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    Noites Sombrias #23 | Rua do Medo – 1666: Parte 3 (2021, Leigh Janiak)

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    Rua do Medo – 1666: Parte 3 é o capítulo final de uma série de três filmes realizados pela Netflix em um projeto inovador de lançamentos semanais de uma franquia.

    SINOPSE

    Deena (Kiara Madeira) volta no tempo e se transforma em Sarah Fier, a bruxa tão temida pelos moradores de Shadyside. Agora ela vai em busca da verdade e de terminar de vez por todas com a maldição que assola os cidadãos do lugar, pois sua amada corre perigo.

    ANÁLISE

    A Netflix deixou o melhor para o final, pois Rua do Medo – 1666: Parte 3 é o melhor dos três filmes apresentados pela franquia.

    Se em Rua do Medo – 1994 temos uma homenagem a Pânico, e no segundo filme, Rua do Medo – 1978, os longas de Sexta-Feira 13, por exemplo, são a base, aqui em Rua do Medo 1666, A Bruxa é o que dá a tônica da fórmula utilizada.

    Buscando apresentar um terror mais psicológico, usando de artifícios como o medo e a intolerância, o longa acerta em cheio em sua roupagem. O uso do elenco, remetendo aos possíveis ancestrais dos personagens, por exemplo, foi uma grande sacada do roteiro. De fato, há um cuidado na apresentação das características de cada, pois há aqui a apresentação das virtudes e defeitos deles. Ao conhecer os descendentes deles, ficamos com aquela sensação de satisfação ao ver o porquê de cada um ser como é no presente, com exceção de Thomas (McCabe Slye) que é um bêbado intolerante, bem diferente da versão apresentada no segundo longa. 

    As atuações continuam muito boas e o roteiro afiado. O único problema do terceiro filme está em sua solução mágica final que foge um pouco do que fora apresentado até então, entretanto, não é nada que estrague a qualidade do filme.

    VEREDITO

    Com uma proposta divertida e com bons personagens, Rua do Medo – 1666: Parte 3 é um prato cheio aos fãs de terror.

    Bebendo de boas fontes e com uma diretora competente, o novo projeto da Netflix teve êxito em sua apresentação, nos deixando satisfeitos com uma ideia diferente, mas que trouxe bons frutos. Que venham mais por aí…

    Nossa nota

    4,5/5,0

    Confira o trailer de Rua do Medo – 1666: Parte 3:

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    CRÍTICA – Um Clássico Filme de Terror (2021, Roberto De Feo e Paolo Strippoli)

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    Um Clássico Filme de Terror é um filme italiano original da Netflix e está na lista de mais assistidos no catálogo da gigante do streaming, entrando no radar da crítica brasileira.

    SINOPSE

    Um grupo de pessoas está em uma viagem para chegar em diversos destinos. Entretanto, após um acidente, eles acabam perdidos no meio da floresta, chegando em uma casa com moradores macabros de uma seita violenta baseada em uma lenda italiana.

    ANÁLISE

    Um Clássico Filme de Terror é o tipo de obra que já assistimos diversas vezes, pois bebe de várias fontes do gênero de terror. Entretanto, ao mirar na galhofice, mas entregar uma proposta muito série, ele se perde, e muito, na sua metalinguagem.

    De positivo, temos a fotografia que é muito bem realizada aqui, com uma paleta de cores que faz uma mistura de tons vivos de dia e cores escuras de noite, usando muito vermelho e amarelo. As atuações são bem competentes e a violência é pesada em alguns momentos.

    Todavia, o tom de Um Clássico Filme de Terror é ambíguo, pois o tempo todo o filme é sério, com uma atmosfera sombria e tensa; construído de forma lenta. Contudo, o terceiro ato fica acelerado e o tom muda completamente, tornando o longa uma caricatura aos níveis de Pânico, parecendo uma paródia de si mesmo.

