Prisioneiro dos Sonhos – Vol. 2: O Processo recebeu o Prêmio de Melhor Roteiro do Festival de Angoulême em 1993. A edição publicada pela editora Comix Zone conta com acabamento de luxo, com formato grande.
SINOPSE
Após seu relógio de parede ficar acidentalmente adiantado, Julius Corentin Acqufacques mergulha em um novo turbilhão de aventuras kafkianas: perdido em seu sonho, ele se torna um viajante em sua própria história.
ANÁLISE
Em Prisioneiro dos Sonhos – Vol. 2: O Processo o quadrinho segue com maestria a continuação do Prisioneiro dos Sonhos – Vol. 1: A Origem em uma narrativa surrealista, mas que apesar da temática, segue um fio narrativo bem coerente. Com isso, o leitor será transportado para uma viagem repleta de situações estranhas nessa obra-prima.
Dito isso, esse segundo volume apresenta uma narrativa extremamente genial. Essa inventividade acaba sendo superior à sua obra antecessora. Esse tipo de construção narrativa já havia sido apresentada ateriormente em O Homem Animal: O Evangelho do Coiote, de Grant Morrison (1988). No entanto, a obra irá elevar o conceito de quebra a quarta parede de uma maneira genial.
Com relação à arte, o trabalho de Marc Antoine Mathieu continua fabuloso e aqui o mesmo realiza a junção de sua arte com foto colagem que se encaixa perfeitamente ao enredo e nisso acaba não causando estranheza como já vi em outros quadrinhos.
Em suma, é uma obra fantástica que dá aula de como criar um quadrinho que é um ponto fora da curva de tudo que você possa ter lido esse ano. Ao longo dessas 48 páginas o leitor mergulhará em um roteiro extremamente bem elaborado e que não deixa pontas soltas, pois o autor foi bastante cuidadoso na construção precisa desse enredo.
Outro detalhe importante é que Prisioneiro dos Sonhos – Vol. 2: O Processo não requer necessidade de leitura de sua obra anterior para entendimento, pois cada volume apresenta histórias fechadas.
VEREDITO
Prisioneiro dos Sonhos: O Processo é um vórtice em quadrinho que irá ficar em sua mente alguns dias mesmo após o fim dessa narrativa fascinante e intrigante.
Nossa nota
5,0 / 5,0
Autor: Marc-Antoine Mathieu
Páginas: 48
Editora: Comix Zone
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Paper Girls é a nova produção original da Prime Video. Baseada nos quadrinhos homônimos criados por Brian K. Vaughan e desenhados por Cliff Chiang, a série é produzida pela Amazon Studios e a Legendary Television.
O seriado está disponível no Prime Video e você pode conferir abaixo a nossa crítica.
SINOPSE DE PAPER GIRLS
Nas primeiras horas da manhã após o Halloween de 1988, quatro entregadoras de jornal – Erin (Riley Lai Nelet), Mac (Sofia Rosinsky), Tiffany (Camryn Jones) e KJ (Fina Strazza) – estão em sua rota de entrega quando são pegas no fogo cruzado entre viajantes do tempo em guerra, mudando o curso de suas vidas para sempre.
Transportadas para o futuro, essas garotas devem descobrir uma maneira de voltar para casa no passado, uma jornada que as colocará cara a cara com as versões adultas de si mesmas. Enquanto entendem que seus futuros são muito diferentes do que seus eus de 12 anos imaginavam, elas estão sendo caçadas por uma facção de viajantes do tempo conhecida como Old Watch, que proibiu as viagens no tempo para que possam se perpetuar no poder.
Para sobreviver, as meninas precisarão superar suas diferenças e aprender a confiar umas nas outras e em si mesmas.
ANÁLISE
Os quadrinhos de Paper Girls, publicados no Brasil pela editora Devir, possuem uma trama instigante e muito divertida. Entretanto, é necessário ler, pelo menos, três volumes para entender satisfatoriamente todas as nuances da história, a importância dos gadgets apresentados, a interferência das instituições (que estão no poder) nas viagens no tempo e tantas outras coisas que você só descobre após algum tempo de leitura.
