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    Um Lobisomem Americano em Londres: 40 anos do clássico

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    Ninguém sabe a fórmula de um clássico, esses filmes simplesmente acontecem, um filme surge e marca época de uma maneira que ninguém esperava, é o que aconteceu com Um Lobisomem Americano em Londres, um dos filmes que ajudou a definir o cinema dos anos 80 e que ainda é uma referência e inspiração para o gênero.

    Escrito e dirigido por John Landis, a produção é um filme muito querido. Seus efeitos especiais, seus personagens carismáticos e sua história aterrorizante fizeram com que o filme ficasse marcado na memória de seus espectadores mesmo depois de 40 anos de seu lançamento.

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA | TBT #71 | Um Lobisomem Americano em Londres (1981, John Landis)

    ENREDO

    David Kessler (David Naughton) e Jack Goodman (Griffin Dunne), dois estudantes americanos, estão de férias na velha Inglaterra, viajando de carona, e acabam passando ao anoitecer no vilarejo remoto East Proctor. Ao entrar na taberna local, O Cordeiro Massacrado (que tem um pentagrama de proteção pintado numa das paredes, entre duas velas), tem uma recepção hostil por parte dos habitantes locais, que não querem interagir com nada nem ninguém de fora. Não se sentindo bem-vindos, eles vão embora, atravessando a floresta em plena noite de lua cheia (apesar das recomendações para permanecerem na estrada).

    Após começarem a ouvir uivos cada vez mais próximos, eles são atacados por um animal violento, que trucida Jack e morde David, que escapa apenas porque alguns habitantes do vilarejo atiram na besta. David, desorientado de dor, pouco antes de desmaiar, olha para onde deveria estar o animal morto e vê apenas um homem nu baleado múltiplas vezes.

    PROCESSO CRIATIVO

    Rick Baker, responsável pela figura monstruosa e por uma das melhores transformações de lobisomens já vistas no cinema, acabou discutindo diversas vezes com o diretor John Landis, a começar pela aparência da criatura. Landis queria que o lobisomem se parecesse com um cão monstruoso do Inferno, em suas quatro patas; enquanto Baker acreditava que a criatura deveria ser bípede, já que, para ele, lobisomens são seres que andam em duas pernas. 

    Desde o início da ideia, o diretor John Landis avisou que queria Rick Baker como o responsável pela maquiagem e efeitos visuais. Mas, depois de tantos anos, Baker ficou cansado de esperar a produção do filme iniciar e assumiu o cargo em Gritos de Horror (1981). Quando Landis ligou para Baker e finalmente avisou que tinha o dinheiro para o filme, Baker disse que já estava em um filme de lobisomem. O que se seguiu foram gritos e xingamentos pelo telefone. Baker, por fim, resolveu largar a produção de Gritos de Horror e deixou os efeitos sob responsabilidade de seu protegido, Rob Bottin.

    SELEÇÃO CRIATIVA

    Landis pode ser considerado o mestre em criar ambientações graças ao que fez em Um Lobisomem Americano em Londres. Na cena do ataque, o som de lobo que ouvimos é composto por nove sons diferentes, incluindo um lobo, um leão e até uma locomotiva. Isso se deve ao fato de que John Landis queria um clima estranho para as filmagens noturnas. Além disso, ele queria que as gravações acontecessem em um período frio, por isso escolheu entre fevereiro e março, na cidadezinha galesa de Crickadarn. 

    E por que escolher Londres? Porque, para o diretor, Londres é a cidade do horror, com Jack, o Estripador, Jekyll e Hyde, entre outras figuras. Mas isso quase não aconteceu: Landis teve que lutar muito para conseguir as autorizações necessárias para Griffin Dunne e David Naughton. O governo britânico e a British Actors’ Equity Association (Associação de Equidade de Atores Britânicos) questionaram a necessidade de dois atores norte-americanos, e não o contrato de atores britânicos para os papéis. John Landis disse que não abriria mão de atores norte-americanos para interpretarem turistas dos Estados Unidos, e quase mudou o cenário para Paris.

