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    CRÍTICA – Alguém Avisa? (2020, Clea DuVall)

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    Alguém Avisa? é um longa natalino dirigido por Clea DuVall (A Intervenção) e é estrelado por Kristen Stewart (As Panteras).

    SINOPSE

    Abby (Kristen Stewart) é uma cuidadora de animais que namora Harper (Mackenzie Davis) uma jornalista talentosa. Harper convida Abby para passar o Natal na casa de sua família, todavia, não conta aos pais e irmãs que é homossexual, causando grandes confusões para as duas.

    ANÁLISE

    Alguém Avisa? É o tipo de longa no qual o constrangimento é a veia humorística. As piadas em torno das situações se baseiam em pequenas humilhações, principalmente por conta da reputação.

    O longa tem o intuito de trazer reflexões sobre aceitação, uma vez que além da questão da homossexualidade, temos também os conceitos de família perfeita e rivalidade entre irmãs.

    O problema está na construção dos personagens. Harper tem medo de decepcionar os pais e o longa dá inúmeras oportunidades para ela sair das amarras do preconceito e do peso em suas costas por conta de sua natureza. As atitudes dela são, no mínimo, questionáveis ao deixar de lado sua amada para focar tanto em sua imagem de filha sem defeitos.

    Abby, por sua vez, é forte e durona, mas não tem aquela paciência ingênua. Por mais que em alguns momentos não concordemos com suas escolhas, conseguimos entender também que ela está em uma situação extremamente difícil causada por sua parceira e quando precisa agir, Abby é coerente demais.

    As outras duas irmãs da família são exageradas e caricatas, pois o roteiro tenta mostrar que elas sofrem com o protagonismo da irmã do meio (Harper). Sloane (Alison Brie) é a mais velha que largou uma carreira promissora no Direito para ser uma mãe exemplar. Já Jane (Mary Holland) é a “esquisitona” por ser solteira e nerd, algo que é bastante controverso para um filme de 2020. 

    Aliás, as problemáticas de Alguém Avisa? deixam a desejar pelo simples fato de serem muito batidas atualmente. Por mais que tenhamos uma onda forte de conservadorismo e ignorância das pessoas, a aceitação por parte do papel da mulher e dos homossexuais tem aumentado bastante, algo que é extremamente positivo. Para mim, particularmente, causou bastante desconforto retratar as personagens de forma tão caricata, mesmo que esta seja a premissa do longa. Por mais que não seja meu local de fala, acredito que o tema poderia ser retratado com mais qualidade.

    ALGUÉM AVISA QUE O DAN LEVY ESTÁ AQUI?

    Entretanto, algumas mensagens são fortes no longa. John, interpretado de forma incrível por Daniel Levy (Schitt’s Creek) é o melhor personagem, pois faz as indagações que gostaríamos de fazer, além de trazer a mensagem mais bonita de todo o filme sobre a questão de como recebemos amor e aceitação de quem mais nos deveria proteger que são nossos pais. Ao mostrar que ao “sair do armário” os homossexuais podem receber afeto ou repulsa nos mostra também a realidade difícil de pessoas que apenas querem ser amadas, não interessando quem é seu parceiro.

    VEREDITO

    Alguém Avisa? É um longa divertido, mas que traz uma mensagem ambígua em 2020. Por mais que tenhamos lindas mensagens de amor e que as coisas se resolvam bem, algumas escolhas de roteiro são questionáveis. Entretanto, o longa é uma boa pedida para quem busca um filme de Natal um pouco diferente pela questão da diversidade.

    Nossa nota

    3,5 / 5,0

    Confira o trailer de Alguém Avisa?:

    https://www.youtube.com/watch?v=OX2KysLFLI0

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    CRÍTICA | Mulher-Maravilha 1984 (2020, Patty Jenkins)

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    Não é tão fácil fazer com que uma sequência encontre a sua própria identidade. É necessário (re)estabelecer conceitos e criar conexões sobre o protagonista com elementos que sejam simbólicos, significativos e claro, marcantes para aquele universo. É nessa missão que a diretora Patty Jenkins se encontra para entregar uma nova aventura à princesa das amazonas em Mulher-Maravilha 1984. Dessa vez, em mundo estabelecido por novas questões sociais, políticas e desejos pessoais que tem muito a dizer sobre a humanidade.

