Início Site Página 221

    CRÍTICA – Francis Ford Coppola: O Apocalipse de Um Cineasta (1991, MUBI)

    Francis Ford Coppola: O Apocalipse de Um Cineasta (Heart of Darkness: A Filmmaker’s Apocalypse, no original) é um documentário lançado em 1991 e dirigido pelos diretores Eleanor Coppola, Fax Bahr e George Hickenlooper. O documentário encontra-se disponível atualmente no serviço de streaming MUBI.

    SINOPSE

    Este filme documenta os acontecimentos sensacionais que se desenrolaram durante a realização de Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola, realizado pelo cineasta entre 1975 e 1978 nas Filipinas. Com imagens de Eleanor Coppola, o documentário detalha as tumultuadas filmagens de um dos mais importantes filmes de guerra da história do cinema.

    ANÁLISE

    Todo diretor possui aquele projeto cinematográfico que é seu sonho de produção para sair do papel; como Stanley Kubrick com seu projeto lendário de Napoleão que infelizmente não viu a luz do dia, para tristeza dos cinéfilos. Mas, ao contrário de Kubrick, Francis Ford Coppola teve a sorte de dar vida ao seu filme mais ambicioso desde seu clássico O Poderoso Chefão (1972).

    Em Francis Ford Coppola: O Apocalipse de Um Cineasta, acompanhamos a produção infernal de Apocalypse Now sobre visão e direção de Eleanor Coppola, esposa de Francis Ford Coppola, Fax Bahr e George Hickenlooper. Ao longo da produção do icônico filme de guerra, o diretor passou por diversos percalços desde da pré-produção, incluindo um salário de US$ 3 milhões ao escalar Marlon Brando, por quatro semanas de trabalho.

    Entretanto, Brando se mostrou difícil, o ator rejeitou cada uma das ideias do diretor, inclusive a sugestão de ler o livro e seguir o original, Coração das Trevas, de Joseph Conrad ou mesmo raspar a cabeça. O comportamento de Marlon Brando no set foi irresponsável; além de estar acima do peso do personagem. O que fez Coppola cogitar a substituição do ator durante a produção. 

    Apesar de Brando não ter sido substituído, outro ator não teve a mesma sorte: Harvey Keitel, que já havia gravado cenas iniciais do longa, mas que mesmo assim acabou sendo substituído por Martin Sheen. Sua substituição ocorreu por Coppola achar que Keitel não captava a essência do protagonista, Capitão Benjamin L. Willard.

    Com relação à parte técnica, o documentário Francis Ford Coppola: O Apocalipse de Um Cineasta tem uma excelente montagem e conta com um ritmo narrativo que transmite todo caos apocalíptico que foi a produção do longa-metragem de 1979.  

    Dessa forma, a produção de Eleanor Coppola, Fax Bahr e George Hickenlooper é essencial para quem quer saber mais sobre como foi todo o desgastante processo criativo Francis Ford Coppola para entregar um dos filmes de guerra mais importantes do cinema de uma forma nunca vista antes na sétima arte.

    VEREDITO

    Francis Ford Coppola: O Apocalipse de Um Cineasta é um excelente documentário que mostra a obsessão de um diretor em entregar o seu melhor trabalho cinematográfico mesmo enfrentando o horror de uma produção épica que quase o levou à falência, mas que apesar das dificuldades entregou um filme fantástico.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Assista ao trailer original:

    Francis Ford Coppola: O Apocalipse de Um Cineasta está disponível no catálogo do MUBI.


    Inscreva-se no YouTube do Feededigno

    Assista às nossas análises de filmes, séries, games e livros em nosso canal no YouTubeClique aqui e inscreva-se para acompanhar todas as semanas nossos conteúdos também por lá!

    Astros de Harry Potter que já morreram e talvez você não sabia

    Este ano estreou na Netflix a 6ª – e última – temporada de Peaky Blinders com a ausência de uma das personagens mais marcantes da série: Tia Polly, interpretada por Helen McCrory. Ok, você deve estar se perguntando: “Mas o título diz Harry Potter, não Peaky Blinders“. Correto; por isso explicarei.

    Eu tinha ouvido falar muito bem da série sobre a família Shelby; porém ao assistir ao primeiro episódio anos atrás a série não me prendeu e a deixei na minha lista para uma oportunidade futura. E assim, este ano, pouco antes do lançamento da última temporada, retomei e fui fisgado. Maratonei todas as temporadas uma atrás da outra direto e reto!

    E ao pesquisar mais sobre a atriz britânica para o conteúdo Conheça o elenco da 6ª temporada de Peaky Blinders, descobri que Helen não estava mais entre nós e que em sua filmografia, constava a franquia Harry Potter… e uma coisa levou a outra, chegando a este conteúdo.