    A (MELHOR) TRANSFORMAÇÃO

    Um Lobisomem Americano em Londres atinge seu ápice com a antológica cena da transformação de David em lobo. Algo jamais visto no cinema com tamanha qualidade e impacto e que jamais foi superado, seja com CGI ou assim como qualquer outro tipo de efeito. Não é a toa que Rick Baker conquistou o Oscar de Melhor Maquiagem pelo filme. Todos os detalhes da transformação são maravilhosos e impecáveis, acabando, assim, com aquela visão infame de que um lobisomem é uma criatura peluda vestida com roupas humanas. Aqui, ele vira algo horrendo, um lobo gigantesco, assustador, faminto e imparável.

    O protagonista David Naughton disse que a cena da transformação levou seis dias para ser concluída, aproximadamente dez horas por dia gastas na aplicação da maquiagem, cinco horas no set e três horas de remoção da maquiagem. Como a maquiagem demorou muito para ser aplicada e removida, havia apenas tempo suficiente para uma cena por dia. Rick Baker estimou que apenas meia hora de filmagem foi filmada durante toda a semana. A cena do focinho no grau máximo de extensão foi o último take a ser filmado e não incluiu o ator, mas uma cabeça animatrônica. 

    A mutação é o ponto chave para transformar o filme de vez. O horror toma conta em definitivo e a criatura está fora de controle. O humor desaparece e Um Lobisomem Americano em Londres não se perde. Muito pelo contrário. O suspense e a tensão durante os ataques da criatura acompanham o espectador com maestria até o seu derradeiro final, fazendo com que este não apenas seja o melhor filme de lobisomem de todos os tempos, como também um dos maiores clássicos do gênero.

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA | Noites Sombrias #53 | 10 lobisomens mais marcantes do cinema

    FOTOGRAFIA E TRILHA SONORA

    A forma como o filme evoca os clássicos da Universal, se reflete nas cenas da abertura, de clima bucólico (ao som de “Blue Moon” cantada por Bobby Vinton), onde a fotografia de Robert Paynter capta a beleza melancólica da paisagem rural do norte da Inglaterra, embalada pela música de Elmer Bernstein que tem uma playlist de canções que sempre tem a palavra “moon” (lua) em suas letras.

    Além das cenas oníricas de seus sonhos, durante sua gradual transformação, e enquanto leva o seu romance com Alex (ao som de “Mondance” por Van Morrison), o clima é perpassado pela atmosfera do seu tema de suspense, que reflete o clima da taberna de East Proctor onde seus frequentadores assustados vivem procurando esconder o segredo maldito de sua comunidade.

    No cinema, ninguém viu o mito da maldição do lobisomem de forma mais impactante, dramática e assustadora do que John Landis em seu Um Lobisomem Americano em Londres. Terror físico, brutal e desesperador, o seu maior clássico, inspirado na tendência em voga da época de tirar o terror do campo sobrenatural e intangível e colocá-lo mais próximo, com cheiro de ser humano, foi responsável não apenas por criar alguma das sequências das mais sangrentas e brutais já vistas, mas também por revisar uma figura já clássica no imaginário do século vinte e dar-lhe uma nova forma e abordagem tipicamente modernas, ainda atuais e impressionantes.


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    Lista: Os melhores filmes do terceiro trimestre de 2022

    Mais um trimestre, mais uma lista de melhores filmes! Aqui no Feededigno a gente reúne todas as produções avaliadas com notas entre 4,5 e 5 (a nota máxima do site). Neste texto você encontra a lista de melhores filmes do terceiro trimestre de 2022.

    Alguns filmes listados ainda não estão disponíveis em um serviço de streaming específico por estarem no cinema, ou porque os direitos ainda não foram adquiridos para além da opção de aluguel digital (Video on Demand – VoD).

    Sem mais delongas, confira a lista completa dos melhores filmes do terceiro trimestre de 2022!