    SINOPSE

    Ao contrário do primeiro longa, a trama mostra Diana Prince (Gal Gadot) vivendo na década de 1980 e já ambientada com o mundo fora de Themyscira. Agora a heroína trabalha como arqueóloga de um museu em Washington D.C. e ainda tenta lidar com a perda de Steve Trevor (Chris Pine).

    No mesmo ambiente de trabalho, Diana acaba conhecendo a geóloga e pesquisadora Barbara Minerva (Kristen Wiig), responsável por estudar alguns artefatos que estavam sendo comercializados ilegalmente. E uma dessas peças tem o poder de conceder um desejo a quem a segura. Por isso, obviamente, se torna alvo de muita cobiça.

    E é nesse momento que também somos introduzidos a conhecer o antagonista principal Max Lord (Pedro Pascal), um vigarista que está prestes a declarar falência da sua empresa petrolífera, mas com a descoberta da pedra valiosa, seus planos estão prestes a mudar de rumo.

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    ANÁLISE

    O roteiro escrito pela própria Patty Jenkins em parceria com Dave Callaham e Geoff Johns (chefe criativo da DC) faz um bom trabalho ao conciliar sequências de ação ambiciosas com o desenvolvimento emocional de seus personagens, que enfrentam riscos maiores e conflitos mais complexos. A palavra-chave é o desejo pessoal que existe em cada um de nós e do que podemos abrir mão para realiza-lo.

    A filosofia nos ensina que o desejo é uma força que se dirige a um fim o qual é considerado, pela pessoa que a contém, uma fonte de satisfação que pode ser consciente/inconsciente ou reprimida. Por outro lado, a vontade é a capacidade fantástica de querer, de, com liberdade, praticar ou deixar de praticar uma ação sob o comando da razão. E é neste ponto que o filme quer chegar: o limite do certo e errado para se conseguir o que quer.

    Aqui, todos têm motivações claras e que fazem sentido com a forma que o roteiro está contido na trama. Porém, um ponto que talvez incomode são as soluções fáceis usadas para que os personagens possam ir do ponto A ao B de forma extremamente prática.

    A volta não gratuita de Steve Trevor representa grande dilema para a protagonista, marcando um amadurecimento necessário para a personagem. Nessa sequência podemos acompanhar e evidenciar a evolução de Gal Gadot como atriz, agora com mais responsabilidade por também assinar como produtora do longa. Seu carisma, humanidade, valentia e todos os elogios possíveis compõem perfeitamente o semblante de quem Diana de fato representa.

    CRÍTICA - Mulher-Maravilha 1984 (2020, Patty Jenkins)

    Uma adversidade presente é a duração do filme (2h35min), que em algum momento se alonga demais em acontecimentos inócuos, como em todo o arranjo passado em um momento específico que acontece no Egito. É algo que poderia ter sido abreviado sem maiores consequências para a trama.

    Analisando detalhadamente, houve uma ausência de embates mais impactantes, coreografias e takes de câmeras que valorizassem as lutas e a própria Diana. O CGI em alguns momentos não favorece tanto as cenas de ação, mas ainda sim toda a dinâmica breve funciona de modo geral.

    Em relação aos vilões, o destaque fica com Max Lord, interpretado por Pedro Pascal, que apresenta a dualidade de um personagem complexo, cheio de variáveis capazes de enveredar por caminhos diferentes, sejam do bem ou mal. Já Kristen Wiig como Mulher-Leopardo, possuiu uma boa apresentação, mas a antagonista clássica da Mulher-Maravilha merecia uma origem mais honrada e com embates marcantes que mostrasse o seu verdadeiro potencial como vilã, com direito a uma transformação de Barbara até a sua forma felina, mas que infelizmente não presenciamos no filme.

    CRÍTICA - Mulher-Maravilha 1984 (2020, Patty Jenkins)

    A trilha sonora de Mulher-Maravilha 1984, orquestrada pelo lendário Hans Zimmer, chega mais uma vez para tornar tudo ainda mais épico. Entretanto, por ser um filme ambientado nos anos 80, faltou a ‘ousadia’ em adicionar clássicos hits oitentistas que poderiam ter funcionado em diversos momentos do longa.