    Por isso, essa lista é uma homenagem a personagens que marcaram nossas lembranças e já não estão mais entre nós.

    Richard Harris (Prof. Alvo Dumbledore)

    O ator, diretor teatral, cantor, compositor e escritor irlandês Richard Harris, ficou popular entre o público adolescente por interpretar o Professor Alvo Dumbledore em Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001) e em sua continuação, Harry Potter e a Câmara Secreta (2002).

    Antes disso, Harris teve atuações marcantes em filmes como Os Imperdoáveis (1992) e Gladiador (2000).

    Após o falecimento do ator e por Alvo Dumbledore ser um personagem importante na franquia criada por J. K. Rowling, foi preciso que outro ator assumisse o legado de Harris e seu carismático Dumbledore. Então, a varinha do diretor da Escola de Magia Hogwarts foi passada para o ator Michael Gambon.

    Mais tarde o personagem viria a ser novamente interpretado por outro ator, desta vez por Jude Law como um jovem Alvo Dumbledore em Animais Fantásticos e Onde Habitam: Os Crimes de Grindelwald (2018).

    Richard Harris faleceu em 25 de outubro de 2002, aos 72 anos, após internação para tratamento de um câncer linfático.

    Richard Griffiths (Valter Dursley)

    O ator inglês de cinema, televisão e teatro Richard Griffiths ganhou muitos elogios e recebeu muitos prêmios, incluindo um Tony Award, um Laurence Olivier Award, o Drama Desk Award e o Outer Critics Circle Award; porém Griffiths ficou mais conhecido por seu papel como Valter Dursley nos filmes da franquia Harry Potter (2001-2011).

    No início de sua carreira, ele teve papéis coadjuvantes em filmes aclamados pela crítica como Carruagens de Fogo (1981) e Gandhi (1982). Em sua carreira posterior, ele apareceu em A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (1999), O Guia do Mochileiro das Galáxias (2005) e Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas (2011).

    Richard Griffiths faleceu em 28 de março de 2013, aos 65 anos, depois de ter complicações após uma cirurgia cardíaca.

    Dave Legeno (Fenrir Grayback)

    Lutador profissional, Dave Legeno foi treinado em vários estilos de combate, incluindo boxe, luta livre, judô, Jiu-Jitsu brasileiro e Muay Thai. Seu primeiro grande papel no cinema foi em Snatch: Porcos e Diamantes (2000). Ele teve papéis em Batman Begins (2005) e ouros filmes, mas seu papel mais importante foi o lobisomem Fenrir Greyback em Harry Potter e o Enigma do Príncipe (2009), Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1 (2010) e Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2 (2011).

    Legeno também era dublador e teve seus movimentos capturados o videogame The Getaway: Black Monday como protagonista, Eddie O’Connor.

    Dave Legeno faleceu em 06 de julho de 2014, aos 50 anos, por problemas de saúde relacionados ao calor. O corpo de Legeno foi encontrado por caminhantes em Death Valley National Park, Califónia; e poderia estar morto por três a quatro dias antes de seu corpo ter sido descoberto. Devido à área remota, um helicóptero foi chamado para recuperar seus restos mortais.

    Alan Rickman (Prof. Snape)

    Possivelmente o maior plot twist da franquia Harry Potter seja com o personagem mais incompreendido de todos: Severus Snape interpretado magistralmente pelo saudoso Alan Rickman.

    Rickman foi um ator e diretor inglês, conhecido por sua voz profunda e lânguida, ele estudou na Royal Academy of Dramatic Art em Londres e tornou-se membro da Royal Shakespeare Company, atuando em produções teatrais modernas e clássicas.

    O primeiro papel no cinema de Alan Rickman veio quando ele foi escalado como o líder terrorista alemão Hans Gruber em Duro de Matar (1988) e Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (2007), atuando em diversas produções entre as citadas, que lhe renderam muitas indicações e premiações, mas sem dúvidas o personagem mais marcante da carreira de Rickman é o seu complexo professor de Poções na Escola de Magia Hogwarts: o Prof. Snape.

    Alan Rickman faleceu em 14 de janeiro de 2016, aos 69 anos, após uma longa batalha contra um câncer de pâncreas. Em agosto de 2015, Rickman teve um pequeno derrame, que levou ao diagnóstico de câncer de pâncreas, porém o ator revelou que tinha câncer terminal apenas para seus confidentes mais próximos, mantendo sua doença longe do público o máximo possível.