A primeira temporada de Paper Girls, portanto, possui um desafio e tanto em mãos: explicar em 8 episódios todo o contexto das viagens no tempo, a guerra entre o Old Watch e qualquer pessoa que ouse sair da sua linha temporal, apresentar o background de cada personagem e ainda construir a trama de forma que faça sentido.
É sabido que nem tudo o que é feito nos quadrinhos funciona quando adaptado para as telas. Da mesma forma que um conteúdo por escrito possui espaço para ousar e trazer detalhes das situações, os seriados e filmes acabam, por vezes, tendo que omitir informações dentro da quantidade de horas disponíveis para a adaptação.
Portanto, a primeira temporada de Paper Girls utiliza alguns arcos específicos dos quadrinhos, mas toma liberdade para criar seu próprio desenvolvimento dos fatos. Mantendo acontecimentos e conceitos base da história original, Stephany Folsom diminui a quantidade de elementos de sci-fi da trama e aposta mais no relacionamento entre as personagens principais.
As mudanças, que podem ter a ver com o orçamento da série, são bem significativas, principalmente da metade para o final da temporada. Entretanto, as personagens estão muito bem caracterizadas e extremamente fiéis aos quadrinhos.
Riley Lai Nelet, Sofia Rosinsky, Camryn Jones e Fina Strazza são, visualmente, muito parecidas com os desenhos de Cliff Chiang, o que é algo muito legal de ver em tela. Apesar da personalidade das personagens sofrerem certas mudanças na versão do Prime Video, com diversos pequenos acontecimentos dos quadrinhos sendo redirecionados para membros diferentes do grupo, a conexão entre elas ainda funciona muito bem, principalmente quando explorado o quão diversa é a cultura de cada uma delas.
Mesmo pesando em alguns momentos dramáticos, o seriado de Paper Girls é muito efetivo em retratar o relacionamento das meninas, e essa é a melhor parte da produção. Por se tratar de uma narrativa coming-of-age, é muito prazeroso acompanhar o desenvolvimento de todas elas e a forma como se unem em prol de um objetivo em comum.
Entretanto, mesmo com a ótima caracterização das atrizes principais, falta para Paper Girls um apelo maior com o design de produção e direção de arte. Stranger Things é uma febre não só pelo ótimo elenco infantil e história, mas também pelo trabalho de recriar os anos 1980 nos mínimos detalhes, trazendo também elementos visuais interessantes nas ameaças vindas do Upside Down. É uma produção que realmente enche os olhos e surpreende pela qualidade não só de atuação, como também de produção.
Talvez em uma segunda temporada, com mais garantia de sucesso, a série possa receber um budget maior e ousar nos elementos visuais. Tales From The Loop, uma ótima série original do Prime Video, tem um apelo visual belíssimo e grande sofisticação em seus episódios. Esse nível técnico é algo que eu gostaria de ver num possível próximo ano de Paper Girls.
Sobre os personagens secundários, todos parecem necessitar de mais substância. As mudanças feitas nas versões adultas das personagens, além da adição de Larry (Nate Corddry), não fazem jus à história disponível nos quadrinhos e tornam a trama criada por Folsom bem arrastada. Jason Mantzoukas, que faz parte do elenco interpretando o Grande Pai, não complementa em nada o elenco principal, fazendo participações tão esquecíveis que eu quase esqueci dele nessa crítica aqui.
VEREDITO
Com um elenco excelente e um bom desenvolvimento de suas personagens principais, Paper Girls se destaca por seus talentos mais do que pelos acontecimentos da trama. Contudo, a primeira temporada traz um bom entretenimento e possui potencial para criar um segundo ano mais divertido e interessante.
Nossa nota
3,9/5,0
Assista ao trailer:
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Em desenvolvimento desde 2019, a série Paper Girls estreia em julho de 2022 no catálogo do Prime Video. A série que contará a jornada de Erin (Riley Lai Nelet), KJ (Fina Strazza), Tiffany (Camryn Jones) e Mac (Sofia Rosinsky), quatro garotas que embarcarão numa aventura em pleno anos 80, é baseada no quadrinho de mesmo nome de Brian K. Vaughan e Cliff Chiang, lançado nos Estados Unidos pela Image Comics e no Brasil pela Editora Devir.
