Início Site Página 172

    CRÍTICA – O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder (1ª temporada, 2022, Prime Video)

    0

    Após 8 anos desde a última adaptação da obra de J.R.R. Tolkien, foi lançada no dia 1º de setembro O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder, a primeira série de TV baseada nos romances e manuscritos do autor britânico.

    Produzida e lançada exclusivamente no serviço de streaming Prime Video, a série com oito episódios teve sua primeira temporada concluída na última sexta-feira, 14 de outubro.

    Dirigida por Charlotte Brändström, Wayne Yip e J.A. Bayona, o elenco da produção conta com nomes como: Morfydd Clark, Robert Aramayo, Markella Kavenagh, Ismael Cruz Córdova, Charlie Vickers, Benjamin Walker, Charles Edwards, Daniel Weyman, entre muitos outros.

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA | Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder | Conheça o elenco da série

    SINOPSE

    Tendo início em uma época de relativa paz, a série acompanha um grupo de personagens que enfrentam o ressurgimento do mal na Terra-Média. Das profundezas escuras das Montanhas de Névoa, das majestosas florestas de Lindon, do belíssimo reino da ilha de Númenor, até os confins do mapa, esses reinos e personagens criarão legados que permanecerão vivos muito além de suas partidas.

    ANÁLISE

    A Amazon fez uma escolha arriscada: lançar a série mais cara da história na mesma semana que a segunda série mais cara e que também é um spin-off da série mais premiada da atualidade seria lançada.

    Com um orçamento de US$ 715 milhões, a primeira temporada de O Senhor dos Anéis: Anéis de Poder investiu um montante absurdamente maior que os US$ 60 milhões da primeira temporada de Game of Thrones e até mesmo que os US$ 200 milhões para A Casa do Dragão.

    Um deleite visual

    Todo esse “caminhão” de dinheiro pode ser visto em cada frame da temporada. A qualidade visual é inegavelmente o ponto alto da produção do Prime Video. Aqui, tudo é lindo! Desde uma flor desabrochando em uma árvore queimada até a explosão quase cataclísmica de um antigo vulcão adormecido.

    São tantos momentos belos que nos enchem os olhos que seria difícil listar aqui todos eles. Entretanto, é oportuno mencionar que não só de CGI a série é feita. Figurinos, cenários e armas são bem desenvolvidos e trazem ainda mais veracidade à Terra-Média criada pela Amazon.

    Representação

    Disa (Sophia Nomvete)

    Há tempos vivemos em uma sociedade plural e diversa; e a série abraça as mudanças importantes do mundo real ao apresentar pela primeira vez personagens inéditos na mitologia tolkiana. 

    Ao adaptar a Segunda Era de Arda (o mundo de Tolkien), a Amazon tem a oportunidade de explorar um período pouco abordado por seu criador e com isso vemos Arondir, um Elfo-Silvestre de pele negra, vivido porto-riquenho Ismael Cruz Córdova e a personagem Disa, esposa de Durin IV, a primeira Anã e também negra, vivida pela carismática Sophia Nomvete.

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA | Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder | Conheça Durin IV

    Ambos os personagens não são canônicos e assim como muitos outros foram criados exclusivamente para a série.

    Infelizmente, muitos fãs tóxicos e não abertos para mudanças criticaram duramente os personagens, a produção e até os atores. Entretanto, foi um bálsamo ver o elenco original da trilogia O Senhor dos Anéis fazendo a campanha de apoio à série ao postarem foto com camisas que dizia em élfico:

    Todos são bem-vindos aqui.

    Um mundo enorme e cheio de referências

    Em ambas as trilogias cinematográficas de Peter Jackson, seja O Senhor dos Anéis ou O Hobbit, vemos muito da Terra-Média; mas hoje, com O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder a impressão que fica é de que havíamos visto apenas uma fração do que é Arda.