    John Hurt (Sr. Olivaras)

    Ator inglês cuja carreira durou mais de cinco décadas, Sir John Vincent Hurt ganhou destaque por seu papel como Richard Rich no filme O Homem Que Não Vendeu Sua Alma (1966) e ao longo de sua carreira ganhou indicações BAFTA Awards, Globo de Ouro e ao Oscar.

    Em sua longa filmografia também conta filmes como Alien: O Oitavo Passageiro (1979), que apresenta a cena em que uma criatura alienígena explode seu peito; nomeada por várias publicações como um dos momentos mais memoráveis ​​da história do cinema.

    Hurt ganhou seu terceiro BAFTA, juntamente com sua segunda indicação ao Oscar e ao Globo de Ouro, como Joseph Merrick na cinebiografia O Homem Elefante (1980). Ao longo da carreira o ator foi indicado sete vezes ao BAFTA e outras premiações internacionais. John Hurt foi considerado um dos melhores atores da Grã-Bretanha e com uma voz distinta, atuou também como dublador em diversas produções, incluindo a animação O Senhor dos Anéis (1978).

    Em 2015, foi nomeado cavaleiro por seus serviços ao drama.

    John Hurt faleceu em 25 de janeiro de 2017, aos 77 anos, devido a um câncer de pâncreas.

    Helen McCrory (Narcissa Malfoy)

    A atriz inglesa Helen McCrory somou 28 anos de carreira e venceu o BAFTA por sua atuação no filme Streetlife (1995). Começou a atuar nos teatros de Londres e, desde o início da carreira, foi premiada por seus papéis nos palcos.

    No cinema, atuou em mais de 30 filmes, incluindo: A Rainha (2006), A Invenção de Hugo Cabret (2011), 007 – Operação Skyfall (2012) e também muitas séries de TV, incluindo Peaky Blinders.

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA | A importância de Helen McCrory em Peaky Blinders

    Na franquia de Harry Potter, McCrory viveu a bruxa puro-sangue Narcissa Malfoy, mãe de Draco Malfoy, nos filmes Harry Potter e o Enigma do Príncipe (2009), Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1 (2010) e Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2 (2011).

    Helen McCrory faleceu em 16 de março de 2021, aos 52 anos, devido a um câncer de mama.

    Robbie Coltrane (Hagrid)

    O ator escocês Robbie Coltrane conhecido principalmente pelo papel de Hagrid na franquia Harry Potter, vencedor de três BAFTAs por seu trabalho na série de TV Cracker (1993-1996); Coltrane também é amplamente relembrado pelo seu trabalho na franquia 007 como o personagem Valentin Zukovsky, nos filmes 007 Contra GoldenEye (1995) e 007 – O Mundo Não é o Bastante (1999). Em 2006, o ator recebeu uma homenagem da saudosa Rainha Elizabeth II por sua contribuição ao cinema britânico.

    Seu último trabalho como ator foi na série Urban Myths, onde interpretou Orson Welles em dois episódios, em 2019 e 2020.

    Robbie Coltrane faleceu em 14 de outubro de 2022, em um hospital perto de sua casa em Larbert, na Escócia. O ator lutava contra problemas de saúde há dois anos.

    Maggie Smith (Profª Minerva McGonagall)

    Maggie Smith: Conheça a atriz e seus 10 melhores trabalhos

    Maggie Smith é uma das mais respeitadas e veneradas atrizes britânicas da história do cinema e do teatro. Com uma carreira que abrange mais de seis décadas, sua versatilidade e talento a tornaram uma figura icônica tanto na telona quanto nos palcos.

    Muito conhecida por seu papel na franquia Harry Potter ao interpretar a Profª Minerva McGonagall, a incrível atriz britânica faleceu dia 28 de setembro de 2024, aos 89 anos.

    Ao longo de sua carreira, Maggie Smith acumulou uma impressionante coleção de prêmios. Ela é uma das poucas atrizes a conquistar a chamada “Tríplice Coroa de Atuação” — OscarTony e Emmy.

    Maggie Smith é um verdadeiro ícone da arte dramática. Com uma carreira que atravessa gerações e diferentes meios – teatro, cinema e televisão -, e mesmo após sua morte, certamente continuará a encantar e impressionar o público com suas performances memoráveis. Sua vasta lista de prêmios e sua longevidade profissional são testemunhos de seu incomparável talento e dedicação ao ofício da atuação.

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA | Maggie Smith: Conheça a atriz e seus 10 melhores trabalhos


    Inscreva-se no YouTube do Feededigno

    Assista às nossas análises de filmes, séries, games e livros em nosso canal no YouTubeClique aqui e inscreva-se para acompanhar todas as semanas nossos conteúdos também por lá!