    Melhores filmes do terceiro trimestre de 2022

    O Pai da Rita (Globoplay)

    Rita

    Sinopse: A amizade de Roque (Wilson Rabelo) e Pudim (Ailton Graça) é posta à prova com a chegada de Ritinha (Jéssica Barbosa), filha da mulher que ambos amaram na juventude. Com ela, vem a questão: quem é o pai da garota?

    Nota: 4,5 / 5,0

    Leia aqui a crítica de O Pai da Rita

    Assista ao trailer aqui

    A Mulher Rei (cinema)

    CRÍTICA - A Mulher Rei (2022, Gina Prince-Bythewood)

    Sinopse: A Mulher Rei é a notável história das Agojie, a unidade feminina de guerreiras que protegia o reino africano de Daomé em 1800 com habilidades e uma ferocidade diferente de tudo que o mundo já viu. Inspirado em fatos reais, o longa segue a jornada emocionalmente épica da General Nanisca (a vencedora do Oscar Viola Davis) enquanto ela treina a próxima geração de recrutas e os prepara para a batalha contra um inimigo determinado a destruir seu modo de vida.

    Nota: 4,5 / 5,0

    Leia aqui a crítica de A Mulher Rei

    Assista ao trailer aqui

    Obs: No momento da publicação deste artigo, A Mulher Rei ainda está em cartaz nos cinemas.

    Trem-bala (aluguel digital)

    Trem-bala

    Sinopse: Em Trem-Bala, Joaninha (Brad Pitt) é um assassino azarado, determinado a fazer seu trabalho pacificamente depois de muitas missões saírem dos trilhos. Quase desistindo de sua carreira, ele é recrutado por Maria Beetle (Sandra Bullock) para coletar uma maleta em um trem-bala indo de Tóquio para Morioka. O destino, no entanto, pode ter outros planos, pois a última missão de Ladybug o coloca em rota de colisão com adversários letais de todo o mundo – todos com objetivos conectados, mas conflitantes.

    Nota: 4,8 / 5,0

    Leia aqui a crítica de Trem-bala

    Assista ao trailer aqui

    Passei por Aqui (Netflix)

    Passei por Aqui

    Sinopse: Um grafiteiro que picha as casas dos ricos descobre um segredo sombrio em um porão, desencadeando eventos que colocam a vida de seus entes queridos em risco.

    Nota: 4,8 / 5,0

    Leia aqui a crítica de Passei por Aqui

    Assista ao trailer aqui

    O Despertar das Tartarugas Ninja: O Filme (Netflix)

    Tartarugas Ninja

    Sinopse: Os poderes místicos das tartarugas ninja são colocados à prova quando criaturas impiedosas de outro universo tentam instaurar o caos.

    Nota: 5,0 / 5,0

    Leia aqui a crítica de O Despertar das Tartarugas Ninja: O Filme

    Assista ao trailer aqui

    Não! Não Olhe! (aluguel digital)

    Espetáculo

    Sinopse: Uma dupla de irmãos, Otis Jr (Daniel Kaluuya) e Emerald (Keke Palmer) possuem um rancho de cavalos e são vizinhos de um parque de diversões inspirado no velho oeste que é comandado por Ricky Jupe Park (Steven Yeun). Os dois então são testemunhas de eventos bizarros no céu de sua propriedade.

    Nota: 5,0 / 5,0

    Leia aqui a crítica de Não! Não Olhe!

    Assista ao trailer aqui

    Marte Um

    Marte Um

    Sinopse: Uma família negra da periferia de Contagem, Minas Gerais, busca seguir seus sonhos em um país que acaba de eleger como presidente um homem de extrema-direita, que representa o contrário de tudo que eles são.

    Nota: 5,0 / 5,0

    Leia aqui a crítica de Marte Um

    Assista ao trailer aqui

    Obs: Marte Um é o filme selecionado como representante do Brasil na corrida pelo Oscar 2023. Apesar do sucesso, a produção ainda não está disponível em streaming nem para aluguel digital. Também não há nenhuma previsão para que chegue em ambos.

    Quer dicas de bons jogos, seriados e mais filmes? Confira aqui outras listas de melhores de 2022.

