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    CRÍTICA – Adam by Eve: A Live in Animation (2022, Nobutaka Yoda)

    Dirigido por Nobutaka Yoda, Adam by Eve: A Live in Animation é um filme japonês original da Netflix com produção do cantor e compositor Eve.

    SINOPSE DE ADAM BY EVE: A LIVE IN ANIMATION

    O cantor e compositor Eve usa sua força criativa para unir anime e live action em uma experiência musical inspirada em Adão e Eva.

    ANÁLISE

    Adam by Eve se desenvolve pela ótica de Aki, uma estudante que se sente excluída da sociedade. Entretanto, esse sentimento é amenizado devido à companhia de sua melhor amiga, Taki.

    Após relatar um sonho bastante incomum, a adolescente Taki desaparece misteriosamente, deixando a sua companheira Aki em constante procura.

    Posso começar a dizer com ênfase que, se a produção utilizasse desse enredo que descrevi para trabalhar seu filme, poderia sair algo realmente bom, mas decidiram por fazer algo experimental, o que não há nenhum problema. A questão é quando pecam na dosagem.

    Existem outras obras que misturam a experiência cinematográfica com a magia da musicalidade, seus instrumentos, notas e ritmos, assim, como foi muito bem realizado na animação Fantasia, da Disney, que se tornou um clássico. Ou até mesmo na Netflix podemos ver com alegria a excelência de ANIMA (2019), um curta musical onde capta o talento de Tom Yorke, vocalista do Radiohead, e o diretor Paul Thomas Anderson.

    Mas, diferentemente dessas obras citadas, Adam by Eve: A Live in Animation não conseguiu harmonizar o ato de mesclar live action com música e animação de forma que nos cative, devido à sua grande confusão.

    O filme passa mais uma sensação de que não souberam dosar o experimento, tornando tudo bastante confuso. Apesar de se agarrar ao apelo de qualidade de fotografia e animação, isso acaba não sendo o suficiente para ser algo querido.

    VEREDITO

    Apesar da descrição do filme relatar que é inspirada em Adão e Eva, sua linguagem com as referências são poucas e bem destoantes. Levemente pode-se observar alguns detalhes que remetem à história bíblica.

    Mesmo com boa qualidade de animação e fotografia, ambas não foram usadas de forma correta, se tornando um exagero de situações que são jogadas em tela.

    A parte musical é o ponto mais fraco dessa produção porque não se comunica com o restante do enredo, nem segue nenhuma harmonia e ou gera conexão com o restante da obra.

    Adam by Eve: A Live in Animation é um abuso de vários recursos que, infelizmente, juntos não conseguem passar algo bom que consiga nos encantar.

    Nossa nota

    2,0 / 5,0

    Assista ao trailer de Adam by Eve:

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    CRÍTICA – Cidade Pequenina (2021, Pipoca & Nanquim)

    Cidade Pequenina é um quadrinho nacional escrito e desenhado pelos irmãos Aldo e Camilo Solano. A obra foi publicada pelo selo original Pipoca & Nanquim em 2021.

    SINOPSE DE CIDADE PEQUENINA

    Nesta publicação do selo original Pipoca & Nanquim, os irmãos Aldo e Camilo Solano nos apresentam histórias e “causos” de uma cidadezinha do interior do Brasil.

    Tendo como referência o trabalho de Will Eisner em Nova York, Cidade Pequenina reúne crônicas de uma vida simples que os autores presenciaram ou ouviram contar, com o intuito de resgatar e preservar memórias. Um registro dos costumes e das diversas maneiras de pensar e enxergar o mundo, pelas mãos de dois dos principais nomes dos quadrinhos nacionais desta geração.

    Em 19 histórias são abordados diversos temas, momentos e situações inusitadas que aconteceram com os moradores de São Manuel (SP). Mas, apesar dos curiosos e vívidos personagens que povoam as páginas, o verdadeiro protagonista do livro é a própria cidade, que, devido à atmosfera e particularidades completamente inusitadas, transborda de humor e graça.

    ANÁLISE

    Para quem vive ou viveu em alguma cidade do interior do Brasil sabe que as coisas são sempre pacatas e repletas de histórias hilárias ou de pessoas que acabam sendo conhecidas como loucas por alguma peculiaridade, e por isso se tornam personagens da cidade.