    CRÍTICA – Neon White (2022, Annapurna Interactive)

    Mesmo depois de horas de experiência, ainda não sei ao certo como classificar Neon White. O trabalho do pequeno estúdio Angel Matrix, junto da Annapurna, pode ser chamado de um FPS, speedrunner, um simulador de parkour e também um jogo de plataforma.

    São tantas as características distintas que compõem este game que fica até difícil defini-lo em poucas palavras. E não, isto não é um depoimento de Orkut (peço perdão aos jovens que não entenderem a referência. A verdade é que Neon White tem elementos tão distintos que o fazem único ao seu modo.

    Lançado no dia 16 de junho de 2022 para PC e Nintendo Switch, esta talvez possa ser considerada mais uma obra-prima coproduzida por Ben Esposito, também responsável por títulos como What Remains of Edith Finch (2017) e Donut County (2018).

    SINOPSE

    Neon White é um jogo de ação em primeira pessoa incrivelmente rápido que coloca em suas mãos a tarefa de exterminar demônios infiltrados no Paraíso. Você é White, assassino escolhido a dedo das profundezas do Inferno para competir com outros assassinos de demônios por uma chance de viver permanentemente no Paraíso. Esses assassinos, porém, parecem familiares… teria você os conhecido numa vida passada?

    ANÁLISE DE NEON WHITE

    A dificuldade em determinar a principal classificação de Neon White se dá justamente por o game ser uma concatenação de elementos tão bem orquestrada que o combinado se torna muito mais representativo do que uma característica isolada.

    Falei muito e não falei nada, né? Veja qual não é minha dificuldade. Mas vou tentar optar pela simplicidade. Quem sabe ajude a entender.

    Basicamente, Neon White é um jogo onde temos que completar percursos eliminando demônios. Se conseguirmos completar as eliminações do percurso dentro de um determinado tempo, ganha-se uma medalha para poder acessar novos percursos.

    Ficou mais fácil, né? Agora, some a esta base uma trilha sonora muito empolgante, uma história simples que ganha muito por causa dos seus personagens e gráficos que cativam demais. Já tem uma fórmula pra pelo menos prender sua atenção? Então segue comigo.

    História

    Apesar de ser um jogo bastante focado em suas mecânicas e no desafio de fazer um menor tempo, podendo simplesmente pular o blá blá blá e ir direto para os desafios, a história de Neon White é bastante boa. Não é a maior história de todos os tempos, ok. Mas é muito boa e serve ao seu propósito.

    A história de Neon White é satisfatória e bem humorada, tornando gratificante a experiência de superar os desafios

    Partindo da base padrão de amnésia do protagonista, o Neon White, descobrimos que após a morte ele foi mandado ao inferno e agora está no paraíso, junto de outros Neons (como são chamados os assassinos) para participar de uma competição que dará direito ao vencedor de permanecer no paraíso.

    O grande ganho que temos aqui são os personagens que White vai encontrando pelo caminho. Aparentemente, todos se lembram dele da vida anterior, o que torna tudo mais intrigante. Por que só ele sofreu amnésia? O que é esta competição? A evolução do jogo e estes personagens extremamente cativantes vão ajudar a entender e se divertir.

    Mecânicas

    Como já mencionado, as mecânicas base são retiradas dos FPS antigos. Não significa que temos que surfar a cada centímetro – como em Perfect Stride (2013), mas alguns desafios exigirão algum domínio da técnica, pelo menos.

    O jogo, por ter velocidade como uma de suas principais características, é bastante difícil em um primeiro momento. Principalmente para jogadores mais casuais, entrar de cabeça em um speedrun não é tão simples. Mas como em tudo, a prática leva à perfeição (ou pelo menos ao tempo mínimo para passar de fase).

    O speedrun dirigido por Ben Esposito é inicialmente difícil

    A evolução de novos demônios, novas cartas arma e novas técnicas para superar desafios é muito bem cadenciada. Quando se acha que não tem como vir algo novo, o game surpreende e implementa mais um patamar na escala de aprendizado. Talvez este seja um dos principais fatores para me deixar viciado nesta progressão louca e frenética.

    Arte

    Neon White, só com os fatores apresentados, já seria um jogo muito bom. Mas a Annapurna, não contente com o “muito bom”, mirou no excelente. O trabalho do Angel Matrix em criar um anime no formato de graphic novel, em paralelo a um speedrunner, foi incrível.

    Os gráficos de Neon White, seja durante as cutscenes e cenas de diálogos ou quando retratam as belas paisagens do paraíso (e outros lugares), são sensacionais. Sem tantos elementos, podemos nos concentrar no que importa e em suas cores vibrantes e divertidas.