    Aqui, conhecemos Valinor, Lindon, Eregion, Khazad-Dûm, Númenor e as Terras do Sul de forma tão ampla e imersiva, que mesmo muitos anos antes dos acontecimentos vividos por Bilbo e Frodo a sensação é de perplexidade e descobrimento.

    Ah, e as referências. Os easter-eggs já tornaram-se uma ferramenta obrigatória para qualquer produção, seja para interligar histórias ou apenas agradar fãs, mas na série do Prime Video essas referências são usadas discretamente, sem chamar atenção para si e fazendo perfeitamente sua dupla função: se conecta com o que já conhecemos e claro, isso nos agrada.

    Faltam palavras

    Elfos, Anões, Humanos, Númenorianos, Balrog, Magos, Pés-Peludos (ancestrais dos Hobbits), Orcs, Wargs, Trolls, são tantas criaturas… e Anéis, que é difícil fazer uma crítica sem spoilers.

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA | O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder | Conheça os Maiar

    VEREDITO

    Com um elenco gigantesco e extremamente capaz de entregar um trabalho à altura da produção, a série só “peca” em seu ritmo inicial lento; mas lembre-se que estamos falando de Tolkien e para os já familiarizados, sabem que era característico do velho autor protelar acontecimentos com introduções de personagens, descrição de cenários e conexão com seus muitos núcleos antes de um grande clímax.

    Resumidamente, o que a Amazon tem nas mãos é uma grande oportunidade de explorar e expandir o universo criado por J.R.R. Tolkien e sem dúvidas O Senhor dos Anéis: Anéis de Poder é uma grande “colcha de retalhos” das obras e rascunhos do autor que o Prime Video costurou perfeitamente bem.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Assista ao trailer:

    O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder está disponível no Prime Video.

    Inscreva-se no YouTube do Feededigno

    Assista às nossas análises de filmes, séries, games e livros em nosso canal no YouTubeClique aqui e inscreva-se para acompanhar todas as semanas nossos conteúdos também por lá!

    Conheça William Taurens, o Homem-Touro

    William Taurens mais conhecido como Homem-Touro ou em outras versões como Homem Búfalo é um personagem da Marvel Comics que foi criado por Gene Colan e Gerry Conway; sua primeira aparição foi na HQ Demolidor #78, publicada em julho de 1971.

    ORIGEM

    William era um criminoso e começou nessa vida de crimes desde sua adolescência, foi preso pela primeira vez aos 13 anos de idade acusado de furto e ficou nessa rotina de saída e volta para a prisão.

    Mais tarde William Taurens e seus amigos foram recrutados por um cientista renegado chamado “O Professor“, eles seriam capangas e seu trabalho era sequestrar pessoas inocentes para um experimento de mutação. Na tentativa de sequestrar um jovem casal, o Demolidor interviu no sequestro e como eles não tinham nenhuma cobaia, Taurens aplicou a injeção nele mesmo. A injeção fez com que ele ficasse mais forte e mais veloz, porém, inesperadamente o dotou com características monstruosas de touro. 

    PODERES E HABILIDADES

    Agora como Homem-Touro, ele tinha várias habilidades superiores às de um humano normal e todas elas características de um touro.

    Ele tem força, vigor, durabilidade e velocidade sobre-humana bem parecidas como um touro mutante, possui chifres que são compostos de ossos e é capaz de quebrar paredes ao correr de encontro a elas.

    O soro usado para dar a William Taurens seus poderes sobre-humanos, resultou na mutação dele para uma forma fisicamente maior e mais bestial. Essa mutação é instável, pois ele volta à sua forma normal ou à sua forma mais bestial em intervalos aparentemente aleatórios.

    Embora William não tenha tido treinamento formal em combate corpo a corpo, seus poderes por si só o tornaram um combatente forte. Ele costuma usar técnicas de luta de rua que lhe permitem fazer pleno uso de sua força.