    VEREDITO

    Um Clássico Filme de Terror

    Um Clássico Filme de Terror tenta emular Midsommar e acaba virando mais uma paródia mal feita e que usa de piadas de autobullying para se justificar no final. Entretanto, a obra acaba mais decepcionando do que sendo inovadora, pois ao trazer uma pilha de clichês e ideias que já foram apresentadas em tantos outros filmes como O Massacre da Serra Elétrica e o longa de Ari Aster, ele se torna apenas genérico.

    Nossa nota

    2,5/5,0

    Confira o trailer de Um Clássico Filme de Terror:

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    CRÍTICA | Loki – S1E6: Por Todo o Tempo. Sempre

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    Loki teve sua primeira temporada encerrada com o sexto episódio, Por Todo o Tempo. Sempre, apresentando o possível sucessor de Thanos como o novo grande vilão do Universo Cinematográfico Marvel.

    SINOPSE

    Loki (Tom Hiddleston) e Sylvie (Sophia Di Martino) vencem Alioth e entram em um local misterioso nos confins do Vazio.

    Lá eles encontram um grande adversário que é capaz de destruir todo o multiverso, entretanto, uma proposta irrecusável é feita. Será que eles vão aceitar?

    ANÁLISE

    O episódio Por Todo o Tempo. Sempre dividiu a opinião de muitas pessoas, pois apresentou Kang (Jonathan Majors) como o possível grande vilão do UCM.

    Entretanto, a forma como é feita essa apresentação foi polêmica, uma vez que foi a clássica explicação infindável do antagonista, falando todo seu plano maquiavélico.

    De fato, o episódio de Loki foi muito frustrante nesse ponto, visto que esperávamos por um final mais impactante por parte da série. Contudo, a confirmação da segunda temporada traz um pouco de alívio aos fãs do seriado do Deus da Trapaça.

    O roteiro foi interessante pela questão de desenvolvimento de personagens, uma vez que traz os protagonistas sendo confrontados por sua identidade e seus valores. A forma como isso é mostrado foi muito boa, pois explica como os Loki e Lady Loki evoluíram tanto ao longo dos episódios. 

    VEREDITO

    Loki

    Com um episódio controverso, mas de suma importância para o universo da Marvel, Loki encerra de forma justa uma temporada de altos e baixos.

    A série não é irregular, pois tem excelentes momentos, além de uma fotografia e cinematografia invejáveis e muita qualidade em seu elenco. 

    Todavia, Loki deixa um gosto agridoce, pois prometeu muito e entregou pouco, mas há ainda muita estrada para ser percorrida neste multiverso da loucura do universo criado pela Marvel Studios.

    Nossa nota

    4,0/5,0

    Confira a nossa live sobre o episódio:

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    Gárgulas: 8 poderosos personagens da animação da Disney

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    A série de animação original da DisneyGárgulas (Gargoyles, no original), pode ser conhecida por sua nostalgia dos anos 90 e apesar dos poucos personagens marcantes, certamente os espectadores (novos e antigos) terão pelo menos alguns memoráveis para acompanhar, como os protagonistas Golias e Elisa Maza ou os diabólicos antagonistas Demona e David Xanatos.

    Quem assinou o serviço de streaming Disney+, tem a chance de assistir a série sem nenhum tipo de censura, gerando algumas cenas inéditas. Acontece que a série animada sofreu diversos cortes de frames para remover armas de fogo e outros momentos considerados “adultos” ou “sombrios” demais na época de sua exibição original.

    Exibida com três temporadas entre 1994 e 1996, a série de ação animada criada por Greg Weisman acompanha um clã de gárgulas heroicos que existe há séculos, vindos da Escócia, e agora lutam para proteger a cidade de Nova Iorque de ameaças noturnas.

    Mas quem entre o elenco é considerado o mais impressionante em sua força e habilidade? Alguns obviamente são gárgulas (ou descendentes), já outros o poder talvez venha de habilidades mitológicas.