Veja abaixo 10 curiosidades sobre a série de TV, Paper Girls:
A série é uma adaptação dos quadrinhos
A série Paper Girls não apresenta uma história original, ela é na verdade baseada nos quadrinhos de Brian K. Vaughan e Cliff Chiang, publicados pela Image Comics. Mesclando o melhor da ficção científica e mistério, o quadrinho foi publicado ao longo de 30 edições, entre 2015 e 2019. A sinopse do quadrinho apresenta Erin Tieng, a mais nova moradora de Stony Stream e entregadora de jornais recém-contratada. Enquanto entregava jornais nas primeiras horas da manhã de 1º de novembro de 1988, Erin conhece Mac, KJ e Tiffany, um grupo de amigas que também entregam jornais e convidam Erin para se juntar a elas.
Elenco
O elenco da série conta com Riley Lai Nelet, Fina Strazza, Camryn Jones e Sofia Rosinsky como protagonistas; e também com Adina Porter, Nate Corddry, Morgan Carroll, Kellee Stewart, Daniel Rashid, Maren Lord, Marika Engelhardt, Quetta Carpenter, Meg Thalken, Ali Wong, Rebecca Spence, Joshua L. Green, Christopher Shyer, Adam Shalzi, Jodi Kingsley, Michael Mathis, Auani Turner, Khadijah Freeman, Michael David Hammond, Patrick Allen Bolen e John Krejczyk.
Produção
Coproduzida pela Amazon Studios, Legendary Television e Plan B Entertainment, Paper Girls conta com Christopher Cantwell, Cliff Chiang, Christopher C. Rogers, Brian K. Vaughan, Brad Pitt e Dede Gardner, como produtores da série.
Stephany Folsom (Toy Story 4 e Thor: Ragnarok) foi confirmada como principal roteirista. A distribuição de Paper Girls será realizada pelo Prime Video, como um dos seus principais lançamentos de julho de 2022.
Sinopse
A rota de entrega de jornais de Erin, Mac, Tiffany e KJ é interrompida no Dia do Inferno, quando viajam no tempo sem saber. A primeira temporada acompanha as meninas na busca de um caminho de volta para 1988. Elas conhecerão membros de duas facções que viajam no tempo em guerra pelo controle do fluxo do tempo; e ficarão de cara com seus próprios futuros e lidarão com o destino de suas vidas.
As primeiras filmagens
Anunciada oficialmente em 2019, a produção da série acabou sofrendo um pequeno atraso; as filmagens da primeira temporada de Paper Girls aconteceram em 2021. Inicialmente as primeiras cenas estavam previstas para serem rodadas em março, porém só iniciaram em maio de 2021, em Chicago, Illinois. Após cinco meses de filmagens, a produção foi finalizada em outubro de 2021.
Sua “semelhança” com Stranger Things
Se você conhece as histórias em quadrinhos, já tem essa resposta e sabe que não. Mesmo que a ambientação seja no mesmo período e que relativamente ambas as histórias bebam de fontes parecidas, a trama de Paper Girls assume caminhos diferentes e debate com profundidade alguns temas, como por exemplo autoaceitação. A estética oitentista do quadrinho e da série de TV, não podem limitá-la a nova Stranger Things.
Onde encontrar os quadrinhos?
No Brasil, Paper Girls foi publicado pela Editora Devir. Compilando as 30 edições lançadas originalmente pela Image Comics nos Estados Unidos, o público brasileiro conta com seis encadernados que compilam toda a jornada de Erin, Mac, Tiffany e KJ. A Editora Devir lançou Paper Girls entre 2017 e 2021.