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    CRÍTICA – Lobisomem na Noite (2022, Michael Giacchino)

    Na última semana, fomos convidados pela Disney à assistir o primeiro especial da Marvel que será lançado diretamente no Disney+ no dia 7 de Outubro. O especial é Lobisomem na Noite (Werewolf by Night), estrelado por Gael García Bernal, Laura Donnelly e dirigido por Michael Giacchino.

    O filme nos leva por uma história curta, com uma ótima atuação de Bernal e enormes surpresas para o universo obscuro do Universo Cinematográfico Marvel.

    SINOPSE

    Em uma noite escura e sombria, uma cabala secreta de caçadores de monstros emerge das sombras e se reúne no Templo Bloodstone após a morte de seu líder. Em um estranho e macabro memorial à vida do líder, os participantes são empurrados para uma misteriosa e mortal competição por uma relíquia poderosa – uma caçada que, em última análise, os colocará cara a cara com uma criatura perigosa.

    ANÁLISE

    Lobisomem na Noite

    Lobisomem na Noite além de ser o primeiro especial da Marvel, é o primeiro filme à fugir da fórmula tradicional dos filmes da Casa das Ideias compostos geralmente por 3 atos. Ao longo de seus 52 minutos o filme nos garante uma experiência única, além de nos colocar diante de uma produção +16 – quando os conteúdos da plataforma e do estúdio serem contarem com uma classificação +14.

    O filme nos apresenta uma trama diferente, e ao mesmo tempo familiar. Quando oito indivíduos são convidados para o evento que marca a morte do longevo Ulysses Bloodstone, o lendário caçador de monstros, eles precisam disputar para saber que o seguirá como o portador da Gema de Sangue.

    Com um visual que nos remete aos filmes de horror clássicos da Universal e também Os Sete Suspeitos (1985), o filme nos lança em uma espiral que colocará um caçador de monstro contra o outro, e os fará colocar seus interesses a frente de qualquer um outro.

    A participação de Jack Russell abre o precedente para que novas aventuras obscuras sejam inseridas na Marvel não apenas como especiais, e esse filme pode servir como um termômetro para mostrar o verdadeiro gosto dos fãs. Algumas aparições surpresas e momentos de tirar o fôlego, dão ao Lobisomem na Noite um tema único, assim como seu visual em preto-e-branco.

    VEREDITO

    Lobisomem na Noite

    Enquanto a série se mostra como o verdadeiro início da Fase 4 da Marvel Studios, o filme parece mostrar a que veio enquanto nos apresenta um núcleo completamente novo e abre as portas para um universo para além do místico da Marvel.

    Lobisomem na Noite é divertido e te faz nem ver a hora passar. Ao longo de sua duração nos leva por uma viagem obscura, sobre vingança, legado e amizade. Com o trabalho prévio de Giacchino, as sequências de ação e terror do filme são perfeitamente encaixadas e permeadas por trilhas de tirar o fôlego, tornando o filme uma interessante experiência narrativa.

    Com a chegada do Blade em 2023, e um provável anúncio de um grupo de heróis mais obscuro, a lista de heróis que compõem os Filhos da Meia-Noite só parece ainda mais próxima.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Confira o trailer do filme:

    Lobisomem na Noite será lançado no dia 7 de outubro e dá início às celebrações do Halloween.

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    TBT #197 | O Lobisomem (2010, Joe Johnston)

    O Lobisomem é um remake do clássico filme do monstro da Universal. Junto do Drácula de Bram Stoker, apesar de seus problemas, O Lobisomem é um dos meus filmes de monstros favoritos. E para entrar no clima do Lobisomem na Noite, que estreia amanhã, trago o clássico filme estrelado por Benicio Del Toro.

    Estrelado por Anthony Hopkins, Emily Blunt e Hugo Weaving, o filme nos lança em uma trama obscura, com algumas das mortes e transformações mais violentas e mais marcantes para mim.

    SINOPSE

    Apesar de estar distante há muitos anos, o aristocrata Lawrence Talbot retorna da América para a casa de sua família, na Inglaterra, a pedido da noiva de seu irmão, que está desaparecido. Lawrence descobre que algo assustador vem aterrorizando os moradores do vilarejo de Blackmoor e pede ao detetive Aberline que investigue o caso.