    De qualquer forma, Zimmer compensa em uma cena específica adicionando uma faixa do filme Batman vs. Superman: A Origem da Justiça em um momento extremamente simbólico e relevante para a trama.

    Como primeira franquia de heróis protagonizada por uma mulher, Mulher-Maravilha 1984 não deixa de tocar em pontos importantes ligados ao feminismo e essenciais no contexto atual. Patty Jenkins traz mais uma vez esse ponto crucial, assim como no primeiro filme, sobre a importância do empoderamento feminino e nas questões sociais sobre o tema.

    VEREDITO

    CRÍTICA - Mulher-Maravilha 1984 (2020, Patty Jenkins)

    Mulher-Maravilha 1984 aprende com as críticas de seu excelente predecessor, apresentando um final muito mais contido (e rápido) em comparação com o extravagante terceiro ato do primeiro filme.

    A direção de Patty Jenkins em conjunto com o roteiro poderia ter se beneficiado de um pouco mais de trabalho com os personagens, de ritmo mais preciso e de conclusões, além de um visual cinematograficamente mais marcante acompanhada de uma trilha sonora que tinha tudo para ser memorável.

    Apesar das falhas e da falta de ousadia, o filme se sai bem ao mostrar o conflito entre os valores contemporâneos e as filosofias da nossa heroína virtuosa, onde Gal Gadot mais uma vez transborda carisma e representa a verdade em um mundo superficial e sabe que deve escolher o altruísmo mesmo quando a cultura prega a ganância ao nosso redor.

    Nossa nota

    3,5 / 5,0

    Confira o trailer:

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    Call of Duty: Warzone | Como jogar na Rebirth Island, o novo mapa

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    Se você está imaginando como chegar na Rebirth Island para poder aproveitar o novo mapa em Call of Duty: Warzone, não se preocupe, para isso, precisamos jogar no modo Trios de Ressurgência no menu. E também é fácil de descobrir como chegar lá, quando você sabe onde ir.

    A Rebirth Island é um novo mapa, e ele é pequeno. Ele também é parte do evento sazonal, então não sabemos quanto tempo durará, então com isso em mente, vamos explicar como chegar lá, enquanto ainda podemos.

    Esperamos que você não tenha grandes problemas, como o código de erro de Cold War Zed 398 swift clover ou o código do Warzone dev error 5476, mas se você tiver esses problemas, também poderemos te ajudar.

    Como jogar na Rebirth Island em Warzone?

    Rebirth

    Apesar da enorme parte do evento Rebirth do menu do game, como é de se esperar, deve te dar acesso à Rebirth Island. Isso na verdade não te ajudará a chegar a lugar algum, ela apenas lista as recompensas e desafios que você pode desbloquear.

    Atualmente, a única forma de jogar na Rebirth Island é selecionando a opção Trios de Ressurgência.

    Esse modo muda algumas coisas, como a recolocação no mapa e algumas outras regras para mudar a gameplay nesse pequeno mapa. Por exemplo, assim como respawns grátis, você encontrará caixas de suprimento reutilizáveis, e mortes inimigas mostrarão o número de membros da equipe opositora no mapa por um curto período de tempo.

    Esteja preparado para alguns combates de curta distância, já que a ilha é relativamente menor que Verdansk. Por causa do tamanho do círculo também fechar em uma velocidade muito maior, então não fique confortável na sua posição.

    Se prepare para muitos confrontos a média distância e não se esqueça que caixas de suprimento podem ser reutilizadas, o que significa que você pode pegar equipamentos enquanto você estiver vivo.

    Rebirth

    Apesar dos Trios de Ressurgência ser a única forma de ter acesso a ilha no momento, nós sabemos que outras opções serão lançadas (equipes de quatro jogadores parecem uma provável próxima opção).

    Se você não conseguir encontrar a Rebirth Island, então procure saber se ilha não está disponível em outra opção.

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    TBT #103 | Mad Max: Estrada da Fúria (2015, George Miller)

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    Os filmes que apresentam um mundo distópico retêm o poder de serem bem marcantes, e não foi diferente com Mad Max, o filme mais falado de 2015 que levou 6 estatuetas do Oscar e muitas outras indicações, chegou recentemente ao catálogo da Netflix.

