que se propõe a contar. Em um misto de ficção e realidade, o longa não acerta em nenhuma de suas escolhas, entregando um projeto simplista e aquém do esperado.

    Nossa nota

    1,0/5,0

    Assista ao trailer

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    CRÍTICA – O Método Kominsky (3ª temporada, 2021, Netflix)

    O Método Kominsky é uma série criada por Chuck Lorre, showrunner de Two and The Half Men e é estrelada por Michael Douglas. A terceira temporada é a última da série da Netflix e estará disponível no catálogo no dia 28 de maio.

    SINOPSE

    Com a morte de Norman (Alan Arkin), Sandy (Michael Douglas) deve lidar com o legado de seu amigo, o luto e o seu principal fardo: a velhice.

    Velhos conhecidos voltarão para a vida de Sandy, assim como novos rumos estão por vir em sua jornada, será o momento dele curar as mágoas e brilhar novamente?

    ANÁLISE

    O terceiro ano de O Método Kominsky veio cheio de incertezas, visto que Alan Arkin abandonou o projeto após o anúncio da última temporada. O golpe foi duro, uma vez que a dinâmica da série é de dupla, já que Norman e Sandy se completam.

    Nos dois primeiros episódios, os roteiristas ficam bastante perdidos, pois não conseguem estabelecer uma boa construção da história com a perda de Norman. Entretanto, após a entrada de forma regular de Roz, vivida brilhantemente por Kathleen Turner, O Método Kominsky deslancha de vez.

    kominsky

    Roz dá uma dinâmica muito próxima coma de Norman, todavia, com um toque ainda mais pessoal, pois ela é ex-esposa de Sandy. As alfinetadas fortes, mas com um fundo de admiração e amor por parte dos personagens traz uma química forte entre eles, mérito total de Michael Douglas e de Turner. O laço entre os dois é o grande ponto positivo da terceira temporada.

    Uma outra discussão que traz a cereja do bolo é a questão de como os atores mais experientes são tratados por Hollywood, em particular pela Academia de premiações, principalmente o Oscar.

    Por se tratar de um produto do streaming, O Método Kominsky consegue jogar uma pimenta no ponto da falta de oportunidades para atores da terceira idade que encontram sua redenção em conteúdos originais de uma Netflix da vida.

    Tal discussão é mais do que pertinente, pois, de fato, há uma má vontade com eles, mas agora há um lugar ao Sol para todos.

    De ponto negativo, apenas o arco dos herdeiros de Norman, sua filha Phoebe (Lisa Edelstein) e Robby (Haley Joel Osment) que ficam muito deslocados da trama, entregando as cenas mais galhofas, todavia, mais cansativas e repetitivas.

    VEREDITO

    O Método Kominsky encerra muito bem sua jornada com discussões pertinentes, sem perder sua essência, tampouco gerar um gosto amargo nos fãs que tiveram suas expectativas atendidas.

    Agora o que nos resta é celebrar os novos serviços de streaming e desejar que haja uma renovação no mundo da sétima arte que carece atualmente de uma oxigenação urgente, pois cada vez mais estamos mudando dia a dia.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Confira o trailer do terceiro e último ano de O Método Kominsky:

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    Dom: Conheça a nova série brasileira da Amazon Prime Video

    Dom, nova série da Amazon Prime Video, chega ao serviço de streaming no dia 4 de junho. Com Breno Silveira (Dois Filhos de Francisco, Gonzaga) como showrunner, a produção brasileira traz Gabriel Leone e Flávio Tolezani nos papéis principais.

    A série, que possui oito episódios com média de uma hora de duração, é baseada na história real de Pedro Dom, líder de uma gangue criminosa no início dos anos 2000. O alicerce da trama está na relação de Pedro e seu pai, Victor, um policial civil que lutou a vida toda contra o tráfico de drogas no país.

    Em uma coletiva de imprensa promovida pela Amazon Prime Video, o elenco, o showrunner e Malu Miranda (Head de Conteúdo Original para o Brasil do Amazon Studios), comentaram sobre a obra e sua importância para o mercado audiovisual brasileiro.