Brian K. Vaughan e Cliff Chiang
Brian K. Vaughan
Brian K. Vaughan um dos criadores de Paper Girls nos quadrinhos, mais especificamente o roteirista, é conhecido por outros trabalhos, que alcançaram ainda mais sucesso. Brian K. Vaughan é o criador de Y: The Last Man, Fugitivos, Ex Machina, Os Leões de Bagdá e Saga. Também foi um dos roteiristas da série de TV, Lost e Under the Dome. Cliff Chiang se tornou um dos principais desenhistas do mercado de quadrinhos, tendo publicação nas principais editoras americanas, incluindo Marvel e DC.
Episódios e Direção
Com a estreia prevista para julho de 2022, a primeira temporada de Paper Girls contará com 8 episódios. Mairzee Almas, Georgi Banks-Davies, Destiny Ekaragha e Karen Gaviola, foram confirmadas na direção dos episódios, que terão em média 50 minutos de duração.
Quando Paper Girls será lançada no Prime Video?
Paper Girls chegará ao catálogo do Prime Video no dia 29 de julho de 2022; a série baseada nos quadrinhos de Brian K. Vaughan e Cliff Chiang, publicados pela Image Comics nos Estados Unidos e no Brasil pela Editora Devir, conta com classificação indicativa para maiores de 16 anos.
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Mais um trimestre com ótimos seriados para assistir nos streamings! Selecionamos o que mais curtimos para você aproveitar as melhores séries do segundo trimestre de 2022 sem medo de cair em roubada.
As dicas aqui são para você que não quer perder tempo assistindo algo duvidoso. Então, listamos os seriados lançados entre abril e junho de 2022 e que foram avaliados pela nossa equipe com notas entre 4,5 e 5, a nota máxima do site.
Tá sentindo falta de um bom seriado e não sabe o que assistir? Então leia a lista até o fim e prepare a pipoca! Temos certeza que você vai se interessar por pelo menos uma das melhores séries de 2022 que estão aqui listadas.
Melhores séries do segundo trimestre de 2022
Outer Range (1ª temporada – Prime Video)
Sinopse: A trama gira em torno de Royal Abbott (Josh Brolin), um fazendeiro que luta por sua terra e família, que descobre um mistério insondável à beira do deserto de Wyoming. Uma história emocionante com um mistério sobrenatural, Outer Range examina como lidamos com o desconhecido.
Policial ou Bandido: O Enigma de Eirik Jensen (1ª temporada – Netflix)
Sinopse: Um renomado policial norueguês suspeito de traficar drogas deixa os investigadores na maior dúvida: será que ele é um bom policial ou um grande criminoso?
Attack on Titan (4ª temporada, Parte 2 – Crunchyroll e Funimation)
Sinopse: Antigos inimigos se juntam na luta contra Eren Yeager e seu exército de titãs, decidido a destruir o mundo exterior para salvar Paradis. Segredos obscuros sobre as origens dos titãs são revelados e Mikasa precisará fazer uma escolha que definirá o futuro da humanidade.
Sinopse:Charlie (Joe Locke) é um aluno muito dedicado, mas que tem sofrido bullying na escola de forma constante desde que se assumiu gay. Já Nick (Kit Connor) é super popular e querido por ser um excelente jogador de rugby. Quando os dois começam a sentar próximos todas as manhãs, eles desenvolvem uma amizade intensa e imprevisível, se aproximando mais a cada dia.
Sinopse: Esta é a história de Clark Olofsson, o criminoso controverso que inspirou o termo “Síndrome de Estocolmo”. Baseada nas verdades e mentiras contadas por ele.
Sinopse:Stede Bonnet (Rhys Darby), conhecido como o “pirata cavalheiro” nasceu em uma rica família inglesa na ilha de Barbados durante a colonização britânica. Depois de herdar a fortuna dos pais, ele decide que quer se aventurar pelo mundo do crime e juntar uma tripulação de piratas para explorar o oceano e roubar quem encontrassem pela frente. Porém, sem nenhuma experiência em navegação, Bonnet percebe que sua tarefa como capitão não será nada fácil, especialmente quando ele fica cara a cara com um dos maiores piratas de todos os tempos: o Barba Negra (Taika Waititi).