    EQUIPES

    Como tentativa de derrotar o Homem de Ferro, o Homem-Touro se aliou ao Chicote Negro e ao Derretedor mas eles não conseguiram atrair Stark para uma convenção e inesperadamente deram de cara com o Lama Negra que os derrotou facilmente.

    Como o Homem-Touro continuou a se deteriorar, ele foi recrutado pelo Mago para se juntar ao seu Quarteto Terrível ao lado de Ardiloso e Cavaleiro do Terror. Eles atacaram uma arena de rodeio em busca de um convidado especial na plateia que foi um dos maiores físicos do Canadá chamado Dr. Cargill e sua filha Joline.

    Homem-Touro mais tarde se juntou a Constritor, Lápide, Guerreiro Gavião e vários membros da S.H.I.E.L.D. para invadir uma instalação da I.M.A. que estava trabalhando em um androide nulo de tecnologia roubada de Reed Richards. Na ocasião, a S.H.I.E.L.D. precisava de ajuda e empregaria criminosos encarcerados em suas fileiras e lhes daria a oportunidade de reduzir sua sentença se fossem bem-sucedidos contra a I.M.A.

    CURIOSIDADES

    Em sua forma mais bestial, ele possui uma cauda semelhante a um touro, pelos cobrindo seu corpo, uma estrutura facial alterada semelhante à de um touro real. Às vezes, a pele e os pelos do corpo do Homem-Touro são acastanhados, às vezes são cinza-arroxeados. Isso parece depender da formulação exata de uma dose de soro.

    OUTRAS MÍDIAS

    O Homem-Touro teve a sua estreia no Universo Cinematográfico Marvel durante o episódio 7 de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis; o personagem é interpretado pelo ator Nathan Hurd; aqui William Taurens é arremessado em cima do carro de Jennifer Walters durante um desentendimento com El Aguila. Ambos estão hospedados no retiro de Emil Blonsky, e agora com o carro quebrado, Jen passa o episódio conhecendo o local.

    LEIA TAMBÉM:

    Marvel Comics: Conheça outros personagens da editora


    Inscreva-se no YouTube do Feededigno

    Assista às nossas análises de filmes, séries, games e livros em nosso canal no YouTubeClique aqui e inscreva-se para acompanhar todas as semanas nossos conteúdos também por lá!

    CRÍTICA – Argentina, 1985 (2022, Santiago Mitre)

    Argentina, 1985 fez sua estreia no Festival Internacional de Cinema de Veneza em setembro, e será lançado no Prime Video em 21 de outubro. O longa é a aposta da Argentina para o Oscar 2023.

    Estrelada por Ricardo Darín e Peter Lanzani, a produção remonta ao período em que o Poder Judiciário argentino executou o Julgamento das Juntas, processo contra os militares responsáveis pelos crimes da ditadura, tornando-se o único país a punir oficiais criminosos em processo civil.

    Confira abaixo a nossa crítica do filme.

    SINOPSE DE ARGENTINA,1985

    Argentina, 1985 é inspirado na história real dos promotores Julio Strassera e Luis Moreno Ocampo, que ousaram investigar e processar a ditadura militar mais sangrenta da Argentina.

    Sem se deixar intimidar pela influência ainda considerável dos militares em sua frágil nova democracia, Strassera e Moreno Ocampo reuniram uma jovem equipe jurídica de heróis improváveis para esta batalha de Davi contra Golias. Sob constante ameaça a si mesmos e a suas famílias, eles correram contra o tempo para trazer justiça às vítimas da ditadura militar.

    ANÁLISE

    Inspirado nos acontecimentos reais da história do país, Argentina, 1985 busca retratar com fidelidade a luta do povo contra a ditadura militar. Situado no período pós-ditadura, durante o governo do presidente Raúl Alfonsín, a trama acompanha os procuradores Julio Strassera (Ricardo Darín) e Luis Moreno Ocampo (Peter Lanzani) em seu trabalho para provar os crimes cometidos pelos comandantes militares em um processo civil, instaurado fora do tribunal militar.

