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    CRÍTICA – The Expanse (1ª temporada, 2015, SyFy)

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    The Expanse é uma série original do SyFy, que foi ao ar originalmente em 2015. A série se passa centenas de anos no futuro, muitas gerações após o início da expansão espacial. Nela, a Terra, Marte e o Cinturão de Asteroides entre Marte e Júpiter agora são habitadas por humanos, e seus povos vivem em uma guerra fria, em que qualquer fagulha é capaz de dar início a um conflito imensurável.

    Assim como os astronautas sofrem com a perda de massa muscular em baixa gravidade, ou gravidade simulada, os Belters – habitantes do Cinturão chamados assim de forma pejorativa pelos colonizadores dos planetas citados, sofrem efeitos mais adversos. Crescimento desordenado dos membros, ou baixa resistência à uma gravidade mais parecida com a da Terra, pode causar danos irreparáveis aos nascidos no Cinturão.

    SINOPSE

    The Expanse
    A nave marciana Scopuli

    A história tem início de fato, a bordo da Scopuli, uma nave em uma missão secreta que guarda mais segredos do que aparenta, enquanto as cenas iniciais parecerem apenas um artifício de roteiro para dar o start da trama, as cenas iniciais têm um impacto imenso no rumo que a galáxia está prestes a tomar.

    ENREDO

    A Canterbury, conhecida por seus tripulantes como Cant.

    Como o consumo de água é uma necessidade básica para subsistência humana, no espaço, a fim de obter água, naves específicas são incumbidas na mineração de gelo nos asteróides, como é o caso da Canterbury, lar de James Holden (Steven Strait), Naomi Nagata (Dominique Tipper), Amos Burton (Wes Chatham) e Alex Kamal (Cas Anvar).

    Durante uma viagem que se estende por meses, a Canterbury capta um sinal de socorro. Como a única nave presente em uma distante região da galáxia, ela é obrigada a ir ao resgate da nave, e é onde a trama da série tem início.

    ANÁLISE

    The Expanse
    Da esquerda para direita Shed Garvey (Paulo Costanzo), Naomi Nagata (Dominique Tipper), Amos Burton (Wes Chatham), Alex Kamal (Cas Anvar) e James Holden (Steven Strait).

    Há algumas semanas, após maratonar a 3ª temporada de Star Trek: Discovery, buscava uma substituta para a série. E encontrar The Expanse na Amazon Prime Video foi uma grande surpresa, pois a trama da série se mostrou como uma grande surpresa pra esse que vos escreve, nos mais diversos aspectos.

    O cuidado dos roteiristas, diretores, showrunners, dão à série um peso único, se comparada às produções das mais diversas mídias, e em uma época em que a cada esquina se esbarra com produções de ficção-científica, The Expanse se destaca em tudo que se dispõe a fazer.

    CRÍTICA – Dead Pigs (2018, Cathy Yan)

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    Inédito no circuito comercial, Dead Pigs é o primeiro longa-metragem da diretora Cathy Yan (Aves de Rapina). Premiado no Festival de Sundance em 2018, o filme rendeu elogios à cineasta antes dela assumir a direção do blockbuster da DC protagonizado por Margot Robbie em 2020.

    Com uma visão ousada e bastante singular, o longa fala da luta universal por identidade na era da globalização, com diversas vozes refletindo o futuro do cinema americano – já que lida com conversas prudentes e oportunas sobre igualdade, capitalismo e conexão humana básica em um mundo cada vez mais dividido.

    O trabalho de Cathy também conquistou prêmios em outros festivais americanos, como Palm Springs International Film Festival, Philadelphia Film Festival e Seattle International Film Festival

    SINOPSE

    Baseado em eventos reais extraordinários, Dead Pigs acompanha as histórias de cinco pessoas diferentes, enquanto lidam com uma modernização crescente de Shangai, ao mesmo tempo em que a cidade é assolada por um evento bizarro: milhares de cadáveres de porcos aparecem no rio.