    A trilha sonora é de responsabilidade do Machin3 Gir1, um projeto americano de música eletrônica que tem como proposta criar um som num estilo punk eletrônico (elevado à uma potência de hardcore). O resultado casa muito bem com os percursos frenéticos e velozes, contrastando com a graça e leveza dos belos cenários do paraíso. O jogo é uma obra de arte.

    Referências

    Seria leviano contar mais sobre a experiência de jogar Neon White sem trazer algumas informações que considero necessárias para a compreensão do tamanho deste jogo.

    O trabalho dos pouco menos de 20 membros do estúdio Angel Matrix passa por muitas referências. Até mesmo porque dele fazem parte alguns dos membros do Arcane Kids, um estúdio bastante… excêntrico. E desta correlação, conseguimos perceber algumas referências do passado de quem compôs esta obra.

    O estilo do jogo remete a simuladores de parkour; ainda assim, podemos cavar na história de dois de seus desenvolvedores uma nítida inspiração. Eu tranquilamente consigo dizer que Neon White é uma recriação do Perfect Stride, um game de skate, mas que tem como mecânicas básicas a inspiração na técnica de surf, desenvolvida nos jogos de Counter Strike.

    Além do estilo, alguns dos colecionáveis do jogo também fazem referência a outras obras. Umas pelúcias que encontramos e presenteamos uma das amigas do protagonista são provenientes do jogo Tattletail (2016), onde Ben Esposito e sua esposa, Geneva Hodgson, também trabalharam juntos.

    E estes são só alguns dos elementos, digamos, históricos, que ornam este relicário que é Neon White.

    VEREDITO

    Eu já havia experimentado a demo de Neon White na época em que esteve disponível no último Steam Vem Aí. Confesso que pelo primeiro capítulo disponibilizado naquela versão não criei grandes expectativas. Mas a versão completa me surpreendeu muito.

    Neon White é um incrível speedrunner FPS com elementos de plataforma desenvolvido pela Annapurna Interactive em parceria com o Angel Matrix.

    Neon White se provou um jogo completo, diverso e com elementos inovadores e muito bem equilibrados entre si. Nunca imaginei me divertir tanto com as personalidades bem elaboradas de cada personagem e com os desafios insanos ao som de um punk eletrônico muito divertido.

    O senhor Ben Esposito e a dona Annapurna estão de parabéns (como é costumeiro), pois não consegui identificar nenhum ponto negativo pesado o suficiente para desqualificar o jogo de forma alguma.

    As quase 20 horas que levei para completá-lo (sou meticuloso e não sou grande adepto aos speedrunners, então me custou um pouco mais a adaptação às mecânicas) foram totalmente compensadas pela história satisfatória, o humor da trama e a sensação gratificante de superar os desafios.

    O jogo possui valores bastante honestos. Considerando que poucos jogos são baratos no Brasil, atualmente, o game custa R$ 51 no Steam e R$ 100 no site da Nintendo. Para PC, eu pagaria tranquilamente (só não pagaria pra Switch porque não tenho um).

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Confira o trailer de Neon White:

    Acompanhe as lives do Feededigno na Twitch

    Estamos na Twitch transmitindo gameplays semanais de jogos para os principais consoles e PC. Por lá, você confere conteúdos sobre lançamentos, jogos populares e games clássicos todas as semanas.Curte os conteúdos e lives do Feededigno? Então considere ser um sub na nossa Twitch sem pagar nada por isso. Clique aqui e saiba como.

    CRÍTICA – Quantum Break (2016, Remedy Entertainment)

    Quantum Break é um game produzido pela Remedy Entertainment. Lançado em 2016, o game conta a história de Jack Joyce em sua tentativa de impedir o fim do mundo. Estrelado por Shawn Ashmore, o game é ambientado no mundo de Alan Wake e Control.

    O game é um exclusivo Xbox e está disponível no serviço de assinatura Game Pass. O game conta com Aidan Gillen, Dominic Monaghan, Lance Reddick e muitos outros atores de peso no elenco.

    SINOPSE

    Depois de uma destruição de uma fração de segundo que danificou a própria trama do tempo, duas pessoas descobrem que foram modificadas e ganharam habilidades extraordinárias. Uma delas viaja no tempo e começa a tentar a controlar este poder. A outra usa as novas habilidades para tentar derrotá-lo e consertar a trama do tempo antes que ela se torne irreparável. Ambos encaram missões difíceis e tomam decisões dramáticas que determinarão como será o futuro. Quantum Brake é uma experiência única, parte videogame de ação intensa, parte seriado de TV emocionante, trazendo um elenco estelar que inclui Shawn Ashmore como o herói Jack Joyce, Aidan Gillen como seu arqui-inimigo Paul Serene, e Dominic Monaghan como irmão superdotado de Jack, William.

