Cloud Gaming: Tudo o que você precisa saber sobre o futuro dos games

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Cloud Gaming: Tudo o que você precisa saber sobre o futuro dos games

As possibilidades inovadoras do Cloud Gaming (jogos na nuvem) têm sido especuladas há anos, mas só recentemente as editoras de video-games e fabricantes de hardware começaram a dar os primeiros passos para aproveitar as possibilidades. 

Por enquanto, os aplicativos em nuvem nos jogos são relativamente modestos, mas várias empresas sinalizaram planos para torná-lo muito mais focado; como é o caso do Google que anúnciou hoje o Stadia

Dentro de alguns anos, a nuvem pode ser uma força importante na condução de como e onde jogamos nossos games favoritos.

Entenda sobre o futuro dos games.

O QUE É “A NUVEM”?

Na aplicação mais ampla possível, “a nuvem” é um termo genérico para processos de computadores remotos. 

Em vez de lidar com uma tarefa de processamento pesado em seu próprio computador, por exemplo, você pode pagar uma taxa para ter acesso à capacidade de computação em outro lugar. Um rack de processadores com muito mais poder do que um computador para uso doméstico pode lidar com esses processos muito mais rapidamente e depois alimentar o resultado final em seu próprio computador em casa.

Essas tarefas geralmente são aquelas limitadas pelas velocidades padrão do processador, ou apenas aquelas que são onerosas. Por exemplo, você pode hospedar sua coleção de fotos da família em um servidor de nuvem hospedado por uma empresa como o Google ou a Apple por uma taxa nominal. 

Esta é uma das razões pelas quais os notebooks de consumo têm reduzido constantemente sua quantidade de armazenamento onboard: para a maioria dos usuários, ter centenas de gigabytes de espaço para armazenar todas as suas imagens e músicas não é mais necessário.

Várias empresas já estabeleceram negócios baseados em nuvem. Alguns, como o Amazon Web Services e o Microsoft Azure, concentram-se principalmente em serviços B2B – funções executadas no back-end de outros sites, alguns dos quais você pode usar todos os dias. 

Outros, como o Google ou o Backblaze, oferecem backups baseados em nuvem das suas fotos ou até mesmo uma imagem do disco rígido inteiro do seu computador para emergências. 

Por fim, empresas como SpotifyNetflix fizeram seu nome adotando a mídia de entretenimento físico tradicional e transmitindo-a diretamente aos consumidores, reduzindo a desordem.

JOGOS NA NUVEM – O INÍCIO

Já vimos a nuvem aplicada a video-games de várias maneiras, mas seus primeiros passos foram desajeitados e transitórios. 

Os dois primeiros grandes concorrentes foram Gaikai e OnLive, formados em 2008 e 2009. Ambos tinham como objetivo transmitir games high-end e permitir que os usuários finais pagassem uma taxa de assinatura por conveniência. 

A OnLive até vendeu um microconsole, que era pouco mais que uma caixa de transmissão de passagem. Por fim, a infraestrutura de streaming não foi desenvolvida o suficiente para sustentar seus modelos de negócios. Além disso, a OnLive não aguentou a luta contra os concorrente de grandes consoles como Xbox e PlayStation.

Ainda assim, havia valor na própria tecnologia. A Sony Interactive Entertainment adquiriu os direitos do Gaikai em 2012, o que levou a alguns dos desenvolvimentos atuais da empresa. Também adquiriu patentes para o OnLive em 2015.

A Sony passou a usar essa tecnologia para lançar o PlayStation Now, que oferece streaming de jogos entre uma lista selecionada.

Atualmente, no entanto, o aplicativo mais comum é o backup de salvamento na nuvem, como no caso do serviço PlayStation Network ou Switch Online. Se alguma coisa acontecer com o seu PS4 ou Nintendo Switch, você ainda poderá retomar seus jogos salvos quando substituir o hardware. 

O recurso é valioso o suficiente para que a Sony tenha expandido recentemente seu espaço de armazenamento em nuvem.

JOGOS NA NUVEM – O FUTURO

Os maiores passos para os jogos na nuvem parecem ainda estar por vir, mas eles já estão tomando forma. 

Fora do PlayStation Now, as grandes ideias lançadas pelo OnLive e Gaikai agora parecem prontas para o lançamento por grandes corporações com mais know-how de desenvolvimento de tecnologia e infraestrutura de hardware.

No ano passado, o Google estreou o Project Stream, um teste para a tecnologia emergente. Em parceria com a Ubisoft, a empresa permitiu que os participantes jogassem Assassin’s Creed Odyssey através de seu navegador Google Chrome. 