    Dito isso, Cidade Pequenina conta pequenas histórias cômicas e inusitadas de pessoas que vivem em cidades do interior do Brasil, em especial na cidade de São Manuel, no interior de São Paulo.

    De maneira bastante agradável, esses pequenos contos são contados de forma criativa. Em alguns contos será inevitável o leitor não comparar com algum cidadão de sua cidade. Todos os contos são notáveis em Cidade Pequenina, mas meu destaque vai para Butina, Caminhão de Banha e Briga de Família. Todas as histórias em destaque são ótimas. 

    O traço do quadrinho é bastante bonito e remete ao estilo cartum, o que deixa os contos bastante engraçados com a expressão exagerada de cada personagem. Além disso, a colorização remete à nostalgia dos anos 1980 e 1990 e à simplicidade de viver em uma cidade pequena durante esse tempo.

    Cidade Pequenina é um ótimo quadrinho que narra de maneira cômica a vida das pessoas que vivem em uma cidade pequena sem a tecnologia e as redes sociais que nos conectam nos dias de hoje.

    Em contrapartida, a obra pode acabar não sendo tão interessante para quem espera que a trama fosse ser desenvolvida em diversas cidades do interior do Brasil, pois nesse ponto alguns contos podem acabar não sendo tão engraçados ou causar alguma familiaridade.

    VEREDITO

    Em suma, Cidade Pequenina é um quadrinho divertido que mostra os aspectos culturais de viver no interior, mas que pode acabar não sendo interessante aos leitores que esperavam algo com mais desenvolvimento. Mesmo assim, tem seu mérito por ser um ótimo quadrinho nacional.

    Nossa nota

    3,0 / 5,0

    Publicado pela Pipoca & Nanquim, Cidade Pequenina é um quadrinho brasileiro escrito e desenhado pelos irmãos Aldo e Camilo Solano.

    Autor: Aldo Solano e Camilo Solano

    Editora: Pipoca & Nanquim

    Páginas: 252

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    Noites Sombrias #62 | Fantasmas do Passado (2022, Mariama Diallo)

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    A mais nova produção original da Amazon Prime Video, Fantasmas do Passado (Master, título original) traz um tema de terror sobrenatural e social que vem dividindo muitas opiniões desde a sua estreia. Mas não é de hoje que os filmes intitulados terror trazem subgêneros que fogem desse padrão e tem apresentado roteiros muito interessantes e temas atuais.

    O elenco conta com Regina Hall, Zoe Renee, Amber Gray, Ella Hunt e Joel de la Fuente.

    SINOPSE DE FANTASMAS DO PASSADO

    Três mulheres lutam para encontrar seu lugar em uma prestigiada universidade da Nova Inglaterra, cuja gélida elite parece esconder algo ainda mais sinistro. A professora Gail Bishop (Regina Hall) foi recentemente promovida a mestre de um alojamento, a primeira vez na Universidade Ancaster em que uma mulher negra recebeu essa função. Determinada a balançar tradições com séculos de duração, Gail logo se encontra presa nos julgamentos e tribulações de Jasmin Moore (Zoe Renee), uma enérgica e otimista caloura negra.

    O tempo de Jasmine em Ancaster logo é ameaçado quando ela é apontara para um dormitório que, dizem, é assombrado. As coisas pioram quando Jasmine entra em conflito com Liv Beckman (Amber Gray), uma professora no meio da sua própria revisão de uma jornada racialmente conflituosa. Conforme Gail tenta manter a ordem e cumprir suas missões como mestra, rachaduras começam a surgir na antes imaculada fachada de Ancaster. Após uma carreira lutando para entrar no círculo interno da universidade, Gail é confrontada com a horrível noção do que está abaixo, passando a se perguntar não o quê é assombrado, mas quem.

    ANÁLISE

    Fantasmas do Passado é um filme atual, sobrenatural e, contudo, fugindo do óbvio que a maioria dos filmes do gênero terror nos apresenta. O longa está diretamente ligado ao drama, com perfis de personagens iguais mas que não se conectam em contexto.