    ANÁLISE

    Os enredos conectados do filme remetem a uma série de oposições familiares: rural e urbano, pobres e ricos. O criador de porcos Old Wang (Haoyu Yang) é perseguido por agiotas depois que seu estoque morre misteriosamente e ele perde suas economias em uma fraude de investimento. A esteticista apaixonada por pássaros Candy (Vivian Wu) trava uma batalha solitária contra empreendedores ansiosos para demolir sua casa e construir um novo complexo de apartamentos. Há também um jovem garçom (Mason Lee) que inicia um relacionamento improvável com uma herdeira rica (Meng Li) e um expatriado americano (David Rysdahl) que se envolve em fraudes que ordenham suas ações.

    A diretora Cathy Yan traz um olhar satírico interessante para a colonização cultural e suas refrações mais absurdas dentro da China contemporânea como ponto de partida. A encenação é coordenada com forte toque “pop” nas luzes dos planos noturnos e constantes movimentos de câmera compostos (em geral em elipses e semicírculos) ou trackings acelerados.

    Somado a isso, Yan opta por um ritmo acelerado de picotes situacionais, as vezes interligados por músicas que mantém o humor fluindo em abordagem mais comumente vista no cinema ocidental estadunidense do que no cinema chinês. Algo que torna fácil compreender o porquê de ter sido uma diretora tão rapidamente procurada para trabalhar em filme norte-americanos.

    O filme tem ainda um toque de crítica a esse influxo ocidental, aqui tratado de forma cômica, que resvala no mesmo que o cineasta Jia Zhangke faz com suas obras, mas com tratamento trágico. Todavia, Yan parece mais próxima do gosto do cinema oficial chinês no modo como conduz esse olhar, mais superficial, rápido e, às vezes, próximo à melancolia.

    A cumplicidade implica um acordo ao espectador utilizando códigos e elementos para que a obra se estabeleça de forma mais densa. E o que acontece quando esses códigos geram expectativas? Se resulta em um final cínico, sem surpresas, mas que de certa forma compreendemos o porquê. Afinal, todos estamos inseridos no mesmo sistema.

    VEREDITO

    Dead Pigs é uma  estreia para Cathy Yan. É um longa ácido, dramático e cômico na medida certa, além de trazer paisagens ordinárias e extraordinárias de Xangai, a história vai se costurando onde tudo vai sendo posto em seus devidos lugares e ao mesmo tempo expõe as marcas da desigualdade social na China. No entanto, o sentimentalismo aplicado no final engole tudo e acaba dando um olhar mais positivo do que crítico ao material, sobrepondo qualquer possibilidade de crítica mais coerente e interessante.

    Nossa nota

    4,0 / 5,0

    Confira o trailer de Dead Pigs:

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    CRÍTICA – Cherry (2021, Anthony e Joe Russo)

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    Cherry é a nova produção original da Apple TV+. Protagonizada por Tom Holland, com direção dos irmãos Anthony e Joe Russo e baseada na obra homônima de Nico Walker, Cherry tem estreia prevista para 12 de março na plataforma da Apple.

    SINOPSE

    Inspirado no romance best-seller de mesmo nome, Cherry apresenta Tom Holland no papel principal como um personagem desequilibrado que deixou a faculdade para servir no Iraque como médico do exército e tenta se manter são por seu único amor verdadeiro, Emily (Ciara Bravo). Quando Cherry volta para casa como um herói de guerra, ele luta contra os demônios do Estresse Pós-Traumático não diagnosticado e se torna viciado em drogas.

    ANÁLISE

    O novo filme original da Apple TV+ possui uma já conquistada legião de fãs. Afinal, ele é uma adaptação de um livro best-seller de mesmo nome e traz um ator em alta em Hollywood no seu elenco principal.

    Uma mistura de thriller de ação com boas doses de humor, Cherry conduz o espectador a diversas reviravoltas na vida do personagem principal e sua namorada Emily, interpretada por Ciara Bravo. Os dois são o foco do longa, apesar de alguns personagens coadjuvantes fazerem eventuais pontas na história.