Sinopse: Mundos sinistros, violência e mistérios aguardam você na terceira temporada desta animação vencedora do Emmy. Com direção de Tim Miller e David Fincher.
Sinopse:Deborah (Jean Smart) pretende mudar o formato do seu show e está animada com a nova empreitada. Entretanto, um e-mail bombástico de Ava (Hannah Einbinder) pode colocar tudo a perder com informações constrangedoras sobre a vida da maior comediante dos Estados Unidos.
Relembre também as melhores séries do primeiro trimestre de 2022 neste link.
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Levante a mão todo mundo que se lembra de Pequena Miss Sunshine em alguma Sessão da Tarde ou em um domingo de férias! É simplesmente impossível que a maioria das pessoas não conheça esta grande obra da comédia dramática. Mas o mais incrível deste filme é que ele pode ser apreciado tanto como um longa divertido, ideal pra uma tarde chuvosa, quanto se debruçando sobre as sutis camadas que ele constrói.
Além disso, o roteiro, obra de Michael Arndt, nome também responsável por Wall-E e Toy Story 3, recebeu prêmio de Melhor Roteiro Original no Oscar de 2007 e no BAFTA do mesmo ano. Estes eventos também premiaram Alan Arkin como Melhor Ator Coadjuvante.
Nesse sentido, Pequena Miss Sunshine tem pontos que marcam muito, e são eles que vou tentar abordar na sequência, buscando não ser muito técnico ou me alongar muito. Desta forma, focaremos então no que, pra mim, mais se destaca nesta obra de 2006.
SINOPSE
O sonho da pequena Olive é participar do concurso de Pequena Miss Sunshine. Para isso, ela embarca em uma divertida e comovente viagem com o pai, o tio, o avô, o irmão e a mãe. A família precisa correr contra o tempo para que Olive chegue no horário e possa fazer a apresentação criada pelo seu avô.
ANÁLISE
Falo por mim quando digo que, muitas vezes, filmes que são rodados na Sessão da Tarde à exaustão não tem uma qualidade tão boa. Contudo, me repreendo em minha afirmação, já que esse rótulo não faz sentido algum. Se o filme é repetido, provavelmente é porque muitos o assistam.
Pequena Miss Sunshine é excelente em muitos pontos, mas principalmente na sua capacidade de transmitir a sua essência de maneira quase imperceptível. A princípio, o que se destaca no filme é a característica disfuncional de uma família que parece não ter um pingo de afinidade. No entanto, as personalidades de cada um não são apresentadas, mas construídas, ao longo da trama.
Personagens
Poderia começar pela protagonista, mas vou me permitir deixá-la para o final; vocês vão entender o motivo. Curiosamente, após a primeira compra do roteiro pelo estúdio Focus Features, estes insistiram para que Arndt centrasse o filme no personagem do pai da família, Richard Hoover, interpretado por Greg Kinnear (Blackbird). Isto não foi levado à versão final, e isto provavelmente tenha sido essencial para o sucesso do longa, não por este ser um personagem desinteressante, mas porque permitiu ao resto do elenco brilhar.
É nítido que no primeiro ato do filme, busca-se dar luz aos principais problemas de cada membro da família. Um pai coach de sucesso que não atingiu o sucesso, um avô ranzinza e drogado, um adolescente rebelde que odeia todo mundo e um tio que tentou suicídio devido a uma sequência de fracassos. Como tirar uma história bonita a partir desta catástrofe? Comecemos da superfície, e depois nos aprofundaremos.
Fotografia e música: a arte de Pequena Miss Sunshine
Mantendo nossa análise ainda no sensorial, facilmente conseguimos perceber os tons alegres e agradáveis com os quais a maioria do filme é pintado. Muitos tons de amarelo, laranja e verde nos ressaltam a simplicidade e alegria de uma criança que não se importa com “problemas de adulto”. O filme nos é transmitido pelos olhos de Olive (Abigail Breslin), a protagonista.
