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    TBT #173 | Willow: Na Terra da Magia (1988, Ron Howard)

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    Willow: Na Terra da Magia conta com o roteiro de Bob Dolman e produção de George Lucas, o longa de Ron Howard é um clássico da fantasia que apesar de ter atingido uma bilheteria total modesta, recebeu duas indicações ao Oscar nas categorias de Edição de Efeitos Sonoros e Efeitos Visuais.

    O elenco é formado por Warwick Davis (Star Wars e Harry Potter), Val Kilmer (Top Gun), Joanne Whalley e Jean Marsh.

    Atualmente, uma série derivada está em produção para o serviço de streaming Disney+.

    SINOPSE

    Willow Ufgood (Warwick Davis), um fazendeiro e aprendiz de feiticeiro, e Madmartigan (Val Kilmer), um guerreiro habilidoso mas de reputação duvidosa, saem em jornada numa terra devastada pela magia e monstros para salvar a vida de uma pequena princesa. De acordo com a profecia, essa bebê pode dar fim ao reinado sombrio da Rainha Bavmorda (Jean March) que assola o reino. 

    ANÁLISE

    Pôster artístico de Willow: Na Terra da Magia. Característico do cinema na década de 80.

    Uma profecia, um reino em terror, uma vila de Nelwyn (anões do campo) e um grupo improvável em uma jornada para destruir uma tirana. Ok, atualmente tudo isso se parece muito com O Senhor dos Anéis e visualmente também, incluindo cenas que usaram paisagens da Nova Zelândia como locações.

    A propósito, vale lembrar que a obra de J.R.R. Tolkien começou como uma sequência do livro infantil O Hobbit (1937), mas acabou se desenvolvendo em um trabalho muito maior culminando em O Senhor dos Anéis, que foi publicado separadamente: A Sociedade do Anel (julho de 1954), As Duas Torres (novembro de 1954) e O Retorno do Rei (outubro de 1955); logo, é perceptível a influência tolkina em Willow.

    É importante mencionar que na década de 80 o gênero de fantasia era um grande risco para os estúdios, em grande parte por prejuízos de bilheterias com filmes como O Dragão e o Feiticeiro (1981), Krull (1983), A Lenda (1985), e Labirinto (1986), mesmo que alguns deles estejam gravados em nossas memórias como uma lembrança afetiva.

    Com um roteiro simplório Willow: Na Terra da Magia infelizmente trilhou o caminho de seus colegas de gênero de sua década e hoje é uma boa memória para os que o assistiram nos anos 80. Assisti-lo agora, quando convivemos na era do CGI em alta resolução e filmes feitos completamente em computador é quase angustiante, mas, ao deixarmos de trazer a produção para nossa realidade de hoje e voltarmos para a realidade do longa podemos perceber que Willow se esforça e dá o seu melhor.

    Em uma época em que efeitos visuais ainda engatinhavam e era algo extremamente oneroso para produções de orçamentos modestos, era necessário muito mais trabalho braçal com efeitos práticos e maquiagem; e precisamos aplaudir o esforço empreendido para que nós como público possamos ter a experiência do entretenimento e da magia do cinema.

    VEREDITO

    Willow: Na Terra da Magia é um dos muitos filmes oitentista que estão guardados em minha memória afetiva do cinema, assim como O Feitiço de Áquila (1985) e muitos outros que também já passaram pelo TBT do Feededigno.

    O longa de Ron Howard pode não ser lembrado por muitos, mas fez parte de um seleto grupo de filmes do gênero de fantasia que pavimentou o início da trajetória do gênero na importância para a cultura pop nos dias de hoje.

    E como a nova série do Dinsey+ trazendo Willow para a nova geração, estou curioso para ver o potencial que este mundo pode alcançar com o poder da tecnologia ao seu lado. Espero que seja mágico!