    ANÁLISE

    Quantum Break

    No dia em que escrevo esse texto, quase 6 anos após o lançamento do game, ele conta com 77% no Metacritic. Entender o caminho que a Remedy percorreu e o momento em que o game foi publicado, é entender a história do estúdio. O estúdio que contou com seu Death Rally em seu jogo de estreia em 1996, lançou alguns anos depois, em 2001 um game que passaria a mudar os third person shooters. Max Payne não inventou a roda, mas revolucionou alguns elementos e transpôs aos games um elemento criado pelas Irmãs Wachowski em seu Matrix de 1999, o bullet time, e outros elementos cinematográficos.

    Alan Wake representou muito do que o vindouro futuro do estúdio viria a ser quando passou explorar conceitos com os aspectos mais obscuros dos indivíduos e seus medos. Em Control, a Remedy pulou na cabeça no misticismo e abraçou o que Alan Wake passou a apresentar em seu Remedy-verse.

    Ainda que não tenhamos uma prova concreta de que Quantum Break seja ambientado no Remedy-verse, um dos elementos que nos dão alguns indícios, são as referências a Alan Wake no mundo do game.

    Quantum Break nos apresenta uma história de ficção-científica imensamente interessante e nos coloca no controle do único indivíduo que pode impedir que a Fratura do espaço-tempo se espalhe e destrua todo o universo como o conhecemos.

    Após ser atingido por um acidente no laboratório de seu irmão William Joyce, por uma máquina do tempo com defeito, Jack Joyce ganha poderes baseados no controle e manipulação temporal. Para sua surpresa, Jack não é o único no alcance da explosão e seu antigo amigo Paul Serene é atingido – nem preciso dizer que o mesmo acontece com Paul.

    A forma como a Remedy encaminha a trama do game, pode ser encarada por vezes como uma preparação para a história muito maior que o estúdio queria contar em um game no escopo que Control viria a ter no futuro. Quantum Break conta com 5 diferentes atos. E cada um desses atos, conta com 3 diferentes capítulos. Ao fim de cada um dos atos, suas escolhas darão início à diferentes tramas com vídeos live-action.

    PODERES, O TEMPO E O FIM DO MUNDO

    Quantum Break

    Os poderes de Jack envolvem a Visão Temporal, a habilidade de parar o tempo, esquiva temporal, escudo temporal, estouro temporal e aceleração temporal.

    Conheça as habilidades de Jack:

    • Visão temporal: Essa habilidade dá a Jack o poder de ver os cenários em detalhes, destacando itens, inimigos e objetivos. Essa habilidade também permitem que os jogadores manipulem o tempo em determinadas áreas, construindo objetos destruídos, ou alterando elementos.
    • Parar o tempo: Em determinadas áreas de Quantum Break, você ficará rodeado de inimigos. Mas Jack possui a habilidade perfeita para impedi-los de obter êxito em sua empreitada. Quando parar o tempo, você pode paralizar seus inimigos por alguns segundos.
    • Esquiva Temporal: A esquiva temporal te permitirá desviar de inimigos que tentam te matar, permitindo que Jack se movimente rapidamente pelos cenários.
    • Escudo temporal: Outra forma de se defender seus inimigos é usando o Escudo temporal. Esse escudo evitará que qualquer dano o atinja por um curto período de tempo.
    • Estouro temporal: Essa habilidade é uma das mais poderosas de Jack. Essas habilidade te permite parar o tempo e ao mesmo tempo, é como se lançássemos uma granada que atinge uma grande área e múltiplos inimigos ao mesmo tempo.
    • Aceleração temporal: Essa é a ultima habilidade obtida por Jack e te permitirá enfrentar seus inimigos de maneira mais direta, ou mais discreta, variando ainda mais sua gameplay.

    Com a Monarch Solutions colocando em xeque quase todas as ações de Joyce, o fim dos tempos parece inevitável. Com o aumento de fraturas temporais se sucedendo, a humanidade parece não ter salvação.

    A forma como entendemos o game, pode ser melhor compreendida apenas ao final do mesmo. Sua progressão e como o tempo se desenrola na trama é um dos aspectos mais interessantes, assim como as fraturas do tempo. Os esforços daquele que tem intuito de impedir a empreitada da Monarch é um desafio compreensível, e algo completamente palpável para os menos afortunados. Já a motivação do vilão é apenas “ter mais poder”.

    VEREDITO

    Quantum Break não é apenas um game palatável. Sua história se estende também a uma série live-action com 4 episódios de 20 minutos cada. Os desafios aos quais somos apresentados é compreensível e os últimos anos nos fazem acreditar o que as pessoas são capazes de fazer qualquer coisa para continuar com o mínimo de poder que elas tem. Ou no caso de Paul Serene, o poder de controlar o tempo.