    XANATOS

    Gárgulas: 8 poderosos personagens da animação da DisneyPegue o charme, inteligência e dinheiro de Tony Stark, com uma pitada da vilania clássica de Lex Luthor e você terá David Xanatos. Este vilão é o inimigo final do clã de Manhattan e com todas as suas conexões por todo o mundo, para não mencionar seu suprimento infinito de dinheiro, este magnata não é do tipo que se questiona.

    Mas o que coloca Xanatos nesta lista relacionada ao poder tem a ver com sua capacidade de atingir todos os seus objetivos:

    • Mover um milenar castelo para a cidade de Nova Iorque? Feito!
    • Despertar um clã de gárgulas adormecidos a mil anos? Feito!

    Xanatos fará tudo acontecer, não importa o preço – econômica ou emocionalmente falando.

    LEXINGTON

    O jovem gárgula pode parecer o mais doce do clã de Manhattan, mas Lexington é uma força inteligente a ser considerada. Mostrado em vários episódios, o jovem gárgula é tido como o mago da tecnologia do grupo. Ele se adapta rapidamente a novos ambientes e muitas vezes é visto usando sua curiosidade para aprender e descobrir soluções modernas para as milenares criaturas de seu clã.

    No episódio da segunda temporada, intitulado “Tempo Futuro”, Golias entra em uma linha do tempo alternativa onde descobre uma Nova Iorque pós-apocalíptica e assim testemunhamos o verdadeiro potencial de Lexington. Agora, esse gárgula antes inocente se transformou em um indivíduo frio e calculista, e se você sabe o resultado desse episódio, então é óbvio ele estar nesta lista.

    GOLIAS

    Gárgulas: 8 poderosos personagens da animação da DisneyConhecido como o líder do clã de Manhattan, Golias deixa uma impressão memorável. Com sua grande estatura, aparência majestosa e voz de comando, ele tem todas as características estereotipadas de um indivíduo poderoso. Mas o que o coloca nesta lista é seu potencial adicional para a grandeza.

    Embora conhecido por suas fortes convicções, no episódio “Olho do Furacão” vemos todo o poder de Golias. Nele, Elisa (melhor amiga de Golias e interesse romântico) é sequestrada pelo deus Odin em uma tentativa de recuperar seu poderoso olho. Golias, por sua vez, usa o artefato para resgatar a amiga, mostrando seu verdadeiro poder – um aspecto que ele quase não consegue abandonar, mas eventualmente o faz. Mas esse potencial é difícil de esquecer.

    DEMONA

    Gárgulas: 8 poderosos personagens da animação da DisneyMil anos fugindo de caçadores, bruxas e um rei shakespeariano podem torná-la uma força mortal. Mas quando você mistura isso com um lado amargo em relação ao seu ex-amante, você tem uma receita para uma antagonista substancial.

    Com sua trágica história de fundo e traços cruéis, Demona deixou uma impressão em todos os seus inimigos e público como uma gárgula que você jamais gostaria de cruzar o caminho. Ela é, em parte, a vilã clássica e também uma anti-heroína com a qual todos podemos nos conectar de alguma forma.

    E considerando sua resistência à derrota, a consistência de Demona é o que a coloca nesta lista.

    PUCK

    Talvez o mais famoso de todos os filhos de Oberon, Puck é um trapaceiro que (assim como na famosa peça de onde ele é) nunca aceitará um não como resposta, manipulando qualquer comando dado a ele para se encaixar em seus esquemas.

    Mesmo que sua trapaça ao enganar Demona e fazê-la se tornar humana durante o dia tenha sido incrível, talvez o truque mais cruel de todos que ele pregou tenha sido fazer Golias acreditar que todos os seus amigos estivessem mortos. Isso dá a Puck um lugar nesta lista. Porque se você consegue enganar o líder do clã de Manhattan, depois de todas as experiências dele, você é bastante impressionante.

    ARQUIMAGO

    O poderoso professor de Magus e Demona, o Arquimago é um antagonista arrogante que exibe a habilidade de ganhar qualquer coisa que ele demande apenas com um aceno de suas mãos.