    Nossa nota

    3,0 / 5,0

    Assista ao trailer legendado:

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    CRÍTICA – Heartstopper (1ª temporada, 2022, Netflix) 

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    Heartstopper é a nova série adolescente e LGBTQIA+ da Netflix baseada na web HQ homônima da escritora britânica Alice Oseman. A autora também é roteirista e produtora da série, já a direção fica por conta de Euros Lyn. No elenco estão Joe Locke, Kit Connor, William Gao e Yasmin Finney

    SINOPSE DE HEARTSTOPPER

    Charlie (Joe Locke) é um aluno muito dedicado, mas que tem sofrido bullying na escola de forma constante desde que se assumiu gay. Já Nick (Kit Connor), é super popular e querido por ser um excelente jogador de rugby. Quando os dois começam a sentar próximos todas as manhãs, eles desenvolvem uma amizade intensa e imprevisível, se aproximando mais a cada dia. 

    ANÁLISE

    É gratificante e até mesmo aliviante assistir a uma produção LGBTQIA+ que traga aspectos saudáveis e positivos. Em meio a tantas séries adolescentes que forçam a imagem do adolescente contemporâneo, Heartstopper se destaca justamente por ser autêntica e sincera. Certamente, os dramas da fase juvenil ainda existem, mas são tangíveis e mostram que de uma maneira ou de outra, têm solução. 

    É fácil gostar de Heartstopper e provavelmente é a série mais amigável até esse momento de 2021. Se em produções como Euphoria, Elite e até mesmo Sex Education, os adolescentes são na maioria das vezes uma caricatura da Geração Z e as escolas de ensino médio estranhamente carregam um tom sombrio; Heartstopper evidencia uma geração que está em busca de si mesmo, sendo convidativo, gentil e multicolorido.

    Na trama, Charlie, interpretado por Joe Locke, é um adolescente assumidamente gay que começa o ensino médio após um último ano escolar difícil devido ao bullying. Em sua primeira aula, ele faz amizade com Nick, vivido por Kit Connor, que está no segundo ano do ensino médio sendo um garoto popular e jogador de rúgbi. Os dois desenvolvem um romance, enquanto Charlie está passando por uma jornada difícil sendo o único garoto abertamente gay em uma escola só para meninos e Nick começa a questionar a sua sexualidade e entender quem ele realmente é. 

    A relação entre Charlie e Nick é extremamente fofa, gentil e bonita. Ambos se sentem confortáveis um com o outro para se abrir e tratar sobre seus problemas, medos e ensaios. Logo, em um primeiro momento existe um receio entre os jovens e dúvidas sobre se a coisa certa ou não começa a surgir. Isso porque Heartstopper trabalha bastante com o medo adolescente: medo de que as pessoas não o aceitem; medo de ser desapontado; medo de gostar de alguém que não gosta de você. 

    E isso não se aplica apenas a Charlie e Nick. Outros personagens como Tao (William Gao), Elle (Yasmin Finney), Tara (Corinna Brown) e Darcy (Kizzy Edgell), amigos dos protagonistas, também passam por provações da idade. Se já é extremamente difícil ser um adolescente, imagina ser um jovem queer? Felizmente, eles criam uma rede de amigos extremamente empática e segura.  

    Isso evidencia que Heartstopper está mais empenhada em fazer uma diálogo sincero sobre a comunidade LGBTQIA + na adolescência do que criar tramas que coloquem essas pessoas para sofrer sem motivos. Ainda assim, o bullying é evidente em Heartstopper, de forma que nos perguntamos se os adolescentes já não superaram essas visões preconceituosas? Ao que parece nem todos e nem em todos os lugares, mas nem de longe isso se torna um protagonista da série e uma justificativa para criar cenas de violências desnecessárias. 