    A jogabilidade do mesmo se assemelha à qualquer third person shooter, e vai muito além do bullet time de Max Payne. Ver rostos conhecidos na trama do game como Courtney Hope (que viria a dar vida à Jesse Faden) é interessante, assim como ver a qualidade do design e a otimização relacionada às físicas das partículas do game.

    Quantum Break é um game que parece ter passado abaixo do radar de muita gente, mas vale muito a pena ser revisitado, principalmente se você possui uma assinatura Game Pass.

    Nossa nota

    4,0 / 5,0

    Confira o trailer do game:

    Acompanhe as lives do Feededigno na Twitch

    Estamos na Twitch transmitindo gameplays semanais de jogos para os principais consoles e PC. Por lá, você confere conteúdos sobre lançamentos, jogos populares e games clássicos todas as semanas.

    Curte os conteúdos e lives do Feededigno? Então considere ser um sub na nossa Twitch sem pagar nada por isso. Clique aqui e saiba como.

    Stranger Things: Veja as mortes mais marcantes da série

    Stranger Things é caracterizado por ter personagens marcantes e que fizeram história, mesmo que em breves momentos. Por conta disso, vamos te apresentar aqui as mortes mais impactantes da série por temporada. Lembrando que o texto abaixo contém muitos spoilers, leia por sua conta em risco! Confira:

    BARBARA “BARB” HOLLAND (1ª TEMPORADA)

    JUSTICE FOR BARB!

    Abrindo a lista de forma polêmica, temos Barbara Holland (Shannon Purser) era a melhor amiga de Nancy (Natalia Dyer) e foi a primeira vítima do Demogorgon na cidade de Hawkins.

    A personagem até não era tão relevante, e morreu segurando vela para a sua melhor amiga enquanto ela ficava com o namorado da época, Steve (Joe Keery). A comoção gigantesca foi até surpreendente, até mesmo para os showrunners que tiveram que dar um maior background para essa situação na segunda temporada, dando uma maior importância para a personagem que era bastante irrelevante.

    BOB NEWBY (2ª TEMPORADA)

    Essa aqui foi bastante dolorosa para os fãs de Stranger Things.

    Sean Astin era um grande fã do seriado e os Duffer não perderam tempo e deram um papel recorrente ao ator na segunda temporada, com ele dando vida ao simpático e divertido Bob Newby, o namorado de Joyce (Winona Ryder).

    O pobre homem morreu como um herói, se sacrificando para ganhar tempo e salvar sua amada dos Demodogs. Um ato que é lembrado até hoje pela matriarca da família Byers e que foi bastante emocionante para o público.

    DR. ALEXEI (3ª TEMPORADA)

    Stranger

    Uma das surpresas positivas da terceira temporada, o anti-herói Dr. Alexei (Alec Utgoff) foi um dos personagens queridinhos da trama dos soviéticos no terceiro ano de Stranger Things.

    No início, ele estava do lado dos bandidos, mas com seu coração mole, acabou indo para o lado dos mocinhos, sendo assassinado em um parque de diversões pela KGB. Uma cena bem triste na série.

    BILLY HARGROVE (3ª TEMPORADA)

    stranger things

    O irmão de Max (Sadie Sink) foi um dos grandes vilões da terceira temporada, sendo um receptáculo do Devorador de Mentes.

    Billy Hargrove (Dacre Montgomery) deu bastante trabalho para nossos heróis, sendo uma pedra no sapato de Max e companhia. Contudo, no capítulo final, o rapaz recobra seus sentidos e salva os garotos do fim derradeiro no shopping, derrotando o monstro gigante.

    EDDIE MUNSON (4ª TEMPORADA)

    Veja o Clube Hellfire jogando D&D de verdade

    Por fim, o melhor de todos, o maioral, o cara que carregou nas costas uma nação de nerds incompreendidos e que entregou tudo com sua guitarra ao som de Master of Puppets em cima de seu trailer no Mundo Invertido.

    Sim, estamos falando de Eddie Munson (Joseph Quinn), uma das melhores adições do quarto ano de Stranger Things, junto com Vecna (James Campbell-Bower) e Jason (Mason Dye) que teve uma morte catártica por parte do público também.

    Eddie, assim como Bob, se sacrificou para salvar seus amigos e como havia dito o seu “best” Dustin (Gaten Matarazzo) “ele se sacrificou para salvar uma cidade que tanto o odiava”.