    SINOPSE

    Mad Max: Estrada da Fúria é a quarta produção da franquia que conta a história de Max Rockatansky um policial que tenta lidar com seus traumas e fantasmas do passado. Nos três primeiros quem interpretou o Max foi Mel Gibson, desta vez o ator Tom Hardy dá a vida ao protagonista.

    A trama conta a história de um mundo pós-apocalíptico, em que a Imperatriz Furiosa interpretada por Charlize Theron tenta fugir do tirano Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne) com a ajuda do policial Max.

    ANÁLISE

    Mad Max: Estrada da FúriaO policial Rockatansky era um personagem icônico nos anos 80 que serviu de referência para numerosas obras. Muitos acreditam que o fator principal foi a escolha de Mel Gibson para o papel, portanto, houve críticas quando anunciaram que Tom Hardy ficou encarregado de dar vida a Max.

    Mesmo com essa pressão das críticas e o desafio de trabalhar em algo tão importante e querido, Hardy entregou uma atuação brilhante tanto nas cenas com mais ação quanto nos muitos momentos em que demonstra o que sente através de olhares e pequenos gestos, passando com suas poucas palavras a imagem de um homem traumatizado e sobrevivente de um mundo pós-apocalíptico.

    Apesar da entrega de Tom Hardy, quem rouba a cena é Charlize Theron, fazendo com que quase esqueçamos quem é o protagonista de fato, da mesma forma que acontece em Batman: O Cavaleiro das Trevas, com a atuação de Heath Ledger como Coringa

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    Charlize Theron e seu impacto em Hollywood

    Theron com sua Furiosa, é mulher forte e guerreira que ajuda mulheres a escaparem do lunático Immortan Joe que as usava como objeto obrigando-as a fazerem parte de seu harém e terem filhos saudáveis.

    Disposta a enfrentar tudo e todos como uma verdadeira guerreira, Furiosa nos passa a agonia e a força de uma mulher que tenta sobreviver aos caprichos de um homem, ao mesmo tempo em que sai de todo estereótipo de uma figura feminina forte que os filmes retratam, pois, em alguns momentos, a força e determinação da personagem abre espaço para a sensibilidade.

    DIREÇÃO

    O responsável pela criação e direção desse enorme universo distópico, é o George Miller, descrito pelos próprios atores como gênio e portador de uma grande imaginação, o diretor quase seguiu outra profissão, ele se formou em medicina e nas suas horas vagas produzia curtas, até que resolveu fazer Mad Max que se tornou um sucesso e tirou George dessa carreira.

    A característica mais marcante da Mad Max: Estrada da Fúria é como a direção usou da tecnologia, escolhendo técnicas que podem ser consideradas antigas. Miller optou por usar bem pouco do CGI, apenas como uma ferramenta complementar ou uma forma de esconder alguns cabos entre outros equipamentos de sustentação. Isso causou a necessidade de criar todos os carros que foram usados durante as filmagens.

    Tamanho foi o sucesso da personagem – créditos para Charlize Theron – que a Furiosa terá seu filme solo, dessa vez estrelado por Anya Taylor-Joy.

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    George Miller vai além e foge dos padrões ao utilizar um filme de ação para fazer uma crítica social – a mesma que em seu filme As bruxas de Eastwick – sobre a luta das mulheres pela liberdade dos seus corpos.

    Outra crítica marcante é como o homem pode usar da necessidade de outros para ter mais poder e moldar a todos para obedecer às suas ideias. Destaque para os “Garotos de Guerra” (War Boys) que arriscam as suas próprias vidas em nome do ditador cultista, Immortan Joe.

    E obviamente, a crítica ao consumo desenfreado dos recursos naturais do nosso planeta ao apresentar a deterioração da Terra para suprir as vontades do ser humano.

    VEREDITO

    Não é à toa que Mad Max: Estrada da Fúria é considerado o maior trabalho do George Miller, mostrando excelente desempenho na área de atuação, fotografia, direção de arte e a fuga de um “padrão de filmes de ação”, com uma história rica e contada com pouco diálogo e mais recursos visuais.

    Após 30 anos, Mad Max: Estrada da Fúria se mostra como uma excelente continuação, superando tantos outros problemas do seu antecessor e se tornando a verdadeira obra-prima do caos.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Assista ao trailer:

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    CRÍTICA – Tenet (2020, Christopher Nolan)

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    O mais novo filme do diretor Christopher Nolan está disponível nos cinemas. Tenet também é roteirizado por Nolan e conta com John David Washington, Kenneth Branagh, Robert Pattinson e Elizabeth Debicki no elenco.