    Uma produção britânica 

    A escritora da HQ de Heartstopper que deu origem a série, Alice Oseman, esteve por dentro dos mínimos detalhes da produção, desde o elenco ao figurino. Para Oseman, a produção precisaria ser 100% britânica para funcionar e sem dúvida esse é um dos pontos mais importantes da série. A essência da Grã Bretanha permeia toda a série, sendo o que da similaridade entre adaptação e o conteúdo original criado por Oseman. 

    Além disso, o fato de Heartstopper usar atores com idades em fase adolescente dá um tom mais realístico. Todo o elenco está muito bem, criando individualidade em suas interpretações e destacando seus personagens. William Gao tem uma ótima expressão corporal, assim como Yasmin Finney cria uma atuação mais contida que aos poucos começa a ganhar mais movimento, sendo ideal para o momento que sua personagem vive. 

    Mas, sem dúvida, Heartstopper é a série de Joe Locke e Kit Connor. Quando aparecem juntos, ambos vibram em tela mostrando uma ótima dinâmica. Locke consegue passar toda timidez e insegurança de Charlie em meios sorrisos, enquanto Connor têm uma emoção fluida e uma incrível presença de cena. 

    Já em aspectos cinematográficos chama muito a atenção que Heartstopper traga das HQs alguns recursos para mostrar como os personagens estão se sentindo. Como faíscas e pequenas flores subindo a tela toda vez que as mãos de Charlie e Nick se tocam ou vidros quebrados quando Charlie se sente triste ou imagina algo ruim. São adicionais que fazem o espectador entrar ainda mais no mundo de Heartstopper. 

    Já a ambientação ressalta cores alegres e uma iluminação suave dando um tom entusiástico à produção. A utilização de celulares para mostrar boa parte dos diálogos entre os personagens até poderia ser um recurso entediante, mas se mostra divertido e interessante na medida que também é possível ver o que os personagens escrevem e o que eles realmente querem dizer.  

    Dessa forma, Heartstopper se mostra uma incrível produção televisiva. Nos importamos realmente com os personagens e queremos que eles fiquem bem. Criar esse sentimento em oito episódios é um grande feito que deve ser apreciado, além disso, ressalto que é muito importante ver produções positivas sobre a comunidade LGBTQIA+ adolescente. 

    VEREDITO

    heartstopper

    Heartstopper é uma boa surpresa de 2022 da Netflix. Com um roteiro simples, mas cheio de nuances e uma produção que sabe valorizar seu material original é certamente uma das melhores produções televisivas até agora. 

    Nossa nota

    5,0/5,0

    Confira o trailer de Heartstopper:

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    CRÍTICA – Círculo de Fogo: The Black (2ª temporada, 2022, Netflix)

    A série de animação Círculo de Fogo: The Black (Pacific Rim: The Black) baseada na franquia cinematográfica de Círculo de Fogo (Pacific Rim), produzida por Guillermo del Toro, retorna para sua segunda temporada nos apresentando o princípio do fim, onde o mundo que conhecíamos está destruído, com seus continentes devastados e suas metrópoles arrasadas.

    A Austrália também foi invadida por Kaiju, forçando a evacuação de toda a população e os últimos sobreviventes para abrigos e é quando os irmãos Taylor e Hayley ficaram para trás.

    Lançada ontem (19), a segunda temporada aparentemente conclui a jornada dos irmãos.

    SINOPSE

    A Terra foi devastada pelos Kaiju, acredita-se que em Sidney, na Austrália, o um último QG com Jaegers em atividade na luta contra os gigantes monstros ainda resiste e abordo do Jaeger Atlas Destroyer, os irmãos Taylor e Hayley seguem em sua jornada até lá na esperança de encontrarem abrigo e seus pais desaparecidos; mas, em paralelo descobrirão junto com Mei e Garoto um novo significado para “família”.

    ANÁLISE

    A segunda temporada da animação de Círculo de Fogo: The Black já está disponível na Netflix. Veja o que achamos!
    Mei, Garoto, Hayley e Taylor com o Atlas Destroyer.