Todo o poder de renderização e processamento foi tratado remotamente, de modo que os jogadores ficaram essencialmente com um vídeo de streaming de sua própria sessão de jogo. 

Era necessária uma conexão de internet de alta velocidade, mas os resultados foram considerados impressionantes.

Agora, o Google pode estar dando o próximo passo lógico. A empresa anunciou um painel durante a Game Developers Conference, prometendo que “tudo seria revelado”. 

Circularam rumores de que o Google estaria preparando seu próprio console, com o codinome Yeti. Além disso, os rumores afirmavam que o Yeti usaria a tecnologia Project Stream como sua espinha dorsal, essencialmente tornando o console uma caixa de streaming. Mas como anunciado hoje, tudo fazia parte do Stadia.

Leia também:

Stadia: Google anuncia plataforma de jogos com Cloud Streaming

Programas como o Game Pass da Microsoft e Access da EA oferecem uma seleção rotativa de jogos para download, então seria fácil transferir este modelo para um serviço de assinatura como “uma Netflix para video-games”.

Mas ambas as empresas também oferecem jogos para compra, então é possível que, ao lado de um modelo de assinatura, você possa comprar jogos à la carte

Isso funcionaria de maneira semelhante às atuais lojas digitais. A única diferença seria que, em vez de esperar por um download, você poderia começar a jogar instantaneamente depois de concluir sua compra. 

Atualmente o PlayStation Now já fornece isso, embora com foco em lançamentos de jogos mais antigos.

TEMPESTADE NA NUVEM

Cada gamer terá obstáculos para superar. A computação em nuvem geralmente enfrenta problemas de privacidade e compartilhamento de dados. 

Como toda a atividade do usuário é registrada na nuvem, e muitas vezes as empresas de computação em nuvem obtêm receita extra vendendo dados de atividade do usuário aos pesquisadores de mercado, os usuários devem ser especialmente cautelosos ao entregar suas informações pessoais.

Outro ponto crítico é a questão das interrupções do servidor. Atualmente, alguns jogos somente online são inacessíveis se você não puder fazer o login, mas geralmente a maioria dos jogos single-player permite que você jogue sem qualquer conexão com a internet. 

Se o Cloud Gaming é o futuro, qualquer tempo de inatividade do servidor, mesmo que seja apenas para manutenção, interromperá totalmente o jogo.

Outra grande ponto chave é a latência. Os video-games são um meio que às vezes dependem de precisão. Qualquer atraso no jogo pode significar a diferença entre a vida e a morte, vencer o chefe ou ter que carregar um salvamento. 

Com um jogo instalado em seu console ou PC, o hardware em si faz a computação necessária para processar um pressionamento de botão e exibir o feedback apropriado. 

Em um modelo de streaming, o sinal do controlador deve ser enviado para o servidor em nuvem, que então deve renderizar o vídeo e transmiti-lo de volta para você. 

Cada uma dessas operações aconteceria em frações minúsculas de segundo, mas os jogadores perceberão se os controles não se sentirem responsivos. 

Um possível fator positivo para o Cloud Gaming é o 5G. As empresas de celular têm desenvolvido o 5G especificamente para enfrentar alguns dos desafios tecnológicos mais amplos que vêm com demandas de dados mais altas, incluindo a redução de latência e custo, e visando uma alta taxa de dados. 

Se o streaming de jogos se estabelecer ao lado do 5G, as preocupações sobre banda larga e a latência podem ser resolvidas de uma só vez.

Isso também pode explicar o interesse da Verizon em streaming de jogos, como uma oportunidade para alavancar sua nova tecnologia celular com um produto final para o consumidor.

O CEO da Ubisoft, Yves Guillemot, referenciou a necessidade do 5G em entrevista para o GameSpot sobre a promessa de streaming de jogos. Na época, ele também se referiu a possíveis parcerias com editores individuais, além de usar os serviços em nuvem da Amazon:

“Nós ainda temos que ter 5G, ainda temos que ter algumas coisas para garantir que esta experiência seja boa, mas quando ela estiver lá e funcionar perfeitamente, existe o potencial de ter uma máquina que é 10.000 vezes mais poderosa do que a que temos hoje e dá-lhe algo cheio de possibilidades.”

Esse dia pode estar chegando quando o hardware necessário para executar os jogos mais recentes e de maior fidelidade não estará na sua sala de estar, mas em um rack de servidor. Nesse ponto, questões como fidelidade à marca do console e especificações mínimas recomendadas podem se tornar muito menos relevantes do que são atualmente.

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