    A trama se desenvolve quando Gail é promovida a tutora ou mestre. Ela é a primeira mulher negra a ocupar o corpo docente da renomada faculdade da Nova Inglaterra a chamada Ancaster College, onde traz a nata da elite predominantemente branca e sua promoção desencadeia uma série de encontros crescentes entre ela, uma colega professora chamada Liv e Jasmine, uma caloura recém chegada ao campus.

    A roteirista-diretora Mariama Diallo centraliza seu roteiro no trauma psicológico de ser negro em uma prestigiosa faculdade, articulando as ansiedades corrosivas que expõem os terrores às vezes simples, às vezes complexos, mas sempre duradouros da discórdia racial na América.

    Por outro lado tem Jasmine, a nova aluna a se juntar ao campus, sendo a oitava discente negra passa por situações racistas extremamente desconfortáveis e ao mesmo tempo em que luta para conquistar suas notas excelentes como uma ótima aluna e premiada no ensino médio, ela tenta se camuflar e não chamar a atenção com seu jeito tímido e amável.

    Acredito que o longa traga divisão de opiniões pois os elementos que caracteriza o gênero não são de criaturas horrendas e com ferramentas assassinas, mas nos apresenta de forma sim sobrenatural, porém social.

    Como todo filme tem seu lado bom e seu lado ruim, com Fantasmas do Passado não seria diferente. A construção dos personagens são bem construídos, no entanto deixam muitas pontas soltas e elementos desnecessários ao decorrer da trama. O primeiro e segundo ato acontecem de forma mais lenta, mas Diallo traz um terceiro ato muito importante deixando os espectadores em uma atmosfera assustadora e chocante, e ao mesmo tempo com muitas dúvidas e arcos que foram mostrados ao longo da trama, sem absolutamente nenhuma explicação, mas que não compromete o entretenimento.

    VEREDITO

    Não podemos deixar de falar sobre a fotografia de Charlotte Hornsby, que apresenta planos médios ou fechados e uma iluminação em vermelho, caracterizando cenas em que a personagem Jasmine Moore se vê em crises. Tudo isso ajuda na imersão, pavor e incômodo que Mariama Diallo busca constantemente passar em uma transição entre o terror sobrenatural sendo manifestado e quando o filme retoma para o drama.

    De fato, Fantasmas do Passado funciona e ganha força relatando o racismo enraizado e velado contra duas mulheres prestes a alcançarem um novo capítulo em suas trajetórias e que merece ser assistido. O longa é uma produção original e está disponível na Amazon Prime Video.

    Nossa nota

    3,5/5,0

    Assista ao trailer oficial:

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    4 filmes imperdíveis da década de 40

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    Atualmente com a popularidade dos serviços de streamings, infelizmente, há pouco dos filmes mais antigos em seus catálogos e um desses períodos importantes na sétima arte é a década de 40 (1940 à 1949).

    Neste período, a década de 40 os EUA e a grande maioria dos países, principalmente da Europa enfrentavam as duras batalhas da Segunda Guerra Mundial. Durante esse período o cinema era principalmente uma forma de promover a guerra, tanto para os nazistas, quanto para recrutar novos recrutas para os aliados ao Eixo.

    Mas a sétima arte da década de 40 não foi formada apenas de filmes focados na guerra, aqui tivemos um números significante de musicais, 10 anos de obras-primas de Alfred Hitchcock (uma delas nesta lista), de aclamadas animações de Walt Disney e faroestes memoráveis.

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA | Alfred Hitchcock: Conheça o diretor e seus 10 melhores filmes

    Vamos à esta curta lista, porém de peso imensurável para o cinema.

    CIDADÃO KANE (1941, Orson Welles)

    Cidadão Kane

    O cinema não seria essa maravilha, se não fosse por Cidadão Kane do jovem Orson Welles, que com apenas 25 anos, dirigiu, produziu, roteirizou e atuou no filme que viria a mudar a história da sétima arte.

    A obra-prima ganhou um Oscar de Melhor Roteiro Original; porém, bem mais do que isso, o longa revolucionou técnicas de fotografia, montagem, direção e narrativa.