    O roteiro de Mariano Llinás e Santiago Mitre consegue construir a atmosfera necessária para entendermos o quão frágil estava a jovem democracia da Argentina na época, explicitando a urgência de uma ação do judiciário para que os culpados por tamanho genocídio fossem condenados à prisão.

    As ameaças feitas a Julio Strassera e sua família, a constante paranoia por serem monitorados e perseguidos, além do sentimento de que não se é possível confiar em ninguém. Todos esses conflitos são trabalhados em tela enquanto acompanhamos a corrida contra o tempo de Julio e Luis, que precisam montar uma equipe que os ajude no tribunal, mas que encontram resistência entre os mais velhos que comungam com os ideais fascistas.

    Como é característico do cinema argentino, mesmo se tratando de um tema tão triste e pesado, há espaço para pequenos alívios cômicos, momentos que são aproveitados por Ricardo Darín com maestria. O veterano e multipremiado ator consegue conduzir seus colegas de elenco, auxiliando na fluidez das cenas e do roteiro.

    CRÍTICA - Argentina, 1985 (2022, Santiago Mitre)

    Apesar de na metade da produção o roteiro desacelerar e não se aprofundar em alguns conflitos do personagem de Peter Lanzani, a maior parte da trama caminha em um bom ritmo, mantendo a audiência curiosa com o momento do grande julgamento final. O agravamento dos acontecimentos no tribunal, os atentados contra testemunhas e os depoimentos das vítimas tornam a trama intrigante, intensa e melancólica, criando um clímax emocionante em sua conclusão.

    A direção de Santiago Mitre é segura, principalmente nos momentos que se passam entre Julio e Luis. A química de Darín e Lanzani é ótima, rendendo boas cenas em tela. A montagem, em alguns momentos, acaba sendo um pouco abrupta, provavelmente pela quantidade de informações que precisavam contar na construção da história. Entretanto, nada que estrague a ótima experiência que é esse filme.

    Outro ponto é o design de produção. A produção acaba optando por filmagens em menor escala, com menor necessidade de customização de cenários e espaços abertos, muito provavelmente pela dificuldade de bancar uma recriação da Argentina da época. Desta forma, a equipe de figurino, cabelo e maquiagem acaba brilhando, pois é por meio desses detalhes que somos inseridos ao período da época.

    O exaltar da geração mais jovem, que muito colaborou para o sucesso do processo contra os militares, além das cenas que englobam a criação dos discursos em conjunto com pessoas comuns, são momentos ótimos do roteiro e que tornam toda a estratégia criada por Julio Strassera ainda mais impressionante.

    Além de ser muito bem executado, Argentina, 1985 possui um papel educador e de memória, pois não podemos esquecer um passado tão próximo, ocorrido em toda a América Latina, e que nos assombra desde então. Motivo de orgulho para o povo argentino, o julgamento civil desses criminosos serve de aviso para o futuro e é extremamente necessário no atual momento político e social que estamos vivendo.

    VEREDITO

    Argentina, 1985 é mais uma ótima produção argentina e que merece reconhecimento nas premiações. Com a excelente atuação de Ricardo Darín e um roteiro redondo, o filme se destaca entre as produções com chances de entrar no Oscar 2023.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Assista ao trailer:

    Inscreva-se no YouTube do Feededigno

    Assista às nossas análises de filmes, séries, games e livros em nosso canal no YouTubeClique aqui e inscreva-se para acompanhar todas as semanas nossos conteúdos também por lá!

    CRÍTICA – The Sound of 007 (2022, Mat Whitecross)

    0

    The Sound of 007 (A Música de 007, em português) é o novo documentário original do Prime Video lançado em 5 de outubro de 2022. A produção tem 1h28min de duração e é dirigida por Mat Whitecross, diretor especializado em documentários musicais.

    Confira nossa análise após a sinopse.