    O primeiro filme Círculo de Fogo (2013), foi um espetáculo para os fãs de filmes de Kaiju, porém sua sequência, Círculo de Fogo: A Revolta (2018) beirou a galhofice, mesmo tento incríveis novos Jaegers; com a animação Círculo de Fogo: The Black (2021), os fãs tiveram um pequeno alento mesmo que o nível de qualidade não tenha alcançado o primogênito da franquia.

    PUBLICAÇÕES RELACIONADAS:

    Círculo de Fogo: A Revolta – Conheça os novos Jaegers!

    PRIMEIRAS IMPRESSÕES – Círculo de Fogo: The Black (1ª temporada, 2021, Netflix)

    Agora, nove anos depois do primeiro filme, a segunda temporada da animação retorna com seus 7 episódios com duração média de 20min.; igual a temporada anterior. Um ponto positivo, já que os poucos e curtos episódios são convidativos para uma rápida maratona. Por outro lado, a produção tem poucas – ou quase nenhuma – emoção.

    Continuamos exatamente de onde a temporada anterior parou, mas sem grandes surpresas. Somos apresentados brevemente a dois novos personagens, descobrimos o que aconteceu com os pais desaparecidos dos protagonistas e chegamos ao fim sem respostas sobre os personagens secundários.

    Por ser tão curta, a temporada conclui bem a jornada dos protagonistas que saem do ponto A ao ponto B em busca de seus pais; mas ao longo do percurso eles criam fortes laços com personagens secundários, Mei e principalmente o híbrido Garoto, mas infelizmente ficamos com mais perguntas que respostas sobre o futuro deles.

    Mei irá acessar todas as suas memórias?

    Quem criou o Garoto? De onde ele veio? Ele será utilizado como uma arma?

    E a Alta Sacerdotisa das Irmãs, como ela era um híbrido?

    VEREDITO

    Pelo ponto de vista dos protagonistas, Círculo de Fogo: The Black chegou ao seu fim de forma satisfatória; por outro lado, seus personagens coadjuvantes precisam de algumas respostas. Particularmente, prefiro ficar sem elas. Uma nova temporada serviria apenas para esticar algo que não precisamos e então vir a cometer o erro das franquias que não souberam a hora de parar. Falei sobre isso nesta publicação.

    A animação não é a melhor do catálogo da gigante do streaming mas certamente serve de entretenimento para os órfãos fãs da franquia dos Kaiju e Jaegers.

    Nossa nota

    3,0 / 5,0

    Assista ao trailer original:

    A segunda temporada de Círculo de Fogo: The Black já está disponível na Netflix.

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    CRÍTICA – O Silêncio do Céu (2016, Marco Dutra)

    O Silêncio do Céu é um filme brasileiro, com direção de Marco Dutra, que possui em sua bagagem o prêmio de Melhor Filme Brasileiro no Festival de Cinema de Gramado.

    Trago essa produção aqui, pois, é muito importante quando nos permitimos consumir filmes e séries que fujam do eixo norte-americano e europeu, assim, descobrimos novos talentos, aprendemos mais sobre diversas culturas e abrimos mais a nossa cabeça para outras experiências e, consequentemente, quebramos preconceitos, principalmente, quando damos valor para as produções nacionais, porque é algo nosso, que mostra realmente os nossos hábitos, costumes, crenças, adversidades, lutas, ou seja, a nossa cultura.

    Lembro, perfeitamente, de um professor meu que disse basicamente que uma nação morre quando a sua cultura morre, portanto, quando mostramos para os quatro cantos o quanto nossos filmes são bons, estamos deixando o Brasil vivo.

    SINOPSE DE O SILÊNCIO DO CÉU

    Após ser violentada em sua própria casa, Diana (Carolina Dieckmann) resolve não contar o seu trauma para ninguém, porém, a mesma não desconfia que apesar de manter essa dor em segredo, o seu marido sabe de tudo que aconteceu, e resolve lidar com essa situação.