    Sinopse de Dom

    De acordo com a sinopse oficial divulgada pela Prime Video, a série conta a história de um belo rapaz da classe média carioca que foi apresentado à cocaína na adolescência, colocando-o no caminho para se tornar o líder de uma gangue criminosa.

    Alternando entre ação, aventura e drama, Dom também acompanha o pai de Pedro, Victor Dantas (Tolezani), que, na adolescência, faz uma descoberta no fundo do mar, denuncia às autoridades e acaba ingressando no serviço de inteligência da polícia.

    A série mostra a jornada de pai e filho vivendo vidas opostas, muitas vezes se espelhando e se complementando, enquanto ambos enfrentam situações que confundem os limites entre o certo e o errado.

    Elenco e equipe técnica do seriado

    Dom é estrelada por Gabriel Leone e Flávio Tolezani, mas também podemos destacar os seguintes atores que são muito importantes para a trama:

    Filipe Bragança – Victor Dantas (jovem)
    Raquel Villar – Jasmin
    Isabella Santoni – Viviane
    Ramon Francisco – Lico
    Digão Ribeiro – Armário
    Mariana Cerrone – Laura

    Dom é dirigida por Vicente Kubrusly e Breno Silveira, que também lidera a equipe de roteiristas formada por Fábio Mendes, Higia Ikeda, Carolina Neves e Marcelo Vindicatto.
    A série é produzida por Renata Brandão e Ramona Bakker, ambas da produtora Conspiração. A trilha sonora é de Antonio Pinto.

    Breno Silveira e a história de Dom

    Há 12 anos, Breno Silveira entrevistou Victor Lomba, pai de Pedro Dom. Foi a partir desse acontecimento que Silveira entendeu o quão valiosa e impactante era aquela história, podendo render, futuramente, uma produção audiovisual.

    Além dos inacreditáveis acontecimentos na vida de Dom, Victor também contou sua própria história para Silveira. Por ser policial, Victor acompanhou a chegada da cocaína em território brasileiro e viu de perto a transformação do Rio de Janeiro.

    Para Breno, o seriado apresenta duas figuras antagônicas: um chefe de uma gangue e um policial que luta contra o tráfico. Dois lados da mesma moeda em uma trama repleta de reviravoltas, mas alicerçada em um mesmo ponto: o laço de amor entre pai e filho.

    De acordo com o showrunner, ele trabalhou nesse roteiro por mais de 10 anos. Dentre as bases da pesquisa para a construção da série estão o livro escrito pelo próprio Victor Lomba; o livro de Tony Bellotto, lançado em 2020 pela Companhia das Letras; mais de 50 entrevistas; além dos depoimentos do próprio Victor.

    Para Silveira, a vida pode não fazer sentido, mas o roteiro precisa fazer. Portanto, a construção da narrativa é como uma grande teia que precisa ser organizada, ter momentos-chave e ganchos importantes que façam a história, como um todo, ter um fluxo inteligente e compreensível.

    Para exemplificar, o showrunner especificou que o seriado começa como um thriller, mas também possui momentos contemplativos e de drama. Para ele, toda a trama é desenvolvida em torno da ligação entre pai e filho e em como isso moldou o desenrolar da vida de ambos os protagonistas.

    Mesmo com sua ampla experiência em fazer filmes baseados em fatos reais, como Gonzaga: De pai para filho e Dois Filhos de Francisco, por exemplo, Silveira explicou que a dinâmica de criar uma série baseada em fatos reais é completamente diferente de um filme, principalmente nesse projeto que possui diversas passagens de tempo entre os anos 1970 e 2000.

    Para ambientar todas as situações da vida de Victor e Pedro, Dom teve 164 locações abertas, sem nenhuma tomada em estúdio. Com essa liberdade artística, as filmagens foram executadas em algumas cidades do Brasil como Bahia, Recife e João Pessoa (além do Rio de Janeiro) e, em inúmeros momentos, foi necessário recriar as características das décadas passadas com um belíssimo trabalho de design de produção.