    SINOPSE DE THE SOUND OF 007

    A Música de 007, de Mat Whitecross, narra a história da música na franquia de James Bond, desde 007 Contra o Satânico Dr. No (1962) com seu tema icônico, até a canção vencedora do Oscar de Billie Eilish para 007: Sem Tempo Para Morrer (2021).

    ANÁLISE

    É inegável que a música tema de 007 é a mais conhecida do cinema. A icônica composição foi criada pelo compositor Monty Norman em 1962 para o filme de estreia, 007 Contra o Satânico Dr. No. Desde então, a música tema ficou eternizada na história do cinema, um importante legado deixado por Norman, que faleceu em 11 de julho deste ano.

    No dia 4 de outubro de 2022 a franquia completou 60 anos e, ao longo desses anos, os mais variados artistas foram convidados a compor músicas para as cenas de abertura dos 25 filmes até aqui. Assim como cada filme da franquia se encaixa com a década que o mundo estava passando, as músicas também sempre foram cruciais para o enredo da trama.

    Com isso, o documentário aborda a importância de cada música e a maneira inusitada que alguns artistas foram convidados para trabalhar com a franquia. Um fato bastante interessante foi que a banda Radiohead tinha uma música pronta para o filme 007 Contra Spectre (2015), mas que infelizmente foi negada porque a banda havia tocado ela em um festival. Por isso a trilha foi rejeitada, pois a música tinha que ser uma composição original para poder concorrer ao Oscar.

    Dessa forma a banda trabalhou em uma nova composição, mas já era tarde, pois o músico Sam Smith já havia sido escolhido e estava com a canção Writing’s on the Wall pronta.

    Em relação à parte técnica, o documentário tem uma excelente edição e faz uma linha cronológica de cada música. Além de trazer diversos recortes com atores, atrizes e diretores que trabalharam na franquia dando sua opinião sobre a importância da música para o mundo extravagante de 007.

    Também acompanhamos o processo de criação de Billie Eilish e a mixagem que Hans Zimmer realizou para 007: Sem Tempo Para Morrer.

    O único ponto que o documentário deixou a desejar foi não ter dado tanto foco à espetacular música Skyfall composta pela maravilhosa Adele para o filme 007 – Operação Skyfall (2012). Fora isso, o documentário trabalha de maneira crucial cada composição que passou ao longo desses 60 anos de franquia.

    VEREDITO

    Em suma, The Sound of 007 é um excelente documentário para ser apreciado pelos fãs da franquia que querem conhecer mais sobre o processo criativo de composição de um dos temas mais memoráveis da história do cinema.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Assista ao trailer de The Sound of 007:

    Inscreva-se no YouTube do Feededigno

    Assista às nossas análises de filmes, séries, games e livros em nosso canal no YouTube. Clique aqui e inscreva-se para acompanhar todas as semanas nossos conteúdos também por lá!

    CRÍTICA – Uma Advogada Extraordinária (1ª temporada, 2022, Netflix)

    Vocês sabiam que as baleias são divididas em dois grupos misticetos (cetáceos com barbatanas) e odontocetos (cetáceos com dentes), que podem ser tão grandes quanto dinossauros e seus corações batem tão alto que pode ser escutado a três quilômetros de distância. Estas curiosidades e tantas outras conhecemos ao ver o mundo pela perspectiva da encantadora Woo Young Woo, a protagonista de Uma Advogada Extraordinária.

    A primeira temporada da série conta com 16 episódios, sendo produzida pela SkyTV e sendo distribuída mundialmente pela Netflix. A série foi exibida simultaneamente tanto na TV quanto no streaming, sendo disponibilizado um capitulo por semana.

    O elenco é formado por Park Eun-bin (O Rei de Porcelana) como a protagonista, Kang Tae-oh (My First First Love), Kang Ki-young (Weightlifting Fairy Kim Bok Joo), Baek Ji-Won (Loucos Um Pelo Outro) e Jin Kyeong (Homemade Love Story).

