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    CRÍTICA – Argentina, 1985 (2022, Santiago Mitre)

    Argentina, 1985 fez sua estreia no Festival Internacional de Cinema de Veneza em setembro, e será lançado no Prime Video em 21 de outubro. O longa é a aposta da Argentina para o Oscar 2023.

    Estrelada por Ricardo Darín e Peter Lanzani, a produção remonta ao período em que o Poder Judiciário argentino executou o Julgamento das Juntas, processo contra os militares responsáveis pelos crimes da ditadura, tornando-se o único país a punir oficiais criminosos em processo civil.

    Confira abaixo a nossa crítica do filme.

    SINOPSE DE ARGENTINA,1985

    Argentina, 1985 é inspirado na história real dos promotores Julio Strassera e Luis Moreno Ocampo, que ousaram investigar e processar a ditadura militar mais sangrenta da Argentina.

    Sem se deixar intimidar pela influência ainda considerável dos militares em sua frágil nova democracia, Strassera e Moreno Ocampo reuniram uma jovem equipe jurídica de heróis improváveis para esta batalha de Davi contra Golias. Sob constante ameaça a si mesmos e a suas famílias, eles correram contra o tempo para trazer justiça às vítimas da ditadura militar.

    ANÁLISE

    Inspirado nos acontecimentos reais da história do país, Argentina, 1985 busca retratar com fidelidade a luta do povo contra a ditadura militar. Situado no período pós-ditadura, durante o governo do presidente Raúl Alfonsín, a trama acompanha os procuradores Julio Strassera (Ricardo Darín) e Luis Moreno Ocampo (Peter Lanzani) em seu trabalho para provar os crimes cometidos pelos comandantes militares em um processo civil, instaurado fora do tribunal militar.

    O roteiro de Mariano Llinás e Santiago Mitre consegue construir a atmosfera necessária para entendermos o quão frágil estava a jovem democracia da Argentina na época, explicitando a urgência de uma ação do judiciário para que os culpados por tamanho genocídio fossem condenados à prisão.

    As ameaças feitas a Julio Strassera e sua família, a constante paranoia por serem monitorados e perseguidos, além do sentimento de que não se é possível confiar em ninguém. Todos esses conflitos são trabalhados em tela enquanto acompanhamos a corrida contra o tempo de Julio e Luis, que precisam montar uma equipe que os ajude no tribunal, mas que encontram resistência entre os mais velhos que comungam com os ideais fascistas.

    Como é característico do cinema argentino, mesmo se tratando de um tema tão triste e pesado, há espaço para pequenos alívios cômicos, momentos que são aproveitados por Ricardo Darín com maestria. O veterano e multipremiado ator consegue conduzir seus colegas de elenco, auxiliando na fluidez das cenas e do roteiro.

    CRÍTICA - Argentina, 1985 (2022, Santiago Mitre)

    Apesar de na metade da produção o roteiro desacelerar e não se aprofundar em alguns conflitos do personagem de Peter Lanzani, a maior parte da trama caminha em um bom ritmo, mantendo a audiência curiosa com o momento do grande julgamento final. O agravamento dos acontecimentos no tribunal, os atentados contra testemunhas e os depoimentos das vítimas tornam a trama intrigante, intensa e melancólica, criando um clímax emocionante em sua conclusão.

    A direção de Santiago Mitre é segura, principalmente nos momentos que se passam entre Julio e Luis. A química de Darín e Lanzani é ótima, rendendo boas cenas em tela. A montagem, em alguns momentos, acaba sendo um pouco abrupta, provavelmente pela quantidade de informações que precisavam contar na construção da história. Entretanto, nada que estrague a ótima experiência que é esse filme.

    Outro ponto é o design de produção. A produção acaba optando por filmagens em menor escala, com menor necessidade de customização de cenários e espaços abertos, muito provavelmente pela dificuldade de bancar uma recriação da Argentina da época. Desta forma, a equipe de figurino, cabelo e maquiagem acaba brilhando, pois é por meio desses detalhes que somos inseridos ao período da época.

    O exaltar da geração mais jovem, que muito colaborou para o sucesso do processo contra os militares, além das cenas que englobam a criação dos discursos em conjunto com pessoas comuns, são momentos ótimos do roteiro e que tornam toda a estratégia criada por Julio Strassera ainda mais impressionante.