    É esperado que a série seja um grande sucesso não só no Brasil como também no Exterior. De acordo com Malu Miranda, Dom foi traduzida em mais de 30 idiomas e estará disponível para mais de 240 países. Para a Amazon, o storytelling do Brasil é muito forte, e a série irá surpreender positivamente a audiência global.

    A criação dos personagens de Dom

    A série é baseada em fatos reais, mas os atores tiveram espaço para construir seus próprios personagens. Durante a coletiva, Gabriel Leone, Flávio Tolezani, Isabela Santoni e Raquel Villar comentaram sobre o processo de criação desses personagens, ressaltando que a condução de Breno Silveira foi primordial para o resultado da produção.

    Boa parte do subsídio para atuação veio do roteiro e da experiência de Silveira com a história – afinal, ele esteve bem próximo do próprio Victor durante muitos anos. Entretanto, cada um encontrou liberdade para colocar suas próprias ideias e personalidade, criando uma identidade própria para esses personagens.

    Para Leone e Tolezani, seus personagens possuem momentos solares e também de sombra. São complexos em suas próprias características, e esses dois lados são sentidos ao longo de toda a história. Ambos são extremos, viciados em adrenalina e não possuem medo, o que cria diversos confrontos entre os dois ao longo dos oito episódios.

    O que mais impressionou o elenco foi a série ser gravada em ordem cronológica, podendo acompanhar todas as gravações dos anos de 1970 e ver a ambientação produzida pela equipe de Silveira. Para Leone, o processo de imersão durante os meses de filmagem foi tão intenso que ele já não se reconhecia sem as lentes de contato azuis.

    Dom estreia no próximo dia 4 de junho no streaming da Amazon Prime Video! Assista ao trailer:

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    OPINIÃO – O Método Kominsky e a importância da experiência em Hollywood

    O Método Kominsky é uma série que me chamou a atenção logo em seus primeiros minutos. O fato do monólogo de Michael Douglas emocionado ser quebrado com uma piada excelente sobre a carreira de ator dá a tônica de tudo que é apresentado nas três temporadas da série. 

    O humor sarcástico, que tira sarro de si mesmo em diversos momentos é uma marca de Chuck Lorre que gosta de trabalhar com atores que já viveram seu auge. Aliás, O Método Kominsky é sobre isso: depreciação. 

    O seriado traz boas reflexões sobre diversos assuntos. Dois deles tem sido discutidos há tempos em Hollywood: a falta de oportunidades para atores da terceira idade e como o streaming pode ser uma última chance deles para retomarem suas carreiras.

    UM DISCURSO PODEROSO EM O MÉTODO KOMINSKY

    Essa questão de como o streaming e tv veio como uma via cada vez mais atrativa para o setor do entretenimento faz com que a Academia tenha que se reinventar. Atores como Douglas, Catherine O’Hara, Gillian Anderson, que nem se encontra no time de atores mais velhos como os dois primeiros, ficam a mercê de papéis pequenos e de pouco destaque no cinema, pois há um preconceito para com os mais velhos.

    A discussão trazida ao longo da série corrobora com isso e, com certeza, ela é extremamente pertinente: até que ponto uma carreira é descartável?

    Vemos muitos atores considerados “acabados” dando a volta por cima e sendo reverenciados atualmente. O maior exemplo seja Robert Downey Jr., considerado um dos maiores da geração.

    A vida de Downey Jr. é repleta de polêmicas, pois ele foi por muito tempo viciado em drogas e sua vida chegou ao fundo do poço. Entretanto, ao receber sua última oportunidade de brilhar, teve êxito completo.

    Para as atrizes o caminho é ainda mais tortuoso, visto que a partir dos seus 35, 40 anos, seus papéis se limitam aos de “soccer moms”, ou na tradução literal, mães do futebol, mulheres adultas que tem pouca relevância nos filmes mais badalados e que estão ali apenas como um estereótipo qualquer.