    Nenhuma criatura, seja ela gárgula, humano ou mitológico pode ficar em seu caminho – especialmente quando ele tem os vários objetos mágicos da animação em sua posse.

    No entanto, a razão pela qual esse poderoso mago veio parar na lista não é baseada na força que ele ganha com sua coleção, mas na inteligência que ele usa para obter esses itens.

    Através de várias linhas do tempo, ele elabora um plano que tece tantos enredos ao longo de toda a história, que o Arquimago parece o Kevin Feige do universo Gárgulas.

    OBERON

    O governante de todas as coisas relacionadas à magia, Oberon é facilmente o personagem mais poderoso (com base na força mística) em toda a tradição da série. Todas as criaturas encantadas devem obedecer ao seu comando, não importa quais sejam as circunstâncias.

    E são as habilidades divinas de Oberon que o colocam nesta lista, junto com sua abordagem inexpressiva em relação ao mundo mortal. As emoções não são nada para ele e, portanto, não afetam muito suas escolhas e quando você tem todo o poder do mundo ao seu alcance, isso faz todo o sentido.

    THAILOG

    Gárgulas: 8 poderosos personagens da animação da DisneyQuando você é uma mistura de várias forças influentes, nem é preciso dizer por que esse indivíduo estaria no topo da lista. E quando você tem a aparência e a força de Golias e a inteligência de Xanatos, então com certeza você é poderoso.

    Tudo isso descreve perfeitamente Thailog, um clone de Golias criado por Xanatos e o Doutor Sevarius. Ele foi projetado para superar seu “pai” em força, mas estar no nível de David Xanatos quando se trata de negócios e inteligência. Infelizmente, isso se formou em uma combinação diabólica; o tipo que usa vilões como Demona e Macbeth como peões em um tabuleiro de xadrez.

    Poderoso? Com certeza. Aterrorizante? Sem dúvidas.

    Com o retorno de Gárgulas, tudo é possível e uma nova temporada ou reboot seria incrível e eu mal poderia esperar para uma versão atualizada e mais sombria! E podemos dizer que depois de Liga da Justiça de Zack Snyder, isso só depende dos fãs.

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    CRÍTICA – O Grande Deus Pã (1894, Arthur Machen)

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    Publicado originalmente em 1894, O Grande Deus Pã foi considerado como imoral e degenerado até meados da década de 1920, mas depois se tornou um clássico do horror que inspirou nomes como Bram Stoker, H. P. Lovecraft e Stephen King.

    Essa edição da editora Corvus inclui uma rara introdução do autor, publicada originalmente na edição de 1916, além de dois contos bônus: O Clube Perdido e Fora da Terra; além de ilustrações internas e posfácio de Rodrigo Kmiecik.

    SINOPSE

    Um médico excêntrico decide realizar um experimento que promete dar a uma mulher, Mary, a capacidade de ver o outro lado da realidade.

    O procedimento, entretanto, traz resultados inesperados e Mary acaba com sequelas incorrigíveis. Anos depois, misteriosos acontecimentos, como estranhos rituais na floresta, desaparecimentos e supostos suicídios, parecem ter uma ligação com o caso.

    ANÁLISE

    Após o projeto iniciado em janeiro de 2021 ter sido bem-sucedido e financiado coletivamente pelo Catarse por mais de 500 pessoas, O Grande Deus Pã tornou-se o primeiro volume da coleção Clássicos de Visagens e Malassombros, uma série que revisita grandes obras do horror clássico e as apresenta numa nova edição, que não só homenageia o legado que elas deixaram como as adapta para o novo público, unindo a estética old a uma vibe pop e moderna.

    A obra que explora as excentricidades trazidas pela ciência e a manipulação das forças que o homem ainda não compreende. Uma leitura obrigatória para fãs do horror clássico e para novos leitores.