    Além de ser muito bem executado, Argentina, 1985 possui um papel educador e de memória, pois não podemos esquecer um passado tão próximo, ocorrido em toda a América Latina, e que nos assombra desde então. Motivo de orgulho para o povo argentino, o julgamento civil desses criminosos serve de aviso para o futuro e é extremamente necessário no atual momento político e social que estamos vivendo.

    VEREDITO

    Argentina, 1985 é mais uma ótima produção argentina e que merece reconhecimento nas premiações. Com a excelente atuação de Ricardo Darín e um roteiro redondo, o filme se destaca entre as produções com chances de entrar no Oscar 2023.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Assista ao trailer:

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    CRÍTICA – The Sound of 007 (2022, Mat Whitecross)

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    The Sound of 007 (A Música de 007, em português) é o novo documentário original do Prime Video lançado em 5 de outubro de 2022. A produção tem 1h28min de duração e é dirigida por Mat Whitecross, diretor especializado em documentários musicais.

    Confira nossa análise após a sinopse.

    SINOPSE DE THE SOUND OF 007

    A Música de 007, de Mat Whitecross, narra a história da música na franquia de James Bond, desde 007 Contra o Satânico Dr. No (1962) com seu tema icônico, até a canção vencedora do Oscar de Billie Eilish para 007: Sem Tempo Para Morrer (2021).

    ANÁLISE

    É inegável que a música tema de 007 é a mais conhecida do cinema. A icônica composição foi criada pelo compositor Monty Norman em 1962 para o filme de estreia, 007 Contra o Satânico Dr. No. Desde então, a música tema ficou eternizada na história do cinema, um importante legado deixado por Norman, que faleceu em 11 de julho deste ano.

    No dia 4 de outubro de 2022 a franquia completou 60 anos e, ao longo desses anos, os mais variados artistas foram convidados a compor músicas para as cenas de abertura dos 25 filmes até aqui. Assim como cada filme da franquia se encaixa com a década que o mundo estava passando, as músicas também sempre foram cruciais para o enredo da trama.

    Com isso, o documentário aborda a importância de cada música e a maneira inusitada que alguns artistas foram convidados para trabalhar com a franquia. Um fato bastante interessante foi que a banda Radiohead tinha uma música pronta para o filme 007 Contra Spectre (2015), mas que infelizmente foi negada porque a banda havia tocado ela em um festival. Por isso a trilha foi rejeitada, pois a música tinha que ser uma composição original para poder concorrer ao Oscar.

    Dessa forma a banda trabalhou em uma nova composição, mas já era tarde, pois o músico Sam Smith já havia sido escolhido e estava com a canção Writing’s on the Wall pronta.

    Em relação à parte técnica, o documentário tem uma excelente edição e faz uma linha cronológica de cada música. Além de trazer diversos recortes com atores, atrizes e diretores que trabalharam na franquia dando sua opinião sobre a importância da música para o mundo extravagante de 007.

    Também acompanhamos o processo de criação de Billie Eilish e a mixagem que Hans Zimmer realizou para 007: Sem Tempo Para Morrer.

    O único ponto que o documentário deixou a desejar foi não ter dado tanto foco à espetacular música Skyfall composta pela maravilhosa Adele para o filme 007 – Operação Skyfall (2012). Fora isso, o documentário trabalha de maneira crucial cada composição que passou ao longo desses 60 anos de franquia.

    VEREDITO

    Em suma, The Sound of 007 é um excelente documentário para ser apreciado pelos fãs da franquia que querem conhecer mais sobre o processo criativo de composição de um dos temas mais memoráveis da história do cinema.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Assista ao trailer de The Sound of 007:

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    CRÍTICA – Uma Advogada Extraordinária (1ª temporada, 2022, Netflix)

    Vocês sabiam que as baleias são divididas em dois grupos misticetos (cetáceos com barbatanas) e odontocetos (cetáceos com dentes), que podem ser tão grandes quanto dinossauros e seus corações batem tão alto que pode ser escutado a três quilômetros de distância. Estas curiosidades e tantas outras conhecemos ao ver o mundo pela perspectiva da encantadora Woo Young Woo, a protagonista de Uma Advogada Extraordinária.

    A primeira temporada da série conta com 16 episódios, sendo produzida pela SkyTV e sendo distribuída mundialmente pela Netflix. A série foi exibida simultaneamente tanto na TV quanto no streaming, sendo disponibilizado um capitulo por semana.