    ANÁLISE

    A violência sexual é um assunto extremamente forte, principalmente para nós mulheres, por sermos as principais vítimas desse tipo de ataque, logo, tive receio de assistir uma produção que tem como pano de fundo algo assim.

    Mas, apesar de ter cenas fortes que passam o pavor desse abuso, o diretor conseguiu dosar a sua ideia para que o filme não se tornasse algo totalmente intragável, conseguiu passar a mensagem sem apelar muito.

    Pois, algo que o público feminino reclama bastante é o quanto diretores homens quando resolvem retratar uma mulher violentada, exageram na cena e no tempo de duração, transformando a linha entre crítica e banalização não tão tênue quanto deveria.

    O Silêncio do Céu, aborda algo muito importante que muitas vezes que não é discutido, sobre como fica o pós, se a mulher decide ir atrás de justiça ou não, como é lidar com uma dor terrível dessa, no dia-a-dia e qual seria a reação das pessoas mais próximas.

    Na trama em questão, Diana decide não contar para Mario (Leonardo Sbaraglia), seu marido, porém, o mesmo sabe da violência e resolve buscar vingança sem contar para a vítima.

    Sem conseguir entender os motivos pelos quais fez com que Diana mantivesse segredo, ele começa a planejar como fazer algo contra os criminosos sem contar para ela, tentando ler cada detalhe de suas expressões, encaixando informações e a qualquer custo forçando um desabafo.

    VEREDITO

    O Silêncio do Céu não apenas tem uma boa direção, como excelente trabalho por parte dos atores principais, no caso a Carolina Dieckmann e o Leonardo Sbaraglia, que dentro dos seus papéis, conseguem nos passar uma dor real e bastante palpável.

    Além da questão central, o filme deixa pequenas crítica bem sutis e extremamente importantes, a principal é o quanto a sociedade tem uma visão de culpados por esse tipo de crime, como se fossem bichos papões escondidos em baixo da cama.

    Mas, infelizmente, a verdade pesada é o quanto não há uma face específica do abusador. Ele pode estar em qualquer canto e bem próximo de nós.

    Nossa nota

    5,0/5,0

    Confira o trailer de O Silêncio do Céu:

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    CRÍTICA – Paris, 13º Distrito (2022, Jacques Audiard)

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    Paris, 13º Distrito é um longa francês dirigido por Jacques Audiard e que teve indicações no Festival de Cannes.

    SINOPSE DE PARIS, 13° DISTRITO

    Três jovens adultos tem vidas entrelaçadas, passando por diversos momentos de dificuldades, alegrias e relacionamentos intensos, criando uma série de histórias cruzadas no 13° Distrito de Paris.

    ANÁLISE

    Paris, 13º Distrito é o tipo de filme que busca fazer uma análise da geração atual de adultos, principalmente no que se refere aos relacionamentos.

    De fato, há uma construção de um pensamento voltado para a forma bastante fria e distante, mesmo que com sentimento, de como nossos namoros funcionam e de que pessoas são cada vez mais descartáveis em uma busca de aceitação e prazer.

    Sobre a estética do da obra, há aqui um cuidado artístico, com uma trilha sonora calma, baseada no jazz e no blues, com uma película visual em preto e branco que dão um toque artístico para Paris, 13º Distrito.

    As atuações são boas e a discussão é válida, contudo, as diversas cenas de sexo causal bem explícitas podem causar algum constrangimento em alguns momentos, uma vez que elas são bem reais e intensas.

    O texto tem uma profundidade interessante, pois apresenta de forma bastante crível um comportamento atual, mas se o enfoque fosse nas histórias peculiares daquele lugar, talvez Paris, 13º Distrito conseguisse ser ainda mais interessante.