    SINOPSE

    Um agente da CIA conhecido como O Protagonista (John David Washington) é recrutado por uma organização misteriosa, chamada Tenet, para participar de uma missão de escala global. Eles precisam impedir que Andrei Sator (Kenneth Branagh), um renegado oligarca russo com meios de se comunicar com o futuro, inicie a Terceira Guerra Mundial.

    ANÁLISE 

    Não é surpresa que Tenet causou um verdadeiro tumulto na indústria cinematográfica. Em meio a pandemia de 2020, o bem orquestrado Christopher Nolan bateu o pé que seu novo longa estaria nas bilheterias mundiais. Dito e feito, apenas com alguns meses de atraso, Tenet estreou nos cinemas brasileiros em outubro.

    No entanto, se não fosse por um Coronavírus, Tenet passaria batido entre as estreias do ano. Ainda que o filme carregue toda a complexidade que as obras de Nolan necessitam, também é vazio quanto aos seus personagens. Por isso, é fato afirmar que o longa só se sustenta por ser um belíssimo filme de ação.

    CRÍTICA - Tenet (2020, Christopher Nolan)

    Dessa forma, Nolan não esconde suas inspirações em James Bond. O estigma do grande espião ganha um novo olhar por Chis Nolan que também se apropria de alguns clichês do gênero. Tenet não só tem um rico vilão estrangeiro, mas também uma mulher em constante perigo e um protagonista disposto a tudo.

    Contudo, Christopher Nolan é esperto ao introduzir uma trama que nunca faria parte do mundo de Bond. Nesse quesito, Tenet trata sobre a inversão da entropia, indo muito além da “simples” viagem do tempo. Para começar, a entropia seria a tradução da multiplicidade de eventos. Ou seja, como o tempo tem só uma direção, os eventos ou objetos caminham para o caso de maior probabilidade.

    Porém, o filme de Nolan quebra a lei da entropia ao apresentar eventos e objetos que estão invertidos. Em outras palavras, os eventos e objetos de Tenet estão “andando para trás” no tempo, em relação a nós. Como de praxe, Chris Nolan reserva uma cena para que espectador se familiarize com o conceito. Na cena, O Protagonista visita a cientista Laura (Clémence Poésy) que lhe explica que objetos de uma futura guerra então surgidos com suas entropias invertidas.

    Logo, em um estande de tiros, O Protagonista usa uma arma para disparar balas. Mas ao invés de balas saírem da arma, elas estão entrando na arma. O mesmo acontece quando ele tenta pegar uma bala que está caída, para que o objeto responda é preciso ter a intenção da ação. Esse momento, Nolan faz uma pausa na grande ação que vinha desde o começo do filme, o que se torna essencial para mostrar o que está por vir.

    À primeira vista, a premissa do Tenet pode parecer extremamente confusa e de difícil compreensão. Mas, à medida que o filme avança e compreendemos os conceitos impostos por Christopher Nolan é fácil entender o porquê é preciso deixar de lado os aspectos físicos do filme e focar somente na emoção. Dessa forma, Nolan não deseja que seu filme seja decifrado até porque alguns paradoxos e teorias apresentadas são irreversíveis até então para a Física.

    CRÍTICA - Tenet (2020, Christopher Nolan)

    O próprio Neil (Robert Pattison), amigo d’O Protagonista, literalmente fala que não tem uma explicação. Nesse sentido, é o filme pedindo para que o espectador abra mão do didático. Acaba que Tenet aposta em uma abordagem muito mais filosófica do que física. Já que ao trabalhar a inversão da entropia dos objetos, o caos e a desordem são evitáveis.

    Filme de ação com personagens fracos 

    Nolan é um exímio diretor e nos últimos anos propôs grandes experiências ao cinema. Contudo, seu roteiro em Tenet não consegue passar a mesma segurança que o diretor transmite através das câmeras. A começar que ao criar um grande plot que tem como base uma guerra fria entre o presente e o futuro, o filme não se mostra nada alarmista ou interessante.