Aos olhos de um adulto, tudo o que se dá na primeira hora de filme seriam tragédias atrás de tragédias. Primeiramente, uma família em total dissonância, depois a kombi com problemas no motor, pra falar apenas do início. No entanto, apesar de todos os revezes, aos olhos da pequena Olive, é tudo uma grande aventura que culminará na sua apresentação no concurso da Pequena Miss Sunshine.
E assim, todo o filme nos conduz por uma paleta divertida, com uma kombi amarela quase como protagonista. Do mesmo modo, as melodias das serenatas francesas conduzindo com leveza toda a cena que deveria ter maior densidade, encerram o contraste entre drama e comédia.
A filosofia intrínseca
Não por acaso, dois pensadores e escritores são mencionados e lembrados no decorrer do filme. Friedrich Nietzsche como um ideal para o personagem de Paul Dano, o jovem Dwayne Hoover; por outro lado, Marcel Proust, o cerne do estudo do tio Frank, interpretado brilhantemente por Steve Carell.
A princípio, ao nos depararmos com a grande tela de Nietzsche no quarto de Dwayne, somado ao comportamento hostil e introvertido do adolescente, somos levados a entender que o mesmo tomará uma abordagem cética e cartesiana. Em contrapartida, da parte de Frank, com Proust, poderíamos suspeitar que o ponto seja o bucolismo do francês, haja vista a tentativa de suicídio.
Mas ao fim do filme, percebemos que não é nem uma, nem outra, a abordagem que se destaca, mas sim, a composição de ambas. Não é o niilismo que impera, mas a exploração da literatura como forma de libertação, acesso ao desconhecido e redenção. Neste caso, a literatura é o próprio romance escrito por Arndt, que enaltece a poesia das limitações humanas, mas que culmina na grande reflexão do filme, trazida ironicamente pelo sobrevivente de uma tentativa de suicídio, o tio Frank.
Proust chegou no final de sua vida, olhou pra trás e percebeu que todos aqueles anos em que ele sofreu… aqueles foram os melhores anos de sua vida, porque o fizeram ser quem ele era. Todos os anos em que ele foi feliz? Sabe, total perda de tempo. Ele não aprendeu nada.
VEREDITO
Apesar de, sim, ser um pouco cética e não muito alegre a reflexão trazida, a verdadeira reflexão vem na sequência. Dwayne entende que o significado de tudo aquilo é que todos os percalços que acompanharam a família até lá, fizeram com que todos se unissem e ressignificassem alguns valores que traziam em seus laços.
Pequena Miss Sunshine é uma aula de filosofia, fotografia, arte… e além de tudo isso, é simples, é engraçado e sutil. Como pelos olhos de uma criança. E é por isto que este longa foi trazido neste TBT. Para ser enaltecido por tudo o que faz, de maneira simples, mas marcante, como se construído sob os cuidados de uma criança.
Você pode assistir Pequena Miss Sunshine através do Star+.
Nossa nota
5,0 / 5,0
Assista ao trailer legendado de Pequena Miss Sunshine:
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Stray é o primeiro game do estúdio francês BlueTwelve Studio. O game foi publicado pela Annapurna Interactive e lançado no dia 19 de Julho de 2022 para PlayStation 4, PlayStation 5 e PC.
Ambientado em um mundo distópico, com um robô como nosso fiel parceiro, o gatinho de rua laranja precisa perseverar para chegar até a superfície de um mundo futurista destruído.
SINOPSE
No game, o jogador é colocado na pele de um gato, que vaga por um mundo cyberpunk em busca de sua família perdida. Assim sendo, é possível miar, arranhar, pular, derrubar tudo que está ao alcance, tirar sonecas e mais, tal qual a vida intensa de muitos felinos.
ANÁLISE
Stray foi feito com um claro intuito: contar uma história comovente e fazer “pessoas que amam cachorro” passarem a amar também os gatos. Ambientado em um mundo futurista com elementos cyberpunk, o game curto nos apresenta a história de um simpático gato, que após cair nas profundezas de uma cidade completamente isolada do mundo exterior, precisa encontrar sua saída ao lado do fiel companheiro, o desmemoriado robozinho B/12.