    SINOPSE

    Woo Young Woo é uma advogada de 27 anos no espectro autista. Criada pela seu pai solteiro, ela tinha apenas uma amiga na escola que a protegia dos colegas que praticavam bullying. Na vida adulta, Young Woo se tornou uma profissional excelente. Tendo um QI altíssimo, de 164, ela se formou como a melhor estudante da turma na prestigiada Universidade Nacional de Seoul.

    Devido à sua inteligência e memória fotográfica, ela conseguiu um trabalho em um grande escritório de advocacia se envolvendo com casos criminais incomuns e complexos. Por outro lado, emocionalmente, Young Woo não se dá muito bem com interações sociais. Como resultado, muitos a enxergam como uma esquisita ou solitária.

    ANÁLISE

    Abordar temas importantes e questões sociais delicadas vem sendo o rumo que os doramas coreanos tomaram para se manterem em relevância e expandir a visibilidade do seu conteúdo. Uma Advogada Extraordinária é uma história emocionante capaz de trazer reflexões para um tema social que abrange o mundo como um todo, a inclusão das pessoas com deficiência e os obstáculos em torno da melhora de sua qualidade de vida.

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA | CRÍTICA – Mais Que Especiais (2019, Olivier Nakache e Éric Toledano)

    O roteiro trata com responsabilidade o tema sem relativizar a questão, pelo contrário, é consciente em relação ao que deseja abordar a respeito do tema e utiliza a perspectiva da protagonista para realizar esta tarefa. Woo Young Woo é uma personagem encantadora e a série aborda sua jornada em ser uma boa advogada, encarando as barreiras em torno do preconceito e a sua própria limitação além da sua condição de vida como um todo.

    As características do autismo como a dificuldade de compreender contextos sociais, as rotinas estabelecidas, as restrições de interesses, comportamentos repetitivos são bem exemplificados no dorama. Woo não é vista apenas como uma personagem com a tarefa de enviar uma mensagem enfática contra o preconceito, os diferentes aspectos de sua personalidades são bem aproveitados proporcionando momentos engraçados, românticos e encantadores.

    A interpretação de Park Eun-bin é perfeita para o que a narrativa exige, dando carisma para a personagem, incentivando o espectador a abraçar a sua jornada e torcer pelo seu sucesso. Além da jornada individual da protagonista e a sua condição em um mundo tão competitivo como do exercício do Direito, a trama também aborda outras questões como a ausência da figura materna de Woo e o mistério do seu afastamento.

    A série ao longo de seus episódios aborda diversos casos em diferentes áreas do Direito, tornando a série interessante para fãs do gênero de histórias que envolvam tribunais. E como em todo dorama a dramaticidade, tanto para os momentos tristes quanto aos românticos, não é deixado de lado sendo capaz de emocionar até os mais duros corações.

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA | CRÍTICA – For Life (1ª temporada, 2020, ABC)

    A série encerra com algumas questões em aberto que serão respondidas em uma segunda temporada, mas o tema central da narrativa é concluído com um desfecho muito emocionante além do amadurecimento de Woo Young Woo como advogada e uma jovem descobrindo como expressar o que sente pelas pessoas que ama.

    VEREDITO

    Uma Advogada Extraordinária é uma série coreana capaz de trabalhar com temas sérios com a sensibilidade necessária para trazer reflexões para o dia a dia, com carga emocional característica de um bom romance e a jornada encantadora de uma protagonista resiliente e muito carismática.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Assista ao trailer legendado:

    Uma Advogada Extraordinária está disponível na Netflix.

    Inscreva-se no YouTube do Feededigno

    Assista às nossas análises de filmes, séries, games e livros em nosso canal no YouTubeClique aqui e inscreva-se para acompanhar todas as semanas nossos conteúdos também por lá!