    É como se os atores estivessem tão absortos com as ações da trama que esquecem de dar vida e motivações a seus personagens. Nesse sentido, Tenet fica entre o meio de outros dois grandes e controversos filmes de Chris Nolan: nem tão profundo quanto Amnesia (2001) e nem tão mastigado quanto Interestelar (2014). Logo, Tenet é um “quase” na filmografia do diretor.

    CRÍTICA - Tenet (2020, Christopher Nolan)

    O filme cresce muito em suas cenas de ação que praticamente sem computação gráfica transmitem a excelência da produção. Desde do embate (muito bem coreografado) dentro da galeria de quadros ao avião explodindo tudo é muito verossímil e mostra o empenho de Christopher Nolan. Já a mixagem de som tem um efeito de estranheza que mais atrapalha os diálogos dos personagens.

    Ainda assim, o que mais torna Tenet difícil de ser gostável são os seus personagens. Nem o carisma de Washington e Pattinson ou o ótimo cast de atores foi o bastante para que houvesse alguma ligação entre público e personagens.

    No que diz respeito a personagem de Elizabeth Debicki é extremamente frustrante que em pleno século XXI, as mulheres em filmes de ação e ficção científica precisam estar associadas a maridos e filhos para serem relevantes. Já o vilão caricato e sem força de Kenneth Bragagh prova que ser um ator não é o bastante quando o roteiro não colabora. De fato, Nolan, por si só, ainda não consegue criar bons personagens em seus filmes.

    VEREDITO

    O âmbito de um filme consiste em construir um bom roteiro atrelado a uma direção segura. Infelizmente, Chris Nolan só tem o último.

    Nossa nota

    3,0 / 5,0

    Assista ao trailer:

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    CRÍTICA | His Dark Materials: S2E5 – The Scholar

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    O quinto episódio de His Dark Materials foi ao ar na última segunda-feira (14/12) intitulado The Scholar. A série da HBO está a dois episódios de seu grande final de temporada.

    SINOPSE

    Boreal (Ariyon Bakare) leva Sra. Coulter (Ruth Wilson) para o outro mundo. Will (Amir Wilson) e Lyra (Dafne Keen) armam um plano para recuperar o aletiômetro.

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    ANÁLISE

    Há poucas adaptações que conseguem criar cenas que sobressaem o material original. The Scholar, o quinto episódio de His Dark Materials é uma dessas exceções bem-vinda, usufruindo de uma ótima elaboração e execução. Dessa forma, sua proeza tem dois nomes por trás: a roteirista Francesca Gardiner e a diretora Leanne Welham.

    O fato de duas mulheres produzirem um episódio que toca necessariamente e dolorosamente em relação de mãe e filha é essencial para entender a que ponto a série deseja chegar.

    Sendo assim, temos Sra. Coulter em um novo mundo e atenta a tudo. Logo, ela se depara com uma realidade diferente, onde mulheres são “livres” para fazerem o que quiserem, muito ao contrário do seu mundo de origem.

    CRÍTICA | His Dark Materials: S2E5 - The Scholar

    À medida que o episódio avança, Sra. Coulter se pergunta cada vez mais, quem ela poderia ter sido se tivesse nascido neste mundo. Enquanto, um desprezível e extremamente pedante Boreal tenta de todas as formas chamar a atenção dela na expectativa de ter uma aproximação amorosa. Ainda que Sra. Coulter esteja intelectualmente muito acima de Boreal, ela precisa disfarçar sua aversão para manipulá-lo ao seu favor.

    Consequentemente, após Boreal contar para Sra. Coulter que roubou o aletiômetro de Lyra e que, quando ela viesse pegar, entregaria a menina a Coulter; ele também comenta sobre a relação de Lyra com Mary (Simone Kirby).

    Instintivamente, Sra. Coulter fica interessada em Mary e fazendo o papel de mãe preocupada diz a Boreal que precisa ver a cientista.

    Mas, antes de ir para Oxford, Sra. Coulter deixa seu daemon trancado no quarto. Boreal ao ver ela sem o daemon fica surpreso ao que Coulter responde que ele nunca tinha conhecido uma mulher com autocontrole.

    Assim como todos, ela também sente dor quando se separa de seu animal, contudo, Coulter consegue ao máximo reprimir seus sentimentos ao ponto se não se importar com o seu próprio sofrimento. Essa profundidade da personagem vai muito além dos livros de Philip Pullman, sendo algo que só pode ser concebível por mãos femininas.