A história de Stray é tão divertida quanto emocionante e tão bela, quanto cuidadosa. Em um mundo quase que inteiramente repleto de perigos, um gatinho laranja pode ser a última esperança de deixar o enclausuramento de uma sociedade aparentemente esquecida.
Com elementos de exploração horizontal e ocasionalmente vertical, Stray nos coloca no controle de uma das menores criaturas presentes no mundo, mas aparentemente, a única capaz de mudá-lo.
A atenção da BlueTwelve aos detalhes, e a forma única de entendermos como os gatos veem o mundo, é o que torna a gameplay de Stray única. Com incentivos para nos fazer “agir” como um verdadeiro gato, o game nos permite arranhar elementos em todos os níveis e seus 12 capítulos, miar, dormir, derrubar itens, entrar em caixas, e o melhor de tudo é a exploração.
GAMEPLAY E EXPLORAÇÃO
Um dos elementos mais polidos do game, é a nossa interação com aquele mundo. Seja nos movimentos, ou na nossa forma de explorar, escalar e interagir com aquele mundo, a beleza de Stray vem do fato de seu mundo ser vivo, mas com as devidas limitações.
Os personagens presentes em cada um dos níveis tem uma função, seja nos apresentar a história daquele mundo, ou nos auxiliar em nossa empreitada para ir além dos muros que cercam e são objetivo da nossa missão, sua presença é sentida em cada uma das fases.
Com rotinas e ciclos desencadeados por nossas ações, em suas quase 6 horas de gameplay, Stray sabe onde nos arrebatar em cada uma de suas curvas narrativas. Com arcos e camadas de história que tem início com nossa interação, aquele mundo e seus personagens que parecem não ser nada otimistas – muito pelo contrário -, parecem ser arrebatado com a chegada do estranho e curioso extra-muro. Se você pensa que solidão é um importante aspecto dessa jornada, pense de novo.
Ao longo dos 12 capítulos de gameplay, ficamos sozinhos em pouquíssimos momentos. Seja com B/12 atuando como nosso intérprete, ou cercado por robôs, nosso adorável gatinho precisa impedir que os Zurks – uma força misteriosa que se multiplica e consome não apenas matéria orgânica, como também metal – atrapalhem sua empreitada de libertar os há muito tempo presos dentro das imperdoáveis muralhas.
Sem saber muito bem sobre os perigos daquele mundo, desde seu primeiro episódio, enquanto controlamos o gatinho temos que fugir da ameaça que se estende para além dos primeiros capítulos, e se mostram como um verdadeiro perigo à nossa missão.
A exploração de Stray tem um importante papel na história não apenas do game, mas também para nos fazer entender como os gatos são animais curiosos e exploradores por natureza – então faz sentido colocá-los como os protagonistas de uma trama que tem como início uma clássica exploração felina.
Ainda que o fio narrativo da trama engendre nosso adorável protagonista em um enredo que envolve personagens que querem fugir daquele mundo, uma fábrica criada por robôs, e até mesmo robôs policiais, Stray arranha a superfície de uma narrativa cunhada no passado por Platão e seu Mito da Caverna.
VEREDITO
Stray é divertido desde seus primeiros momentos. Os encantos de sua história e seu visual vão muito além do fato do game ser sobre um gatinho que quer voltar para casa. A narrativa que tem como plano de fundo um mundo cyberpunk se mostra muitíssimo feliz em suas escolhas narrativas e os caminhos no qual a história opta por tomar.
Ao longo das quase 6 horas de gameplay, o game me causou um misto de sentimentos, e se tem algo que eu posso afirmar, é que nenhum destes sentimentos foi negativo.
Com uma história grandiosa que pode ganhar uma continuação no futuro, Stray nos mostra que games indie merece o espaço que tem ganho com o passar dos anos – e na minha humilde opinião, o game estrelará como um dos grandes favoritos ao The Game Awards desse ano, ofuscando até mesmo grandes AAA.
Nossa nota
5,0 / 5,0
Confira o trailer do game:
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