    ANÁLISE

    O Lobisomem

    A meu ver, como a licantropia não passa de uma maldição, a transformação deve ser o mais dolorosa quanto possível para seu portador. Afinal, ao se transformar em uma criatura sanguinolenta e violenta, essa transformação e essa dor podem ser o que fazem o indivíduo perder o controle. Ainda que a melhor transformação de lobisomem seja a de Um Lobisomem Americano em Londres (1981), a bizarrice que uma transformação em lobisomem pede, assim como as mortes que eles ocasionam tornam O Lobisomem o melhor filme da criatura para esse que vos escreve.

    A atuação soturna de Hopkins e a atuação desconfiada, mas poderosa de Del Toro, tornam o filme um clássico moderno e nos fazem desconfiar de tudo na trama – principalmente de Anthony Hopkins.

    Com uma história que nos apresenta os preconceitos e as dificuldades da época do ponto de vista de um aristocrata, O Lobisomem nos causa incômodos à todo momento, seja por suas cenas gore, ou até mesmo pelos brilhantes efeitos práticos do filme, que ganhou um Oscar por sua maquiagem e seus penteados.

    Enquanto o filme nos faz questionar alguns momentos e escolhas de nossos personagens, ele nos lança em suas tramas sem qualquer escolha, espelhando nossa experiência narrativa ao do protagonista.

    VEREDITO

    O Lobisomem nos lança em uma história perversa e aterrorizante, e onde alguns personagens parecem saber mais do que outros, a carta na manga do nosso protagonista é lutar por sua humanidade, mesmo sob a pele de um monstro sanguinário e violento – ou talvez, sua única saída seja abraçar completamente sua natureza sombria.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Confira o trailer do filme:

    O Lobisomem está disponível na Netflix.

    POST RELACIONADO:

    Noites Sombrias #53 | 10 lobisomens mais marcantes do cinema

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    CRÍTICA – Morte, Morte, Morte (2022, Halina Reijn)

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    Morte, Morte, Morte é um longa da A24 e tem a direção de Halina Reijn. O elenco tem Maria Bakalova (Borat: Fita de Cinema Seguinte) como uma das protagonistas.

    SINOPSE DE MORTE, MORTE, MORTE

    Um grupo de jovens se junta em uma noite de tempestade para fazer uma festa em um local isolado. Lá, as coisas começam a ficar macabras quando David (Pete Davidson) aparece com o pescoço cortado, morrendo aos pés dos convidados. Agora, todos são suspeitos e devem tentar sobreviver em uma noite alucinante.

    ANÁLISE

    A A24 sempre inovou em suas premissas e em Mortes, Mortes, Mortes, a princípio, traria uma ideia mais simples, pois se trata do primeiro slasher pastelão da produtora indie.

    Entretanto, depois de 01h35min, vemos que não é bem assim, visto que, mais uma vez, as propostas autorais fora da caixa aparecem muito bem no longa. A roupagem da obra lembra muito alguns clássicos como Eu Ainda Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado e Pânico.

    Temos um conjunto de personagens diversos e que são extremamente difíceis de nos conectarmos, pois eles são uma forma bastante estereotipada de crítica da Geração Z, ou Zennials, que são jovens que, aparentemente, não possui preocupações maiores, com cada um dos possíveis suspeitos sendo pessoas fúteis e que tentam na base do vitimismo se encaixar em uma sociedade que busca holofote no melhor storytelling.

    Um exemplo disso é Alice, interpretada de forma brilhante por Rachel Sennott, que ao ver suas amigas numa pior, tenta se encaixar se colocando ainda mais para baixo em um diálogo muito inteligente e divertido. Brigas por conta de privilégios e inveja são um pano de fundo para diversas mortes bizarras.

    Mortes, Mortes, Mortes consegue segurar seu espectador com uma trama misteriosa e que joga pistas falsas a todo o momento, deixando todo o elenco com cara de suspeito. A narrativa usa das características de cada um como meio de torná-los culpados, uma excelente sacada do texto. O plot twist final é tão genial que todos os problemas do filme quase são sanados por conta dele.