    CRÍTICA | His Dark Materials: S2E5 - The Scholar

    Seguindo a trama, o encontro com Mary é um momento de revelação. O mundo de Mary é tudo que Coulter sempre quis: liberdade para exercer sua genialidade. Pensem em tudo que essa mulher poderia ser sido em um mundo que não a negasse e que lhe desse oportunidade. Mary é um espelho refletido, um gosto ruim na boca de Sra. Coulter.

    Após Mary saber que Sra. Coulter é mãe de Lyra, ela revela que a menina sabe ler o aletiômetro. Coulter, que até então tinha poucas informações sobre a filha, observa aquela mulher que sabe muito mais sobre Lyra do que ela mesma como mãe. Ainda que ambas sejam de mundos distintos, Mary é um embate muito mais a altura de Coulter, deixando-a sem chão.

    Ao voltar para a casa de Boreal, Coulter está de saco cheio de sua ignorância. Ao falarem de Mary, Boreal chama ela e todas as mulheres desse mundo de “arrogantes”. Como se a liberdade das mulheres fosse um problema a ser revisto.

    Sra. Coulter se sente cada vez mais ludibriada e fala sobre o caso que teve com Asriel (James McAvoy) e em como lhe foi negado o direito de ser acadêmica. Para Boreal que deseja Coulter mais do que tudo, “falar sobre Asriel” parece perda de tempo.  Ela mostra que o assunto é sobre ela.

    “Este lugar está cheio de ideias, ideias pelas quais nosso mundo está faminto, e ainda você? Você gastou seu tempo trocando bugigangas.”

    Quando ele protesta, citando a empresa que construiu, ela zomba dele:

    “E você esperava me adicionar à sua pequena coleção de tesouros? … Meu caro Carlo. Se você realmente me pegasse, não saberia o que fazer comigo.”

    Boreal não consegue ver Sra. Coulter como uma igual, para ele, ela é um objeto a ser cobiçado e alcançado. Mas Coulter, que teve que passar sua vida fingindo e manipulando, vê em Boreal apenas mais um recurso.

    Lyra e Sra. Coulter

    No começo do texto foi citado a influência de uma produção feminina no episódio.  Logo, esse quesito é extremamente importante para dar profundidade às personagens femininas da trama. O encontro de Lyra e Coulter revela algo já dito: His Dark Materials é uma obra sobre relação de pais e filhos.

    Sendo assim, Will e Lyra colocam seu plano em ação. Enquanto Lyra distrai Boreal na porta, o garoto abre uma janela na sala para pegar o aletiômetro. Mas, o macaco dourado o ataca e alarma todos. Lyra entra na casa para ajudar o amigo e dá de cara com sua mãe.

    CRÍTICA | His Dark Materials: S2E5 - The Scholar

    Essa é talvez a melhor cena construída nessa temporada. Lyra trava, enquanto Boreal e seu daemon cobra avançam sobre Will. Já Sra. Coulter oferece o aletiômetro para Lyra pedindo que ela volte para casa, dizendo que vai lhe proteger.

    Lyra nem pestaneja e quando Coulter diz que as duas são parecidas, a menina sibila e Pan ataca o macaco dourado como um carcaju, dando à mãe um gostinho do abuso que ela e seu daemon infligiram a eles na última temporada.

    A relação de Lyra e Sra. Coulter está em destroços e a série consegue exemplificar o sentimento de medo e raiva que Lyra sente pela mãe. Mais do isso, é uma relação tóxica e muito perigosa que levou Lyra a se comportar tal como Sra. Coulter.

    Felizmente, Will finalmente consegue quebrar um vaso na cabeça de Boreal, cortar uma janela e arrastar Lyra de volta para a segurança antes que sua mãe e o macaco possam superar totalmente o ataque. Contudo, agora Sra. Coulter sabe exatamente onde a filha está no universo.

    VEREDITO

    The Scholar é o melhor episódio da temporada até o momento, mostrando todo o belíssimo trabalho de atuação de Ruth Wilson. Além disso, a trama também apresenta um Will e uma Lyra mais maduros e empáticos em relação aos livros. Outra vez, é preciso ressaltar o trabalho de CGI e como o Pan é o melhor daemon.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

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