    O elenco é formado por Park Eun-bin (O Rei de Porcelana) como a protagonista, Kang Tae-oh (My First First Love), Kang Ki-young (Weightlifting Fairy Kim Bok Joo), Baek Ji-Won (Loucos Um Pelo Outro) e Jin Kyeong (Homemade Love Story).

    SINOPSE

    Woo Young Woo é uma advogada de 27 anos no espectro autista. Criada pela seu pai solteiro, ela tinha apenas uma amiga na escola que a protegia dos colegas que praticavam bullying. Na vida adulta, Young Woo se tornou uma profissional excelente. Tendo um QI altíssimo, de 164, ela se formou como a melhor estudante da turma na prestigiada Universidade Nacional de Seoul.

    Devido à sua inteligência e memória fotográfica, ela conseguiu um trabalho em um grande escritório de advocacia se envolvendo com casos criminais incomuns e complexos. Por outro lado, emocionalmente, Young Woo não se dá muito bem com interações sociais. Como resultado, muitos a enxergam como uma esquisita ou solitária.

    ANÁLISE

    Abordar temas importantes e questões sociais delicadas vem sendo o rumo que os doramas coreanos tomaram para se manterem em relevância e expandir a visibilidade do seu conteúdo. Uma Advogada Extraordinária é uma história emocionante capaz de trazer reflexões para um tema social que abrange o mundo como um todo, a inclusão das pessoas com deficiência e os obstáculos em torno da melhora de sua qualidade de vida.

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    O roteiro trata com responsabilidade o tema sem relativizar a questão, pelo contrário, é consciente em relação ao que deseja abordar a respeito do tema e utiliza a perspectiva da protagonista para realizar esta tarefa. Woo Young Woo é uma personagem encantadora e a série aborda sua jornada em ser uma boa advogada, encarando as barreiras em torno do preconceito e a sua própria limitação além da sua condição de vida como um todo.

    As características do autismo como a dificuldade de compreender contextos sociais, as rotinas estabelecidas, as restrições de interesses, comportamentos repetitivos são bem exemplificados no dorama. Woo não é vista apenas como uma personagem com a tarefa de enviar uma mensagem enfática contra o preconceito, os diferentes aspectos de sua personalidades são bem aproveitados proporcionando momentos engraçados, românticos e encantadores.

    A interpretação de Park Eun-bin é perfeita para o que a narrativa exige, dando carisma para a personagem, incentivando o espectador a abraçar a sua jornada e torcer pelo seu sucesso. Além da jornada individual da protagonista e a sua condição em um mundo tão competitivo como do exercício do Direito, a trama também aborda outras questões como a ausência da figura materna de Woo e o mistério do seu afastamento.

    A série ao longo de seus episódios aborda diversos casos em diferentes áreas do Direito, tornando a série interessante para fãs do gênero de histórias que envolvam tribunais. E como em todo dorama a dramaticidade, tanto para os momentos tristes quanto aos românticos, não é deixado de lado sendo capaz de emocionar até os mais duros corações.

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    A série encerra com algumas questões em aberto que serão respondidas em uma segunda temporada, mas o tema central da narrativa é concluído com um desfecho muito emocionante além do amadurecimento de Woo Young Woo como advogada e uma jovem descobrindo como expressar o que sente pelas pessoas que ama.

    VEREDITO

    Uma Advogada Extraordinária é uma série coreana capaz de trabalhar com temas sérios com a sensibilidade necessária para trazer reflexões para o dia a dia, com carga emocional característica de um bom romance e a jornada encantadora de uma protagonista resiliente e muito carismática.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Assista ao trailer legendado:

    Uma Advogada Extraordinária está disponível na Netflix.

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    Neorrealismo Italiano: O movimento que transformou a sétima arte

    O neorrealismo italiano foi representado por um grupo de jovens cineastas que ofereceram ao mundo um tipo muito diferente de cinema, que até então ninguém tinha visto. Foram muitas as inovações, entre elas, o uso de locações reais, a luz natural, atores não profissionais, mudanças consideráveis na estrutura dramática, com histórias cheias de digressões e conclusões ambíguas, que depois se tornaram elementos intrínsecos do cinema moderno, de tal forma que até hoje é difícil imaginarmos como estes filmes foram tão revolucionários na época. 