    Após uma briga com sua namorada, o personagem principal e narrador do longa resolve se alistar no exército como forma de curar o coração partido. A escolha se prova completamente equivocada, pois após servir na guerra e adquirir diversos traumas, o jovem não consegue mais ser a mesma pessoa, colocando seu relacionamento em risco.

    O filme é totalmente construído em torno da atuação de Tom Holland que, mais uma vez, se prova um ator versátil e competente. Descolando seu nome como apenas um ator da Marvel, Holland encara um grande desafio em Cherry, adaptando sua atuação às diversas reviravoltas da história.

    Sua veia humorística é outro ponto positivo, pois traz certa leveza nos momentos de tensão, mas também é correto afirmar que Holland se sai muito bem nas cenas mais dramáticas.

    Os Irmãos Russo demonstram ter grande carinho por essa história, pois logo após o livro de Nico Walker ser lançado, a dupla comprou os direitos. No entanto, na hora de adaptar a obra, as escolhas criativas não foram tão acertadas.

    As escolhas de montagem e direção de Cherry soam um tanto exageradas. De narração em primeira pessoa, até cronologia em capítulos e quebra da quarta parede: Cherry possui tudo.

    O roteiro de Angela Russo-Otstot e Jessica Goldberg é inflado de acontecimentos, e diversas vezes vemos cenas que parecem já terem sido apresentadas anteriormente, mas de formas diferentes. A repetição dessas situações é perceptível quando assistimos ao filme por completo, pois algumas partes poderiam ser cortadas sem desfavorecer o andamento da trama.

    Muitas vezes Cherry parece atirar para todos os lados, buscando que tenhamos certa empatia pelo que acontece na vida do jovem. Porém, após determinado ponto, tudo se torna repetitivo e qualquer resquício de apego que pudéssemos ter vai se esvaindo pouco a pouco. Todo o arco dos opioides é longo e arrastado, mas é compreensível, pois justifica as escolhas finais da produção.

    O fechamento é o grande problema de Cherry. Além de ser difícil de acreditar, perde a oportunidade de um aproveitamento muito melhor para a história do personagem, tornando a finalização um grande clichê.

    Ao terminarmos de assistir, ficamos em dúvida sobre qual era de fato o foco da história, pois mesmo com todos os elementos que remetem à críticas ao sistema, a guerra e afins, o final nos mostra um caminho mais simplista.

    Mesmo com esses percalços, não posso deixar de elogiar a ótima condução de Holland pelas mãos de Anthony e Joe Russo. Com tantos pontos a serem adaptados e tantas cenas diferenciadas, é necessário que os diretores tenham uma boa visão do que querem para trazer o melhor resultado possível do ator. É uma parceria que pode render bons frutos a longo prazo.

    VEREDITO

    Mesmo com grande potencial e ótima equipe envolvida, Cherry esbarra em escolhas equivocadas que tornam o resultado muito aquém do esperado.

    Nossa nota

    2,5/5,0

    Assista ao trailer:

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    MUBI: Veja os lançamentos de março para o serviço de streaming

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    Em março a plataforma de filmes MUBI traz inúmeras novidades para seus assinantes. Dentre os destaques, o serviço apresenta especiais dedicados a Wong Kar Wai e Gianfranco Rosi, além da estreia exclusiva do longa Notturno.

    Confira a lista completa de novidades e suas datas de lançamento no streaming!

    O CINEMA DE WONG KAR WAI

     

    Uma das figuras mais importantes do cinema asiático, Wong Kar Wai foi o primeiro diretor chinês a ganhar o prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes, em 1997. Neste mês, a MUBI tem o prazer de exibir um especial dedicado a esse incrível autor, com restaurações em 4k exclusivas de Amor à Flor da Pele (In the Mood for Love) e Cinzas do Passado (Ashes of Time).

    O CINEMA DE GIANFRANCO ROSI

    Para acompanhar a estreia de Notturno, a MUBI apresenta este especial dedicado a um dos mais importantes documentaristas europeus da história do cinema. Um narrador hábil e não convencional que retrata a vida dos marginalizados. Aprofunde-se nas obras deste autor italiano por meio de Tanti Futuri PossibiliBoatman (Indicado ao Oscar de Melhor Documentário), Sacro Gra e Below Sea Level (vencedor de dois prêmios no Festival de Cinema de Veneza).