    O metaleiro chama a atenção dos Morcegos do Vecna e acaba sendo devorado por eles no embate. Por mais que o plano tenha sido executado com algum sucesso pelos Steve e seus companheiros, Eddie não conseguiu se salvar, mas estará para sempre em nosso corações.

    Confira nossa live sobre a quarta temporada de Stranger Things:

    Inscreva-se no YouTube do Feededigno

    Assista às nossas análises de filmes, séries, games e livros em nosso canal no YouTubeClique aqui e inscreva-se para acompanhar todas as semanas nossos conteúdos também por lá!

    CRÍTICA – Iluminadas (1ª temporada, 2022, Apple TV+) 

    Iluminadas (Shining Girls no original) é uma série de suspense da Apple TV+; a produção é uma adaptação do livro de romance homônimo de Lauren Beukes

    A série conta com Silka Luis (Strange Angel) como showrunner, ela também atua como roteirista ao lado de Beukes e produtora junto com Elisabeth Moss (O Homem Invisível) e Leonardo DiCaprio. Na direção estão Daina Reid, Moss e Michelle MacLaren. Já o elenco principal apresenta Moss no papel principal, Wagner Moura, Jamie Bell e Phillipa Soo

    A 1ª temporada já está disponível no catálogo do serviço de streaming.

    SINOPSE

    Kirby (Elisabeth Moss) é uma jovem com um futuro promissor vivendo em Chicago, na década de 1980. Um dia, ela é atacada por Harper (Jamie Bell), um homem misterioso culpado pelo desaparecimento e morte de inúmeras mulheres. Diferente das outras vítimas, Kirby sobrevive e decide caçá-lo. Na busca por respostas, ela recebe a ajuda de Dan (Wagner Moura), um jornalista tentando desvendar o mistério por trás da morte das outras vítimas de Harper. 

    ANÁLISE

    É louvável quando uma série que se propõe a ter diferentes conceitos consegue se manter fiel a si mesma. Iluminadas da Apple TV+ é um desses raros casos, não somos bombardeados por inúmeras explicações em seu início e muito menos em seu final. De fato, aos poucos, os quebra cabeças vão sendo montados e perguntas vão sendo respondidas, mas de verdade, as explicações pouco importam porque estamos absortos em uma história fascinante.  

    No texto de primeiras impressões da série, comentei sobre a fórmula serial killer nas produções cinematográficas e como isso é reinterpretado em Iluminadas. Acontece que a produção não só reinterpreta como é inteligente o suficiente para trazer novos significados. Kirby consegue parar um assassino que viaja no tempo e ao perceber que não é mais uma vítima, ela deixa de fugir e passa a procurar por ele. 

    É de certa forma um alívio, Iluminadas é inteiramente tenso com Kirby e Dan tentando entender quem é o assassino e quem será a próxima vítima, literalmente, uma corrida contra o tempo. O jogo de perseguição é sucinto e interessante, ainda mais porque como espectador temos acesso ao assassino. Em alguns episódios, vemos o passado de Harper e sua pose amedrontadora vai se esvaindo, ele mais parece um hospedeiro que teve acesso a um poder indecifrável. 

    Do outro lado, Kirby se torna mais astuta na medida que compreende sua realidade caótica, e aqui é preciso ressaltar o incrível trabalho de Elisabeth Moss que consegue transpassar todos os sentimentos confusos e mais tarde, lúcidos de sua personagem. Dessa forma, também é preciso falar de Dan, um personagem extremamente atípico para ser o herói, mas é ele quem descobre a chave final do mistério que leva ao assassino – Wagner Moura entrega uma performance extremamente empática. 

    Nesse sentido, Iluminadas é uma série para se apreciar, sua singularidade está no poder de sua narrativa. Desde assuntos complexos, como feminicídio e alcoolismo ganhando um singelo destaque até a construção de relações entre os personagens e conceitos como viagem do tempo sendo explorados. Consequentemente, a primeira temporada de Iluminadas se garante como um arco fechado e uma continuação talvez descaracterize sua essência. Afinal, às vezes, as reflexões que acompanham as perguntas são suficientes para entregar uma ótima produção. 

    VEREDITO

    Com um final fechado, Iluminadas, da Apple TV+, é uma das melhores séries até agora no ano. Um roteiro que tem coragem para dispensar grandes explicações e reviravoltas e que assim, garante uma excelente história. Além disso, a direção acerta um tom extremamente imersivo em cada cena.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Assista ao trailer legendado:

    Iluminadas já está disponível no catálogo da Apple TV+.

    Inscreva-se no YouTube do Feededigno

    Assista às nossas análises de filmes, séries, games e livros em nosso canal no YouTubeClique aqui e inscreva-se para acompanhar todas as semanas nossos conteúdos também por lá!