    SINOPSE

    Livremente inspirado na vida do milionário William Randolph Hearst, o longa conta a ascensão de um mito da imprensa americana. Charles Foster Kane (Orson Wells) era um garoto pobre do interior quando sua mãe lhe deu para a adoção ficando sob os cuidados de um tutor. Kane então cresce e vira um magnata de um império do jornalismo e publicidade influenciando a opinião pública.

    Leia mais sobre Cidadão Kane.

    CASABLANCA (1942, Michael Curtiz)

    TBT #72 | Casablanca (1942, Michael Curtiz)

    Nós sempre teremos Paris” ou “O mundo está desmoronando e nós nos apaixonamos” – Há 70 anos era iniciada uma grande amizade entre o público de qualquer geração e a história de amor mais famosa do cinema.

    SINOPSE

    Rick (Humphrey Bogart) é dono de um famoso bar localizado em Casablanca, no Marrocos francês, durante a Segunda Guerra Mundial. A cidade é rota de fuga para quem deseja evitar os nazistas, onde passes livres são vendidos por um salgado preço no mercado negro. Neste caótico ambiente, Rick encontra Ilsa (Ingrid Bergman), com quem tivera um amor interrompido inesperadamente há algum tempo, em Paris.

    Leia mais sobre Casablanca.

    A FELICIDADE NÃO SE COMPRA (1946, Frank Capra)

    TBT #78 | A Felicidade Não Se Compra (1946, Frank Capra)

    O otimismo e a exaltação do estilo de vida norte-americano são marcas registradas da filmografia de Frank Capra. Por vezes exagerado, o diretor ítalo-americano não hesitava um segundo antes de rechear seus longas com mensagens positivas e esperançosas, o que lhe garantiu uma carreira de sucesso numa época tão marcada por conflitos e até mesmo pela Segunda Guerra Mundial. No entanto, foi na obra-prima A Felicidade Não Se Compra que Capra conseguiu alcançar seu melhor resultado, equilibrando o riso e o drama com precisão e realizando um filme simplesmente encantador, capaz de inspirar gerações ao longo de décadas.

    SINOPSE

    Em Bedford Falls, no Natal, George Bailey (James Stewart), que sempre ajudou a todos, pensa em se suicidar saltando de uma ponte, em razão das maquinações de Henry Potter (Lionel Barrymore), o homem mais rico da região. Mas tantas pessoas oram por ele que Clarence (Henry Travers), um anjo que espera há 220 anos para ganhar asas é mandado à Terra para tentar fazer George mudar de ideia, demonstrando sua importância através de flashbacks.

    Leia mais sobre A Felicidade Não Se Compra.

    FESTIM DIABÓLICO (1948, Alfred Hichcock)

    TBT #172 | Festim Diabólico (1948, Alfred Hitchcock)

    Um dos filmes mais aclamados de Alfred Hitchcock, podemos dizer que Festim Diabólico (Rope, título original), fecha com chave de ouro uma década esplêndida para o cinema.

    O longa é uma adaptação da peça teatral inglesa de Patrick Hamilton e conta no elenco com James StewartJohn Dall Farley Granger.

    SINOPSE

    Brandon (John Dall) e Philip (Farley Granger) matam David Kentley (Dick Hogan), um colega da escola preparatória, apenas para terem a sensação de praticar um assassinato e provar que conseguem realizar o crime perfeito. Para desafiar os amigos e a família, resolvem convidá-los para uma reunião no apartamento deles, onde colocam a comida em cima de um baú e dentro do mesmo está o corpo da vítima.

    Leia mais sobre Festim Diabólico.


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    5 elementos aplicados por Matt Reeves em Batman

    O diretor Matt Reeves que reformulou a franquia Planeta dos Macacos é um dos nomes mais comentados do momento; o nativo de Long Island, EUA, se vê diante do maior holofote de sua carreira, em muitos sentidos, a culminação de uma jornada que começou aos 8 anos de idade, quando ele ganhou uma câmera dos pais e começou a fazer filmes estrelados por seus amigos e parentes.

    Hoje vamos abordar a sua visão para Batman, que se consolidou com uma direção sólida, assim como a cinematografia.