    Um dos principais elementos desse cinema era o compromisso com a realidade. Por isso que o neorrealismo italiano, o cinema mais político que o mundo já produziu, talvez seja o mais apropriado para o mundo pós-pandêmico, capaz de despertar a compaixão e a consciência de que o mundo, tal como está, não é capaz de proteger os interesses do homem enquanto sociedade. 

    O MOVIMENTO

    O movimento teve expoentes na literatura reunindo, entre outros, Ítalo Calvino, Alberto Moravia e Cesare Pavese, eram adeptos do “verismo” (de vero, verdadeiro), movimento do século XIX, que também fazia a crítica social do seu tempo.

    O neorrealismo sucede, na Itália, um período marcado por produções de temática bíblica, filmes de exaltação da ideologia fascista ou melodramas em que se sobressaíam as divas. Estes eram chamados de “cinema de telefone branco”, porque feitos em estúdios que representavam residências chiques, com personagens fora da realidade italiana. Havia uma evidente tentativa de se copiar Hollywood. Os documentaristas quem tinham alguma liberdade de experimentação temática e artística, principalmente em curtas-metragens, o que chamava pouca atenção.

    Em meio a estas produções, esbarrava-se no autoritarismo católico, que controlava os circuitos de exibição e coordenava também as censuras, tudo de acordo com os “princípios morais e educativos da Igreja”. Foi então que os cineclubes começaram a destacar-se nesse cenário.

    CARACTERÍSTICAS DO NEORREALISMO ITALIANO

    A linguagem do cinema neorrealista se caracterizou pelos enquadramentos em planos de conjunto e planos médios, sem muitos closes (a câmera não conduz o espectador, só registra as cenas); recusa de efeitos visuais (sem reflexos, deformações, imagens inclinadas); filmagem em cenários reais (câmeras nas ruas); muitas improvisações em relação ao roteiro; utilização de não-atores; simplicidade dos diálogos e valorização dos dialetos; além de orçamentos de baixo custo. 

    VIDA COTIDIANA NO CONTEXTO DE POBREZA E CRISE

    Muitos italianos se sentiram desesperados, tanto em suas circunstâncias atuais quanto na falta de oportunidade para qualquer tipo de melhoria em suas vidas. Os filmes neorrealistas capturaram esse desespero, em particular o sentimento de que o futuro parecia mais sombrio do que esperançoso para muitos. Por conta disso, outra característica comum desses filmes é o final infeliz. Não haveria uma solução fácil ou uma jornada segura em direção à estabilidade e prosperidade para os italianos e os filmes refletiam isso em narrativas impressionantes.

    DEVASTAÇÃO PÓS-GUERRA

    O neorrealismo era uma mistura de técnicas tradicionais e novas, amplamente moldadas pela guerra e suas consequências. Um número relativamente pequeno de cineastas abraçou o gênero e a maioria deles trabalhou nos filmes um do outro. Os mestres do neorrealismo italiano foram Michelangelo Antonioni, Gianni Puccini, Giuseppe de Santis, Vittorio de Sica, Federico Fellini, Roberto Rossellini, Luchino Visconti e Cesare Zavattini.

    VALORIZAÇÃO DAS EMOÇÕES DOS PERSONAGENS

    Uma característica importante dos filmes neorrealistas foi a beleza e o contraste das próprias imagens. Filmado em preto e branco, esses filmes têm uma qualidade assombrosa, com sombras profundas e bordas nítidas que ecoam, não apenas a dureza da vida durante os anos do pós-guerra, mas também as emoções dos próprios personagens.

    Todas as características do gênero estão expostas em uma história bem tecida que deixa os espectadores à beira de seus assentos, espremidos emocionalmente e com uma apreciação imensa, não apenas para o cineasta, mas para os não-atores que tão brilhantemente deram vida aos seus personagens e suas dificuldades.

    5 FILMES QUE DEFINEM O NEORREALISMO ITALIANO

    Obsessão (1943)

    Itália, início dos anos 40. No miserável Vale do Pó, Giovanna (Clara Calamai), a frustrada dona de uma pensão, planeja com o amante Gino (Massino Girotti) o assassinato do marido.

    Considerado por alguns teóricos como o marco inicial do movimento, Obsessão (1943) possui características essenciais do neorrealismo. Além de retratar a vida de um casal marginalizado, o diretor explora as locações e paisagens como elementos expressivos vitais para o drama.