    CLUBE DA LUTA

    Baseado no romance homônimo de Chuck Palahniuk, um autor que tece uma brilhante crítica sobre a masculinidade tóxica e estruturas sociais, Clube da Luta é considerado um dos maiores e mais influentes filmes do cinema mundial. Estrelado por Edward Norton e Brad Pitt, o filme de David Fincher chega pela primeira vez na MUBI.

    MANEIRAS DE ENXERGAR COM BARBARA HAMMER

    Uma das mais emblemáticas cineastas e ativistas norte-americanas, além de uma das pioneiras do cinema lésbico, Barbara Hammer realizou um experimento ao desafiar outras cineastas a fazerem filmes a partir de imagens pré-gravadas e nunca usadas por ela. Nesta sessão dupla, destacamos duas incríveis produções que nasceram deste projeto: A Month of Single Frames e Vever (for Barbara).

    JEAN-CLAUDE BRISSEAU

    Neste mês, a MUBI apresenta uma sessão dupla do célebre autor francês Jean-Claude Brisseau. Confira o espetacular Boda Branca (White Wedding), um dos filmes mais famosos do cineasta e que marca a a estreia nos cinemas da incrível Vanessa Paradis e que lhe rendeu um César de Melhor Atriz Promissora, e Um Jogo Brutal (A Brutal Game), dirigido e roteirizado por Brisseau.

    EXCLUSIVOS MUBI

    Notturno (Gianfranco Rosi, 2020)

    Notturno conquistou público e crítica no Festival de Veneza, foi eleito Melhor Filme Europeu de 2020 e acaba de ser pré-selecionado para concorrer ao Oscar 2021. Filmado ao longo de três anos no Oriente Médio, nas fronteiras entre Iraque, Curdistão, Síria e Líbano, o aclamado documentário de Gianfranco Rosi relata a vida cotidiana por trás da tragédia contínua das guerras civis, ditaduras ferozes, invasões e interferências estrangeiras.

    Hey There! (Reha Erdem, 2021)

    Hey There! é uma comédia absurda e atual, realizada experimentalmente durante a quarentena e quase inteiramente na casa dos próprios atores. É o filme mais recente de Reha Erdem, um dos maiores e mais interessantes nomes do “Novo Cinema Turco”.

    The Legend of the Stardust Brothers (Macoto Tezuka, 1985)

    A MUBI apresenta uma belíssima restauração do musical japonês The Legend of the Stardust Brothers, dirigido por Macoto Tezuka. Fortemente inspirado em Phantom of the Paradise e Rocky Horror Picture Show, está repleto de participações especiais e performances musicais. O filme, que mostra a cultura pop japonesa na década de 80, é adaptado do álbum conceitual “trilha sonora imaginária” do músico Haruo Chikada.

    South (Morgan Quaintance, 2020)

    Considerado uma das jovens figuras mais importantes nos debates político-sociais do Reino Unido, o britânico Morgan Quaintance já teve artigos publicados na revista The Wire e no The Guardian. South é seu quarto curta documental, em que traça paralelos históricos entre dois movimentos de liberdade antirracistas e antiautoritários, um no sul de Chicago e outro no sul de Londres.

    Confira a lista de datas completa:

    1/3 – Citadel (John Smith)

    2/3 – White Wedding (Jean-Claude Brisseau)

    3/3 – Inflatable Sex Doll of the Wastelands (Atsushi Yamatoya)

    4/3 – A Brutal Game (Jean-Claude Brisseau)

    5/3 – Notturno (Gianfranco Rosi)

    5/3 – Tanti Futuri Possibili (Gianfranco Rosi)

    5/3 – Boatman (Gianfranco Rosi)

    6/3 – Ela Volta na Quinta (André Novais Oliveira)

    7/3 – Clube da Luta (David Fincher)

    8/3 – A Month of Single Frames (Lynne Sachs)