    Neorrealismo Italiano: O movimento que transformou a sétima arte

    O neorrealismo italiano foi representado por um grupo de jovens cineastas que ofereceram ao mundo um tipo muito diferente de cinema, que até então ninguém tinha visto. Foram muitas as inovações, entre elas, o uso de locações reais, a luz natural, atores não profissionais, mudanças consideráveis na estrutura dramática, com histórias cheias de digressões e conclusões ambíguas, que depois se tornaram elementos intrínsecos do cinema moderno, de tal forma que até hoje é difícil imaginarmos como estes filmes foram tão revolucionários na época. 

    Um dos principais elementos desse cinema era o compromisso com a realidade. Por isso que o neorrealismo italiano, o cinema mais político que o mundo já produziu, talvez seja o mais apropriado para o mundo pós-pandêmico, capaz de despertar a compaixão e a consciência de que o mundo, tal como está, não é capaz de proteger os interesses do homem enquanto sociedade. 

    O MOVIMENTO

    O movimento teve expoentes na literatura reunindo, entre outros, Ítalo Calvino, Alberto Moravia e Cesare Pavese, eram adeptos do “verismo” (de vero, verdadeiro), movimento do século XIX, que também fazia a crítica social do seu tempo.

    O neorrealismo sucede, na Itália, um período marcado por produções de temática bíblica, filmes de exaltação da ideologia fascista ou melodramas em que se sobressaíam as divas. Estes eram chamados de “cinema de telefone branco”, porque feitos em estúdios que representavam residências chiques, com personagens fora da realidade italiana. Havia uma evidente tentativa de se copiar Hollywood. Os documentaristas quem tinham alguma liberdade de experimentação temática e artística, principalmente em curtas-metragens, o que chamava pouca atenção.

    Em meio a estas produções, esbarrava-se no autoritarismo católico, que controlava os circuitos de exibição e coordenava também as censuras, tudo de acordo com os “princípios morais e educativos da Igreja”. Foi então que os cineclubes começaram a destacar-se nesse cenário.

    CARACTERÍSTICAS DO NEORREALISMO ITALIANO

    A linguagem do cinema neorrealista se caracterizou pelos enquadramentos em planos de conjunto e planos médios, sem muitos closes (a câmera não conduz o espectador, só registra as cenas); recusa de efeitos visuais (sem reflexos, deformações, imagens inclinadas); filmagem em cenários reais (câmeras nas ruas); muitas improvisações em relação ao roteiro; utilização de não-atores; simplicidade dos diálogos e valorização dos dialetos; além de orçamentos de baixo custo. 

    VIDA COTIDIANA NO CONTEXTO DE POBREZA E CRISE

    Muitos italianos se sentiram desesperados, tanto em suas circunstâncias atuais quanto na falta de oportunidade para qualquer tipo de melhoria em suas vidas. Os filmes neorrealistas capturaram esse desespero, em particular o sentimento de que o futuro parecia mais sombrio do que esperançoso para muitos. Por conta disso, outra característica comum desses filmes é o final infeliz. Não haveria uma solução fácil ou uma jornada segura em direção à estabilidade e prosperidade para os italianos e os filmes refletiam isso em narrativas impressionantes.

    DEVASTAÇÃO PÓS-GUERRA

    O neorrealismo era uma mistura de técnicas tradicionais e novas, amplamente moldadas pela guerra e suas consequências. Um número relativamente pequeno de cineastas abraçou o gênero e a maioria deles trabalhou nos filmes um do outro. Os mestres do neorrealismo italiano foram Michelangelo Antonioni, Gianni Puccini, Giuseppe de Santis, Vittorio de Sica, Federico Fellini, Roberto Rossellini, Luchino Visconti e Cesare Zavattini.