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    UMA NOVA ESTÉTICA DE GOTHAM CITY

    A visão de Reeves é explícita, uma Gotham própria. Não chega a ser uma Chicago futurista como nas adaptações do diretor Tim Burton, e muito menos assemelha-se ao visual moderado de Christopher Nolan em sua trilogia. Aqui, a cidade é caracterizada com um estilo nova-iorquino com elementos inspirados na arquitetura da Times Square.

    NEO-NOIR

    Bem comuns nas décadas de 40 e 50, os filmes noir tinham raízes na Segunda Guerra Mundial e refletiam desilusão da época, com uma visão de mundo pessimista. São ambientados em cidades sujas, opressoras e recheadas de problemas sociais. Os personagens são corruptíveis e isso também se reflete no protagonista, que costuma ser violento, individualista e com uma conduta moral questionável.

    Outro traço marcante é a presença da femme fatale, uma personagem com objetivos dúbios e que oscila entre aliada, interesse amoroso e antagonista no decorrer da trama.

    Vários filmes resgataram esse mesmo estilo mais tarde e podem ser classificados como neo-noir, como Chinatown, Taxi Driver, Drive, Sin City e Blade Runner 2049.

    Batman, de Matt Reeves, abraça o neo-noir como um subgênero e traz vários desses elementos na construção da narrativa.

    EXPRESSIONISMO ALEMÃO

    the batman

    Vertente cinematográfica da década de 1920, o expressionismo alemão caracterizava-se pela distorção de cenários, personagens e tipografia, maquiagem características e recursos de fotografia que conferiam maior dramaticidade aos personagens ao mesmo tempo que propunham uma reflexão sobre como os criativos da época viam o mundo.

    Em Batman, apesar de uma roupagem moderna, é possível perceber traços deste movimento nos cenários pouco saturados mas com certo contraste, no visual do personagem que denota dramaticidade e certo desequilíbrio, no cabelo sempre desarrumado e na maquiagem ao redor dos olhos propositalmente colocadas no take, ao mesmo tempo mostrando o fundo necessário para a máscara do protagonista, mas, também, para conferir ares sombrios ao personagem.

    Referências parecidas são encontradas no clássico O Gabinete do Dr. Caligari (1920).

    O NOVO BATMÓVEL

    Batmóvel: Os melhores do cinema e da TV ao longo das décadas

    O diretor Matt Reeves revelou ter inspirado o batmóvel no Plymouth Fury do clássico livro de Stephen King, que também foi adaptado para os cinemas previamente em Christine, o Carro Assassino (1983), que comentou:

    Ele tem que aparecer das sombras para intimidar, então pensei nisso quase como a Christine, de Stephen King. Gostei da ideia do próprio carro como uma figura de terror, com uma aparência animalesca para realmente assustar as pessoas que Batman está perseguindo.”

    Publicado em 1983, Christine conta a história do adolescente Arnie Cunningham. Sem que ele soubesse, seu amado carro, um Plymouth Fury 1958, chamado Christine, foi possuído por forças sobrenaturais sinistras que trouxeram uma aura do mal para a vida de Arnie.

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    A FASE DE DENNIS O’NEIL

    Reeves já falou várias vezes o quanto é fã do Batman detetive, e em uma dessas ocasiões ele exaltou o seu autor favorito no que se refere a esse aspecto específico do Homem-Morcego: Dennis O’Neil, um dos mais importantes escritores do Batman, devido à reformulação que fez com o personagem em um momento crucial.

    Quando O’Neil chegou ao Batman nos anos 70, as últimas duas décadas haviam sido cruéis com o Cavaleiro das Trevas. Graças ao psiquiatra Fredric Wertham e seu livro A Sedução do Inocente, os quadrinhos de super-heróis se viram sob ataque, e assim foi criado o Comics Code Authority, com uma série de restrições. Batman foi um dos personagens mais afetados, já que suas histórias precisavam ser sempre coloridas e simpáticas às crianças.

    Foi Dennis O’Neil, quando o código já começava a perder força, que começou a reinventar o Batman, conferindo-lhe novamente às trevas que lhe caiam tão bem. Além de colocar nas histórias temas importantes como racismo, drogas, guerra e violência urbana, O’Neil colocava sempre um foco no personagem usando seu intelecto para investigar pistas e resolver crimes.