    8/3 – Vever (for Barbara) (Deborah Stratman)

    9/3 – Echo of the Mountain (Nicolás Echevarría)

    10/3 – Blue Film Woman (Kan Mukai)

    11/3 – Avanti Popolo (Michael Wahrmann)

    12/3 – Songs My Brothers Taught Me (Chloé Zhao)

    13/3 – Hey There! (Reha Erdem)

    14/3 – Sacro GRA (Gianfranco Rosi)

    15/3 – A Colony (Geneviève Dulude-De Celles)

    16/3 – Women Hell Song: Shakuhachi Benten (Mamoru Watanabe)

    17/3 – Heights (Gabriel Nuncio)

    18/3 – The Legend of the Stardust Brothers (Macoto Tezuka)

    19/3 – In the Mood for Love (Wong Kar Wai)

    20/3 – Tigerland (Joel Schumacher)

    21/3 – Below Sea Level (Gianfranco Rosi)

    22/3 – The Girl (Márta Mészáros)

    23/3 – Oleg (Juris Kursietis)

    24/3 – Gushing Prayer (Masao Adachi)

    25/3 – South (Morgan Quaintance)

    26/3 – Ashes of Time (Wong Kar Wai)

    27/3 – The Fountain (Darren Aronofsky)

    28/3 – Max Richter’s Sleep (Natalie Johns)

    28/3 – A Modern Coed (Éric Rohmer)

    29/3 – Binding Sentiments (Márta Mészáros)

    30/3 – Abnormal Family (Masayuki Suo)

    31/3 – Low Life (Nicolas Klotz, Élisabeth Perceval)

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    CRÍTICA – Judas e o Messias Negro (2021, Shaka King)

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    Judas e o Messias Negro é um filme dirigido por Shaka King e estrelado por Daniel Kaluuya e Lakeith Stanfield, ambos de Corra!.

    SINOPSE

    William O’Neal (Lakeith Stanfield) é um ladrão de carros que tenta um roubo malsucedido. Ao ser pego pela polícia, ele agora tem a missão de se infiltrar nos Panteras Negras e derrubar seu líder, Fred Hampton (Daniel Kaluuya). Entretanto, a mensagem de Hampton é poderosa e ecoa até hoje, será que Will se manterá firme em seu objetivo?

    ANÁLISE

    Judas e o Messias Negro é um filme pesado, pois sua mensagem apresenta uma escalada de violência sufocante nos ano 60 dos Estados Unidos, época sombria na qual a segregação era muito forte.

    O formato é muito próximo de Infiltrado na Klan, dirigido por Spike Lee, pois mostra um homem que entra num grupo de destaque e vai ficando imerso naquele local. Aos poucos William vai abraçando a causa dos Panteras, se tornando parte daquele contexto.

    O roteiro é cruel, uma vez que promove uma realidade dura de racismo escancarado e brutalidade policial. A questão da polícia é tão forte que não só os movimentos negros são prejudicados, pois até mesmo supremacistas brancos se sentem atacados pela corporação e pelo Estado, se juntado de forma até incrível às minorias.

    A direção é competente e consegue impactar, principalmente nas cenas de violência, nos deixando aflitos em diversos momentos. As atuações são incríveis, pois tanto Lakeith Satnfield, Daniel Kaluuya e Jesse Plemons demonstram uma excelência em seus papéis.

    Judas e o Messias Negro (2)

    O personagem de Lakeith é emocionalmente perturbado, uma vez que tem sonho de grandeza e nunca teve nenhum interesse anteriormente sobre a causa. O fato dele ir evoluindo seu poder e influência auxilia na construção dele.

    Kaluuya já atua mais como líder carismático e com muita força política. Suas falas incitam os membros dos Panteras Negras e ele tem um domínio em suas palavras para trazer movimentos improváveis para seu lado, por exemplo. Já Plemons é frio e calculista, pois tem o único objetivo de derrubar o movimento.