    Arthur Llewellyn Jones (1863-1947) foi um autor galês conhecido por explorar o horror e a fantasia em suas obras, que influenciaram grandes autores posteriormente. O interesse de Machen no oculto vem desde a infância, mas ele veio a mostrar sua veia literária em 1881 com o longo poema Eleusina. Publicou em diversas revistas literárias, usando do gótico e do fantástico, até chegar a seu grande primeiro sucesso, O Grande Deus Pã.

    VEREDITO

    Este belo projeto da editora Corvus é especial, principalmente, por conter uma rara introdução do próprio autor que nos conta como foi o processo criativo por trás de sua obra; o que me fez entender a pouca conexão narrativa entre os capítulos iniciais quando os li.

    Apesar de breve, com pouco mais de 100 páginas, O Grande Deus Pã nos prende pela curiosidade de querermos descobrir as consequências da ciência sobre o oculto, porém os dois principais ingredientes utilizados por Machen, envelheceram desproporcionalmente.

    Enquanto o mistério segue o mesmo até os dias atuais, não podemos dizer o mesmo do horror. Este segundo e importante ingrediente, parece ser “quase palpável” a sensação de que o horror criado pelo autor em seu período vitoriano, hoje já não possui o mesmo efeito que causou na sociedade do final do século XIX e começo do século XX.

    Nossa nota

    3,0 / 5,0

    Editora: Corvus

    Autor: Arthur Machen

    Páginas: 200

    Nota histórica

    Na mitologia grega, gostava de música, dos bosques, dos campos, dos rebanhos, dos pastores e de vagar pelos vales e pelas montanhas, caçando ou dançando com as ninfas. Por ser representado como metade humano, mas com orelhas, chifres e pernas de bode, era temido por todos aqueles que necessitam atravessar as florestas à noite, pois as trevas e a solidão da travessia os predispõem a pavores súbitos, desprovidos de qualquer causa aparente, e que eram atribuídos a Pã; de onde surgiu o termo “pânico” (talvez esta seja a única associação assertiva de Arthur Machen em sua obra com o ser mitológico).

    Na mitologia romana, o fauno era chamado de Lupércio e era comumente retratado junto do deus do vinho, Baco (Dionisio para os gregos), com suas sacerdotisas, as bacantes, em seus rituais regados a música, vinho e erotismo, de onde surgiu mais um termo: “bacanal“.

    Durante na Idade Média, a Igreja Católica buscando converter os pagãos a abandonarem sua crença pelos espíritos da natureza e deuses nórdicos, passou a adotar a imagem de Pã para retratar o Diabo.

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    CRÍTICA – Deep (2021, Netflix)

    O suspense Deep é a nova produção em idioma não-inglês original da Netflix, lançada em 16 de julho de 2021. O filme tailandês possui uma equipe de direção com uma quantidade incomum de diretores: cinco.

    São eles: Sita Likitvanichkul, Jetarin Ratanaserikiat, Apirak Samudkidpisan, Thanabodee Uawithya e Adirek Wattaleela.

    Deep está disponível em tailandês e com dublagens em português, inglês, espanhol e audiodescrição no idioma original. Também podem ser escolhidas as seguintes legendas: português, inglês, alemão, italiano e tailandês.

    SINOPSE

    Quatro estudantes de medicina que sofrem de insônia são atraídos para um experimento que sai do controle. Agora eles precisam escapar antes que seja tarde demais.

    ANÁLISE DE DEEP

    Deep possui uma premissa bem interessante e de fácil identificação na era atual, em que a alta produtividade é constantemente vendida, custe o que custar. Essa temática está escancarada na história de Jane, a personagem principal interpretada por Panisara Rikulsurakan.

    Jane estuda medicina e vive junto da avó (Philaiwan Khamphirathat) e da irmã, June (Warisara Jitpreedasakul). Apesar de ser universitária na área da saúde, ela vive uma vida financeiramente difícil. O combo dificuldades financeiras + apreço pela alta produtividade a levam a fazer parte do secreto projeto de pesquisa que busca por pessoas com insônia.