    Matt Reeves nos presenteia com uma adaptação corajosa e criativa de um personagem em seu segundo ano como vigilante. Nos traz uma atmosfera que bebe muito do gênero noir de investigação das décadas anteriores. Ao mesmo tempo que estabelece sua visão para esse universo.

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    Batman chega ao serviço de streaming HBO Max no dia 18 de abril.

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    CRÍTICA – Sentença (1ª temporada, 2022, Amazon Prime Video)

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    Sentença é a nova série brasileira da Amazon Prime Video que estreia nesta sexta-feira (15/04). A produção é uma criação de Paula Knudsen com direção de Anahi Berneri e Marina Meliande. No elenco estão Camila Morgado, Fernando Alves Pinto, Lena Roque, Pedro Caetano, Samya Pascotto e outros atores.

    SINOPSE

    Heloísa (Camila Morgado) é uma advogada criminalista que acredita que todos têm direito a se defender, seja lá qual crime a pessoa possa ter cometido. Após anos de experiência, Heloísa conhece bem a complexidade do cárcere e do sistema penitenciário brasileiro. Quando um caso choca o país e a advogada fica responsável pela defesa da suposta assassina, ela se encontra no meio de uma situação delicada que envolve o líder da maior facção criminosa do país e as pessoas que o querem morto. 

    ANÁLISE

    Uma série cheia de nuances e que busca tratar de assuntos polêmicos para os brasileiros, Sentença é o tipo de produção ideal para construir importantes debates na sociedade. Porém, apesar do potencial e do grande elenco, Sentença perde força por uma trama confusa e falta de objetividade. 

    É comum que séries queiram focar em diferentes premissas para dar mais base e desenvolvimento a seus personagens e história. No entanto, quando os assuntos pouco conversam entre si ou não têm a devida atenção, tudo parece “jogado” na tela. A série criada por Paula Knudsen apresenta temas como adoção, comunidade LGBTQIA+, feminismo, maternidade, sistema judiciário e crime organizado. Sendo os dois últimos a verdadeira motivação da série que por si já são bastante complexos para serem explorados. 

    Na trama, Heloísa vivida por Camila Morgado é uma advogada criminalista que aceita defender Dinorá, interpretada por Lena Roque. A mulher foi filmada cometendo um assassinato cruel, mas suas intenções vão além do que Heloisa sabe e para descobrir a verdade, a advogada cria um impasse com o crime organizado. 

    Além disso, Heloísa também precisa lidar com o marido. Pedro (Fernando Alves Pinto) é um investigador e começa a perceber similaridades entre o caso que está investigando e o de Heloisa. O casal também têm um filho adotivo que por vezes não se sente pertencente a família.

    Só esses aspectos já criariam uma potente série de drama, mas Sentença têm ânsia de querer ser mais que seus seis episódios permitem. Para o público leigo, já é difícil entender termos técnicos da advocacia e sistema criminal, e a série também não faz tanta questão de explicar, o que deixa a trama ainda mais bagunçada. 

    Mas, de certa forma, há uma crítica sendo construída na série. O Brasil é extremamente injusto e precário quando o assunto é sistema carcerário, a justiça anda a passos lentos e é pior ainda para as pessoas pobres e negras. Heloísa não é nenhuma heroína, seus métodos se baseiam na justiça e no “inocente até que se prove o contrário”. Logo, Camila Morgado faz uma atuação sucinta e sóbria. 

    Por último, para uma produção com poucos episódios, é estranho que tenha seis roteiristas trabalhando na série. Isso também prova a falta de foco e as diferentes premissas apresentadas. Mas, ainda assim, é uma ótima produção para se ter uma base do sistema judiciário e carcerário brasileiro. Além do que, a ótica de acompanhar uma mulher que cometeu um crime, mas que pode ser inocente, e sua advogada traz uma inversão de narrativa que é muito bem-vinda. 

    VEREDITO

    Sentença traz diferentes assuntos e, ainda que não aborde todos de maneira satisfatória, consegue criar uma ótima história com seu tema principal: a justiça brasileira. O roteiro é por vezes confuso, mas o trabalho de direção cria boas perspectivas.

    Nossa nota

    3,5  / 5,0

    Assista ao trailer

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