    O PRESENTE E FUTURO SÃO PROMISSORES

    Netflix

    Douglas e tantos outros nos representam também, pois querem seu lugar ao sol e ter sua chance de ter seu lugar ao sol. É o que queremos para nós e para eles também, mesmo que muitas vezes tenha gente torcendo contra.

    O Método Kominsky brinca em dado momento até com a questão das premiações, pois a Academia torce o nariz para filmes de tv. Entretanto, certos reconhecimentos ainda podem ser feitos por meio de premiações mais liberais, algo que é muito positivo. Tomara que um dia isso chegue no tão antiquado Oscar que, por mais que seja uma cerimônia com muito glamour, carece de novos ares e ideias.

    O Método Kominsky é uma série criada por Chuck Lorre, showrunner de Two and The Half Men e é estrelada por Michael Douglas. A terceira temporada é a última da série da Netflix e estará disponível no catálogo no dia 28 de maio.

    SINOPSE

    Com a morte de Norman (Alan Arkin), Sandy (Michael Douglas) deve lidar com o legado de seu amigo, o luto e o seu principal fardo: a velhice.

    Velhos conhecidos voltarão para a vida de Sandy, assim como novos rumos estão por vir em sua jornada, será o momento dele curar as mágoas e brilhar novamente?

    ANÁLISE

    O terceiro ano de O Método Kominsky veio cheio de incertezas, visto que Alan Arkin abandonou o projeto após o anúncio da última temporada. O golpe foi duro, uma vez que a dinâmica da série é de dupla, já que Norman e Sandy se completam.

    Nos dois primeiros episódios, os roteiristas ficam bastante perdidos, pois não conseguem estabelecer uma boa construção da história com a perda de Norman. Entretanto, após a entrada de forma regular de Roz, vivida brilhantemente por Kathleen Turner, O Método Kominsky deslancha de vez.

    kominsky

    Roz dá uma dinâmica muito próxima coma de Norman, todavia, com um toque ainda mais pessoal, pois ela é ex-esposa de Sandy. As alfinetadas fortes, mas com um fundo de admiração e amor por parte dos personagens traz uma química forte entre eles, mérito total de Michael Douglas e de Turner. O laço entre os dois é o grande ponto positivo da terceira temporada.

    Uma outra discussão que traz a cereja do bolo é a questão de como os atores mais experientes são tratados por Hollywood, em particular pela Academia de premiações, principalmente o Oscar.

    Por se tratar de um produto do streaming, O Método Kominsky consegue jogar uma pimenta no ponto da falta de oportunidades para atores da terceira idade que encontram sua redenção em conteúdos originais de uma Netflix da vida.

    Tal discussão é mais do que pertinente, pois, de fato, há uma má vontade com eles, mas agora há um lugar ao Sol para todos.

    De ponto negativo, apenas o arco dos herdeiros de Norman, sua filha Phoebe (Lisa Edelstein) e Robby (Haley Joel Osment) que ficam muito deslocados da trama, entregando as cenas mais galhofas, todavia, mais cansativas e repetitivas.

    VEREDITO

    O Método Kominsky encerra muito bem sua jornada com discussões pertinentes, sem perder sua essência, tampouco gerar um gosto amargo nos fãs que tiveram suas expectativas atendidas.

    Agora o que nos resta é celebrar os novos serviços de streaming e desejar que haja uma renovação no mundo da sétima arte que carece atualmente de uma oxigenação urgente, pois cada vez mais estamos mudando dia a dia.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Confira o trailer do terceiro e último ano de O Método Kominsky:

    Curte nosso trabalho? Que tal nos ajudar a mantê-lo?

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    Contudo, as iniciativas de tantas empresas e um certo refresco que provém de um forte barulho do público tem mudado os rumos desse barco. Espero que num futuro breve, as coisas mudem para melhor, pois a perspectiva é boa. Resta torcer por uma oxigenação  o mais breve possível.

    Por fim, só tenho uma coisa a dizer: viva o streaming, viva aos novos tempos!

    Confira o trailer do terceiro e último ano de O Método Kominsky:

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