    CONTEXTO POLÍTICO DE JUDAS E O MESSIAS NEGRO

    Sobre o trabalho de Shaka King, diretor e roteirista, ele nos apresenta uma faceta inédita dos Panteras Negras. A abordagem é forte, pois o cineasta quer dizer ao público que por mais que a causa seja nobre, os Panteras tinham seus ideias combativos exacerbados. A polícia tem papel fundamental nesta guerra, uma vez que era abertamente contra as minorias.

    A influência da força policial é mostrada de forma veemente, colocando-os como matadores de aluguel do governo estadunidense. A carta branca veio assinada por John Edgar Hoover, interpretado por Martin Sheen de forma intensa, com uma maquiagem impressionante.

    A segregação e a escalada dos movimentos de extrema-esquerda eram vistos como fatores determinantes contra a reputação do “American Way“, ou seja, o medo dos brancos de classe média alta fez com que as minorias fossem taxadas de terroristas, algo muito bem explanado por King.

    VEREDITO

    Judas e o Messias Negro é um filme poderoso e que traz um dos maiores movimentos políticos da história mundial de forma nua e crua. Com excelentes atuações, bom roteiro e direção, o longa pode pintar como uma surpresa agradável nas premiações, uma vez que tem valores sensacionais em suas duas horas de duração.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Assista também nosso Dossiê Feededigno sobre Lakeith Satnfield:

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    TBT #113 | Van Helsing – O Caçador de Monstros (2004, Stephen Sommers)

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    O fim dos anos 90 e início dos anos 2000 nos rendeu alguns dos filmes mais divertidos da virada do século XX para XXI. Enquanto a Universal Pictures tentava reviver aos poucos seu Monsterverse com A Múmia (1999), Van Helsing, o filme com Hugh Jackman acaba funcionando como uma amálgama que reúne os mais diversos personagens que fazem parte desse universo.

    SINOPSE

    O famoso monstro e assassino Gabriel Van Helsing é mandado para a Transilvânia para ajudar o último da linhagem dos Valerious em derrotar o Conde Drácula (Richard Roxburgh). Anna Valerious (Kate Beckinsale) conta que Drácula formou uma aliança profana com o monstro do Dr. Frankenstein e está impondo uma maldição sobre sua família. Anna e Van Helsing estão determinados a destruir seu inimigo em comum, mas descobrem alguns segredos perturbadores ao longo do caminho.

    ANÁLISE

    Ambientado no fim do século XIX, Gabriel Van Helsing atua como o caçador de criaturas nos mais diversos cantos do mundo, sendo guiado pelos Cavaleiros da Ordem Sagrada. Após ser incumbido de capturar Dr. Jekyll, ele falha ao se deparar com o Sr. Hyde, matando o Médico e o Monstro no processo.

    Como uma tentativa de dar prosseguimento ao já famoso monsterverse do estúdio, o filme se destaca não só pelo seu elenco, mas também por fugir do clássico mote da “donzela em perigo”, nos apresentando como uma personagem de extrema importância para a história, fugindo por vezes dos arquétipos fortemente estabelecidos no monsterverse, como a Eve (Rachel Weisz) de A Múmia.

    O cuidado de Sommers ao adaptar as criaturas mostradas na tela, ainda que tenham pouco tempo de tela, são feitas de forma respeitosa. E enquanto monstra lobisomens, vampiros, o Médico e o Monstro, Frankenstein, ele lança na história o único capaz de impedir que qualquer dessas criaturas obtenha êxito: Van Helsing, um caçador de bestas que vai até a última das consequências para impedir uma ameaça mais forte, até mesmo se transformar em um monstro.

    VEREDITO

    O filme dirigido por Stephen Sommers conta com Hugh Jackman, Kate Beckinsale e David Wenham, e apesar de ser um dos filmes mais galhofas, divertidos do monsterverse, ele desponta como um belo divertimento, se ele passou fora do seu radar.

    Vale ressaltar que o longa, conta com uma das transformações em lobisomem mais bacanas do cinema, desde Um Lobisomem Americano em Londres.

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA | TBT #71 | Um Lobisomem Americano em Londres (1981, John Landis)

    Nossa nota

    3,0 / 5,0 

    Assista ao trailer:

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