    Como cobaia desse estudo ela conhece o festeiro Win (Kay Lertsittichai), a blogueira Cin (Supanaree Sutavijitvong) e o introvertido Peach (Krit Jeerapattananuwong), todos colegas de medicina e também participantes do experimento.

    Deep é um filme tailandês de drama e suspense cuja história retrata um grupo de jovens que participam de um experimento relacionado à insônia

    A pesquisa consiste em aplicar um recipiente coletor de queratonina no pescoço dos participantes. A queratonina é a substância que mantém os seres humanos acordados e somente é liberada quando estamos nesse estado.

    Quanto mais tempo os participantes ficam acordados, mais concentrada é a substância extraída. É por esse motivo que o experimento é dividido em três fases, as quais exigem que as cobaias fiquem progressivamente cada vez mais dias acordadas.

    Entretanto, não se pode dormir mais do que 60 segundos. Caso contrário, os participantes podem ter uma parada cardíaca. É por esse motivo que eles usam um relógio que emite um alarme se eles começarem a dormir.

    À medida que a dificuldade aumenta, os valores pagos para os estudantes também aumentam.

    O filme explica tudo isso muito bem de maneira ágil e fácil de entender.

    Atuações e construção da narrativa

    Os quatro personagens principais atuam bem e entregam a carga de drama necessária para tornar realista a história de cada um. A irmã de Jane, June, também merece reconhecimento por sua atuação.

    No entanto, todos os personagens de apoio da história não passam segurança em suas atuações. O professor alemão responsável pela pesquisa, Dr. Hans Miller (Kim Waddoup), é muito caricato e entrega cenas que destoam completamente da atuação dos estudantes, passando um ar de vergonha alheia em suas falas.

    A cena em que Miller entrega dinheiro para os participantes é um close desnecessário em que o personagem faz uma cara de maníaco, típico de filmes de terror galhofa. Aqui começam os problemas que, a meu ver, acontecem por causa do excesso de profissionais na direção do filme.

    Apesar da cena, os dois primeiros arcos de Deep são bons e convincentes, especialmente por causa da fácil explicação do experimento e, principalmente, da atuação dos personagens principais, com destaque para a atriz que interpreta Jane.

    Eis que…

    O terceiro ato joga todos os méritos de Deep por água abaixo.

    A reta final de Deep arruinou uma boa história

    O filme possui 1h41min de duração, mas infelizmente tem sua história destruída na meia hora final.

    O primeiro problema começa já na abertura do terceiro ato. Eu não vou detalhar para não dar spoilers, mas destaco que mesmo sendo algo grave, naquela altura do filme eu estava disposto a aceitar a incômoda facilitada do roteiro e considerar a produção mediana no fim das contas. Isso aconteceria por conta da boa construção dos atos anteriores.

    Mas…

    A situação piora.

    O plot twist apresentado na fase 3 do experimento simplesmente ignora a estrutura da pesquisa que foi apresentada anteriormente. Pior do que isso, as motivações do plot não se sustentam.

    Em meio à bagunça de ideias que Deep se tornou no seu ato final, para completar há uma cena entre Jane e uma médica cuja ação dessa pessoa é totalmente desproporcional ao que está sendo exibido. Isso sem falar em outra absurda conveniência do roteiro para chegar a esse triste desfecho.

    VEREDITO

    É muito importante e digna de reconhecimento a dedicação da Netflix em trazer produções em idioma não-inglês para que a audiência global tenha acesso a culturas diversas.

    Deep é um filme tailandês que parte de uma premissa bem interessante e entrega bons momentos de suspense. Seus dois primeiros atos são objetivos e fáceis de compreender.

    Apesar disso, infelizmente o plot twist da história é repleto de falhas que contradizem a boa construção que vinha sendo feita. Dessa forma, Deep destrói seus próprios méritos.

    Recomendo que você assista para conhecer a boa atuação do elenco principal e refletir como foi possível uma boa história desandar tanto em pouco tempo.

    Nossa nota

    2,0 / 5,0

    Assista ao trailer de Deep:

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