    Vítimas da Tormenta (1946)

    Um retrato das crianças de rua na Itália pós-guerra. Giuseppe (Rinaldo Smordoni) e Pasquale (Franco Interlenghi) são duas das crianças, dois grandes amigos que vivem de lustrar os sapatos de soldados americanos. Eles dividem suas esperanças e seus sonhos inocentes de um futuro melhor, mas acabam presos numa terrível instituição para menores. O diretor Vittorio De Sica explora muito bem a interação entre os personagens e o espaço impessoal e decadente em que eles são aprisionados.

    Dois Vinténs de Esperança (1952)

    Boscotrecase, província de Nápoles: Antonio (Vincenzo Musolino) acabou de voltar do serviço militar e está encarando a dura realidade do pós-guerra, aprendendo a arte de sobreviver. Ele tem a mãe e várias irmãs para sustentar sozinho, e por isso ele aceita todo emprego que aparece.

    O filme de Renato Castellani se adequa a uma possível vertente mais leve e até comercial do movimento que alguns teóricos chamam de “neorrealismo rosa”. Apesar da premissa dramática sobre um jovem que volta da guerra e tenta sustentar sua família, a abordagem do filme é menos pessimista e, em certos momentos, flerta até mesmo com a comédia. 

    A Terra Treme (1948)

    Um grupo de pescadores são explorados pelos comerciantes locais. Uma das famílias tenta escapar da situação fundando seu próprio comércio, mas não consegue ajuda. Em uma busca mais humana em seus filmes, o cineasta Visconti lança mão de uma abordagem crua que beira o documental.

    Ladrões de Bicicleta (1948)

    A história se passa logo após a Segunda Guerra Mundial, com a Itália destruída e o povo passando necessidade. Antonio Ricci (Lamberto Maggiorani) consegue um emprego após muita espera. Só que esse emprego, de colador cartazes na rua, lhe pedia como obrigação uma bicicleta. Ricci e sua mulher Maria (Lianella Carell) conseguem um dinheiro para uma, possibilitando que ele realize o seu trabalho. Há também o menino Bruno (Enzo Staiola), filho do casal. Fascinado por bicicletas, o menino cai de cabeça com o pai na busca pela bicicleta que lhes foi roubada, quando Ricci trabalhava apenas em seu primeiro dia.

    Possivelmente o filme mais famoso do movimento, apesar do enredo simples, o diretor explora muito bem o individualismo e a desolação no contexto do pós-guerra na Itália.


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    HQs pouco conhecidas que você precisa ler!

    Já se foi o tempo em que as revistas em quadrinhos eram voltadas para um público bem restrito e traziam apenas os mesmos super-heróis enfrentando vilões em batalhas colossais. Com a popularização do gênero, começaram a surgir cada vez mais HQs, muitos dos quais são pouco conhecidos pelo público em geral.

    A lista a seguir reúne o “crème de la crème” de HQs pouco conhecidas, mas com personagens e enredos que deveriam estar na lista de todo bom amante das artes gráficas. Confira!

    Alice Ever After (BOOM! Studios)

    Sinopse: Quando criança, Alice visitou o País das Maravilhas pela primeira vez. Agora adulta, essa é sua única fuga de uma realidade fria e estranha na qual encontra-se vivendo. Mas para retornar ao seu mundo de fantasia, ela precisará de algo mais forte do que cogumelos que mudam seu tamanho, e é forçada a recorrer ao crime para alimentar seu vício crescente. Alice vai escolher escapar de sua família indiferente e seus traumas de infância no País das Maravilhas, ou encontrar coragem para enfrentar seus demônios no mundo real?

    Batman White Knight Presents: Red Hood (DC Comics)

    Sinopse: Com as coisas esquentando em Neo-Gotham, Jason Todd revisita seu passado pós-Robin para encontrar o único aliado que ele acredita que o ajudará a virar a maré na batalha contra Derek Powers. “Bruce Wayne é o Batman“. Quatro palavras que salvaram a vida de Jason e destruíram seu futuro para sempre. Banido por seu mentor e danificado pelo Coringa, o ex-Robin é deixado para se tornar algo diferente, mais forte. Surge uma força implacável pela justiça… O Capuz Vermelho! Dessa forma, sem ninguém para responder, ele anda na linha perigosa entre herói e vilão. Isso até que ele conhece Gan, uma garota local de East Backport que precisa de sua ajuda para salvar seu bairro de um super-criminoso que aterroriza seus cidadãos. Mas ela está disposta a lutar a seu lado, custe o que custar!