    VALORIZAÇÃO DAS EMOÇÕES DOS PERSONAGENS

    Uma característica importante dos filmes neorrealistas foi a beleza e o contraste das próprias imagens. Filmado em preto e branco, esses filmes têm uma qualidade assombrosa, com sombras profundas e bordas nítidas que ecoam, não apenas a dureza da vida durante os anos do pós-guerra, mas também as emoções dos próprios personagens.

    Todas as características do gênero estão expostas em uma história bem tecida que deixa os espectadores à beira de seus assentos, espremidos emocionalmente e com uma apreciação imensa, não apenas para o cineasta, mas para os não-atores que tão brilhantemente deram vida aos seus personagens e suas dificuldades.

    5 FILMES QUE DEFINEM O NEORREALISMO ITALIANO

    Obsessão (1943)

    Itália, início dos anos 40. No miserável Vale do Pó, Giovanna (Clara Calamai), a frustrada dona de uma pensão, planeja com o amante Gino (Massino Girotti) o assassinato do marido.

    Considerado por alguns teóricos como o marco inicial do movimento, Obsessão (1943) possui características essenciais do neorrealismo. Além de retratar a vida de um casal marginalizado, o diretor explora as locações e paisagens como elementos expressivos vitais para o drama.

    Vítimas da Tormenta (1946)

    Um retrato das crianças de rua na Itália pós-guerra. Giuseppe (Rinaldo Smordoni) e Pasquale (Franco Interlenghi) são duas das crianças, dois grandes amigos que vivem de lustrar os sapatos de soldados americanos. Eles dividem suas esperanças e seus sonhos inocentes de um futuro melhor, mas acabam presos numa terrível instituição para menores. O diretor Vittorio De Sica explora muito bem a interação entre os personagens e o espaço impessoal e decadente em que eles são aprisionados.

    Dois Vinténs de Esperança (1952)

    Boscotrecase, província de Nápoles: Antonio (Vincenzo Musolino) acabou de voltar do serviço militar e está encarando a dura realidade do pós-guerra, aprendendo a arte de sobreviver. Ele tem a mãe e várias irmãs para sustentar sozinho, e por isso ele aceita todo emprego que aparece.

    O filme de Renato Castellani se adequa a uma possível vertente mais leve e até comercial do movimento que alguns teóricos chamam de “neorrealismo rosa”. Apesar da premissa dramática sobre um jovem que volta da guerra e tenta sustentar sua família, a abordagem do filme é menos pessimista e, em certos momentos, flerta até mesmo com a comédia. 

    A Terra Treme (1948)

    Um grupo de pescadores são explorados pelos comerciantes locais. Uma das famílias tenta escapar da situação fundando seu próprio comércio, mas não consegue ajuda. Em uma busca mais humana em seus filmes, o cineasta Visconti lança mão de uma abordagem crua que beira o documental.

    Ladrões de Bicicleta (1948)

    A história se passa logo após a Segunda Guerra Mundial, com a Itália destruída e o povo passando necessidade. Antonio Ricci (Lamberto Maggiorani) consegue um emprego após muita espera. Só que esse emprego, de colador cartazes na rua, lhe pedia como obrigação uma bicicleta. Ricci e sua mulher Maria (Lianella Carell) conseguem um dinheiro para uma, possibilitando que ele realize o seu trabalho. Há também o menino Bruno (Enzo Staiola), filho do casal. Fascinado por bicicletas, o menino cai de cabeça com o pai na busca pela bicicleta que lhes foi roubada, quando Ricci trabalhava apenas em seu primeiro dia.

    Possivelmente o filme mais famoso do movimento, apesar do enredo simples, o diretor explora muito bem o individualismo e a desolação no contexto do pós-guerra na Itália.


    LEIA TAMBÉM:

    4 filmes imperdíveis da década de 40

    Cinema Noir: Entenda o fenômeno da década de 40

    Inscreva-se no YouTube do Feededigno

    Assista às nossas análises de filmes, séries, games e livros em nosso canal no YouTubeClique aqui e inscreva-se para acompanhar todas as semanas nossos conteúdos também por lá!