    O desfecho é agridoce, mas muito dentro da proposta de um filme que sabe aonde quer chegar, mesmo que conte uma trama bastante fechada em um mundo de três indivíduos completamente diferentes, mas que se complementam nos detalhes.

    VEREDITO

    Paris, 13º Distrito é um longa atual, inteligente e com um toque bastante crível, todavia, sem perder a arte do cotidiano. Suas virtudes se sobressaem aos seus problemas, algo muito bom para um filme tão agradável e suave.

    Nossa nota

    4,0/5,0

    Confira o trailer de Paris, 13º Distrito:

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    CRÍTICA – Ruptura (1ª temporada, 2022, Apple TV+)

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    Ruptura ou Severance é uma série original da Apple TV+ e é estrelada por Adam Scott (Parks and Recreation).

    SINOPSE DE RUPTURA

    Um novo método mental é estabelecido em ambientes de trabalho no qual os funcionários de uma empresa tem as memórias de sua vida externa removidas ao entrar em sua jornada diária.

    Mark (Adam Scott) passou por uma perda terrível em sua vida e acaba aceitando o procedimento, todavia, seu colega de trabalho acaba sendo demitido e as coisas começam a complicar com uma rede de intrigas e segredos a serem desvendados.

    ANÁLISE

    Vivemos em um mundo em que as gerações de jovens adultos formados por millenials e zennials buscam um propósito em seus trabalhos, criando uma espécie de diáspora de seus cargos quando não se sentem satisfeitos.

    Entretanto, e se fosse possível ter uma vida dentro e uma fora da rotina laboral, apagando as memórias internas e vivendo duas rotinas diferentes? Ruptura é mais ou menos isso, só que de forma muito mais profunda, com discussões filosóficas completamente intrigantes e válidas.

    De fato, o cotidiano da sociedade é voltado ao trabalho incessante. Empregadores e empregados devem se submeter a uma vida dupla e, muitas vezes, não nos reconhecemos em alguns ambientes. Mark usa seu emprego como uma forma de escapar da dura realidade da perda e sofrimento, contudo, a que custo? A resposta é que a empresa na qual trabalha, a Lumen, faz com que seu dia a dia seja comparável ao o de ditaduras, algo que ocorre em muitos lugares reais.

    A estética da série é tensa, uma vez que os ambientes são claros, abertos, mas sem janelas, sem conexão com a “realidade”, entre aspas, visto que o que eles vivenciam é real também.

    As atuações são poderosas, com um destaque incrível para Tramell Tilmann, que interpreta Milchick, um homem cínico e que mantém os funcionários em um curral psicológico, sendo um dos mais perigosos, ficando atrás apenas de sua chefe, Harmony Cobel, interpretada brilhantemente por Patricia Arquette, que tem um visual duro e caricato, digna de uma usurpadora.

    O texto é incrível, apresentando um roteiro complexo e que nos faz pensar em como estamos presos a lugares e pessoas que não conhecemos, além de termos que aturar muitas vezes diversas humilhações e situações difíceis pela nossa sobrevivência. A divisão do que é externo e interno é muito perspicaz e o ambiente tenso da atmosfera criada em Ruptura são a cereja do bolo em aspectos técnicos tão inspirados de uma equipe engajada e que faz o cotidiano se tornar assustador por meio da estranheza de uma premissa inteligente e tão factível.

    VEREDITO

    Ruptura

    Ruptura é um soco no estômago com uma visão pessimista de um dia a dia tão habitual dos seres humanos.

    De fato, o texto cruel e que mostra de forma muito inteligente como os trabalhadores tem uma vida dupla nos faz enxergar como somos indefesos em um sistema predatório que nos obriga a ter poder, dinheiro e, ao mesmo tempo, serve para mascarar nossos problemas pessoais, como se fosse um placebo para uma doença sem cura, algo que é bastante perturbador.

    Nossa nota

    4,5/5,0

    Confira o trailer de Ruptura:

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