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    Briar (BOOM! Studios)

    Sinopse: E se a Bela Adormecida nunca tivesse um “felizes para sempre” e, em vez disso, tivesse que salvar a si mesma? Ambientado em um mundo de fantasia brutal esquecido pelo tempo, este definitivamente não é o conto de fadas que você conhece! O escritor, produtor e diretor Christopher Cantwell (Homem de Ferro, Os Estados Unidos do Capitão América) e o artista Germán García reinventam o conto clássico como uma aventura épica de fantasia sombria.

    Brzrkr (BOOM! Studios)

    Sinopse: Meio homem e meio Deus, amaldiçoado e compelido à violência. Este é o homem conhecido simplesmente como Berzerker. Mas depois de vagar pelo mundo por milênios, Berzerker pode finalmente ter encontrado um refúgio, trabalhando para o governo dos EUA ao travar batalhas violentas e perigosas demais para qualquer outra pessoa. Em troca, ele receberá a única coisa que deseja: a verdade sobre sua existência infinita encharcada de sangue e como acabar com ela! Roteirizada por Keanu Reeves e Matt Kindt, a HQ Brzrkr promete trazer um novo conceito de violência para os leitores.

    Gospel (Image Comics)

    Sinopse: Quando a oportunidade recusa-se a aparecer para Matilde, o mal, na forma de um demônio, atravessa o caminho desta inquieta heroína. Sendo assim, impulsionados pela chegada infernal, Matilde e o contador de histórias Pitt partem em busca de respostas. Uma jornada ameaça separá-los e desencadear a pergunta mais difícil de todas: “Quem sou eu?“. Inspirado no trabalho de Hayao Miyazaki e ambientado durante o caótico reinado de Henrique VIII, a HQ Gospel é uma emocionante e imperdível aventura de fantasia que questiona a verdade por trás das histórias que contamos.

    Planet Hulk: Worldbreaker (Marvel Comics)

    Sinopse: Ambientado mil anos no futuro, no planeta Sakaar, uma jovem de pele verde procura o lendário Cicatriz Verde para ajudar a salvar seu irmão de um grupo de cultistas apocalípticos. Mas qual Hulk ela encontrará? E depois de todos esses anos, ele é realmente o Sakaarson, que nos salvará a todos – ou o Destruidor de Mundos, que nos destruirá? Planet Hulk: Worldbreaker é uma expansão chocante e culminação dos mitos de Sakaar e o coração dos Hulks. A HQ é um trabalho do roteirista da HQ Planeta Hulk, Greg Pak, e do visionário artista Manuel Garcia.

    Plush (Image Comics)

    Sinopse: Assassinos em série canibais na forma de bichinhos de pelúcia! Em Plush, vemos Devin Fulcher ser “coagido” a participar de sua primeira convenção pelúcias. Mas quando ele acidentalmente encontra um grupo de adoráveis bichinhos devorando um humano, a insanidade começa. Será que eles só querem incluir Devin no cardápio ou algo muito mais perverso do que se imagina estaria acontecendo?

    Saga (Devir)

    Sinopse: Uma história em quadrinhos no melhor estilo space opera e com um toque de fantasia criada e escrita por Brian K. Vaughan e ilustrada por Fiona Staples. Publicada originalmente como uma revista mensal pela Image Comics, a série é fortemente influenciada por Star Wars, Flash Gordon e em ideias concebidas pelo próprio Vaughan quando ainda era criança (o autor revelou que a base da história foi criada durante as aulas de Matemática, que ele odiava!).

    Frequentemente descrita pela crítica especializada como um “encontro entre Star Wars e Game of Thrones”, Saga nos conta a história de Alana e Marko, dois soldados em lados opostos numa longa e devastadora guerra intergaláctica que se apaixonam e lutam para garantir que Hazel, sua filha recém-nascida, continue viva. Mas é claro que isso não será nada fácil… Curiosamente, a história é narrada pelo bebê.