    Falando dos pontos negativos, temos uma história arrastada e um segundo ato que pode tirar muitas pessoas de Morte, Morte, Morte. Os diálogos por mais inteligentes que sejam, ficam meio deslocados e artificiais. Para os mais descrentes, o longa pode não funcionar, já que para embarcar na trama, há a necessidade de deixar muitas coisas absurdas passarem despercebidas, mas isso é muito mais um detalhe, ainda mais por se tratar de uma comédia ácida de terror/suspense.

    VEREDITO

    Com uma ideia que parecia ser mais do mesmo, mas com uma reviravolta divertida, Mortes, Mortes, Mortes é a cara da A24. Por mais que se pareça com um slasher qualquer, a obra traz de forma bastante inteligente um subtexto que critica o vitimismo e os privilégios de uma classe hipócrita e que apenas quer curtir de forma bastante inconsequente.

    Nossa nota

    3,8/5,0

    Confira o trailer de Morte, Morte, Morte:

    Leia também:

    Noites Sombrias #81 | 7 filmes de terror da A24 para assistir

    Noites Sombrias #78 | Os melhores filmes de horror do primeiro semestre de 2022

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    CRÍTICA – Catherine Called Birdy (2022, Lena Dunham)

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    Catherine Called Birdy é uma comédia medieval original da Prime Video e tem a direção de Lena Dunham (Girls). O elenco conta com Bella Ramsey (Game of Thrones e The Last of Us) como a protagonista.

    SINOPSE DE CATHERINE CALLED BIRDY

    Catherine (Bella Ramsey) é uma jovem rebelde que tenta a todo custo ser contra as tradições da época, uma vez que por chegar próxima a idade de casamentos, quer ter sua liberdade plena. Agora, a moça vai causar muitas confusões com seus familiares e pessoas ao redor.

    ANÁLISE

    Catherine Called Birdy é uma obra homônima de um livro de 1994 e traz a aura de longas como Enola Holmes e Adoráveis Mulheres quando assistimos. A protagonista, entretanto, é bem menos cativante do que Enola ou qualquer uma das moças do livro de Louisa May Alcott, sendo até insuportável em alguns momentos.

    O filme da Prime Video tem uma estética interessante, contando com cenários lindos e boas atuações do elenco. Bella Ramsey consegue se impor, mesmo que Catherine não seja tão cativante. Andrew Scott, o eterno padre gato de Fleabag, é se destaca, mesmo que seu personagem, o pai da protagonista, seja detestável em várias cenas. O relacionamento entre eles é bastante conturbado e os conflitos podem ser bem agoniantes, mesmo que a comédia seja bem leve. A relação entre pai e filha é o grande trunfo do longa.

    Um dos pontos altos é a forma com que o roteiro questiona as tradições da época, uma vez que são completamente estapafúrdias olhando atualmente. O texto rápido e que emula muito bem as obras citadas acima, com uma conversa quase que íntima com espectador traz um tom bem humorado à Catherine Called Birdy. Vemos claramente que o “estilo Fleabag” veio para ficar, já que a acidez da brilhante comédia mudou o jogo.

    De negativo, o longa é cadenciado demais, se tornando enfadonho em muitos momentos. Diferente de outras obras de época, Catherine Called Birdy não se destaca pelos figurinos, tampouco a trilha sonora é enervante o suficiente para empolgar. Muitos dos personagens apresentados não são tão interessantes, o que causa um pouco de tédio no espectador.

    VEREDITO

    catherine

    Catherine Called Birdy é divertido e tem alma, mesmo que, em alguns momentos, falte um pouco mais de carisma na obra de Lena Dunham. Se o filme tentasse ter uma assinatura um pouco mais própria, talvez se saísse um pouco melhor, entretanto, as fontes das quais bebe são boas o suficiente para apresentar um longa legal e que deve ser assistido.

    Nossa nota

    3,5/5,0

    Confira o trailer:

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