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    Sandman (Vertigo)

    Sinopse: Na história, um ocultista que busca aprisionar a Morte para barganhar a vida eterna acaba capturando seu irmão mais novo, Sonho, em seu lugar. Após um cárcere de 70 anos, Sonho, também conhecido como Morpheus, parte numa jornada para recuperar seus objetos de poder. Em sua jornada, ele encontrará, Lúcifer, John Constantine e um homem insano e poderoso. Esta HQ também inclui a história “O Som de Suas Asas”, que apresenta a personagem Morte.

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    Tartarugas Ninjas: Coleção Clássica (Pipoca e Nanquim)

    Sinopse: Chegou a hora dos leitores brasileiros poderem ler as histórias clássicas das Tartarugas Ninja, que deram origem a uma das maiores franquias da cultura pop, com filmes, desenhos animados, games, brinquedos e uma variedade incontável de outros produtos. Foi AQUI que tudo isso começou!

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    BGS 2022: Tudo o que rolou no maior evento gamer do Brasil

    A Brasil Game Show, conhecida tradicionalmente como BGS, foi um evento que ocorreu entre os dias 06 e 12 de outubro de 2022 no Expo Center Norte na cidade de São Paulo. O evento de games foi a primeira edição a acontecer presencialmente desde de 2019 antes do isolamento social em decorrência da pandemia.

    As edições de 2020 e 2021 foram suspensas sendo a atual, a 13ª edição.

    A única ausência no maior evento de games do país foi o Xbox, porém PlayStation e Nintendo tomaram conta do evento com dois ótimos estandes trazendo jogos já lançados e alguns títulos que ainda não chegaram aos gamers.

    Os sonystas aproveitaram ao máximo com exibições do PlayStation 5, o mais recente console da Sony, com jogos como FIFA 23, Far Cry 6, Stray, Ratchet & Clank, Gran Turismo e todos os jogos da franquia Assassin’s Creed.

    Do lado nintendista o estande proporcionou jogos divertidos como Splatoon 3 e Cobra Kai que já estão disponíveis; e a grande novidade foi a disponibilidade de Mario + Rabbids Sparks of Hope além de uma competição de Just Dance.

    Vale ressaltar que houve na BGS, uma celebração dos 15 anos da franquia da Ubisoft, com painéis para fotos e um quiz sobre a Assassin’s Creed para os participantes que se aventuraram no palco.

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    Além da Ubisoft e Nintendo, a Capcom trouxe para terras nacionais o seu mais próximo lançamento de uma das franquias de mais sucesso da empresa, o Street Fighter 6, sendo disponibilizado para ser jogado em um estande temático com direito a participação de cosplayers de personagens queridos do título.

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    Outro jogo que ganhou um destaque especial foi Genshin Impact com um estande especial disponibilizando o acesso ao jogo além da participação de cosplayers do jogo em um palco especial.

    NEM SÓ DE CONSOLES E PUBLISHERS GIGANTES VIVE A BGS

    A celebração não ficou apenas para os consoles, mas os amantes dos jogos de PC com a presença de marcas como Logitech e Accer trazendo os seus melhores periféricos para serem testados pelos participantes do evento.

    A ala dos jogos indies não foi esquecida com a participação de algumas empresas como a Lumo Entertainment, criada durante a pandemia e trauxe os jogos Feelings, The Alchemist Shop e Broken Halo.

    Além da participação das empresas voltadas para tecnologia, outras marcas como Piticas, TikTok, Twitch, Intel, Vivo e Marvel também marcaram presença; com direito a competições e prêmios exclusivos e participação de influenciadores digitais.

    No palco principal o grande destaque foi a apresentação da Warner Bros. Games e o seu jogo recente Multiversus com a participação dos dubladores de Arlequina e Salsicha no jogo: Rebeca Zadra e Fernando Mendonça, respectivamente; rendendo uma partida exibição. Mas o ponto alto do dia foi um painel exclusivo do filme Adão Negro, que apresentou uma cena inédita para os presentes na plateia.

    CADA BGS UMA EXPERIÊNCIA

    Para os fãs de games e cultura pop, a experiência de aproveitar todas essas novidades e a vivência presencial de um evento dessa magnitude é o mais prazeroso, principalmente se tratando de testemunhar o retorno da BGS.

    Para a próxima edição, o sentimento que fica para o futuro é a expectativa para algo tão grandioso quanto a BGS 2022 ou até além, com mais novidades e atrações engrandecendo muito mais a visibilidade do Brasil no cenário gamer internacional.

    Assista ao vídeo de divulgação oficial:

    Que venha a Brasil Game Show 2023!

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